MARIA POSSUIA O AMOR PERFEITO
Restituir
à sua verdade as figuras do Filho do Homem e de Maria, verdadeiros filhos de
Adão, pela carne e pelo sangue, mesmo ainda de um Adão inocente. Como nós
devíamos ser os filhos do Homem, se o Progenitor e a Progenitora não se
tivessem rebaixado de sua perfeita humanidade, isto é, de ser homem, ou seja,
de ser uma criatura, na qual está a dupla natureza: a espiritual, feita à
imagem e semelhança de Deus, e a material, como vós sabeis que eles procederam.
Eles tinham sentidos perfeitos, isto é, submissos à razão, pois por ela se
revelava neles uma grande acuidade. Quanto aos sentidos, Eu incluo também os
morais, junto com os corporais. Portanto um amor completo e perfeito, amor ao
esposo, ao qual não era a sensualidade que a unia, mas somente o vínculo de um
amor espiritual, e para com o Filho muito amado. Amado com toda a perfeição de
uma mulher perfeita para com a criatura nascida dela. Do mesmo modo como Eva
devia ter amado a criatura dela nascida. Foi assim que Eva deveria ter amado:
como Maria, isto é, não por aquele gozo carnal e que ele era filho, mas porque
aquele filho era filho do Criador e da obediência cumprida à sua ordem de multiplicar
a espécie humana. E amado com todo o ardor de uma perfeita fiel, sabendo que
ele é seu filho, não de um modo figurado, mas realmente Filho de Deus.
Aqueles
que julgam amoroso demais o amor de Maria a Jesus, Eu digo que considerem bem
quem era Maria, a Mulher sem pecado e, por isso, sem defeitos em sua caridade
para com Deus, para com seus pais, para com o esposo, para com o Filho, para
com o próximo, ao considerar que é que a Mãe via em Mim, além de ver o Filho de
seu seio e, finalmente considerar qual a nacionalidade de Maria. Ela era de
raça hebréia, uma raça oriental e de tempos muito anteriores aos atuais. Por
isso, desses elementos é que brota a explicação de certas amplificações verbais
de amor, que a vós podem parecer exageradas. Um estilo florido e pomposo, até
conversações comuns, e o estilo oriental e hebraico. Todos os escritos daquele
tempo e daquela raça disso são uma prova, e nem o correr dos séculos conseguiu
mudar muito o estilo do oriente.
Pretenderíeis que, porque vós, vinte
séculos depois, e quando a perversidade da vida matou o grande amor, deveis, ao
examinar estas páginas, que Eu vos desse uma Maria de Nazaré igual á árida e
superficial como é a do vosso tempo? Maria é o que é, e não se troca a doce,
pura, amorosa menina de Israel, Esposa de Deus, Mãe virginal de Deus, por outra
excessivamente, doentiamente exaltada, ou por uma glacialmente egoísta mulher
do vosso século.
Aqueles
que julgam amoroso demais o amor de Jesus por Maria, Eu digo que Eu, era Deus,
e que Deus Uno e Trino, gozava de todo o conforto, ao amar Maria, Aquela que
lhe dava uma reparação pela dor de toda a raça humana, o meio pelo qual Deus
pudesse tornar a gloriar-se de sua Criação, que forma os cidadãos para os seus
Céus. E finalmente considerem que todo amor se torna culpável quando, e somente
quando cria uma desordem, isto é, quando vai contra a vontade de Deus e deixa
de cumprir o seu dever.
Agora
considerai bem: o amor de Maria fez isso? O meu amor fez isso? Será que Ela me
entreteve com um amor egoísta, para Eu não cumprir toda a vontade de Deus?
Terei Eu, por um amor desordenado, renegado talvez a minha missão? Não. Um e
outro amor tiveram o mesmo desejo: que se cumprisse a vontade de Deus para a
salvação do mundo. E a Mãe disse todos os adeuses ao Filho, e o Filho disse
todos os adeuses à Mãe, para entregar o Filho do magistério público, e à Cruz
do Calvário, entregando a Mãe à solidão e à angústia, para que Ela fosse a
Co-redentora, sem levar em conta a nossa humanidade, que se sentia dilacerada,
nem o nosso coração que se despedaçava pela dor. Será isso uma fraqueza? Um
sentimentalismo? É um amor perfeito, ó homens que não sabeis amar, e não
compreendeis mais o amor as suas vozes!
E
esta obra tem por escopo iluminar uns pontos que um complexo de circunstâncias
cobriu de trevas e que agora forma as faixas escuras dentro da luminosidade do
quadro evangélico e há pontos que perecem fraturas, e não são mais do que
pontos escuros, entre um episódio e outro, são pontos indecifráveis e que no
poder de decifrá-los é que esta a chave para se compreender exatamente certas
situações, que se haviam formado e certas atitudes fortes, que Eu tinha devido
tomar, em contraste com as minhas exortações contínuas ao perdão, a mansidão e
a humildade, certos enrijecimentos para com os teimosos e os adversários
inconvertíveis. Lembrai-vos de que Deus, depois de ter usado toda a sua
misericórdia, para honra de Si mesmo, sabe também dizer “Basta” aqueles que,
porque Ele é bom, crêem ser lícito abusar de sua longanimidade, e tentá-lo. Com
Deus não se brinca. É uma palavra antiga e sábia esta.
Conhecer
exatamente a complexidade e duração da minha longa Paixão, a qual culmina na
Paixão cruenta completada em poucas horas, mas que me havia maltratado em um
tormento quotidiano, que durou lustros e lustros e, que foi sempre aumentando,
e, com a minha, a paixão da Mãe, a qual a espada da dor transfixou o coração,
durante um tempo igual. E levar-vos, pelo conhecimento disso, a amar-vos mais.
(de
Jesus à Valtorta – O Evangelho como me foi Revelado, Vol. 10)