A VIRGINDADE DE MARIA.
27 de agosto de 1944.
Jesus diz:
“Surge e apressa-te pequena
amiga. Tenho um desejo ardente de te levar Comigo para o azul paradisíaco da
contemplação da Virgindade de Maria. Sairás com a alma jovem como se tu também
fosses criada há pouco pelo Pai, uma
pequena Eva que ainda não conhece a carne. Sairás com o espírito repleto de
luz, porque tu mergulharás, na contemplação da obra-prima de Deus. Sairás com
todo o teu ser saturado de amor, porque compreenderás como Deus sabe amar.
Falar da concepção de Maria, a sem mácula, quer dizer mergulhar-se no azul, na
luz, no amor. Vem e lê as suas glórias no Livro do Avo: “Deus me possuiu no
início de suas obras, desde o princípio, antes da criação. “Ab aeterno” fui
predeterminada no princípio. Antes que fosse feita a terra, ainda não existiam
os abismos e eu já era concebida. Nem as nascentes das águas transbordavam, nem
os montes tinham-se erguido em suas grandes dimensões, nem as colinas eram
cadeias montanhosas ao sol, e eu já tinha sido gerada. Deus ainda não tinha
feito a terra, os rios, e as bases do mundo, e eu era. Quando preparava os céus
eu estava presente, quando com lei imutável fechou sob a orla celeste o abismo,
quando tornou estável no alto a abóbada celeste e suspendeu as fontes das
águas, quando fixava ao mar os seus confins e dava leis às águas de não passar
os seus limites, quando assentava os fundamentos da terra, eu estava com Ele a
dispor todas as coisas. Sempre na alegria brincava diante Dele continuamente,
brincava no universo...”. Aplicaram estas palavras à Sabedoria, mas na realidade
elas falam dela: a bela mãe, a santa mãe, a virgem mãe da Sabedoria, que sou Eu
que te falo. Eu quis que tu escrevesses o primeiro verso deste hino no início
do livro que fala dela, para que fosse confessada e percebida a consolação e a
alegria de Deus; a razão do constante, perfeito, íntimo regozijo deste Deus uno
e trino, que vos guia e ama, que do homem teve tantas razões de tristeza; a
razão pela qual Deus perpetuou a raça, mesmo quando, à primeira prova, merecia
ser destruída; a razão do perdão que vocês tiveram. Ter Maria que o amasse. Oh!
bem merecia criar o homem, e deixá-lo viver, e decretar perdoá-lo, para ter a
virgem bela, a virgem santa, a virgem imaculada, a virgem enamorada, a filha
dileta, a mãe puríssima, a esposa amorosa! Muito e mais ainda vos deu e vos
daria Deus para poder possuir a criatura das suas delícias, o sol do seu sol, a
flor do seu jardim. E muito continua a dar-vos por ela, a pedido dela, pela
alegria dela, porque a sua alegria se derrama na alegria de Deus e a aumenta de
esplendor que enche de faíscas a luz, a grande luz do Paraíso; cada centelha é
uma graça para o universo, para a raça do homem, para os próprios
bem-aventurados, que respondem-lhes com um grito radiante de aleluia a cada
geração de milagre divino, criado pelo desejo do Deus Trino de ver o cintilante
riso de alegria da Virgem. Deus quer um rei no universo que Ele havia criado do
nada. Um rei que, pela natureza da matéria, fosse o primeiro entre todas as
criaturas criadas e dotadas de matéria. Um rei que, pela natureza do espírito,
fosse quase divino, fundido na Graça como no seu inocente primeiro dia. Mas a
Mente suprema, onde são notórios todos os acontecimentos mais distantes em
séculos, cuja vista vê incessantemente tudo quanto era, é, e será, enquanto
contempla o passado e observa o presente, eis que aprofunda o olhar no último
futuro sem ignorar a morte do último homem, sem confusão nem descontinuidade,
esta Mente nunca ignorou o rei criado por Ele, para estar ao seu lado, semi divino,
no Céu, herdeiro do Pai. Ao entrar adulto no seu reino, depois de ter vivido na
casa da mãe, a terra com a qual foi feito, durante a sua infância de Eterno, na
sua jornada sobre a terra, este rei teria cometido contra si mesmo o delito de
matar-se na Graça e o latrocínio de furtar-se do Céu. Por que então o criara?
