Vidente Maria Simma e as revelações das almas do Purgatório
Maria Agata Simma, conhecida como Maria Simma foi uma mística católica
austríaca que ficou conhecida por seu seu dom de receber visitas das Almas do
Purgatório. Nasceu em Sonntag, Áustria, em 5 de fevereiro de 1915. Filha de
Giuseppe Antonio e Aloisa Rinderer, ela foi a segunda de 8 irmãos. Ela viveu em
uma família muito humilde e religiosa, especialmente sua mãe, que também tinha
uma dedicação especial às Almas do Purgatório. Aos 8 anos, ela sofreu de
pleurisia e pneumonia, o que a impediu de se desenvolver fisicamente. Aos 17
anos, ela tentou entrar em três conventos, mas foi rejeitada devido à sua
condição física aparentemente frágil. Depois disso, ela entendeu que não era a
vontade de Deus que ela se tornasse freira, então ela implorou a Ele e à
Santíssima Virgem Maria que a ajudassem a servir a Deus e às almas do
Purgatório.
Foi em 1940, aos 25 anos, que ela começou a receber visitas de almas que
vinham até ela em busca de ajuda. No início, elas a visitavam raramente, apenas
à noite, mas com o passar do tempo, passaram a visitá-la quase diariamente,
tanto de dia quanto de noite. Sua experiência extraordinária, que mais tarde
foi descrita em vários livros, um dos mais famosos foi o escrito por Nicholas
Eltz mais conhecido como Nicky Eltz, chamado "Get Us Out of Here!"(Tirem-nos
daqui!)
Inúmeras conferências foram realizadas por ela, a
fim de conscientizar sobre os pedidos de oração feito pelas Almas do
Purgatório. No livro "Get Us Out of Here Interview with Nicky Eltz" ,
Maria Simma diz que as almas pedem para serem ajudadas por nós através da
oração, da recitação do Rosário e especialmente com a Santa Missa, para
abreviar o tempo no purgatório pelos pecados cometidos em vida. O livro deixa
uma lição muito importante sobre o que devemos e não devemos fazer na vida, bem
como o que devemos fazer pelos nossos falecidos, sobretudo não nos esquecermos
de rezar por eles. Uma verdadeira doutrina Católica pós morte.
Entre as revelações feitas pelas almas, sobre algumas práticas da
sociedade atual que não agradam aos olhos de Deus, ela dá especial destaque ao
hábito de receber a comunhão na mão: "Em circunstâncias normais, somente
as mãos consagradas dos sacerdotes devem distribuir a comunhão, pois é o
próprio corpo de Jesus." Também lhe falaram sobre o erro da doutrina da
reencarnação, do ateísmo, o destino de suicidas e maus clérigos, entre outros
temas de interesse.
Por sua vez, o livro "Minha Experiência com as Almas do
Purgatório" indica que no dia da Assunção de Maria ela pediu a Jesus a libertação
de todas as (almas) que estavam então no purgatório e Jesus ouviu a oração de
sua Mãe de tal maneira que no dia da assunção todas as almas a acompanharam ao
céu, porque ela foi então coroada como Mãe da Misericórdia e Mãe da Divina
Graça. Ela também menciona uma intervenção muito iminente de Deus para corrigir
os erros dos homens.
Durante uma entrevista, Maria Simma foi questionada
sobre a diferença entre o que ela vivia com as almas dos mortos e as práticas
do espiritismo, sobre o qual ela respondeu: “Não devemos invocar as almas — eu
não tento fazê-las vir. No espiritismo, as pessoas tentam invocá-las. Essa
distinção é bastante clara e devemos levá-la muito a sério. Se as pessoas
acreditassem apenas em uma coisa que eu disse, gostaria que fosse esta: aqueles
que se dedicam ao espiritismo pensam que estão invocando as almas dos mortos.
Na realidade, se há alguma resposta ao seu chamado, é sempre e sem exceção
Satanás e seus anjos que respondem. As pessoas que praticam o espiritismo
(adivinhos, bruxas, médiuns, etc.) estão fazendo algo muito perigoso para si
mesmas e para aqueles que as procuram em busca de conselhos. Estão atoladas até
o pescoço em mentiras. É proibido, estritamente proibido, invocar os mortos.
