“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

sábado, 25 de julho de 2015

A RESPOSTA DE JESUS AOS JUDEUS.


A RESPOSTA DE JESUS AOS JUDEUS QUE O CRITICARAM POR SALVAR A VIDA DE UM GENTIO.


 Uma mulher alta e formosa chama o Lúcio e ele deixa Jesus, gritando: "É a mamãe!", e a mulher ele grita:
 "Tenho um amigo grande, sabes? É um Mestre!...".
A mulher não se afasta com o filho, ao contrário, vai até Jesus e lhe pergunta: "Salve! Não és Tu o homem da Galiléia, que ontem falou no porto?".
 "Sou Eu".
"Espera-me aqui, então. Eu volto logo", e se vai com o seu pequeno. Entrementes, os outros apóstolos lambem chegaram, todos, com exceção de Mateus e de João, e perguntam:
"Quem é ela?". "É uma romana, penso eu", responde Simão e os outros "Que é que ela queria?".
 "Ela disse que a esperasse aqui. Logo saberemos".
 Algumas pessoas, neste meio tempo, foram chegando perto e curiosas esperam. A mulher volta com outros romanos. "Então, Tu és o Mestre?", pergunta um, que parece ser servo de alguma casa senhoril. E, tendo obtido a confirmação, pergunta: "Sentirias repugnância em curar uma filha pequena de uma amiga de Cláudia? A menina está à morte, porque se sente sufocada e nem o médico sabe de que é que ela está morrendo. Ontem à tarde estava boa. Esta manhã em agonia". "Vamos.” Dão uns poucos passos por um caminho que vai em direção ao lugar em que estiveram ontem e chegam ao portão, todo aberto, de uma casa que parece habitada por romanos.
 "Espera um momento". O homem entra depressa e logo depois torna a aparecer, dizendo: "Vem". Mas antes ainda que Jesus pudesse entrar, sai de lá uma jovem de aspecto senhoril, mas em condições mais que visíveis de uma grande aflição. Tem nos braços uma pequenina criatura de poucos meses, quase inerte, lívida como alguém que se está sufocando. Eu diria que estava com uma difteria mortal e já em seus últimos momentos de vida. A mulher se refugia no peito de Jesus, como um náufrago que se apega a um rochedo. O seu pranto é tal, que não a deixa falar. Jesus pega a criaturinha, que está com pequenas movimentos convulsivos, com as mãozinhas cor de cera e as unhas já roxas e a levanta. A cabecinha dela cai para trás, sem força. A mãe, sem soberba de romana diante do hebreu, deixou-se cair na poeira aos pés de Jesus e soluça, com o rosto erguido, os cabelos meio soltos, os braços estendidos tocando na veste e no manto de Jesus. Atrás dela e ao redor, os romanos da casa e as hebréias da cidade estão olhando. Jesus molha o seu dedo indicador direito em sua saliva e o põe na boquinha anelante, introduzindo-o para baixo. A menina se debate e torna-se mais escura ainda. A mãe grita: "Não! Não!" e parece alguém que se contorce sob uma lamina que a traspassa. As pessoas suspendem a respiração. Mas o dedo de Jesus sai de lá envolvido por uma pelota de membranas purulentas e a menina não mais se debate e, depois de uma pequena ameaça de choro, se acalma, com um sorriso inocente, agitando as mãozinhas e movendo os lábios como um passarinho que pipila, batendo as pequenas asas, à espera de que se lhe dê comida.
"Toma, mulher. Dá-lhe o leite. Ela está curada". A mãe está de tal modo atordoada, que pega a pequenina e estando como está, na poeira, beija-a e a acaricia, dá-lhe o peito e, como uma louca, se esquece de tudo que não seja a sua pequenina. Um romano pergunta a Jesus: "Mas como foi que pudeste? Eu sou o médico do Procônsul e sou douto. Procurei remover o obstáculo. Mas ele estava em baixo, muito em baixo!... E Tu... assim...".
 "Tu és douto. Mas contigo não está o Deus verdadeiro. Que Ele seja bendito por isso! Adeus". E Jesus põe-se em movimento, como querendo sair dali.  Mas eis que um pequeno grupo de israelitas se sente na necessidade de intervir.
"Como foi que te permitiste aproximar-te dos estrangeiros? Eles são corruptos, são impuros, e todos os que se aproximam deles ficam como eles". Jesus os olha - são três - fixo, severo e depois fala:
 "Não és tu o Ageu? O homem de Azoto, que veio aqui no mês de Tisri passado procurar fazer negócios com o mercador, que tem seu posto nos alicerces da fonte velha? E tu, não és o José de Ramá, que vieste até aqui para consultar o médico romano, e tu bem sabes, como Eu sei, o porquê? E então? Não vos sentis impuros?".

