“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

sábado, 14 de janeiro de 2023

A CIÊNCIA DO HOMEM-DEUS

 

A CIÊNCIA DO HOMEM-DEUS

 

Assim viu e ouviu a mística Maria Valtorta:

 

“Mestre!”

“João, que queres?”, e Jesus, com a luz no sorriso no rosto, abarca com um braço o seu predileto, segurando-o perto de si, enquanto vai caminhando.


“Estávamos falando uns com os outros, mas não tínhamos certeza sobre uma coisa. É esta: se Tu sabes todo o futuro, ou se uma parte te fica escondida. Uns dizem uma coisa, e os outros, outra.”

“E tu, que dizias?”

“Eu dizia que o melhor seria pergunta-lo a Ti.”

“Assim tu vieste. Fizeste bem. Isto, pelo menos serve para Mim e para ti, a fim de gozarmos um momento de amor... Está tão difícil poder ter-se um momento de paz!...

“É verdade. Como eram belos aqueles primeiros tempos...”

“Sim. Para o homem, como somos nós, eram belos. Mas, para o espírito que há em nós, estes são melhores. Porque agora é mais conhecida a Palavra de Deus, e porque sofremos mais. Quanto mais se sofre, mais se redime, João. Por isso, mesmo lembrando-nos daqueles tempos serenos, devemos amar mais a estes que nos fazem sofrer, e, com os sofrimentos, nos dão almas. Mas Eu vou responder à tua pergunta. Escuta. Como Deus, Eu não deixo de saber nada, E como homem não deixo de saber. Conheço os acontecimentos futuros, porque Eu existo com o Pai, desde antes de existir o tempo e vejo além do tempo. Como um homem isento das imperfeições e limitações causadas pela Culpa e pelas culpas, Eu tenho o dom de ver os corações. Este dom não é limitado só ao Cristo. Mas é, em medidas diferentes, de todos aqueles que, tendo atingido a Santidade, estão de tal modo unidos a Deus, que podem dizer que não operam por si próprios, mas pela perfeição que á há neles.

Por isso posso responder-te que, como Deus, Eu não ignoro o futuro dos séculos e, como homem justo, não ignoro o estado dos corações.”

João reflete e se cala. E Jesus o deixa assim por alguns momentos, e depois lhe diz: “Por exemplo, agora Eu estou vendo em ti este pensamento. “Mas, então, o meu Mestre sabe exatamente qual é o estado de Judas Iscariotes!”

“Oh! Mestre!”

“Sim, Eu o sei, e continuo a ser o seu Mestre, e quereria que vós continuásseis a ser os seus irmãos.”

“Mestre Santo!... Mas, então, conheces mesmo tudo sempre? Algumas vezes dizemos que não é assim, porque Tu vais a lugares onde encontras inimigos. Antes de ires para lá, sabes que os vais encontrar, e para lá vais para combatê-los com o teu amor, a fim de vencê-los para o amor, ou então... não sabes, e somente vês teus inimigos, quando eles já estão a tua frente, e ai lês os corações deles? Uma vez Tu me dissente – estavas muito triste naquela ocasião, e sempre pela mesma causa – que estavas como um que não vê...”

“Eu também suportei este martírio do homem: o de ter que ir para a frente sem enxergar, confiando totalmente na Providência. Eu devo conhecer o homem todo. Menos a culpa cometida por ele. E isso, não por uma barreira posta por meu Pai em frente à carne, ao mundo e ao demônio, mas pela minha vontade de homem. Eu sou como vós. Mas sei querer mais do que vós. Por isso sinto as tentações. E nisto está, como também para vós, o meu mérito.”

“Tentações, também, Tu! Parece-me impossível.”

“Porque tu passas por poucas. És puro, e pensas que sendo-o Eu mais do que tu, não devia conhecer a tentação. De fato, aquela carnal é tão fraca em relação à minha castidade, que nem chega a ser sentida por Mim. Ela ricocheteia para fora... Até o demônio se cansou de jogar esse dardo contra Mim. Mas, ó João, não pensarás tu em quantas outras tentações estejam ao redor de Mim?”

“Ao redor de Ti? Tu não és ávido de riquezas, nem de honras, Quais são elas, então?”

“E não pensarás que tenho uma vida, tenho afetos e deveres também para com minha Mãe, e que essas coisas me tentam para que Eu fuja do perigo? Ela, a Serpente, dá-lhes o nome de “perigo”. Mas o verdadeiro nome é “Sacrifício”. E não pensarás que Eu também tenho sentimentos? O eu moral não está ausente de Mim, e sofre com as ofensas, com os escárnios, com os fingimentos. Oh! Meu João! Não perguntas a ti mesmo que repugnância eu sinto pela mentira e pelo mentiroso? Sabes quantas vezes o demônio me tenta para Eu reagir contra essas coisas que me fazem sofrer, saindo da mansidão para tornar-me duro e intransigente? E, enfim, não pensarás quantas vezes ele sopra o seu ardente hálito de soberba, para dizer: “Gloria-te disto ou daquilo. Tu és grande. O mundo te admira. Os elementos estão a teu serviço.”

A tentação de comprazer-se ou ser Santo. É a mais sutil. Quantos perdem a santidade já conquistada, por causa dessa soberba. Com que foi que Satanás corrompeu a Adão? Tentando a sensualidade dele, seu pensamento e seu espírito. Não sou Eu o homem que deve recriar o homem? De Mim virá a nova humanidade. E eis que Satanás procura os mesmos caminhos, a fim de destruir, e para sempre a raça dos filhos de Deus. Agora, vai aos teus companheiros, e repete-lhes as minhas palavras. E não fiques pensando se Eu sei, ou não, o que Judas está fazendo. Pensas somente que Eu te amo. Não será suficiente este pensamento para ocupar um coração?” E Jesus o beija e o despacha.

E, tendo ficado sozinho, levanta de novo os olhos para o céu, que se pode ver entre as folhagens das oliveiras, e dá um gemido: “Meu Pai! Faze que, pelo menos até a última hora Eu possa conservar oculto o Delito. Para impedir que estes meus diletos se sujem de sangue. Tem piedade deles, meu Pai! Eles são fracos demais para deixarem de reagir à ofensa. Que eles não tenham ódio no coração, na hora da Caridade Perfeita!”, e enxuga suas lágrimas que só Deus está vendo...

 

(O Evangelho como me foi revelado - Maria Valtorta, Vol.8, pg. 221,222,223)