A IGREJA NASCENTE E O
FIM DOS TEMPOS
(O Evangelho como me
foi revelado – Maria Valtorta – Vol. 9- pg. 392 a 403)
Matias, o ex-pastor, aproxima-se de Jesus e lhe pergunta:
“Senhor e Mestre meu, eu tenho pensado muito com os companheiros, nas tuas
palavras, até que o cansaço tomou conta de nós, e nós dormimos, antes de termos
podido resolver o problema que se havia apresentado. E agora estamos mais
ignorantes do que antes. Se é que entendemos bem as pregações destes últimos
dias. Tu predisseste que muitas coisas mudarão, ainda que a Lei fique sem ser
mudada, e que se deverá edificar um novo Templo, com novos profetas, sábios e
escribas, contra o qual se levantarão batalhas, mas que não morrerá enquanto que
este, se é que compreendemos bem, parece destinado a morrer.”
“Está destinado a morrer. Lembra a profecia de Daniel...”
“Mas nós que somos pobres e poucos, como poderemos edificá-lo
de novo, se os reis tiveram que trabalhar muito para edificar este? E depois
onde o edificaremos? Certamente aqui não, porque tu dizes que este lugar virará
um deserto, enquanto esses não te bendigam como a um mandado por Deus.”
“Assim é.”
“Em teu Reino não. Porque estamos convictos de que o teu
Reino é espiritual. E, então, como e onde o estabeleceremos? Ontem tu disseste
que o verdadeiro Templo – e não é aquele... e, não será aquele o verdadeiro
Templo? Disseste que quando eles pensarem que o terão destruído, aí é que ele
se levantará triunfante aos olhos de Jerusalém verdadeira. Onde está ela? Há
muita confusão entre nós.”
“Assim é. Que os inimigos destruam o verdadeiro Templo. Em
três dias Eu o levantarei de novo, e ele não conhecerá mais a cilada, subindo
para onde o homem não lhe possa causar dano.
Quanto ao Reino de Deus, ele está em vós, e por toda parte há
homens que crêem em Mim. Estão espalhados por enquanto, mas eles se sucederão
sobre a Terra, através dos séculos dos séculos. Depois ele será eterno, unido,
perfeito no Céu. Lá no Reino de Deus, será edificado o novo Templo, isto é, lá
onde estão os espíritos que aceitam a minha doutrina, a Doutrina do Reino de
Deus e que pratica os preceitos Dele. E,
como será edificado, se sois pobres e poucos? Oh! Na verdade não são
necessários o dinheiro e os poderes para edificar o edifício da nova moradia de
Deus, individual ou coletiva. O Reino de Deus está em vós. É a união de todos
aqueles que terão a Deus em si, a Deus que é a Graça. A Deus que é a Vida. A
Deus que é a Luz. A Deus que é a Caridade. E ele constituirá o grande Reino de
Deus sobre a Terra, a nova Jerusalém, que chegará a expandir-se por todos os
confins do mundo, e que, completa e perfeita, sem emendas, sem sombras, viverá
eterna no Céu.
Como fareis para
edificar o Templo e a cidade? Oh! Não sereis vós, mas será Deus que
edificará esses lugares novos. Vós teríeis somente que dar-lhe vossa boa
vontade. Boa vontade é permanecer em Mim. Viver a minha doutrina é já a boa
vontade. Estar unidos à boa vontade. Unidos a Mim, até formardes um só corpo,
em cada uma de suas partes e partículas, alimentado pela mesma seiva. Um único
edifício, que está apoiado sobre uma única base e conservado unido por uma
mística coesão, mas assim como sem a ajuda do Pai, que Eu vos ensinei a pedir,
e que Eu pedirei para vós, antes de morrer, vós não poderíeis estar na
Caridade, na Verdade, na Vida, isto é, ainda em Mim, e comigo em Deus Pai, e em
Deus Amor, porque nós somos uma única Divindade, por isso Eu vos digo que
tenhais a Deus em vós, para poderdes ser o Templo que não conhecerá fim. Por
vós mesmos não o podeis fazer. Se Deus não edifica, e não pode edificar onde
não pode mais ter a sua morada, inutilmente os homens se agitam para edificar e
reedificar.
