O PASTOR UNIVERSAL E A CURA DE UM PARALÍTICO.
Maria
Valtorta viu e ouviu o que se segue por um milagre de Deus.
Jesus está no meio dos doentes
ou dos peregrinos que vieram até Ele de muitos lugares da Palestina. Entre eles
há também um navegante de Tiro, que um desastre no mar fez que ele ficasse
paralítico, como ele mesmo conta: foi a queda de um fardo, que tombou por causa
do balanceamento do navio. As mercadorias pesadas foram para cima dele, e o
atingiram na espinha dorsal. Ele não morreu, mas está pior do que um morto,
porque, tendo perdido tudo, quer que os parentes deixem de trabalhar para
cuidarem dele. Diz ter ido com eles a Cafarnaum, depois a Nazaré, e ter ficado
sabendo que o Senhor estava na Judéia, e podia ser encontrado em Jerusalém.
Deu-me os nomes dos amigos que te poderiam hospedar. Fiquei sabendo que Tu não
desprezas ninguém, nem mesmo os samaritanos. E espero que me atenderás. Eu
tenho muita fé.
A mulher dele não fala. Mas,
estando acocorada perto do pequeno colchão sobre o qual puseram o doente, fica
olhando para Jesus com uns olhos que suplicam mais do que quaisquer palavras.
Em que ponto é que foste
atingido?
Por baixo do pescoço. Foi
nesse ponto que eu senti o choque mais forte e senti um barulho na cabeça, como
o do bronze quando é percutido. Depois se transformou em um mugido contínuo,
como o do mar na minha frente... Depois, não senti mais nada, durante muitos
dias. Estávamos navegando nas águas de Cintium e eu me dei conta de que estava
em minha casa, sem saber como. E tornei a ouvir o mugido na cabeça, a as luzes
na vista, por muitos e muitos dias. Depois tudo passou... mas meus braços
ficaram mortos, e as pernas também. Eu estava um homem acabado, aos quarenta
anos. E tenho sete filhos Senhor.
Mulher, soergue o teu marido,
e descobre o ponto em que ele foi atingido.
A mulher obedece, sem nada falar.
Com movimentos bem ajeitados e maternais, ajudada pelos que vieram com ela, não
sei se é seu irmão, ou cunhado, ela enfia um braço por baixo do ombro do
esposo, enquanto com a outra mão, e com aquela delicadeza com que trataria um
recém-nascido, ela levanta da pequena cama o pesado corpo. Uma cicatriz, ainda
vermelha, mostra o ponto da ferida maior.
Jesus se inclina. Todos
espicham o pescoço para olhar. Jesus apóia as pontas dos dedos na cicatriz,
dizendo: “ Eu Quero.”
O homem sente uma sacudida,
como se tivesse sido tocado por uma corrente elétrica, e dá um grito: “ Que
Fogo.”
Jesus tira os dedos de sobre
as vértebras lesadas, e diz: “ Levanta-te.”
O homem não espera que Jesus o
diga duas vezes. Apoia-se nos braços, que havia meses, estavam inertes sobre a
pequena cama, sacode para ficar livre do que o prendia, joga as pernas para
baixo da padiolinha e pôr-se de pé, tudo isso foi feito em muito menos tempo do
que eu usei para descrever as fases do milagre.
A mulher grita, o parente
grita, o homem curado levanta aos braços para o céu, emudecido de alegria. É só
um instante de uma estonteante alegria, e depois ele dá meia volta sobre si
mesmo, com a firmeza de um homem bem ágil, e se encontra frente a frente com
Jesus. Aí ele adquire de novo a voz, e grita: “ Bendito és Tu, e quem te
mandou! Eu creio no Deus de Israel e em Ti, seu Messias.” E se joga no chão,
para beijar os pés de Jesus, em meio á gritaria do povo.
Em seguida, os outros milagres
sobre as crianças pequenas, as mulheres e os velhos em geral. Depois Jesus
fala.
Vistes o milagre dos ossos
quebrados que se tornam inteiros de novo e de membros que se tornam vivos. Isto
vos foi concedido pelo Senhor, poderdes ver para confirmar a fé naqueles que
crêem, e suscitá-la naqueles que não a têm. E o milagre foi concedido a pessoas
de todos os lugares, que vieram até aqui em busca de saúde, impelidas pela fé
no meu poder de curar.
Aqui há judeus e galileus,
libaneses e siro-fenícios, habitantes da longínqua Batanéia e das costas
marítimas. E todos vieram sem se preocuparem com a estação, nem com o
comprimento do percurso, e os parentes os acompanharam se murmurar, sem se
lamentarem pelos trabalhos que eles deixaram interrompidos, e pelos negócios
deixados por terminar. Porque todo sacrifício era nada em comparação com o que
eles iam conseguir.
E, assim como caíram as idéias
políticas ou religiosas, que antes formavam como que uma muralha, colocada para
impedir que se considerassem todos irmãos, todos iguais no viver e no sofrer,
no desejar e esperar saúde e conforto. E Eu, a todos os que souberam unir-se em
uma esperança, que já é fé, concedi a saúde e o conforto. Porque é justo que
assim seja.
