“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

sábado, 25 de maio de 2019

APARIÇÃO DE JESUS RESSUSCITADO NO CENÁCULO






APARIÇÃO DE JESUS RESSUSCITADO NO CENÁCULO

Questionado pelos Apóstolos do porque apareceu primeiro à sua Mãe, à Maria Madalena e para Lázaro antes deles, recebem a resposta justa pelo orgulho aflorado em seus corações hebreus.

(O Evangelho como me foi revelado – Maria Valtorta – Vol. 10 –pg. 269 a 273)


“Mas eles receberam um grande prêmio...”
“A eles Tu apareceste.”
“A todos os três.”
“Mas à Maria logo depois de tua mãe...”
Está claro como entre os Apóstolos havia uma saudade daquelas aparições de privilégio.
“Maria, já há muitas horas que sabe que ressuscitaste. E nós só agora é que estamos podendo ver...”
“Para eles não há mais dúvidas. Mas, para nós, eis que somente agora é que estamos percebendo que nada acabou. Porque assim fazes com eles Senhor, se ainda nos amamos e não nos repudias?”, pergunta o Judas do Alfeu.
“É verdade. Porque tratar assim às mulheres, e especialmente a Maria. Tu até tocaste na fronte dela, e ela diz que lhe parece estar sempre com uma grinalda eterna. E a nós, os teu Apóstolos, nada?”
Jesus não sorri mais. Seu rosto não esta perturbado, mas seu sorriso cessou. Ele olha sério para Pedro, que falou por último, tornando a encher-se de coragem, à medida que o medo e o tempo vão passando, e diz: “Eu tinha Apóstolos. Eu os amava com todo o meu coração. Eu os havia escolhido, e, como uma mãe, havia tomado cuidado para que eles crescessem durante a minha vida. Eu não tinha segredos com eles. Eu lhes dizia tudo, tudo lhes explicava, tudo perdoava. Mas suas fraquezas humanas, suas ousadias, suas teimosias... tudo. E Eu tinha também discípulos. Uns ricos e outros pobres. Tinha mulheres de um passado sem brilho ou de uma constituição débil. Mas meus prediletos eram os Apóstolos.
E assim chegou a minha hora. Um deles me traiu e me entregou aos verdugos. Três deles ficaram dormindo, enquanto Eu suava sangue. Todos, menos dois, fugiram por vileza. Um me renegou por medo, ainda que estivesse vendo o exemplo do outro, jovem e fiel. Em como se isso não bastasse, entre os doze Eu tive um suicida desesperado, e um que duvidou tanto do meu perdão, que não acreditava facilmente, ou pelas palavras de sua mãe, na misericórdia divina. Assim, se Eu tivesse olhado para minha fileira, com olhos humanos, Eu teria devido dizer: “Menos João, fiel por seu amor, e o Simão, fiel na obediência, Eu não tenho mais Apóstolos.” Isto Eu teria devido dizer, enquanto estava sofrendo no recinto do Templo, no Pretório, pelas ruas da cidade e até já sobre a Cruz.
Algumas mulheres me acompanhavam... Uma delas, a mais culpada no passado, foi, como disse João, a chama que soldou as fibras arrebentadas dos corações. Essa mulher é Maria de Magdala. Tu me renegaste e fugiste, enquanto que ela desafiou a morte para estar perto de Mim. Insultada, ela descobriu o seu rosto, pronta para receber a cusparada e as bofetadas, pensando em ser assim semelhante a seu Rei crucificado. No fundo dos corações ela era escarnecida por sua fé firme na minha Ressurreição, e soube continuar a crer. Torturada, foi assim que continuou a agir. Desolada, nesta manhã ela disse: “De tudo eu me despojo, mais dai-me o meu Mestre.” Podes fazer ainda a ousada pergunta: “Porque dar-se a ela?”
Eu tinha unas discípulos pobres, eram pastores. Pouco Eu me aproximei deles, e, no entanto, como souberam eles proclamar sua fidelidade.