O Templo novo, a Minha Igreja, surgirá somente quando o
coração hospedar a Deus e Ele convosco, como umas pedras vivas, edificará a sua
Igreja.
“Mas, Tu não disseste que o Simão de Jonas é o Chefe dela, a
pedra sobre a qual se edificará a Tua Igreja? E não nos fizeste compreender
também que Tu és dessa Igreja a pedra angular? Então, quem é o chefe dessa
Igreja?”, interrompe Iscariotes.
“Eu sou o Chefe
Místico. E Pedro é o Chefe visível. Porque Eu vou voltar ao Pai, deixando-vos a
Vida, a Luz, a Graça, pela minha Palavra, pelos meus sofrimentos, pelo
Paráclito, que será amigo daqueles que me forem fiéis. Eu formo uma única coisa
com a minha Igreja, meu corpo espiritual, do qual Eu sou a cabeça.
A cabeça contém o cérebro, a mente. A mente é a sede do
saber, o cérebro é que dirige os movimentos dos membros, por meio de seus
comandos imateriais, os quais são os mais válidos para fazer que se movam os
membros, do que qualquer outro estímulo. Observai um morto, no qual o cérebro
morreu. Terá ele algum movimento em seus membros? Observai alguém que seja
completamente estúpido. Não é verdade, que ele é tão inerte, que não saiba ter
nem aqueles movimentos mais rudimentares e instintivos, que até o mais inferior
dos animais, que até o verme que nós esmagamos, tem? Observai alguém no qual a
paralisia desfez o contacto dos membros, de um ou mais membros do cérebro. Terá
ele ainda movimento naquela parte que não tem mais ligação vital com a cabeça?
Mas, se a mente dirige com os seus comandos espirituais,
então os outros órgãos, como: os olhos, os ouvidos, a língua, o nariz, a pele,
que comunicam as sensações à mente, e são as outras partes do corpo que
executam e fazem executar aquilo que a mente, advertida pelos órgãos materiais
e visíveis, a respeito de tudo o que o intelecto invisível ordena. Poderia Eu,
sem dizer-vos: sentai-vos, conseguir que fiqueis sentados neste lado do monte?
Mesmo que Eu queira que vós permaneçais sentados, vós não o sabeis, enquanto Eu
não transmitir o meu pensamento em palavras, e, então, Eu as digo usando para
isso a língua e os lábios. Poderia Eu mesmo sentar-me, se Eu ficasse somente
pensando que estou sentindo o cansaço das pernas, se elas não quisessem
dobrar-se, e não me pusessem assim sentado? A mente tem necessidade dos órgãos
e dos membros para poder fazer e executar as operações que o pensamento pensa.
Assim também é no corpo espiritual, que é a minha Igreja: Eu
serei o Intelecto, isto é, a cabeça, que é a sede do intelecto, e Pedro com os
seus colaboradores são os que observam as reações, percebem as sensações, e as
transmitem à mente, a fim de que ela ilumine, ponha em ordem o que é preciso
fazer para o bem de todo o corpo, para que ela possa esclarecer e ordenar, sob
minha direção, possam falar e guiar as outras partes do corpo. A mão que afasta
um objeto que pode ferir o corpo, ou afasta o que está corrompido ou pode
corromper, o pé que passa por cima de um obstáculo, sem esbarrar nele, sem cair
nem ferir-se, todas essas partes receberam da parte que dirige a ordem de
fazê-lo. O menino, e até o homem que se salvou de um inimigo, ou que, faz
qualquer coisa útil, como: procurar a instrução, as boas obras, o casamento,
uma boa companhia para um bom conselho recebido, ou para uma boa palavra dita,
é por aquele conselho, por aquela palavra que não prejudica ou que faz o bem.