Eu sou o Pastor Universal, e devo acolher a todas as ovelhas que querem
entrar no meu rebanho. Eu não faço distinção entre as ovelhas sãs e as
doentes, entre as fracas e as fortes, entre as que me conhecem, porque já são
do rebanho de Deus, e as ovelhas que até agora não me conheciam e nem mesmo ao
verdadeiro Deus. Porque Eu sou o Pastor
da Humanidade, e recolho as minhas
ovelhas de qualquer lugar onde estiverem, e se dirigirem á Mim. São ovelhas
magras, sujas, maltratadas, ignorantes, feridas por pastores que não as amavam
e as rejeitaram, dizendo que eram imundas. Mas não há imundície que não possa
ser limpa. E não há imundície que, querendo ficar limpa, e pedindo para sê-lo,
possa ser rejeitada com a desculpa de que está suja.
Os bons desejos são suscitados
por Deus. Se Ele os suscita, é sinal de que deseja que se tornem realidade. É o
próprio Espírito de Deus que pede com orações inefáveis essa absorção de todos
os homens, que parte do amor, porque o Espírito de Deus deseja efudir-se e
enriquecer-se e fundir-se amando um número ilimitado de seres, que são atraídos
por Ele, pela doçura de seus perfumes. Por isso não é lícito a ninguém
desprezar ou rejeitar a quem quer entrar no rebanho Santo.
Isto seja dito para aqueles
entre vós gostam de cultivar nos corações as idéias de muitos em Israel, idéias
de distinções e de julgamentos não amados por Deus, porque são contrários aos
seus desígnios de fazer de todos os povos um só Povo que leve o Nome do Messias
por Ele enviado.
Por enquanto, Eu falo também
aqueles que vieram de fora, as ovelhas até agora selvagens, e que sentem o
desejo de entrar no único rebanho do único Pastor. E digo: nada os faça
desconfiar, nada os envileça. Não existe paganismo nem idolatria, nem vidas
diferentes da que eu ensino, que não possam ser renegadas e rejeitadas,
permitindo ao espírito poder refazer-se e tornar-se livre de todas as plantas
más, para poder ficar apto, a fim de receber as novas sementes e revestir-se de
novas fardas. E isso, mais ainda do que a saúde para os membros, é que deveria
empurrar as pessoas para Mim.
Como, e sirva o que digo,
tanto para os hebreus da Palestina, como para os hebreus e prosélitos e como
para os gentios, como sabeis vir a Mim, para que seja tirado de vossas carnes
doentes o jugo das enfermidades, assim, sabei vir, para que seja tirado do
vosso espírito o jugo do pecado e do paganismo. Deveríeis todos pedir-me em
primeiro lugar esta libertação, que é querer o Reino de Deus em vós como o
primeiro milagre. Porque tendo esse Reino em vós, todas as outras coisas vos
serão dadas, e dadas de tal modo, que o presente não fique pesado como um
castigo na outra vida.
Não tendes ficado pensando nas
intempéries, nas canseiras, nas perdas de dinheiro quando íeis atrás de saúde
para os vossos membros que, mesmo estando hoje cansados, qualquer dia destes
perecerão em uma morte física. Com a mesma disposição deveríeis saber enfrentar
todas as dificuldades, para conseguirdes a saúde para o vosso espírito, e a
vida eterna, com a posse do Reino de Deus.
Escárnios e ameaças dos
parentes, ou dos concidadãos, ou das autoridades, que é que são, em comparação
com aquilo que todos vós tendes, de qualquer lugar que tenhais vindo, se
souberdes dirigir-vos para a Verdade e a Vida? Quem é que deixaria de ir para
um lugar, onde soubesse que está esperando uma vida feliz, para se entreter
durante um dia com uma festa que dura só até o pôr do sol? No entanto muitos
fazem assim. E, para se saciarem com uma fração de tempo, com as insípidas e
inúteis alegrias do mundo, deixam de ir ao lugar onde achariam para sempre o
verdadeiro alimento, a verdadeira saúde, a verdadeira alegria e sem ter o medo
de vê-la ser-lhe tirada pelo ódio do inimigo.
No Reino de Deus não há ódio,
nem guerra, nem injustiças. Quem entra nele não conhece mais a dor, a aflição,
a violência, mas possui a alegria da paz que emana de meu Pai.
Eu me despeço de vós. Ide.
Voltai ás vossas terras. Os meus discípulos já são numerosos, e estão
espalhados por todas as regiões da Palestina. Escutai, se quereis conhecer a
minha doutrina, e estar prontos para o dia da decisão, da qual dependerá a vida
eterna de muitos. Eu vos dou a minha Paz, para que ela vá convosco.
E Jesus tendo abençoado o
povo, volta para a casa...
(O Evangelho como me foi
Revelado – Maria Valtorta, pgs 241,242,243,244, Vol 8)
A paz de Jesus.
Antonio Carlos Calciolari.