Eu tinha discípulas tímidas, como o são todas as mulheres hebréias. Contudo, elas souberam deixar suas casas e vir para o meio do mar de um povo que blasfemava contra Mim, e elas o faziam para me darem aquele socorro que os Apóstolos ma haviam negado.
Eu tinha umas pagãs que me admiravam, como a um filósofo. Pois para elas Eu o era. Mas souberam descer até aos costumes hebreus, aquelas poderosas romanas, a fim de me dizerem, naquelas horas de abandono por parte de um mundo de ingratos: “Nós somos tuas amigas.”
Eu tinha o rosto cheio de cuspiduras e de sangue, Lágrimas e suor gotejavam sobre as feridas. Sujeira e poeira o cobriam como uma crosta. De quem era a mão que me limpou? Foi a tua? Ou atua? Ou a tua? Não foi nenhuma das vossas mãos. Este homem estava perto da Mãe. Ele é que reunia as ovelhas espalhadas. E, se espalhadas estavam as minhas ovelhas, como é que elas podiam socorrer-me? Tu escondias o teu rosto por medo do desprezo do mundo, enquanto o teu Mestre ia indo coberto pelo desprezo de todo o mundo, sendo Ele inocente.
Eu tinha sede. Sim. Leva em conta também isso. Eu estava morrendo de sede. A febre e a dor se haviam apoderado de Mim. Já havia saído sangue de Mim no Getsêmani, pela dor de ser traído e abandonado, negado, açoitado, submergido por culpas infinitas e pelo rigor de Deus. E também no Pretório correu sangue... Quem foi que quis dar-me uma gota d”água para minha garganta que ardia de sede? Teria sido uma mão de Israel? Não. Foi a piedade de um pagão. Aquela mesma mão que, por um decreto eterno, me abriu o peito para mostrar que o coração já tinha uma ferida mortal, e era aquela que a falta de amor, que a vileza, a traição me haviam feito. Foi um pagão. E Eu vos faço lembrar. “Eu tive sede, e me deste de beber.” Em todo Israel não houve um que me desse um conforto, ou pela impossibilidade de fazê-lo, como a Mãe e as mulheres, ou, pela má vontade de fazê-lo. E um pagão foi quem teve para com o desconhecido a piedade que meu povo me negou. Ele encontrou no Céu aquele sorvo que ele me deu.
Em verdade, Eu vos digo que, se Eu recusei todo conforto, porque quando não convém abrandar a sorte, e Eu não quis rechaçar o que o pagão me oferecia, porque naquilo Eu provei o mel de todo amor com que me brindarão os gentios, em recompensa pela amargura que Israel me fez beber. Ele não me tirou a sede. Mas o desconforto sim. Por isso, Eu tomei aquele sorvo, sem saber o que era. Para atrair a Mim aquele que já estava inclinado para o Bem. Que ele seja abençoado pelo Pai por sua piedade.
Vós não falais mais? Porque é que não perguntais também porque é que Eu agi assim? Não tendes coragem de perguntar isso? Então Eu vo-lo irei dizer. Tudo Eu vos direi sobre o porque desta hora. Quem é que sois vós? Não sois os meus continuadores? Sim. Vós sois, apesar da vossa perturbação. Que é que deveis fazer? Converter o mundo para o Cristo. Converter! Isto é o que há de mais delicado e difícil, meus amigos. Os desprezos, as aversões, os orgulhos, os zelos exagerados, tudo isso são coisas que tornam impossível o bom êxito. Mas como nada e ninguém vos teria persuadido a usar da bondade da condescendência da caridade, para com aqueles que estão nas trevas, então foi necessário. Compreendeis? Foi necessário que vós tivésseis uma vez por todas, esmagado o vosso orgulho de hebreus, de homens, de Apóstolos, para dardes lugar somente à verdadeira sabedoria do vosso ministério, isto é, à mansidão, à paciência, à piedade, ao amor sem fanfarrices, nem aversões.