Assim será na Igreja. O chefe e os chefes, guiados pelo Divino Pensamento e
iluminados pela Divina Lei, instruídos pela Palavra Eterna, darão as ordens e
os conselhos, e os membros os porão em prática, e obterão a saúde espiritual e
uma vantagem espiritual.
A minha Igreja já é
assim, porque já possui o seu Chefe sobrenatural Chefe Divino, e tem os seus
membros, que são os discípulos. Ela é ainda pequena, por enquanto, e como um
germe que se forma, perfeita unicamente no Chefe que a dirige, e imperfeita no
resto, que ainda tem necessidade de um toque de Deus para ficar perfeita e do
tempo para crescer. Mas, em verdade Eu vos digo que Ela já o é, e que é Santa,
por Aquele que é seu Chefe e pela boa vontade dos justos que a compõem. É Santa
e invencível... Contra ele se apresentará uma e mil vezes e com mil formas de
batalha o inferno, feito de demônios e de homens-demônios, mas não
prevalecerão. O edifício será firme.
Mas o edifício não é feito de uma só pedra. Observai o
Templo, lá, vasto, belo, ao sol que se põe. Talvez é feito de uma só pedra? É
um complexo de pedras, que formam um único e harmônico todo. Ele se chama: o
Templo. E isto quer dizer uma unidade. Mas essa unidade é feita das muitas
pedras que a compuseram e formaram. Inútil teria sido fazer os fundamentos se
eles não tivessem depois que sustentar as paredes e o teto, se sobre eles não
se tivesse que erguer as paredes para sustentarem o teto, se antes não tivessem
sido feitos, e em primeiro lugar, os fundamentos sólidos e proporcionados para
uma construção maciça e de grandes dimensões. Assim, com esta dependência das
artes uma da outra, é que surgirá também o Templo Novo. Pelos séculos afora,
vós o ireis edificando, apoiando-o sempre sobre os fundamentos que Eu lhe dei,
perfeitos, de acordo com seu tamanho. Vós edificareis sob a direção de Deus,
servindo-vos das coisas a serem usadas para levantá-lo: espíritos que são a
morada de Deus.
Deus estará nos vossos corações para fazer deles umas pedras
polidas e sem fendas, para um Templo novo. Será o seu Reino estabelecido com as
suas leis no vosso espírito. A não ser assim, vós seríeis uns tijolos mal
cozidos, uma madeira carunchada, umas pedras lascadas e quebradiças, que não
têm consistência, e que o construtor, se for experiente, rejeita, ou então elas
falham, não resistem a pressão, fazendo que uma parte deslize, se o construtor,
ou os construtores colocados ídolos de si mesmos, que se pavoneiam em seus
corações, sem vigiarem constantemente sobre a construção que se vai levantando,
e sobre os materiais usados nela. Esses construtores ídolos, esses mestres de
obras ídolos, esses guardas ídolos, são todos uns ladrões. Ladrões da confiança
de Deus e da estima dos homens, uns ladrões e uns orgulhosos, que só se
comprazem em terem um meio de vida, e um modo de terem um monte de materiais,
que eles não observam se são bons, ou já de qualidade vencida, e que pode ser
causa de uma ruína.
Vós, ó sacerdotes novos
e escribas do Templo novo, escutai. Ai de vós e de quem vier depois de vós, de
quem se fizer ídolo e não tomar cuidado, não supervisar a si mesmo e aos
outros, os fiéis, a fim de observar bem a boa qualidade das pedras e da
madeira, sem confiar só nas aparências, pois se não poderá causar ruínas,
deixando que materiais já deteriorados, ou até capazes de prejudicar a obra
tenham sido deixados para serem usados na construção do Templo, dando assim um
escândalo e provocando a ira divina. Ai de vós, se deixardes que se formem fendas e paredes
inclinadas, que estão para cair, porque não estão bem equilibradas nas bases,
que são sólidas e bem feitas. Não é de Deus o fundador da Igreja, mas de vós
que viria o tombamento da parede, e dele seríeis responsáveis, diante do Senhor
e dos homens.