Quanto a mim, nunca fiz isso, não faço e nunca farei isso.” Maria Simma morreu em
Sonntag no dia 16 de março de 2004, aos oitenta e nove anos.
Irmã Emmanuel - Maria, pode-nos contar como foi visitada pela primeira vez por uma alma do Purgatório?
Maria Simma - Foi em 1940, numa noite, pelas três ou
quatro horas da manhã. Ouvi alguém ir e vir no meu quarto. Isto fez-me acordar
e olhei; quem poderia entrar no meu quarto?!
Ir.Em. - Teve medo?
M.S. - Não, não sou nada medrosa! Mesmo quando
pequena, minha mãe dizia que eu era uma criança especial, pois nunca tinha
medo.
Ir.Em. - E nessa noite?..., conte-nos!
M.S. - Vi que era um estrangeiro, ele ia e vinha
lentamente. Perguntei-lhe num tom severo: Como é que entrou aqui? O que é que
perdeu? Mas ele continuava o seu vaivém no quarto, como se não tivesse ouvido
nada. Eu perguntei-lhe ainda: O que é que está a fazer? Como ele não respondia,
levantei-me de um pulo e quis agarrá-lo, mas só segurei o ar, não havia mais
nada... Então voltei a deitar-me; mas de novo o ouvi ir e vir. Eu interrogava-me
porque via este homem e não podia segurá-lo. Levantei-me de novo para agarrá-lo
e fazê-lo parar de andar; e de novo afundei-me no vazio. Estava perplexa. E tornei
a deitar-me. Ele não voltou, mas não pude dormir mais. No dia seguinte, depois da
Missa, procurei o meu diretor espiritual e contei-lhe tudo. Ele disse-me: Se
isso recomeçar, não pergunte quem é? mas o que é que quer de mim? Na noite
seguinte, o homem voltou. Era ele mesmo, e perguntei-lhe: O que é que quer de
mim? E ele respondeu: Mande celebrar três Missas por mim e serei libertado.
Então, compreendi que era uma alma do Purgatório. O meu pai espiritual o confirmou.
Aconselhou-me também que nunca repelisse as almas do Purgatório, mas que
aceitasse o seu pedido com generosidade.
Ir.Em. - E depois disso, as visitas continuaram?
M.S. - Sim, durante alguns anos, só três ou quatro
almas, sobretudo no mês de Novembro. E depois vieram mais.
Ir.Em. - E o que é que pedem estas almas?
M.S. - Na sua maioria, pedem que eu mande celebrar
Missas e participe nelas. Pedem a oração de terços e vias-sacras.
Ir.Em. - Maria, as almas do Purgatório têm, mesmo
assim, alegria e esperança, no meio dos seus sofrimentos?
M.S. - Sim. Nenhuma alma quereria voltar do
Purgatório para a Terra, porque possuem um conhecimento que nos ultrapassa
infinitamente e não aceitariam mais voltar às trevas da Terra. Eis onde reside
toda a diferença entre o Purgatório e o sofrimento que conhecemos na Terra. No
Purgatório, embora a dor seja atroz, as almas têm a certeza de poderem vir a
viver para sempre com Deus, certeza absoluta, que toma a alegria mais forte que
a pena. Nada há na Terra que as possa fazer desejar viver de novo, nesta Terra,
onde nunca se está seguro de coisa alguma.
Ir.Em. - Poderia dizer-nos se é Deus que envia uma
alma ao Purgatório ou se é ela mesma que decide ir?
M.S. - É a própria alma que quer ir ao Purgatório
para se tornar pura antes de ir para o Céu. A alma do Purgatório une-se
plenamente à Vontade de Deus. Por exemplo, ela alegra-se do bem e deseja o
nosso bem. Ama muito a Deus e aos homens na Terra. Está perfeitamente unida à
Luz de Deus, no Espírito Santo.
Ir.Em.- No momento da morte, vê-se Deus em plena
luz, ou de maneira confusa?
M.S. - Ainda de uma maneira confusa, mas numa tal
claridade, que é suficiente para sentir uma grande nostalgia de Deus. A Alma
fica de tal maneira fascinada por esta luz que regressar ao seu corpo na terra
seria para ela uma agonia. É uma claridade ofuscante em relação As trevas da
Terra, mas ainda não é nada em relação à plena luz que a alma conhecerá quando
subir ao Céu. A alma fica de tal maneira fascinada por esta luz que regressar
ao seu corpo seria para ela uma agonia.
