OS DOIS ENXERTOS
Oh! João! Tu me alcançaste”, diz-lhe Jesus, sorrindo.
João, tendo com amor e compreensão estudando o rosto dele
para perceber se Ele teria ouvido, responde: “Sim, Mestre meu. Queres-me aqui?”
“Eu sempre te quero. E quereria a todos com o teu coração!
Mas, se tu ficas ali e caminhas naquele lugar acabas ficando todo molhado.”
“Não me importa, Mestre. Nada me importa, contanto que eu
esteja perto de Ti!”
“Queres estar sempre comigo? Tu não pensas que Eu sou
imprudente e que posso pôr em dificuldades a vós também. Não te sentes ofendido
por que Eu não escuto os teus conselhos?”
“Oh! Mestre! Então Tu ouviste?” João está consternado.
“Eu ouvi tudo. Desde as primeiras palavras. Mas não te
entristeças por isso, vós não sois perfeitos. Eu já sabia desde quando vos
quis. E não pretendo que vos torneis perfeitos rapidamente. Primeiro é preciso
que vos transformeis de selvagens em domésticos com dois enxertos.”
“Quais são eles, Mestre?”
“Um de sangue, e o outro de fogo. Depois, sereis heróis do
Céu e convertereis o mundo, começando por vós mesmos.”
“De sangue? De fogo?”
“Sim, João. O sangue: o meu...”
“Não, Jesus”, João o interrompe com um gemido.
“Bem, meu amigo. Não me interrompas. Escuta tu, primeiro,
estas verdades. Tu mereces. O Sangue é o Meu. Tu sabes. Eu vim para isso. Eu
sou o Redentor... Pensa nos Profetas. Eles não omitiram nem um i ao descreverem
a minha missão. Eu serei o homem descrito por Isaías. E, quando Eu tiver sido
sangrado, o meu Sangue vos fecundará. Mas Eu não me limitarei a isso. Tão
imperfeitos, fracos, obtusos e medrosos vós sois, que Eu, quando estiver na
Glória ao lado do Pai, vos mandarei o Fogo, a Força que procede do meu ser pela
geração do Pai e que une o Pai e o Filho em uma união indissolúvel, fazendo de
Um Três: O Pensamento, o Sangue e o Amor. Quando o Espírito de Deus, ou melhor,
o Espírito do Espírito de Deus, a Perfeições das Perfeições Divinas, vier sobre
vós, já não sereis mais como sois. Mas sereis novos, fortes, santos... Contudo,
para um o Sangue será inútil e inútil o Fogo. Porque o Sangue terá tido para
ele um poder de condenação e para sempre ele conhecerá um outro fogo no qual se
queimará, vomitando sangue e engolindo sangue, pois sangue é o que ele verá por
toda parte para onde virar os seus olhos mortais ou os seus olhos espirituais,
desde o momento em que tiver traído o Sangue de um Deus.”
“Oh! Mestre! Quem é?”
“Tu o saberás um dia. Por enquanto, fica sem saber. E, por
caridade, não procures nem ficar indagando. A indagação pressupõe suspeita. Não
deves suspeitar dos teus irmãos, porque a suspeita já é uma falta de caridade.”
“Basta-me que me garantas que não serei eu nem Tiago quem te
trairá.”
“Oh! Tu, não. Nem Tiago. Tu és o meu conforto, bom João!” E
Jesus lhe põe um braço sobre o ombro e o puxa para Si, e vão caminhando assim
abraçados.”
(de Jesus à Valtorta, Vo. 5, pgs. 455 a 457)
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