Diligência, observação, discernimento, prudência. A pedra, o
tijolo, a viga fraca, que em uma parede interna poderiam ser causa de
tombamento, podem servir em partes de menor importância, na construção e até a
servir bem. É assim que deveis saber escolher. Com caridade para não desgostar
as partes fracas, mas com firmeza, para não desgostar a Deus e arruinar o seu
Edifício. E se achais que uma pedra em um ângulo mestre, não é boa ou não está
bem equilibrada, sede corajosos, ousados, e procurai saber como tirá-la daquele
lugar, e alinhá-la com o escopo de um santo zelo. Se ela grita de dor, não faz
mal. Ela vos abençoará durante os séculos, porque vós a tereis salvado.
Removei-a dali e empregai-a em outro trabalho. Não tenhais medo nem de
afastá-la completamente, se virdes que ela vai ser causa de estranheza e de
ruína, desdizendo do vosso trabalho. É melhor haver pouca pedra, do que muito
estorvo.
Não tenhais pressa.
Deus nunca tem pressa, mas tudo o que Ele cria é eterno, porque é bem
calculado, antes de ser feito. Se não é eterno, dura tanto como os séculos. Olhai para o Universo. Há muitos
séculos, há milhares de séculos, ele está como Deus o fez, em operações
sucessivas... Imitai o Senhor. Sede perfeitos como vosso Pai. Tende a sua Lei
em vós, o seu Reino em vós. E não falhareis, mas, se não fôsseis assim,
desabaria o edifício, ficando dele apenas a pedra angular, os fundamentos. A
mesma coisa acontecerá com aquele Templo. Em verdade, Eu vos digo que com
aquele ali vai ser assim, assim será com o vosso, se puserdes nele o que
pusestes neste, as vossas contribuições doentes de orgulho, de avidez, de
pecado, de luxúria. Como se desfez de repente pelo sopro do vento, aquele
pavilhão de nuvens, que parecia estar parado formando uma vista tão bonita
acima do cume daquele monte, mas parecendo o soprar de um vento de um castigo
sobrenatural para os homens, quando desabarem os edifícios, que de santos só
tem o nome.
Jesus se cala pensativo. E quando começa a falar de novo, é
para dar esta ordem: “Sentemo-nos aqui, para repousarmos um pouco.”
Eles se assentam sobre um declive do Monte das Oliveiras, que
fica em frente do Templo, agora beijado pelo Sol, que já vai-se pondo. Jesus
olha fixamente para aquele lugar, com tristeza. Os outros, exultam por verem
aquela beleza, mas sobre aquela exultação logo se estende um véu de aflição
pela lembrança das palavras do Mestre. Será que toda aquela beleza vai ter que
acabar?
Pedro e João falam um com o outro, e depois passam a
sussurrar alguma coisa ao Tiago de Alfeu e ao André, que estão perto deles, e
eles concordam, fazendo um sinal com a cabeça. Então, Pedro se vira para o
Mestre e diz: “Vem aqui para o lado, e explica-nos quando é que se cumprirá a
tua profecia sobre a destruição do Templo. Daniel fala nela, mas, se for como
ele diz, e como Tu dizes, poucas horas terá ainda o Templo. Mas nós não estamos
vendo exércitos, nem preparativos de guerra. Quando será, então, que isso
acontecerá? Qual será o sinal disso? Tu já vieste. E Ti dizes que estás para
ires embora. No entanto se sabe que isso não acontecerá, se não estiveres entre
os homens. Então, Tu voltarás? Quando é que será a tua volta? Explica-nos isso,
para que fiquemos sabendo.”
“Não há necessidade de que vamos para outro lado. Estás
vendo? Os discípulos mais fiéis ficaram, aqueles que a vós doze ajudarão muito.