Certamente muitos se perguntam isto. Teríeis preferido não existir? Este dia
não merecia ser vivido, por si mesmo, tão pobre, nu e amargo pela vossa
maldade, mas para conhecer e admirar a Beleza infinita que a mão de Deus semeou
no universo? Para quem teria feito estes astros e planetas que deslizam como setas
e flechas, riscando o arco do firmamento? Ou os aparentemente lentos,
majestosos na sua corrida como bólidos, presenteando-vos com luzes e estações
como se fossem eternos, imutáveis, ainda que em contínua mudança,
oferecendo-vos uma página nova para ser lida sobre o azul, toda noite, todo
mês, todo ano, quase como dizendo-vos: “Esquecei-vos do cárcere, deixai as
vossas gravuras repletas de coisas obscuras, podres, sujas venenosas,
enganosas, blasfemadoras, corruptoras e elevai, ao menos com o olhar na ilimitada
liberdade dos firmamentos. Tende uma alma azul olhando tão grande serenidade,
criai-vos uma reserva de luz, para levar à vossa prisão escura. Lede a palavra
que nós escrevemos cantando o nosso coro sideral mais harmonioso do que
acompanhado por um órgão de catedral. A palavra que nós escrevemos brilhando, a
palavra que nós escrevemos amando, visto que sempre temos presente Aquele que
nos quis dar a alegria de existir, e o amamos por nos ter dado este ser, este
esplendor, este deslizar, este sermos livres e belos em meio ao azul suave,
além do qual vemos um azul ainda mais sublime, o Paraíso. E do qual cumprimos a
segunda parte do preceito de amor amando a vós, o nosso próximo universal,
amando-vos doando guia, luz, calor e beleza. Lede a palavra que nós dizemos, e
é aquela sobre a qual regulamos o nosso canto, o nosso resplandecer, o nosso
riso: Deus”? Para quem teria feito aquele líquido azul, que é um espelho para o
céu, um caminho para a terra, sorriso das águas, voz das ondas, palavra também
essa que como os sussurros de seda farfalhando, com risadinhas de crianças
serenas, com suspiros de velhos que lembram e choram, com bofetões violentos e
com chifradas, mugidos e estrondos, sempre fala e diz: “Deus”? O mar é para
vós, como o céu e os astros. E com o mar, os lagos, os rios, os pântanos, os
riachos e as nascentes puras, que servem a todos para vos transportar, nutrir,
dessedentar e purificar, e que vos servem, servindo o Criador, sem saírem para
fora dos seus limites, afogando-vos, como mereceis. Para quem teria feito todas
as inumeráveis famílias dos animais, como flores que voam cantando, os servos
que correm, que trabalham, nutrem e são recreação para vós, os reis?

A desforra de Deus!
Solta os teus silvos de
inveja, ó satanás, enquanto ela está nascendo. Esta menina te venceu! Antes que
tu fosses o Rebelde, o Tortuoso, o Corruptor, já estavas vencido, e ela é a tua
vencedora. Mil exércitos alinhados nada podem contra o teu poder, e contra as
tuas couraças caem as armas das mãos dos homens, ó perene, e não há vento que
possa dispersar o mau cheiro do teu hálito. No entanto, este calcanharzinho de
criança, tão rosado, que parece o interior de uma camélia também rosada, tão
liso e tão macio que a seda é áspera comparado a ele, tão pequenino, que
poderia caber no cálice de uma tulipa e usá-la como sapatinho, eis que ele te
pisa sem medo, e te confina em teu antro. Eis que só o seu vagido já te põe em
fuga, a ti que não tens medo dos exércitos. O hálito dela purifica o mundo do
teu fedor. Estás derrotado. Só o nome dela, só o seu olhar, só a sua pureza já
são uma lança, um fulgor de raio, uma enorme pedra que te transpassam, que te
abatem, que te aprisionam no teu covil do inferno, ó Maldito, que tiraste a
Deus a alegria de ser Pai de todos os homens criados.
