A CARIDADE É O PRÓPRIO DEUS
Foi
isso mesmo que aconteceu em Israel. Quiseram dividir, separar as duas partes,
que estavam tão bem unidas, a ponto de formarem uma só coisa, e quiseram
retocar o que já estava perfeito. Pois toda obra de Deus é perfeita. E, por
isso, se Deus no Sinai deu a ordem da amar ao Deus Santíssimo, e ao próximo, em
um único preceito, é claro que não são dois preceitos, que podem ser praticados
independentemente um do outro, mas são um só preceito. E, não me bastando nunca
formar-vos para esta sublime virtude, a que sobe com a alma ao Céu, porque é a
única que continua a existir no Céu, por isso insisto sobre ela, que é a alma
de toda a vida do espírito, o qual perde a vida, se perder a Caridade, porque
perde a Deus.
Ouvi-me.
Fazei de conta que em vossa casa venham bater um dia dois esposos muito ricos,
pedindo hospedagem para toda a sua vida. Vós podeis dizer: “Aceitamos o esposo,
mas não queremos a esposa”, sem quererdes ouvir isto que o esposo responde:
“Assim não pode ser, porque eu não posso separar-me da carne da minha carne. Se
vós não a quereis acolher, eu também não posso ficar junto de vós, e vou-me
embora com todos os meus tesouros, dos quais eu vos teria feito participantes.”
Deus
está unido à Caridade. Esta é verdadeiramente mais íntima do que o amor de dois
esposos, que se amam intensamente, como espírito do seu Espírito. A Caridade é
o próprio Deus. A Caridade não é mais do que o aspecto mais ostensivo, mais
ilustrativo de Deus. Entre todos os seus atributos, ela é o atributo-rei, o
atributo-origem, porque todos os outros atributos de Deus ainda nascem da
Caridade.
Que
é o Poder, senão a Caridade que age?
Que
é a Sabedoria, senão a Caridade que ensina?
Que
é a Misericórdia, senão a Caridade que perdoa?
Que
é a Justiça, senão a Caridade que administra?
E
Eu poderia continuar assim, tratando de todos os inumeráveis atributos de Deus.
Agora,
conforme o que acabo de dizer, podeis vós pensar que quem não tem a Caridade
tem a Deus? Não tem. Podeis pensar que ele possa acolher a Deus e não à
Caridade. A Caridade que é única, abraçando o Criador e as criaturas, e que não
se pode ter dela somente uma metade, aquela, a que se deve ter para com o
próximo?
Deus
está nas criaturas. Nelas está com o seu sinal indestrutível, com seus direitos
de Pai, de Esposo, de Rei. A alma é o trono dele, seu corpo, seu templo. Mas o
que não ama um seu irmão, e o despreza, faz sofrer e desconhece o Dono da casa
do seu irmão, o Esposo do irmão, e é natural que este grande Ser, que é tudo, e
que está presente em um irmão, em todos os irmãos, tome como feita a Si a
ofensa feita ao ser menor, à parte do Todo, isto é, a cada homem.
Por
isso Eu vos ensinei as obras de misericórdia corporais e espirituais, por isso
Eu vos ensinei a não julgar, a não desprezar, a não repelir os irmãos, tanto bons
como maus, fiéis ou gentios, amigos ou inimigos, ricos ou pobres.
(O
Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol. 7)
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