Eles podem ouvir as palavras que Eu vos estou dizendo. Vinde todos para cá!”,
grita por fim, para reunir todos.
“Tomai cuidado para que
ninguém vos seduza no futuro. Eu sou o Cristo, e não haverá outros Cristos. Por
isso, quando muitos vierem dizer-vos: “Eu sou o Cristo”, e estiverem seduzindo
a muitos, não acrediteis em suas palavras, nem que elas sejam acompanhadas por
prodígios, mas estes podem ser reconhecidos como não bons, porque sempre
estarão unidos ao medo, à perturbação e à mentira. Os prodígios de Deus vós os
conheceis, eles dão uma santa paz, alegria e salvação, fé e conduzem a desejos
e obra santas. Os outros, não. Por isso, refleti sobre a forma e as
consequências dos prodígios que podereis ver no futuro, por obra dos falsos
cristos e de todos aqueles que se vestirão com vestes de salvadores dos povos,
mas que serão umas feras, que os arruinarão.
Ouvireis também, e até
vereis os que falam de guerras, e rumores de guerra, e que vos dirão: “Estes
são os sinais do fim.” Mas não vos perturbeis, ainda não será o fim. É
necessário que tudo isso aconteça antes do fim, mas ainda não será o fim.
Levantar-se-á um povo contra o outro, nação contra nação, continente contra
continente, e haverá pestilências, carestia e terremotos em muitos lugares. Mas
isso não será mais do que o princípio das dores. Então vos lançarão no meio da
tribulação, e vos matarão, acusando-vos de serdes os culpados pelos sofrimentos
deles e, esperando sair deles, começarão a perseguir e a destruir os meus
servos.
Os homens acusam sempre os inocentes de serem eles a causa do
seu mal, que os pecadores criam para si mesmos. Eles acusam ao próprio Deus,
que é perfeita inocência e a Bondade Suprema, de ser Ele a causa do sofrimento
deles, e assim também farão convosco, e vós sereis odiados por causa do meu
Nome. E será ainda Satanás que os está açulando. E surgirão falsos profetas,
que induzirão muitos ao erro. E ainda será Satanás o verdadeiro autor de tantos
males. E, com a multiplicação da iniqüidade, se esfriará a caridade de muitos.
Mas quem tiver perseverado até o fim, será salvo. Mas, é preciso que antes este Evangelho do Reino de Deus seja pregado
em todo o mundo, como um testemunho diante de todas as nações. Aí virá o fim.
Haverá uma volta de Israel ao Cristo, que o acolhe, e a pregação da minha
doutrina em todo mundo.
Depois virá um outro
sinal. Um sinal do fim do Templo e do fim do Mundo. Quando virdes a abominação
da desolação predita por Daniel – quem me ouve, procure entender bem, e quem lê
o Profeta, saiba ler por entre as palavras – então, quem estiver na Judéia, fuja para os montes,
e quem estiver no terraço não desça para ir apanhar o que estiver em casa, e
quem estiver em seu campo não volte à sua casa para apanhar o manto, mas fuja
sem olhar para trás, a fim de que não lhe aconteça não poder fazê-lo mais, e
ele nem mesmo se vire para olhar, quando fugir, a fim de não conservar no
coração o espetáculo horrendo, e enlouquecer por isso. Ai das grávidas e
daquelas que estiverem amamentando naqueles dias! E ai delas se a fuga tiver
que ser em dia de sábado! Não seria bastante a fuga para quem quisesse salvar,
sem pecar. Rezai, pois, para que não aconteça no inverno e em dia de sábado,
porque a tribulação será grande, como nunca houve desde o princípio do mundo
até essa hora, nem haverá nunca mais outra semelhante, porque essa será a
última. Se não fossem abreviados aqueles dias em atenção aos eleitos, ninguém
se salvaria, porque os homens-satanases aliarão ao inferno para atormentar os
homens.