 "Um médico nunca é estrangeiro. Ele cura o corpo, e o corpo é igual para todos".
 "A alma o é, com maior razão do que o corpo. Afinal, que foi que Eu curei? O corpo inocente de um pequenino e, por este meio, espero curar as almas não inocentes dos estrangeiros. Como médico e como Messias, posso, portanto, aproximar-me seja lá de quem for".
"Não o podes".
"Não, Ageu? E tu, por que tratas com o mercador romano?".
 "Não me aproximo dele, senão com a mercadoria e o dinheiro".
 "E, uma vez que não tocas na sua carne, mas somente aquilo que foi tocado pela sua mão, achas que não te contaminas. Oh! Como sois cegos e cruéis! Ouvi, todos. Justamente no livro do Profeta do qual esse traz o nome, está escrito: "Apresenta aos sacerdotes esta questão sobre a Lei: 'Se um homem leva uma carne santificada na dobra de sua veste e com ela toca depois no vinho ou nas comidas, no pão, ou no óleo ou outros alimentos, ficarão eles santificados?'. E os sacerdotes responderam: 'Não'. Então Ageu disse: 'Se alguém, que ficou imundo por ter tocado em um morto, tocar em uma destas coisas, ficará ela contaminada?'. E os sacerdotes responderam: 'Sim"'. Por esta astuciosa, mentirosa e incoerente maneira de agir, vós impedis e condenais o Bem e só aceitais o que vos traz vantagens. Então cessa o desprezo, a repugnância, a náusea. Vós discernis, desde que não vos traga prejuízo pessoal, se uma coisa é imunda ou torna impuro, e se aquela outra não o é. E como podeis, bocas mentirosas, professar que, se aquilo que é santificado por ter tocado numa carne ou coisa santa, não santifica aquilo que toca, aquilo que tocou coisa imunda possa tornar imundo aquilo que toca? Não compreendeis que vos estais desmentindo a vós mesmos, ó mentirosos ministros de uma Lei de Verdade, ó aproveitadores da mesma, que a torceis como uma corda, conforme achais que podeis tirar dela alguma vantagem, ó fariseus hipócritas que, sob um pretexto religioso, quereis desafogar o vosso rancor humano, completa mente humano, ó profanadores do que é de Deus, ó insultadores e inimigos do Mensageiro de Deus?
 Em verdade, em verdade Eu vos digo que todos os vossos atos, todas as vossas conclusões, todos os vossos movimentos, têm como motivo um completo mecanismo de astúcia, ao qual servem de rodas e de molas, de pesos e tirantes, os vossos egoísmos, as vossas paixões, as vossas insinceridades, os vossos ódios, as vossas sedes de dominar, as vossas invejas. Que vergonha! Avarentos, tremebundos, rancorosos, vós viveis com o medo orgulhoso de que alguém vos supere, mesmo quando não são da vossa casta. E mereceis, então, ser como aquele do qual tendes medo e raiva! Vós, como diz Ageu, que, de um montão de vinte alqueires fazeis um de dez, e de cinquenta barris fazeis vinte, embolsando a vantagem da diferença, enquanto, e pelo exemplo a ser dado ao homem, e pelo amor a ser prestado a Deus, deveríeis ao monte dos alqueires e ao monte dos barris, não tirar, mas acrescentar, do vosso bolso, em favor de quem tem fome, e mereceis ser esterilizados pelo vento abrasador, pela ferrugem e pelo granizo em todas as obras de vossas mãos. Quem são entre vós os que vêm a Mim? Estes, estes que para vós são esterco e imundície, estas supremas ignorâncias, que nem sabem que há um verdadeiro Deus, eles vêm a Quem traz presente este Deus, nas palavras e nas obras. Mas vós, mas vós! Vós vos fizestes um nicho, e aí estais. Áridos, frios como ídolos à espera dos incensos e adorações. E, visto que vos credes uns deuses, parece-vos inútil pensar no verdadeiro Deus, assim como deve ser pensado, e vos parece perigoso que outros, que não sois vós, ousem fazer o que vós não ousais. Vós não podeis, na verdade, ousá-lo, porque sois uns ídolos. E porque sois servos do ídolo. Mas, quem ousa, pode, porque não ele, mas Deus opera nele.
