TODAS AS RELIGIÕES SÃO IGUAIS?
A PERGUNTA QUE DÁ título a este post é especialmente pertinente em nossos tempos. Vivemos numa sociedade em que a tolerância “politicamente correta” para com as diversas religiões não só está "na moda" como também constitui um verdadeiro compromisso para muita gente e para muitas organizações importantes. Nem todos são mal intencionados. Conheço pessoalmente homens e mulheres de bem que acreditam e pregam a igualdade entre todas as crenças, principalmente em nome da paz. E em nome da paz põem "num mesmo saco" a Religião, as diversas religiões e as seitas de todo e qualquer tipo.
"Pluralismo" e "tolerância" são palavras muito populares para a cultura atual. Todas as religiões teriam o mesmo valor, e nenhuma delas poderia ser considerada verdadeira, ao menos não se isto implicar dizer que alguma outra seja falsa. Quantas vezes cada um de nós já não terá ouvido dizer que “o importante é crer em alguma coisa”, ou, pior ainda, que "o importante é ser feliz"? O maior problema é que, – flagrante contradição, – nesta sociedade supostamente muito tolerante, quem afirma o contrário não é tolerado...
Ainda
mais grave, mesmo dentro de ambientes religiosos, que teriam por obrigação
defender a verdade perante o mundo, – sem a preocupação de atender a interesses
particulares, sem “fazer média” com ninguém, – os conceitos de tolerância e de
pluralismo têm adquirido enorme espaço, a ponto de determinados ensinamentos
catequéticos terem se tornado, de certo modo, proibidos, porque são considerados
assuntos "politicamente incorretos". Temas como o inferno, a
necessidade da confissão, a inerrância da Igreja, o pecado mortal que é usar a
(assassina) pílula anticoncepcional, – apenas para citar alguns poucos, – estão
sendo evitados ou, pelo menos, "suavizados".
Já não se diz a verdade simplesmente, mas procura-se disfarçá-la ou “enfeitá-la”. É o caso, outro exemplo, quando se trata da Justiça de Deus. Muitos padres e catequistas já não querem mais falar em Justiça divina: dizem apenas que Deus é amor, que é misericórdia infinita, dando a entender que vai nos perdoar e levar para o Céu de qualquer jeito, independentemente do que sejamos ou façamos, como se de um dia para o outro a doutrina cristã tivesse mudado.
Nesta nossa época em que domina a pressão globalista a favor do relativismo e do sincretismo religioso, "ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, muitas vezes é classificado como fundamentalismo", como já esclarecia o grande Cardeal Joseph Ratzinger/ Papa Bento XVI (Missa Pro Eligendo Romano Pontifice, abril/2005).
Já não se diz a verdade simplesmente, mas procura-se disfarçá-la ou “enfeitá-la”. É o caso, outro exemplo, quando se trata da Justiça de Deus. Muitos padres e catequistas já não querem mais falar em Justiça divina: dizem apenas que Deus é amor, que é misericórdia infinita, dando a entender que vai nos perdoar e levar para o Céu de qualquer jeito, independentemente do que sejamos ou façamos, como se de um dia para o outro a doutrina cristã tivesse mudado.
Nesta nossa época em que domina a pressão globalista a favor do relativismo e do sincretismo religioso, "ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, muitas vezes é classificado como fundamentalismo", como já esclarecia o grande Cardeal Joseph Ratzinger/ Papa Bento XVI (Missa Pro Eligendo Romano Pontifice, abril/2005).
O
que se busca é uma espécie de religião única, globalista, que unifique todos os
credos. Assim, cria-se a equivocada sensação de que qualquer proposta religiosa
é válida para a salvação, até as mais absurdas, as mais contrárias aos valores
que construíram a nossa civilização, a nossa sociedade. A tática consiste na
elaboração de um sistema neopagão para o qual não exista nenhuma autoridade
planetária que não a política. Obviamente, a doutrina católica, sobretudo o que
afirma sobre o papado e a necessidade da Igreja para a salvação (artigos
irrenunciáveis da fé cristã), tornam-se pedras de tropeço para esse objetivo.
O
Magistério da Igreja, preocupado com a onda relativista, procurou e vem
procurando esclarecer esses assuntos, em várias ocasiões. A fé católica não
mudou, com de fato não pode mudar: continuamos crendo que o Verbo de Deus se
encarnou uma única vez; que somente nEle se encontra a plenitude da Revelação e
os meios necessários para o autêntico encontro com Deus. É através de Jesus
Cristo e de sua continuação histórica na Terra, que é a Igreja Católica, que o
homem pode ser salvo. Sabemos que não há outro Nome debaixo do céu pelo qual a
humanidade possa alcançar a salvação (At 4,12), como reafirma a DeclaraçãoDominus
Iesus: "Assim como existe um só Cristo, também existe um só seu Corpo
e uma só sua Esposa".
Portanto,
para nós, católicos, já existe a Religião global e universal. Esta Religião é a
católica, – sendo que a palavra quer dizer exatamente isto, universal. – A Católica
é a Igreja para a qual todos os seres humanos foram criados, e Jesus veio a
este mundo para que todos, aqui na Terra ou derradeiramente no Céu, pertençam a
ela. Se alguém duvida que esta é a doutrina católica, basta consultar os
documentos oficiais da Igreja, como a Declaração Dominus
Iesus (2000) e/ou a notificação da Congregação para a
Doutrina da Fé sobre o livro "Para uma teologia cristã do pluralismo
religioso", do padre jesuíta Jacques Dupuis (lê-se 'Dipuí'). Este
documento (2001) elencou 5 pontos básicos e inegociáveis da doutrina católica,
principalmente na temática da salvação. A Santa Sé visava corrigir certos
equívocos do seu autor, padre Dupuis, e, ao mesmo tempo, ajudar os católicos a
praticarem uma reta reflexão acerca do pluralismo e da tolerância religiosa,
dentro do que é aceitável e verdadeiramente católico.
