QUEM É DEUS?
"Tolo é o homem que vendo-se
poderoso, são, feliz, diz: "De que mais é que eu preciso? E de quem? De
ninguém. Nada me falta, eu me basto; por isso, as leis ou decretos de Deus, ou
de moral, para mim não existem. A minha lei é a de fazer o que eu posso, sem
pensar se isso é bem ou mal para os outros"".
Um vendedor, ouvindo aquela voz sonora,
vira-se e vai em direção de Jesus, que continua: "Assim fala o homem e
assim fala a mulher sem sabedoria e sem fé. Mas, se com isto mostra que tem
alguma força, mais ou menos poderosa, igualmente denuncia ter um parentesco com
o Mal".
Alguns homens descem da galera e de outros
barcos e se dirigem para Jesus.
"O homem mostra, não com palavras, mas
com fatos, que tem um parentesco com Deus e com a virtude, quando reflete que a
vida é mais mutável do que a onda do mar, que agora está plácida e amanhã está
furiosa. Igualmente o bem-estar e o poder de hoje pode amanhã ser miséria e
impotência. E que fará então, o homem privado da união com Deus? Quantos
naquela galera foram um dia alegres e poderosos, e agora são escravos e
considerados réus! Réus, por isso duas vezes escravos: da lei humana, que
inutilmente é escarnecida, porque ela existe e pune os seus transgressores e de
Satanás, que para sempre se apodera do culpado que não consegue odiar a sua
culpa".
..."Fostes feitos
escravos por um doloroso acontecimento, ou seja, escravos uma só vez. Escravos
enquanto dura a vida. Mas cada lágrima que cai nas correntes que vos prendem,
cada golpe que desce, escrevendo uma nova dor em vossas carnes, suaviza o peso
das algemas, embeleza o que não morre, abre, enfim, a porta da paz de Deus, que
é amigo dos seus pobres filhos infelizes e que lhes dará tanta alegria, quanto
receberem aqui de dor".
Das amuradas da galera
aparecem alguns homens da tripulação, que estão escutando. Os galeotes,
naturalmente, não aparecem. Mas com certeza estão ouvindo chegar até eles, por
todos os buracos das cavilhas, a voz potente de Jesus, que se espalha pelo ar
tranquilo desta hora de maré baixa.
"Eu quero dizer a estes
infelizes que Deus ama, que sejam resignados em sua dor, e que não a considerem
mais do que uma chama que bem depressa vai derreter as correntes da galera e da
vida, consumando em um desejo de Deus este pobre dia que é a vida, dia escuro,
borrascoso, cheio de medos e de privações, para entrar no dia de Deus,
luminoso, sereno, sem medos nem langores. Na grande paz, na infinita liberdade
do Paraíso, vós entrareis, ó mártires de uma penosa sorte, contanto que saibais
ser bons em vosso sofrimento e aspireis por Deus".
... "Quem é Deus?
Eu falo a gentios que não sabem quem é Deus.
Falo a filhos de povos subjugados que não sabem quem é Deus. Em vossas
florestas, ó gauleses, ó íberos, ó trácios, ó germanos, ó celtas, tendes uma
aparência de Deus. A alma, espontaneamente, se inclina para a adoração, porque
se lembra do Céu. Mas não sabeis encontrar o verdadeiro Deus que colocou uma
alma em vossos corpos, uma alma igual a
que temos nós de Israel, igual a dos romanos poderosos que vos subjugaram, uma
alma que tem os mesmos deveres e os mesmos direitos para o Bem e à qual o Bem,
ou seja, o verdadeiro Deus, será fiel. Sede também vós fiéis ao Bem. O deus ou
os deuses que até aqui adorastes, aprendendo o nome dele ou deles nos joelhos
maternos; o deus que agora talvez nem penseis mais, porque dele não vos veio
nenhum conforto em vossos sofrimentos, e que talvez chegueis a odiar e maldizer
no desespero de vossa jornada, não é o Deus verdadeiro. O Deus verdadeiro é Amor e Piedade. Eram assim, por acaso, os
vossos deuses? Não. Eles também eram dureza, crueldade, mentira, hipocrisia,
vício, ladroagem. E agora eles vos deixaram sem aquele mínimo de conforto, que
é a esperança de ser amados e a certeza de um descanso, depois de tanto sofrer.
