A
CURA DO FILHO DO OFICIAL DO REI E A CURA DE SUSANA.
1 de maio de 1945.
'Talvez Jesus se tenha dirigido para o lago. O
certo é que chega a Caná, e vai até a casa de Susana. Com Ele vão os seus
primos. Enquanto estão naquela casa, onde tomam descanso e refeição, e
enquanto, ouvido como sempre deveria sê-lo, por seus parentes ou amigos de Caná,
Jesus ensina com simplicidade àquelas boas pessoas e consola os sofrimentos do
esposo de Susana - que parece enferma, porque não está presente e ouço falar
insistentemente do seu sofrimento - entra um homem bem vestido e se prostra aos
pés de Jesus.
"Quem és? Que queres?". Enquanto o
homem ainda suspira e chora, o dono da casa puxa Jesus pela orla da veste e lhe
sussurra: "É um oficial do Tetrarca. Não confies muito nele".
"Fala, pois. Que queres de Mim?".
"Mestre, eu soube que tinhas voltado. Eu
te esperava, como se espera a Deus. Vai depressa a Cafarnaum. O meu filho está
de cama, tão doente, que as suas horas estão contadas. Eu vi o teu discípulo
João. Por ele eu soube que tinhas vindo aqui. Vai, vai logo, antes que seja
tarde demais".
"Como? Tu que és servo do perseguidor do
santo de Israel, podes crer em Mim? Vós não credes no Precursor do Messias.
Como, então, podeis crer no Messias?".
"É verdade. Estamos no pecado de
incredulidade e de crueldade. Mas tem piedade de um pai! Eu conheço Cusa. E vi
a Joana. Antes e depois do milagre. E acreditei em Ti".
"Sim! Sois uma geração
tão incrédula e perversa, que, sem sinais e prodígios, não acreditais. Falta-vos
a primeira qualidade necessária para obter o milagre".
"É verdade. Tudo isso é verdade! Mas Tu estás
vendo... Eu creio em Ti agora e te peço: vai, vai logo a Cafarnaum. Eu
providenciarei para Ti um barco em Tiberíades, a fim de que possas ir mais
rápido. Mas vai, antes que meu menino morra!" e chora desoladamente.
"Eu não vou, por
enquanto. Mas tu, vai para Cafarnaum. A partir deste momento, o teu filho está
curado e vivo".
"Deus te abençoe, meu
Senhor. Eu creio. Mas, como quero que toda a minha família te preste uma
homenagem, vai depois à minha casa em Cafarnaum".
"Irei. Adeus. A paz
esteja contigo".
O homem sai com pressa e ouve-se, pouco depois,
o trotar de um cavalo. "Mas aquele menino ficou mesmo bom?", pergunta
o esposo de Susana.
"E tu és capaz de crer que Eu esteja
mentindo?".
"Não, Senhor. Mas Tu estás aqui e o
menino está lá".
"Para o meu espírito não há barreiras,
nem distancias".
"Oh! Meu Senhor, que
transformaste a água em vinho no meu casamento, transforma então o meu pranto
em sorriso. Cura a minha Susana".
"Que me darás em troca
disso?".
"A soma que
quiseres".
"Eu não sujo o que é santo com o sangue
de Mamon. Pergunto ao teu espírito o que ele me dará".
"Até a mim mesmo, se quiseres".
"E se Eu te pedisse, sem palavras, um
grande sacrifício?".
"Meu Senhor, eu te peço a
saúde corporal de minha esposa e a santificação de todos nós. Creio que para
obter isso, não posso achar nada grande demais...".
"Tu estás angustiado por causa de tua
mulher. Mas, se Eu a fizesse voltar à vida, conquistando-a para sempre como
discípula, que dirias tu?".
"Eu diria... que Tu tens o direito de fazer
isso... e que... eu imitarei a Abraão na prontidão ao sacrifício".
"Disseste bem. Ouvi todos: aproxima-se o
tempo do meu sacrifício. Como uma água ele corre veloz, sem parar, até à foz.
Eu preciso cumprir tudo o que devo cumprir. A dureza humana me vem fechando
muitos campos de missão. Minha Mãe e Maria de Alfeu irão Comigo, quando Eu for
para longe, por entre as populações que não me amam ainda, ou que não me amarão
nunca. Minha sabedoria sabe que as mulheres poderão ajudar o Mestre nesse campo
fechado. Eu vim para redimir a mulher também e, no século futuro, em meu tempo,
ver-se-ão mulheres, semelhantes a sacerdotisas, servindo ao Senhor e aos servos
de Deus. Eu escolhi os meus discípulos. Mas, para escolher as mulheres, que não
estão livres, Eu devo pedir isso aos pais e aos maridos. Queres tu fazer
isso?".
"Senhor... eu amo a Susana. E até agora,
a tenho amado mais como carne do que como espírito. Mas com os teus
ensinamentos, já alguma coisa se mudou em mim, e olho para minha mulher como
alma, além do que como corpo. A alma é de Deus e Tu és o Messias, Filho de
Deus. Não te posso contestar o teu direito sobre o que é de Deus. Se Susana
quiser seguir-te, eu não lhe criarei dificuldades. Somente te peço, opera o
milagre de curá-la em sua carne e a mim nos meus sentidos...".
"Susana está curada. Dentro de poucas
horas, ela virá dizer-te a sua alegria. Deixa que a alma dela siga o seu
impulso, sem falar nada do que Eu disse agora. Verás como a alma dela virá
espontâneamente a Mim, assim como a chama tem a tendência de subir. Nem por
isso morrerá o seu amor de esposa. Mas se elevará ao mais alto grau, que é
aquele de amar-se com a melhor parte: com o espírito".
"Susana te pertence, Senhor. Ela ia
morrer, e lentamente, com fortes dores. E, uma vez que estivesse morta de falo,
a teria perdido nesta terra. Sendo como Tu dizes, eu a terei ainda ao meu lado
para conduzir-me consigo pelos teus caminhos. Deus deu-a para mim e Deus a tira
de mim. Que o Altíssimo seja bendito, quando dá e quando retém".
( O Evangelho como me foi
Revelado – Maria Valtorta, Vol 2, pgs 431,432,433)
Caná da Galiléia atualmente, onde Jesus transformou água em vinho.
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