“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

sexta-feira, 24 de julho de 2015

O ENCONTRO DE JESUS COM JOÃO BATISTA.


 Jesus visita o Batista perto de Hinon.


 27 de abril de 1945.

 Uma clara noite de luar, tão clara, que o terreno se revela em todos os seus particulares e os campos com o trigo nascido há poucos dias, parecem tapetes de uma felpa verde prateada, listrados pelas fitas escuras dos caminhos e vigiados pelos troncos das árvores todos brancos do lado da lua e todos pretos do lado do poente. Jesus caminha tranquilo e sozinho. Vai muito rápido, até encontrar um curso d'água, que desce borbulhante em direção à planície no sentido noroeste. Sobe por ele até um lugar solitário perto de uma encosta cheia de árvores. Faz uma volta ainda, subindo por um atalho, e chega a um abrigo natural, num dos lados da colina.
 Entra e se inclina sobre alguém que está deitado, e que mal pode ser visto ao clarão do luar, que ilumina o caminho, mas não penetra na caverna. Jesus o chama: "João".
O homem desperta e se assenta, ainda ofuscado pelo sono. Mas logo dá-se conta de Quem é que o está chamando e num pulo põe-se de pé, para depois prostrar-se por terra, dizendo:
 "Como é que veio a mim o meu Senhor?".
 "Para contentar o teu coração e o meu. Tu me queria ver, João. Eis-me. Levanta-te. Vamos sair para a luz do luar e sentar-nos na pedra que está junto à caverna para conversarmos".
 João obedece, levanta-se e sai. Mas quando Jesus sentou-se, ele em sua pele de ovelha, que mal lhe cobre o corpo magríssimo, põe-se de joelhos diante do Cristo, joga para trás seus cabelos longos e descompostos, que lhe estavam caindo sobre os olhos, para ver melhor o Filho de Deus. O contraste é muito forte. Jesus é pálido e loiro, de cabelos macios e penteados, com uma barba curta por baixo do rosto, e o outro é uma verdadeira touceira de pelos muito pretos dos quais apenas aparecem dois olhos encovados, eu diria febris, de tanto que brilham em sua cor negra de azeviche.
"'Vim para dizer-te: "obrigado". Tu tens cumprido e estás cumprindo, com a perfeição da Graça que há em ti, a tua missão de meu Precursor. Quando chegar a hora, entrarás a meu lado no Céu, porque tudo terás merecido de Deus. Mas, naquela espera, já estarás na paz do Senhor, meu amigo dileto".
 "Bem depressa entrarei na paz. Meu Mestre e Deus, abençoa o teu servo para fortalecê-lo na última prova. Eu não ignoro que ela já está próxima e que ainda tenho que dar um testemunho: o sangue.
 E Tu, mais ainda do que eu, não ignoras que está para chegar a minha hora. A tua vinda foi a misericordiosa bondade do teu coração de Deus que a quis, para fortalecer o último mártir de Israel e o primeiro mártir dos tempos novos. Mas diz-me uma coisa: terei que esperar muito a tua vinda?".
"Não, João. Não muito mais do que o tempo que decorreu do teu ao meu nascimento".
 "Seja bendito o Altíssimo por isso. Jesus... posso dizer-te assim?". "Tu o podes, tanto pelo sangue, como pela santidade. Aquele Nome, que os pecadores também dizem, pode ser dito pelo santo de Israel. Para eles é salvação, para ti seja doçura. Que queres de Jesus, teu Mestre e primo?".
"Eu vou morrer. Mas como um pai se preocupa com seus filhos, eu me preocupo com os meus discípulos. Os meus discípulos... Tu és Mestre e sabes como para com eles é vivo em nós o amor. A única pena que eu tenho ao morrer é o temor de que eles se percam, como ovelhas sem pastor. Recolhe-os, Tu. Eu te entrego os três que já são teus e que me foram perfeitos discípulos, à espera de Ti. Neles, e especialmente em Matias, está realmente presente a Sabedoria. Outros tenho. E a Ti virão. Mas a estes, deixa que eu os confie a Ti pessoal mente. São os três mais queridos". "
E Eu também os considero queridos.
 Vai tranquilo, João. Eles não se perderão. Nem estes nem os outros que tens, verdadeiros discípulos. Eu recolho a tua herança e a velarei como o tesouro mais caro, vindo de perfeito amigo meu e servo do Senhor".  João se prostra por terra e, o que parece impossível em tão austero personagem, chora com fortes soluços de alegria espiritual. Jesus pousa a mão sobre a cabeça dele. "O teu pranto, que é de alegria e humildade é o eco de um canto longínquo, ao som do qual o teu pequeno coração pulou de júbilo. São, aquele canto e este pranto, o mesmo hino de louvor ao Eterno que "fez grandes coisas, Ele que é poderoso, nos espíritos humildes". Também minha Mãe está para entoar de novo o seu canto, já cantado então. Mas depois, também para Ela virá a maior glória, como para ti, depois do martírio. Eu te trago também as saudações Dela. Todas as despedidas e todos os confortos. Tu o mereces. Aqui não há mais do que a mão do Filho do homem, que está sobre a tua cabeça, mas, do Céu aberto, desce a Luz e o Amor a abençoar-te, João".
"Eu não mereço tanto. Eu sou o teu servo".
 "Tu és o meu João. Naquele dia, junto ao Jordão, Eu era o Messias que se manifestada; aqui agora é o primo e o Deus, que te quer dar o viático do seu amor de Deus e de parente. Levanta-te, João. Demos um ao outro o beijo de adeus".
"Não mereço tanto... Eu sempre o desejei durante toda a vida. Mas não ouso fazer este ato sobre Ti. Tu és o meu Deus".
 "Sou o teu Jesus. Adeus. A minha alma estará perto da tua até à paz. E vive e morre em paz quanto aos teus discípulos. Não posso dar-te senão isto agora. Mas no Céu te darei o cêntuplo, porque achaste graça aos olhos de Deus".
 Jesus o levantou e o abraçou, beijando-o nas faces e sendo por ele beijado. Depois João se ajoelha ainda e Jesus lhe impõe as mãos sobre a cabeça e reza com os olhos voltados para o céu. Parece que o está consagrando. É majestoso. O silêncio se prolonga assim por algum tempo. Depois Jesus se despede, com sua doce saudação:
 "A minha paz esteja sempre contigo", e retoma o caminho por onde veio.


( O Evangelho como me foi revelado – Maria Valtorta, Vl 2, pgs 422,423,424,425.)

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