DAI A CÉSAR
O QUE É DE CÉSAR E EXPLICAÇÃO SOBRE A RESSURREIÇÃO DOS CORPOS.
O Evangelho como me foi revelado – Maria Valtorta, Vol. 9 –
pg. 359 a 361
Eles entram no Templo. Os soldado da Fortaleza Antônia os
observam, ao passarem. Eles vão adorar o Senhor, depois voltam para o pátio,
onde os rabis estão ensinando. Antes ainda que o povo acorra para Jesus e se
aglomere ao redor dele, já o acercam os saforins, os doutores de Israel e
alguns herodianos, e, com uma delicadeza fingida, depois de o terem saudado,
lhe dizem: “Mestre, nós sabemos que Tu és sábio e verdadeiro, e que ensinas o
caminho de Deus, sem levares em conta coisa nem pessoa alguma, a não ser que
ela esteja fora da verdade e da justiça, e pouco te incomodas com o juízo dos
outros sobre Ti. Mas somente te preocupas em conduzir os homens para o Bem.
Dize-nos então, é lícito pagar o tributo ao César, ou não é lícito fazê-lo? Que
é que te parece?”
Jesus olha para eles com um daqueles seus olhares de uma
penetrante e solene perspicácia, e responde: “Por que me tentais, hipócritas.
Contudo, alguém entre vós deve saber que Eu não fico enganado por honrarias fingidas.
Mas mostrai-me uma das moedas daquelas usadas para pagar o tributo.”
Eles lhe mostram uma daquelas moedas.
Jesus a observa de um lado e do outro, e, segurando-a apoiada
na palma da mão esquerda, bate sobre ela com o indicador da mão direita
dizendo: “De quem é esta imagem, e que é que diz esta inscrição?”
“A imagem é de César, e a inscrição traz o nome dele. É o
nome de Caio Tibério César, que agora é o imperador de Roma.”
“Pois, então, dai a
César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” E lhe vira as costas, depois de ter
entregue o dinheiro a quem lho havia mostrado.
Jesus escuta tudo o que os peregrinos lhe perguntam, e os
conforta, os absolve e os cura.
Enquanto isso as horas passam. Ele sai do Templo, talvez para
ir andar lá fora e tomar o alimento que lhe levaram os servos de Lázaro, que
disso estão encarregados.
Depois Ele torna a entrar no Templo, pois já passa do
meio-dia. Ele é incansável. Graça e sabedoria saem de suas mãos postas sobre os
enfermos, e de seus lábios com cada um dos sábios conselhos que Ele dá as
numerosas pessoas que dele se aproximam e fazem seus pedidos. Parece que Ele,
quer consolar a todos, curar a todos, antes que não o possa fazer mais.
Já chegou o pôr-do-sol e os apóstolos já cansados, foram
sentar-se no chão sob os pórticos, atordoados por aquele contínuo movimento nos
pátios do Templo, ao chegar a Páscoa, quando do incansável se aproximam os
ricos com suas vestes pomposas.
Mateus, que está cochilando com um olho só, levanta-se e vai
sacudir os outros. Ele diz: “Estão indo para o Mestre uns saduceus. Não o
deixemos sozinho, para que não ofendam, nem procurem fazer-lhe mal, ou zombar
dele também.”
Então todos se levantam, vão até o Mestre e o rodeiam logo.
Eu creio que há represália naquilo de ir ao Templo ou voltar dele na hora
sexta.
Os saduceus, que saúdam a Jesus com inclinações até
exageradas, lhe dizem: “Mestre, Tu respondeste com tanta sabedoria aos
herodianos, que ficamos com o desejo de receber, como eles, nós também, um raio
da tua luz. Escuta. Moisés disse: “Se algum morrer sem deixar filhos, que o
irmão dele despose a viúva, para dar uma descendência ao irmão.” Pois bem.
Havia entre nós sete irmãos. Se o primeiro, tendo tomado por mulher uma virgem,
sem deixar prole, deixou assim a mulher para um seu irmão. Também este segundo
morreu sem deixar prole, e também o terceiro que a desposou, e assim por
diante, até chegarem ao sétimo. A mulher, depois de ter desposado todos os sete
irmãos, morreu. Dize-nos, então, na ressurreição dos corpos, se for verdade que
os homens vão ressuscitar, se for verdade que a alma sobreviverá ao corpo
unindo-se a ele no último dia, e formando com ele um todo, qual será dos sete
irmãos que irá ficar com a mulher, se todos os sete a possuíram na Terra?”
“Vós estais errados. Não
sabeis compreender nem as Escrituras, nem o poder de Deus. Muito diferente será
desta para a outra vida. E no Reino Eterno não existirão as necessidades da
carne, como neste mundo. Porque na verdade, depois do Juízo Final, a carne
ressurgirá e se unirá de novo à alma imortal, formando com ela um todo, vivo, e
até melhor do que está agora a minha e a vossa pessoa, mas não mais sujeita às
leis, e sobretudo aos estímulos e abusos que agora vigem. Na ressurreição, os
homens e as mulheres não se tornarão esposos, nem esposas, mas serão
semelhantes aos Anjos de Deus no Céu, os quais não se cansam, mas vivem no amor
perfeito, que é o divino e espiritual. E, quanto á ressurreição dos mortos, não
lestes vós como Deus, do meio da sarça, falou a Moisés? Que foi que o Altíssimo
lhe falou naquela ocasião? “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus
de Jacó.” Ele não diz: “Eu fui”. Mas disse: “Eu sou.” Porque Abraão, Isaque e
Jacó são. Eles são imortais. Como todos os homens em sua parte imortal,
enquanto durarem os séculos, e depois, com a carne ressuscitada, por toda a
eternidade. Eu sou como o é Moisés, como o são os profetas e os justos, como
infelizmente o é Caim, e como são aqueles do dilúvio e os sodomitas, e todos
aqueles que morreram em pecado mortal. Deus não é Deus dos mortos, mas dos
vivos.”
“Então, Tu também morrerás. E depois estarás vivo?”
Eles o estão tentando. Já estão cansados de o tratarem
mansamente. E seu ódio é tanto, que não podem mais conter-se.
“Eu sou o vivente, e a minha carne não conhecerá a
destruição. A Arca nos foi tirada, e a atual também nos será tirada, como um
símbolo. O Tabernáculo nos foi tirado e destruído. Mas o verdadeiro Templo de
Deus não poderá ser retirado, nem destruído. Quando os seus adversários
pensarem que o fizeram, então será a hora que ele se estabelecerá na verdadeira
Jerusalém, em toda a sua glória. Adeus!”
O EVANGELHO COMO ME FOI
REVELADO – MARIA VALTORTA
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