 Ide! Ide dizer a quem vos enviou atrás de meus calcanhares, que  Eu desprezo os mercadores, que acham não ser contaminação vender as mercadorias, ou a pátria, ou o Templo àqueles de quem recebem dinheiro. Dizei a esses que Eu sinto repugnância dos brutos, que só têm o culto da própria carne e do próprio sangue e pela cura destes não acham ser contaminação aproximarem-se de um médico estrangeiro. Ide dizer que a medida é igual e que não há duas medidas. Ide dizer que Eu, o Messias, o Justo, o Conselheiro, o Admirável, Aquele que terá sobre si o Espírito do Senhor com seus sete dons, Aquele que não julgará pelo que aos olhos parece ser, mas pelo que é segredo de corações, Aquele que não condenará pelo que ouve com os ouvidos, mas pelas vozes espirituais que ouvirá no interior de cada homem, Aquele que tomará a defesa dos humildes e julgará os pobres com justiça, Aquele que Eu sou, porque isto Eu sou, já estou julgando e punindo os que sobre a terra são somente terra, e o sopro da minha respiração, fará morrer o ímpio e exterminará o seu covil, enquanto que haverá Vida e Luz, Liberdade e Paz para aqueles que, desejosos de justiça e de fé, virão ao meu monte santo, para se saciarem da Ciência do Senhor.
 Isto é Isaías, não é verdade ó meu povo! Todo ele vem de Adão, e Adão vem de meu Pai. Todo ele, pois, é obra do Pai e a todos tenho o dever de reunir ao Pai. E Eu os conduzo a Ti, ó Pai santo, eterno, poderoso. Eu os conduzo a Ti estes filhos errantes, depois de havê-los reunido, chamando-os com palavras de amor, reunindo-os sob a minha vara de pastor, parecida com a que Moisés levantou contra as serpentes mortíferas, para que Tu tenhas o teu Reino e o teu povo. Nem faço distinções, porque no fundo de cada vivente Eu vejo um ponto que brilha mais do que o fogo: a alma, uma centelha de Ti, ó eterno Esplendor. Ó meu eterno desejo! Ó minha incansável vontade! Isto Eu quero. Com isto Eu me queimo. Uma terra que cante, toda, o teu Nome. Uma humanidade que te chame Pai. Uma redenção que salve a todos. Uma vontade fortificada que faça todos obedientes à tua vontade. Um triunfo eterno, que encha o Paraíso com um hosana sem fim... Oh! Multidão dos Céus!... Aí está. Eu vejo o sorriso de Deus... e este é o prêmio contra todas as durezas humanas".
Os três fugiram, sob a saraivada de reprovações. Os outros todos, romanos ou hebreus, ficaram de boca aberta. A mulher romana, com a pequenina, saciada de leite que dorme tranquila no colo materno, ficou lá onde estava, quase aos pés de Jesus, e chora de alegria ma terna e de comoção espiritual. Muitos estão chorando, por causa da arrasadora conclusão de Jesus que, em seu êxtase, parece flamejar. E Jesus, abaixando o olhar e o espírito do Céu para a terra, vê a multidão, vê a mãe... e, ao passar, depois de um gesto de adeus a todos, toca de leve com a mão a jovem romana, como que a abençoá-la por sua fé. E vai-se embora com os seus, enquanto o povo, ainda assombrado, fica onde está...


( O Evangelho como me foi revelado – Maria Valtorta Vol 2)

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