E já estão, para
corromper e arrastar para fora do caminho, justo aqueles que se conservarem
fiéis ao Senhor, surgirão os que dirão assim: “O Cristo está lá, o Cristo está
aqui. Está em tal lugar. Ei-lo! É este!” Não creiais. Ninguém creia, porque
surgirão falsos Cristos e falsos profetas, que farão prodígios e portentos
tais, que induzirão ao erro, se isso lhes fosse possível, até aos eleitos, e
ensinarão doutrinas em aparência tão consoladoras e boas, que seduziriam até
aos melhores, se com eles não estivesse o Espírito de Deus, que os iluminará
sobre a verdade ou sobre a origem satânica de tais prodígios e doutrinas.
Eu vo-lo digo. Eu vo-lo prego, para que vós possais
acautelar-vos. Mas não tenhais medo de cair. Se estiverdes de pé, firmes no
Senhor, não sereis arrastados às tentações e a ruína. Lembrai-vos disso que Eu
vos disse: “Eu vos dei o poder de
caminhar sobre as serpentes e escorpiões e sobre o poder do inimigo, e nada vos
fará mal, porque tudo vos estará sujeito.” Eu vos faço lembrar também que
para conseguirmos isso, deveis ter Deus em vós, e deveis alegrar-vos, não
porque dominais as potências do mal e as coisas venenosas, mas porque o vosso
nome está escrito no Céu.
Permanecei no Senhor e em sua verdade. Por isso ainda Eu vos
repito: Qualquer coisa que vos disserem de Mim, não creiais. Somente Eu é que
disse a verdade. Somente Eu é que vos digo que o Cristo virá, mas quando chegar
o fim. Por isso, se vos disserem: “Ele está lá no deserto”, não vades lá. Se
vos disserem: “Ele está naquela casa”, não lhes deis atenção. Porque o Filho do
homem, em sua segunda vinda, será semelhante a um relâmpago, que sai do
nascente e chispa até o poente, em um tempo tão breve, como o bater de uma
pálpebra. E deslizará sobre o grande Corpo, que logo se tornará um Cadáver,
acompanhado de anjos luminosos, e por-se-á a julgar. No lugar, seja onde for,
em que estiver o corpo, lá se reunirão as águias. E logo depois da tribulação
daqueles últimos dias, da qual Eu já vos falei, Eu falo agora do fim do tempo e
do mundo e da ressurreição dos ossos, coisas essas de que os profetas falam, o
sol escurecerá, a lua não dará mais a sua luz, e as estrelas do céu cairão,
como bagos de uva que caem de um cacho maduro demais, e que um vento
tempestuoso sacode, e as potências do Céu tremerão.
E, então, no firmamento
escuro aparecerá fulgurante o sinal do Filho do homem, e chorarão todas as nações
da terra, e os homens verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do Céu, com
grande poder e glória. E Ele dará ordens aos seus anjos que ceifem e vindimem, que separem o
joio do trigo, que lancem as uvas na dorna, porque terá chegado o tempo da
grande colheita da semente de Adão, e não teremos mais necessidade de conservar a
esgalha nem a semente, porque não haverá mais perturbação da raça humana sobre
a terra morta. E dará ordens aos seus amigos para que ao alto som das trompas,
reúnam os eleitos dos quatro cantos da terra, de uma extremidade à outra do
céu, a fim de que estejam ao lado do Divino Luiz, para julgarem com Ele os
últimos viventes e os ressuscitados.
Da figueira aprendei esta semelhança: quando vedes que seus
ramos ficam tenros, e soltam folhas, sabeis que o verão já vem perto.
Assim também, quando
virdes todas essas coisas, ficai sabendo que o Cristo está para chegar. Em
verdade, Eu vos digo, não passará esta geração, que não me quis, antes que tudo
isso aconteça.
A minha palavra não
falha, o que Eu digo acontecerá. O coração e o pensamento dos homens podem
mudar, mas minha palavra não muda. O céu e a terra passarão, mas as minhas
palavras não passarão. E, quanto ao dia e a hora exata, ninguém os conhece, nem
mesmo os anjos do Senhor, mas somente o Pai.
