O CARINHO DO MENINO
DAVI COM JESUS
Jesus está muito pensativo. Sentado em um banquinho baixo, a
um canto, ao lado do parapeito, com as costas viradas para a escada. Quase
escondido pelo parapeito, Ele está com um cotovelo sobre o joelho, e apóia a
fronte sobre a mão, com ar de cansaço, quase de sofrimento.
É interrompido em sua meditação pela chegada de um
meninozinho, que quer saudá-lo, antes de partir para Jerusalém.
“Jesus! Jesus!, vai ele gritando a cada degrau que sobe. Não
está vendo Jesus, porque o pequeno muro o esconde à vista de quem estiver mais
abaixo. E Jesus está tão concentrado, que não ouve a vozinha fina e aquele
passo de um pombinho... de tal modo, que, quando o pequenino já está sobre o
terraço, o Senhor ainda está naquela posição de sofrimento. E o menino fica com
um pouco de medo. Ele pára à beira do terraço, põe um dedinho por entre os
lábios, e fica pensando... Depois se decide, e, devagarzinho, vai indo para
frente... já está quase junto às costas de Jesus... Inclina-se para ver o que
Ele está fazendo e diz:
“Não, Belo! Não chores... Por quê? Por causa daqueles homens
feiosos de ontem? Bem que meu pai estava dizendo ao Jairo que eles são indignos
de Ti... Mas Tu não deves chorar. Eu te quero bem. E assim também a minha
irmãzinha, Tiago e Tobias, Joana e Maria e Miquéias e todos, todos os meninos
de Cafarnaum. Não chores mais...”, e se lhe agarra ao pescoço, todo carinhoso,
e termina dizendo: “Eu também vou chorar, e ficarei chorando sempre... durante
toda a viagem...”
“Não, Davi, Eu não choro mais. Tu me consolaste. Estás
sozinho? Quando partireis?”
“Depois do pôr-do-sol. Iremos de barca até Tiberíades. Vem
conosco. Meu pai te quer bem, sabes?”
“Eu o sei, meu caro. Mas devo ir a outros meninos... Eu te
agradeço por me teres vindo saudar e te abençôo, meu pequenino Davi. Demo-nos
um beijo de despedida e depois volta a tua mamãe. Ela está sabendo que tu estás
aqui?”
“Não. Eu escapuli e vim, porque não te vi com os teus
discípulos e fiquei pensando que estavas chorando.”
“Não estou mais chorando. Tu o estás vendo, vai, vai para
perto da tua mamãe, que talvez esteja preocupada. Adeus. Toma cuidado com os
burros da caravana. Tu os estás vendo? Estão por aí parados por toda parte.”
“Mas Tu não irás chorar mais, mesmo?”
“Não. Não estou mais triste. Tu me aliviaste. Obrigado
menino.”
O menino vai descendo, pulando pelos degraus da escadinha, e
Jesus o observa. Depois, Ele sacode a cabeça, e vai para o seu lugar continuando
a penosa meditação que estava fazendo.
(de Jesus à Valtorta, Vol. 5, pgs.
398, 399)
OBS : Somente uma criança poderia consolar a
tristeza de um Deus, com sua inocência, pureza e amor incondicional, capazes de
frear as lágrimas da Salvação -- por alguns momentos -- que do rosto de Cristo
rolavam por Amor aos homens. Já chegaram a pensar qual é o peso infinito das
lágrimas de Jesus derramadas por Amor à nós, para que acreditemos em suas
palavras, e aceitemos o convite de estar com Ele nos Céus? É difícil de
acreditar que alguém possa negar um convite de Amor eterno.
Que a boa vontade prevaleça.
Antonio C.C.
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