Assim é, porque os vossos deuses não existem. Mas Deus, o Deus verdadeiro, que
é Amor e Piedade, e o qual Eu vos afirmo que existe com certeza, é Aquele que
fez os céus, os mares, os montes, as florestas, as plantas, as flores, os animais,
o homem. É Aquele que ao homem vitorioso inculca a piedade e o amor, como Ele
é, para os pobres da terra. Ó poderosos, ó patrões, pensai que viestes todos de
uma única árvore. Não vos enfureçais contra aqueles que, por uma desventura,
foram parar em vossas mãos, e sede humanos até para com aqueles que, por algum
delito, tiveram que ir para o banco da galera. Muitas vezes o homem peca.
Ninguém deixa de ter culpas, mais ou menos secretas. Se pensásseis nisto,
seríeis muito bons para com os irmãos que, menos afortunados do que vós, foram
punidos por culpas, que vós também tendes cometido, ficando impunes. A justiça humana é uma coisa tão incerta no
julgar, que ai de nós se a divina
fosse assim. Há réus que não parecem sê-lo e há inocentes que são julgados como
réus. Não vamos perguntar o porquê. Isto seria acusação muito forte contra o
homem injusto e cheio de ódio para com o seu semelhante! Há réus que o são de
verdade, mas que foram levados ao delito por forças poderosas que, em parte, os
livram da culpa. Por isso, vós, que estais colocados na direção das galeras,
sede humanos. Acima da justiça humana, há uma Justiça divina, bem mais alta. É
a Justiça do Deus verdadeiro, do Criador tanto do rei, como do escravo, da
rocha, como do grão de areia. Ele olha para vós, tanto para vós do remo, como
para vós, prepostos à tripulação, e ai de vós se fordes cruéis sem razão. Eu,
Jesus Cristo, o Messias do Deus verdadeiro, vo-lo asseguro: Ele, à vossa morte,
vos amarrará a uma galera eterna, entregando o açoite manchado de sangue aos
demônios, e sereis torturados e golpeados, como vós torturasses. Porque, se é
lei humana que o réu seja punido, é preciso que na punição não se passe da
medida. Sabei recordar-vos disso. O poderoso de hoje pode ser o miserável de
amanhã. Só Deus é eterno. Eu queria mudar vosso coração e queria, sobretudo,
destruir as correntes, entregar-vos à liberdade e à pátria que perdestes. Mas,
irmãos galeotes, que não estais vendo o meu rosto, e dos quais Eu não ignoro o
coração com todas as suas feridas, pela liberdade e a pátria deste mundo que Eu
não vos posso dar, ó pobres homens escravos dos poderosos, Eu vos darei uma
liberdade mais alta e uma Pátria. Por vós Eu me tornei prisioneiro e sem
pátria, por vós darei a Mim mesmo em resgate, por vós, também por vós, que não
sois o opróbrio da terra, como sois chamados, mas sim, a vergonha do homem que
esquece a medida, no rigor da guerra e da justiça, Eu farei uma nova lei sobre
a terra e uma doce morada no Céu.
Lembrai-vos do meu Nome, ó
filhos de Deus, que estais chorando. E o nome do Amigo. Dizei esse nome em
vossos sofrimentos. Ficai seguros de que, se me amardes, me tereis, mesmo se
nesta terra não nos virmos mais.
Eu sou Jesus Cristo, o Salvador, o vosso Amigo. Em nome do verdadeiro
Deus Eu vos conforto. Que venha logo a paz sobre vós ".
( de Jesus á Valtorta – O
Evangelho como me foi Revelado.)
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