Ir.Em. - Poderia dizer-nos qual é o papel da
Santíssima Virgem junto das almas do Purgatório?
M.S. - Muitas vezes a Virgem vem para as consolar,
dizendo-lhes que fizeram muitas coisas boas. Ela encoraja-as.
Ir.Em. - Há dias especiais em que Ela as liberta?
M.S. - Sim, sobretudo no dia de Natal, de Todos os
Santos, na Sexta-Feira Santa, no dia da Ascensão e da Assunção.
Ir.Em. - Quais são os pecados que mais nos arrastam
ao Purgatório?
M.S. - São os pecados contra a caridade, contra amor
ao próximo, a dureza do coração, a hostilidade, a calúnia... Diz-se que a
maledicência e a calúnia são as piores máculas, que necessitam duma longa
purificação... Sobre isso, Maria cita-nos um exemplo que muito a comoveu: o
testemunho acerca de um homem e uma mulher, para os quais lhe tinham pedido
informações sobre se estavam no Purgatório. Para grande espanto de quem tinha
feito a pergunta, a mulher já estava no Céu e o homem no Purgatório. Ora, esta
mulher durante a sua vida cometera abortos, enquanto o homem, estava sempre na igreja,
tinha uma vida muito digna e muito piedosa. Então Maria informou-se de novo, pensando
que poderia ter-se enganado; mas era assim mesmo. Eles morreram praticamente ao
mesmo tempo, mas a mulher tinha tido um grande arrependimento e era muito
humilde; o homem criticava todo o mundo, estava sempre a queixar-se e a maldizer.
E por isso que o seu Purgatório foi muito longo. E Maria concluiu: Não se deve julgar
pelas aparências! São contra a caridade pecados tais como rejeitar certas
pessoas que não amamos, recusar fazer as pazes, recusar perdoar, e todos os
rancores que alimentamos.
Quanto a isto, Maria confiou-nos um testemunho muito
surpreendente. Uma mulher, que conhecia muito bem, tinha morrido. Encontrava-se
no mais terrível Purgatório, com sofrimentos horríveis. Quando veio ver Maria,
contou-lhe a razão: ela teve uma amiga que se tomara sua grande inimiga. Ela
era a causa desta inimizade. Alimentou-a durante anos, ao passo que, muitas vezes,
esta pessoa tinha vindo pedir-lhe a reconciliação e a paz. Ela sempre recusou o
perdão, até no seu leito de morte. Este facto é muito significativo: o rancor
alimentado conduz a graves consequências. Quanto às palavras, nunca se dirá
bastante o quanto uma palavra de crítica, de maledicência, pode realmente
matar; e, ao invés, uma palavra benévola pode curar.
Ir.Em. - Pode dizer-nos quais são os que têm mais
possibilidade de ir diretamente para o Céu?
M.S. - Aqueles que têm um coração bom para toda a gente:
pois a caridade cobre uma multidão de pecados.
Ir.Em. - Que meios podemos usar na Terra para evitar
o Purgatório e ir diretamente para o Céu?
M.S. - Devemos fazer muito pelas almas do
Purgatório, pois elas ajudam-nos por sua vez. E preciso ter muita humildade,
que é a melhor arma contra o Maligno. A humildade expulsa o Mal. Eu conhecia um
jovem, de uns vinte anos, numa pequena aldeia vizinha da minha. A aldeia deste
jovem tinha sido
cruelmente atingida e enlutada por uma série de avalanches
que tinham sepultado uma quantidade enorme dos seus habitantes. Uma noite,
encontrando-se na casa de seus pais, ele ouviu uma avalanche terrível, ao lado
da casa, e depois, gritos lancinantes clamando: Salvai-nos, salvai -nos!