Foi inútil, pois, teres corrompido os que
haviam sido criados inocentes, levando-os a conhecer e a conceber sinuosidades
da luxúria, privando Deus, de ser o doador dos filhos, em suas diletas
criaturas, dando-lhes regras que, se respeitadas, teriam mantido sobre a terra
um equilíbrio entre os sexos e as raças, capaz de evitar guerras entre os povos
e desventuras entre famílias. Obedecendo, teriam conhecido o amor. Só
obedecendo, teriam conhecido e conservado o amor. Uma posse plena e tranqüila
desta emanação de Deus, que do sobrenatural desce ao inferior, para que também
a carne se alegre santamente, esta que está ligada ao espírito, criada por
Aquele que criou o espírito. Agora, o vosso amor, ó homens, os vossos amores o
que são? Ou libidinagem vestida de amor, ou medo insanável de perder o amor do
cônjuge, seja pela libidinagem própria, ou alheia. Já não estais mais seguros
quanto à posse do coração do esposo ou da esposa, desde quando a libidinagem
entrou neste mundo. Tremeis, chorais e tornais-vos loucos de ciúmes, até assassinos,
às vezes, para vingar alguma traição, desesperados, ou então abúlicos e até
dementes. Eis o que fizeste, satanás, aos filhos de Deus. Estes, que
corrompeste, teriam conhecido a alegria de ter filhos sem sentirem dor, a
alegria de nascer sem o medo de morrer. Mas agora estás vencido em uma mulher e
por uma mulher. De agora em diante, quem a amar, tornará a ser de Deus,
superando as tuas tentações, para poder imitar a sua pureza imaculada. De agora
em diante, não mais podendo conceber sem dor, as mães a terão para o seu
conforto. De agora em diante, as esposas a terão por guia e os moribundos por
mãe, sendo doce para eles morrer sobre aquele seio, que é um escudo contra ti,
oh Maldito, e proteção, diante do julgamento de Deus.
Maria, minha cara interlocutora, viste o
nascimento do Filho da virgem e o nascimento da virgem no Céu. Viste, pois, que
para os sem culpa é desconhecido o castigo de dar a vida e também o sofrimento
de dar-se à morte. Mas, se à inocentíssima mãe de Deus foi reservada a
perfeição dos dons celestes, a todos, que tivessem permanecido inocentes e
filhos de Deus, teria sido possível gerar sem dor e morrer sem afã, por justiça
de terem sabido unir-se e conceber sem luxúria. A sublime desforra de Deus
sobre a vingança de satanás foi a de elevar a perfeição da criatura dileta a
uma super-perfeição, capaz de anular, ao menos nela, toda lembrança de
humanidade, que fosse suscetível ao veneno de satanás, e para a qual, não de um
casto abraço de homem, mas de um divino amplexo, que empalidece o espírito num
êxtase de Fogo, lhe teria vindo o Filho.

Aí está a desforra do Deus Trino e Uno. Contra
suas criaturas profanadas, Ele ergue esta Estrela de perfeição. Contra a
curiosidade doentia, esta se esquiva, recompensada em poder amar somente a
Deus. Contra a ciência do mal, esta sublime ignorante. Nela não existe somente
a ignorância do que é um amor aviltado; não há também somente a ignorância do
amor que Deus havia dado aos esposos. E ainda mais. Nela há a ignorância das
concupiscências, herança do pecado. Nela há somente a sabedoria gélida, mas
incandescente, do Amor divino. Fogo que protege de gelo a carne, para que se
torne espelho transparente no altar onde um Deus desposa uma virgem, e não se
avilta, porque sua Perfeição abraça aquela que, como convém a uma esposa, só em
um ponto é inferior ao esposo, sendo-lhe sujeita por ser mulher, mas é sem
mancha, como Ele”.
( O Evangelho como me foi
Revelado – Maria Valtorta, Vol 1)
Obs: Ler um texto deste, e não admitir que foi um Deus que se
pronunciou, é mentir para si mesmo. Eu me recuso, com a inteligência humana que
tenho, de ter encravado na testa a palavra:” ignorante”, na outra vida, por não
ter reconhecido o meu Deus em sua revelação á esta mística Italiana Maria
Valtorta. O meu raciocínio diz: “ É o teu Deus que fala.” E também acredito que
o discernimento só se dá com aqueles que desejam encontrar a verdade. Tem de
existir o querer saber, para depois se chegar ao conhecimento do fato, á
Sabedoria.
Por isso digo a todos: “ queiram saber, desejem encontrar e
encontrarão a verdade.
A paz de Jesus.
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