Como nos tempos de Noé, assim acontecerá na vinda do Filho do
homem. Nos tempos de antes do dilúvio, os homens comiam, bebiam, se desposavam,
se casavam, sem prestarem atenção ao sinal no dia em que Noé entrou na arca, e
abriram-se as cataratas dos céus, e o dilúvio submergiu todos os seres vivos, e
todas as coisas. Assim também será, quando for a vinda do Filho do homem.
Quando chegar a hora, dois homens estarão perto um do outro no campo, e um será
levado, enquanto o outro será deixado. Duas mulheres estarão ocupadas em fazer
girar o mó do moinho, e uma será levada, e a outra deixada. Isto é o que farão
os inimigos aqui na Pátria, e mais ainda os anjos que irão separar o trigo do
joio, e não terão tempo de se prepararem para o julgamento pelo Cristo.
Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora virá o Senhor.
Pensai de novo o seguinte: se o chefe da família soubesse a que hora viria o
ladrão, ele vigiaria e não deixaria que ele despojasse a sua casa. Portanto,
vigiai e orai, estai sempre preparados para a vinda, sem que os vossos corações
fiquem entorpecidos pelo abuso e a intemperança de todas as espécies, e os
vossos espíritos estejam distraídos e obtusos para as coisas do Céu, por causa
dos excessivos cuidados com as coisas da terra, e o laço da morte vos apanhe de
repente, quando estiverdes despreocupados. Porque, lembrai-vos bem, todos
tereis que morrer. Todos os homens, uma
vez nascidos, devem morrer, e nessa morte há uma particular vinda do Cristo e
em seguida um juízo, que será repetido com todos juntos no dia da vinda solene
do Filho do homem.
Que será então, que acontecerá ao servo fiel e prudente, que
foi posto pelo patrão a servir aos domésticos o alimento, enquanto Ele estava
ausente? Feliz será ele, se o seu patrão ao chegar de repente, o encontrar
fazendo o que deve, com diligência, com justiça e amor. Em verdade Eu vos digo
que Ele lhe dirá: “Vem, servo bom e fiel. Tu mereceste o meu prêmio. Toma e
administra todos os meus bens.” Contudo, se ele parecia, mas não era bom e
fiel, e seu interior era mau, assim como no exterior ele era hipócrita, pois
logo que o patrão havia partido, ele começou a dizer em seu coração: “O patrão
vai tardar a voltar! Vamos aproveitar este belo tempo!”, e começar a bater em
uns criados e a maltratar a outros, dando-lhes pouca comida e pouco das outras
coisas necessária, a fim de poder ter mais dinheiro para poder gastá-lo em
folganças, e com os bêbados, que é que irá acontecer? Acontecerá que o patrão,
ao chegar de repente, quando aquele servo ainda estava pensando que o patrão
estava longe, mas este, ao ver o mau procedimento do servo, lhe tomará o
dinheiro, e o tirará do cargo, e o expulsará, como é de justiça. E assim,
naquela situação ele ficará.
Assim acontece com o
pecador impenitente, que não pensa que a morte pode já estar perto, e também
perto o seu julgamento, e só procura gozar e abusar desse gozo, dizendo: “Depois
eu me arrependerei.” Em verdade, Eu vos digo que ele não terá tempo de fazer isso, e será condenado a
ficar no lugar onde há um tremendo horror, onde se ouvem blasfêmias e se vêem o
pranto e a tortura, e de lá ele só sairá para o Juízo Final, quando tornará a
revestir-se de sua carne ressuscitada, para assim apresentar-se completo ao
Juízo Final, assim como foi completo que ele pecou no tempo de sua vida terrena
e com corpo e alma ele se apresentará ao Juiz Jesus, que ele não quis aceitar
como seu Salvador.