Estamos presos sob os escombros! De um salto, ele levantou-se da cama e
precipitou-se para socorrer aquela gente. A mãe tinha ouvido os gritos, mas
impedia-o de passar, dizendo: Que outros os socorram, não devemos ser sempre
nós. Há perigo demais, não quero que haja mais um morto. Mas ele, trespassado pelos
gritos, quis realmente socorrer aquelas pessoas. Empurrou a mãe e disse-lhe:
Sim! Eu vou lá, não posso deixá-los morrer assim. Saiu e, no caminho, foi
apanhado por uma avalanche e morreu. Dois dias depois da morte, veio visitar-me
à noite e disse: Faz celebrar três Missas por mim, assim serei libertado do Purgatório.
Fui prevenir a família e os amigos. Ficaram admirados ao saber que somente com
três Missas ele seria livre do Purgatório, lembrando-se de todas as malandrices
que tinha feito. Este jovem disse-me: Fiz um ato de puro amor, arriscando a
minha vida por estas pessoas e é graças a isso que o Senhor me acolheu tão
depressa no Céu. Sim, a caridade, um só ato de amor gratuito, cobre uma
multidão de pecados. Este jovem tinha tido uma vida dissoluta, talvez nunca mais
tivesse outra ocasião de exercer um ato de amor assim tão forte e, porventura,
terse-ia tomado um mau homem. Na Sua misericórdia, o Senhor levou-o justamente
no momento em que ele estava o mais belo e puro possível diante d Ele, graças a
este ato de amor. Eis aqui mais outro episódio que demonstra como o Senhor
aprecia e valoriza também um simples ato de bondade: Um dia, a alma de uma
mulher apresentou-se-me com um balde na mão. Que fazes com esse balde? - Perguntei-lhe.
É a chave do meu. Paraíso, respondeu, radiante. Rezei pouco na minha vida;
raramente ia à Igreja, mas uma vez, antes de Natal, limpei gratuitamente toda a
casa de uma pobre velhinha. Isso foi a minha salvação. Eis a prova de que tudo
depende da caridade.
Ir.Em. - Que fez o bom ladrão para que Jesus lhe
prometesse que ele estaria desde hoje no seu Reino com Ele?
M.S. - Aceitou humildemente o seu sofrimento,
dizendo que era justo, encorajou o outro ladrão a aceitá-lo também.
Experimentou o temor de Deus, que é sinal de humildade. Quando se encara a
morte, é importante abandonar-se completamente à Vontade do Senhor. Maria
contou-me o caso muito bonito de uma mãe de quatro filhos que ia morrer. Em lugar
de se revoltar, ela diz ao Senhor: Eu aceito a morte, pois assim o quereis e
entrego a minha vida em Vossas mãos. Eu Vos confio os meus filhos, sei que
tomareis conta deles. Graças a essa imensa confiança em Deus, esta mulher foi
diretamente para o Céu, sem passar pelo Purgatório. O amor, a humildade e o abandono
a Deus, eis as chaves de ouro que nos fazem entrar diretamente no Céu.
Ir.Em. - Maria, pode-nos dizer quais são os meios
mais eficazes para livrar as almas do Purgatório?
M.S. - É a Santa Missa: porque é Cristo quem se
oferece em amor por nós. E a oferenda de Cristo, e Ele mesmo a Deus, a mais
bela das oferendas. O padre é o representante de Deus, mas é Deus, Ele próprio Quem
se oferece e Se sacrifica por nós. A eficácia da Santa Missa pelos defuntos é
tanto maior quanto maior tiver sido o seu amor pela Missa durante a vida e se
dela participavam, de todo coração, também durante a semana, de acordo com suas
possibilidades. Estes tiram grande proveito das Missas celebradas por suas
almas. Lá também colherão como tiverem semeado. As almas do Purgatório vêem,
muito bem, no dia do seu enterro, se oram realmente por elas ou se fazem simplesmente
um ato de presença. Elas dizem que as lágrimas não servem para nada, somente a
oração pode ajudá-las. Queixam-se de que há pessoas que vão ao enterro sem
dizer uma só oração por elas.
Existe um outro meio muito eficaz para as almas do
Purgatório. É a oferta do sofrimento voluntário,
como a penitência, as privações e também a oferta
dos sofrimentos involuntários, como a doença, o
luto.
Ir.Em. - Maria, você foi convidada muitas vezes a
sofrer pelas almas do Purgatório, para libertá-las. O
que é que viveu e experimentou nesses momentos?