Ponto 1
– Jesus Cristo é o único e universal Mediador da
salvação de toda a humanidade. A notificação rechaça a tese de uma certa
"ação salvífica do Verbo" alheia à Pessoa de Cristo, ou seja,
"independentemente da humanidade do Verbo encarnado". Com isso, a
Congregação reafirma a supremacia do cristianismo sobre todas as
outras religiões. Somente na fé cristã Deus se encarnou, sofreu e morreu na
cruz pela humanidade. A ideia segundo a qual Deus teria, de algum modo, se
encarnado em todas as religiões, e que Jesus seria portanto apenas uma dessas
muitas encarnações ou avatares é, para o cristianismo, simplesmente absurda,
sem qualquer respaldo teológico ou bíblico.
Ponto 2
– A Revelação em Jesus Cristo é una e plena. É
um dever de todo cristão crer firmemente na Mediação do Cristo, no cumprimento
e na plenitude da Revelação nEle e através dEle. É "contrário à fé da
Igreja" afirmá-la "limitada, incompleta e imperfeita". Não há
uma única verdade de fé necessária à salvação que não esteja contida na Sã
Doutrina cristã e, embora possam existir "elementos de verdade" nas
outras religiões, todas elas, de uma maneira ou de outra, derivam "em
última análise da Mediação frontal de Jesus Cristo". Nenhuma outra
doutrina ou religião “completa” o cristianismo.
Ponto 3
– O Espírito Santo é plenamente capaz de agir
"de maneira salvífica tanto nos cristãos como nos não-cristãos".
Todavia, é "contrário à fé católica pensar que a ação salvífica do Espírito
Santo possa estender-se para além da única e universal economia salvífica do
Verbo encarnado". Isso quer dizer que toda ação do Espírito Santo tem por
meio a Igreja, – o Sacramento universal da salvação, – mesmo entre os
não-cristãos. A ação do Espírito Santo fora da Igreja existe, mas tem sempre a
intenção de trazer todas as pessoas à Igreja de Cristo, que confere os
Sacramentos para a santificação e salvação.
Ponto 4
– Recorda a vocação universal do homem. Toda a
humanidade foi orientada para Jesus: existe uma vocação específica dos seres
humanos de todos os tempos, de todos os lugares da História, para a Igreja de
Cristo. Com isso, a Congregação afirma que "também os seguidores das
outras religiões estão orientados para a Igreja e todos são chamados a fazer
parte dela", não sendo possível "considerar as várias religiões do
mundo como vias complementares à Igreja em ordem à salvação".
Ponto 5
– A Congregação para a Doutrina da Fé responde à
pergunta central: "Podemos afirmar que todas as religiões são caminhos de
salvação?" O esclarecimento é categórico ao definir que "não tem
qualquer fundamento na Teologia católica considerar as (diversas) religiões,
enquanto tais, caminhos de salvação, até porque nelas existem lacunas,
insuficiências e erros que dizem respeito a verdades fundamentais sobre Deus, o
homem e o mundo". As verdades contidas nestas religiões podem contribuir
para a salvação dos seus membros enquanto verdades ligadas à Pessoa de Jesus
Cristo. Mas não são, em si mesmas, caminhos de salvação para os homens.
Resumo
As
muitas religiões, – enquanto religiões, – não são caminhos ou
instrumentos de salvação. As verdades contidas nelas, – e que se encontram
também fora delas, pois o Espírito Santo age em diversos povos, culturas e
mesmo religiões, orientando as pessoas para Cristo e para sua Igreja, – podem
servir como instrumentos que acabarão, indiretamente, conduzindo à salvação.
Esta
doutrina, que para o gosto dos homens modernos muitas vezes parece antiquada,
ao contrário do que alguns podem imaginar, está em plena concordância com o que
afirma o Concílio Vaticano II, citada na Constituição
Lumem Gentium (nº16). O pluralismo religioso é definitivamente
uma realidade incompatível com a Doutrina católica de sempre.
Com
estes ensinamentos a Igreja não quer dificultar o diálogo interreligioso,
tampouco insuflar a intolerância. A Igreja quer, sim, conviver pacificamente
com todas as culturas e religiões. Não raras vezes, convidou e convida para o
diálogo humano fraterno e respeitoso. Mas não pode renunciar a missão que
lhe foi confiada por Nosso Senhor: "Ide pelo mundo e fazei discípulos
entre todas as nações" (Mt 28, 19). Para que exista um
diálogo saudável, é necessário que ambas as partes sejam sinceras e
conscientes de suas identidades. Caso contrário, há o risco de se edificar uma
casa sobre a areia da mentira e da falsidade, condenando-a, futuramente, ao
desmoronamento. Foi o que explicou o Cardeal Ratzinger a propósito das
polêmicas relacionadas à Declaração Dominus Iesus.
A
missão da Igreja é universal, pois corresponde ao chamado do Salvador, que quer
que todos as pessoas sejam salvas. Mas esta missão se dá através dEle, o Filho
de Deus encarnado, Jesus Cristo; a salvação dos homens só acontece por meio de
Jesus Cristo, em sua continuação histórica neste mundo: a Igreja Católica.
(fonte:
www.ofielcatólico.com.br.)
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