Todos estarão lá, acolhidos
diante do Filho do homem. Uma multidão incalculável de corpos restituídos, uns
pela terra, outros pelo mar, e recompostos todos, depois de terem virado cinza,
há muito tempo. E nos corpos estarão os espíritos. A cada carne que voltou ao
seu esqueleto corresponderá o seu espírito, aquele que a animou por algum tempo
na Terra. E estarão todos aprumados diante do Filho do homem, que estará
esplendente em sua divina Majestade, sentado no trono de sua glória e assistido
pelos seus anjos.
E ele separará os homens uns dos outros, pondo de
um lado os bons e do outro os maus, como um pastor que separa as ovelhas
pondo-as á direita, e os cabritos a esquerda. E dirá com voz afável e com um
semblante benigno aos que, pacíficos e formosos, com uma beleza gloriosa no
esplendor do corpo santo, olharão para ele, com todo o amor de seus
corações: Vinde ó benditos de meu Pai, tomai posse do reino preparado
para vós, desde o começo do mundo. Porque eu tive fome e me deste de comer,
tive sede e me deste de beber, fui um peregrino e me hospedaste, estive nu e me
vestistes, doente e me visitastes, estava prisioneiro e fostes levar-me
conforto.
E os justos lhe perguntarão: Quando foi Senhor que
te vimos com fome e te demos de comer, te vimos com sede e te demos de beber?
Quando foi que te vimos peregrino, e te acolhemos, te vimos nu e te vestimos,
te vimos enfermo ou encarcerado, e te fomos visitar?
E o Rei dos Reis lhes dirá: Em verdade eu
vos digo; quando fizestes uma daquelas coisas a um daqueles menores
entre os meus irmãos, foi a Mim que o fizestes.
E depois o Juiz se voltará para aqueles que
estiverem a sua esquerda, e lhes dirá, com um rosto sério e com uns olhares que
serão como umas flechas que fulminarão os réprobos, e em sua voz ressoará a ira
de Deus. Fora daqui! Longe de mim ó malditos! Ide para o fogo eterno,
preparado pelo furor de Deus para o demônio e para os anjos das trevas e para
aqueles que lhes deram ouvidos, quando eles falavam na libidinagem tríplice e
obscena. Eu tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me deste de
beber, estive nu e não me vestistes, fui peregrino e me repelistes, estive
doente e encarcerado, e não me visitastes. Porque vós só conheceis uma lei:
A do prazer do vosso eu.
E eles lhe dirão: quando foi que te vimos com fome,
com sede, nu, peregrino, enfermo ou encarcerado? Em verdade, nós não te estamos
reconhecendo. Não estávamos presentes, quando estivestes sobre a Terra. E ele
lhes responderá: É verdade. Vós não me conhecestes porque não estáveis lá
presentes, quando estivestes sobre a Terra. Mas vós conhecestes a minha palavra
e tivestes, no meio de vós, os esfaimados, os sedentos, os nus, os doentes, os
encarcerados. Por que é que não fizestes a eles o que talvez teríeis feito a
mim? Pois já foi dito que aqueles que me tiveram em seu meio fossem
misericordiosos para com o Filho do homem? Não sabeis que nos meus irmãos estou
eu? E que onde estiver sofrendo um desses meus menores irmãos, sou eu que lá
estou? E que o que tiverdes deixado de fazer a um desses meus menores irmãos,
foi a mim que deixastes de fazer? A Mim Primogênito dos homens?
Ide-vos e queimai-vos em vosso egoísmo. Ide e que
vos fascinem as trevas e o gelo, pois trevas e gelo é o que fostes, mesmo
conhecendo onde é que estava a Luz e o Fogo do Amor.
E eles irão para o suplício eterno, enquanto os
justos entrarão na vida eterna.
Estas são as coisas futuras.”
Agora, ide-vos. E não vos separeis uns dos outros.
Eu vou com João e voltarei a vós lá pela metade da primeira vigília, para a
ceia e para irmos depois às nossas instruções.”
O EVANGELHO
COMO ME FOI REVELADO – MARIA VALTORTA