Vós estais vendo como todos vós venceram na fé e no agir, entre aqueles que vós olháveis com desprezo, ou com uma compaixão orgulhosa. Todos, até a pecadora de outros tempos. Até Lázaro, impregnado de uma cultura profana, foi o primeiro que, em meu Nome, perdoou e guiou. E as mulheres pagãs. A enfraquecida mulher do Cusa. Enfraquecida? Mas, na verdade, ela ganha de todos vós. Ela é a primeira mártir da minha fé. E os soldados de Roma. E os pastores. E o herodiano Manaém. E até o Gamaliel, o rabino. Não te fiques estremecendo, João. Pensas tu que o meu espírito ainda estivesse nas trevas? Todos vós pensáveis assim. E isso aconteceu convosco para que amanhã, lembrando-vos do vosso erro, não fecheis o coração para os que se aproximam da Cruz.
Eu vo-lo digo. E Eu já sei que, ainda que Eu o tenha dito, vós não o fareis, a não ser quando a Força do Senhor vos dobrar, como uma varinha, à minha vontade, que é a de ter cristãos por toda a Terra. Eu venci a morte. Mas ela é menos dura do que o velho hebraísmo. Mas Eu vos dobrarei.
Tu Pedro, em vez de ficares envilecido e chorando... tu que deves ser a Pedra da minha Igreja, grava esta amarga verdade no coração. A mirra é usada para preservar da corrupção. Então, impregna-te de mirra. E, quando quiseres fechar o coração e a Igreja à alguma pessoa de outra fé, lembra-te de que não Israel, não foi Israel que me defendeu e quis ter piedade. Lembra-te de que não tu, mas uma pecadora é que soube ficar ao pé da Cruz, e mereceu ver-me por primeira. E, para não seres digno de censura, sê imitador do teu Deus. Abre o coração e a Igreja dizendo: “Eu, o pobre Pedro, não posso desprezar, porque se eu desprezar, serei desprezado por Deus, e o meu erro se tornará vivo aos olhos Dele.” Ai de ti, se Eu não te tivesse despedaçado assim. Não o serias um pastor, mas terias virado um lobo.”
Jesus se levanta. Ele está muito majestoso.
“Meus filhos. Agora Eu falarei, durante o tempo em que Eu estiver entre vós. Mas, enquanto isso, Eu vos absolvo e perdôo. Depois da prova, que foi aviltante e cruel, mas que também foi salutar e necessária, venha a vós a paz do perdão. E com essa paz no coração tornai-vos meus amigos fiéis e fortes. O Pai me mandou a este mundo. E Eu vos mando pelo mundo, a fim de continuardes a minha evangelização. Misérias de toda sorte virão sobre vós, pedindo alívio. Sede bons, pensando em vossa miséria, quando ficastes sem o vosso Jesus. Sede iluminados. Nas trevas não se pode ver. Sede limpos, para ensinardes a limpeza. Sede amor, para poderdes amar. Mas enquanto ele não chega, a fim de preparar-vos para este ministério, Eu vos comunico o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, estarão perdoados. E a quem os retiverdes, ficarão retidos. A vossa experiência vos faça justos, para julgardes. O Espírito Santo vos faça santos, para santificardes. A vontade sincera de corrigir-vos de vossas faltas vos torne heróicos para a vida que vos espera. Tudo o que está por dizer, Eu vo-lo direi, quando aquele que está ausente tiver chegado. Rezai em Nome dele. Permanecei em minha paz, e sem nenhuma ansiedade ou dúvida sobre o meu amor por vós.”
E Jesus desaparece, como havia entrado, deixando entre João e Pedro um lugar vazio. E Ele desaparece no meio de um vivo clarão, que os faz fechar os olhos, de tão forte que ele é. E quando os olhos ofuscados se abrem, eles verificam somente que a paz de Jesus ficou entre eles, como uma chama que queima e que cura, que consome as amarguras do passado, e as transforma em um único desejo de servir.


O EVANGELHO COMO ME FOI REVELADO – MARIA VALTORTA

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