A
VERDADE É DEUS
Diz Jesus:
Muitos são os que procuram a verdade, durante toda
a vida, sem chegarem a encontrá-la. Ficam parecendo loucos, que querem ver
mesmo tendo uma corrente de bronze sobre os olhos, e ficam apalpando, de um
modo convulsivo, e de tal maneira, que sempre vão-se afastando da Verdade, ou
então a escondem, despejando sobre ela coisas que a procura deles vai removendo
de sua frente, ou faz sair para fora dali. Não lhes pode acontecer senão assim,
porque vão procurar a verdade onde ela não pode estar.
Para encontrar a Verdade, é preciso unir a
inteligência com o amor e olhar as coisas, não somente com olhos sábios, mas
também com olhos bons. Porque vale mais
a bondade do que a sabedoria. Aquele que ama, sempre consegue achar um
caminho para chegar á verdade.
Amar não
quer dizer gozar de uma carne, ou pela carne. Isso não é amor. É sensualidade. Amor é o afeto de um espírito a
outro espírito, de uma parte superior a outra parte inferior, pelo qual na
companheira não se há de ver uma escrava, mas a geradora dos filhos, só isto,
ou seja, a metade, que forma com o homem um todo, que é capaz de criar uma
vida, e mais vidas, e até a companheira que é mãe, irmã e filha do homem, que é
mais fraco do que um recém nascido e mais forte que um leão, conforme os casos,
e que como mãe, irmã, filha, e amada com um respeito confiante e protetor. O
que não for como estou dizendo, não é amor. É vício. Não leva para o alto, mas
para baixo. Não para a luz, mas para as trevas. Não para as estrelas, mas para
a lama. Amar a mulher, para saber amar ao próximo. Amar ao próximo para saber
amar a Deus.
Então se terá encontrado o caminho da Verdade. A
Verdade está aqui, ó homens que a estais procurando. A Verdade é Deus. A chave para compreender o que é preciso saber
está aqui.
A doutrina
que é sem defeito, é a de Deus somente. Como pode o homem achar resposta para suas
perguntas, se ele não tiver Deus para responder? Quem é que pode revelar os
mistérios do universo, para falar, por enquanto, só e simplesmente deles, senão
o Criador Supremo que fez o universo? Como compreender esse prodígio vivo que é
o homem, esse ser em que se une a perfeição animal com a perfeição imortal, que
é a alma, pela qual somos deuses, se tivermos em nós viva a alma, isto é, livre
daquelas culpas que aviltaram até um bruto, e que o homem comete e ainda se
vangloria de cometer?
Eu vos digo as palavras
de Jó, ó procuradores da verdade: “ Interroga os jumentos, e eles te
instruirão, os passarinhos, e eles te mostrarão. Fala a terra, e ela te
responderá, aos peixes, e eles te farão saber” ( Jó 12,3-8).
Sim, a terra, esta terra verdejante e florida,
estas frutas que entumecem nas árvores, estes passarinhos que criam seus
filhotes, estas correntes de vento, que distribuem as nuvens pelo céu, este sol
que não se esquece de nascer desde séculos e milênios, tudo fala de Deus, tudo
explica Deus, tudo revela e desvela Deus. Se a ciência não se apóia em Deus,
torna-se erro, e não mais nos eleva, mas avilta. O saber não é corrupção, mas
religião. Quem sobe por Deus, não cai, porque sente a própria dignidade e
porque crê no seu futuro eterno.
Mas é preciso procurar o Deus real. Não os
fantasmas, que deuses não são, mas simplesmente delírios de homens ainda
envolvidos nas faixas da ignorância espiritual, pela qual não há nem sombra de
sabedoria em suas religiões, nem sombra de verdade em suas crenças.
Qualquer
idade é boa para nos tornarmos sábios. E é ainda em Jó que está escrito: “ Ao chegar a
tarde, te surgirá uma espécie de luz do meio dia e, quando pensares que estás
acabado, surgirás como a estrela da manhã. Estarás cheio de confiança pela
segurança do que te aguarda.” ( Jó 11, 17-18)
Basta a boa
vontade de achar a verdade e mais cedo ou mais tarde, ela se deixará encontrar. Mas, uma vez que tenha sido
achada, ai de quem não a seguir e ficar imitando os cabeçudos de Israel que,
tendo já nas mãos o fio condutor para encontrarem a Deus, isto é, todas as
coisas que de Mim foram ditas no Livro, não querem render-se á Verdade, e a
odeiam, acumulando em suas inteligências e em seus corações, os entulhos do
ódio e das fórmulas e não sabem que, por causa do peso demais, a terra se
abrirá debaixo dos pés deles, que acham que seus pés são pés de triunfadores,
mas que não são mais do que pés de escravos dos formalismos, do ódio, dos
egoísmos, e que eles serão engolidos, precipitando-se no lugar para onde vão os
culpados conscientes de um paganismo mais culpável ainda do que o dos povos
que, por si mesmos, arranjaram para si uma religião, que lhes sirva de norma
para regularem suas vidas.
Mas é que Eu, assim como não rejeito aos que se
arrependem entre os filhos de Israel, assim também não rejeito nem mesmo a
estes idólatras, que creem naquilo que lhes foi dado para crer, mas que dentro
de si, em seu interior, gemem dizendo: “ Dai-nos a Verdade!”
Tenho dito.
(O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta
– Vol 4- pg.92,93,94)