M.S. - A primeira vez, uma alma perguntou-me se eu
quereria sofrer por ela no meu corpo durante três horas, e depois disso eu
poderia retomar o meu trabalho. Eu disse a mim mesma que, se tudo estivesse terminado
em três horas, poderia muito bem aceitá-lo. Tive a impressão de que essas três
horas, duravam três dias, de tal modo eram dolorosas. Mas no final, olhando
para o meu relógio, vi que efetivamente se haviam passado apenas três horas. A
alma disse-me que, aceitando com amor aquele sofrimento durante as três horas,
eu tinha-lhe poupado vinte anos de Purgatório!
Ir.Em... Porquê três horas de sofrimento na Terra
para vinte anos de sofrimento no Purgatório?
M.S. - Porque os sofrimentos na Terra não têm o
mesmo valor. Quando se sofre na Terra, pode-se crescer no amor, pode-se ganhar
méritos, o que não é o caso dos sofrimentos do Purgatório, onde servem somente
para nos purificar do pecado. Na Terra temos todas as graças, temos a liberdade
de
escolher. Isto pode dar um sentido extraordinário
aos nossos sofrimentos. Oferecidos e acolhidos com paciência e humildade, assim
como os menores sacrifícios que podemos fazer, podem ter um poder imenso para
ajudar as almas. A melhor coisa a fazer é unir os nossos sofrimentos aos de
Jesus,
depositando-os nas mãos de Maria, pois é Ela quem
saberá utilizá-los melhor; porque muitas vezes não conhecemos as necessidades
dos que nos cercam. Maria devolver-nos-á tudo na hora da morte e os sofrimentos
oferecidos serão os nossos mais preciosos tesouros no outro mundo.
Ir.Em. - Muitas vezes, quando nos vêm os
sofrimentos, nós revoltamo-nos, é-nos difícil aceitá-los e vivêlos bem. Como
viver o sofrimento para que ele possa produzir fruto?
M.S. - Os sofrimentos são a maior prova do amor de
Deus. Se os oferecemos bem a Deus, podem salvar muitas almas.
Ir.Em. - Como fazer para acolher o sofrimento como
um presente, e não como uma punição, como acontece tantas vezes?
M.S. - É preciso entregar tudo à Virgem Maria, pois
Ela é Quem melhor sabe quem tem necessidade de tal ou tal oferta para ser
salva. A respeito do sofrimento, Maria contou-nos um testemunho espantoso. Isto
passou-se em Uma série de avalanches muito destruidoras caíram sobre uma
pequena aldeia próxima da de Maria. Soube-se mais tarde que outras avalanches
se desencadearam sobre ela, mas se detiveram de maneira totalmente milagrosa,
de modo que não houve nenhum prejuízo. Neste lugar morreu uma mulher que tinha
estado doente durante trinta anos e que, mal cuidada, sofrera muitíssimo. Ela
tinha oferecido todos os seus sofrimentos e suportara-os com paciência, para o
bem da sua comunidade. As almas comunicaram a Maria que a aldeia tinha sido
preservada das avalanches, graças à generosidade daquela mulher. Se ela tivesse
tido boa saúde, não teria podido salvar a aldeia. Pelo sofrimento suportado com
paciência, salvam-se mais almas que pela oração. (Contudo, a oração ajuda a
suportar os sofrimentos!) Não olhemos o sofrimento sempre como uma punição.
Pode ser aceite como expiação, não somente por nós mesmos, mas sobretudo pelos
outros. Cristo era a própria inocência e foi Ele Quem mais sofreu pela expiação
dos nossos pecados. Somente no Céu conheceremos tudo o que obtivemos pelo
sofrimento suportado com paciência, em união com os sofrimentos de Cristo.
Ir.Em. - Maria, há revolta da parte das almas do
Purgatório diante de seus sofrimentos?
M.S. - Não, elas querem-se purificar. Compreendem
que estes lhes são necessários.
Um outro meio muito eficaz, diz-nos Maria, é a Via
Sacra, pois, contemplando os sofrimentos do Senhor, pouco a pouco começamos a
odiar o pecado e a desejar a salvação de todos os homens. Esta inclinação do
coração leva um grande alívio às almas do Purgatório e suscita o arrependimento
dos nossos pecados. Outro meio muito recomendado pelas almas do Purgatório é o
Terço, e até mesmo o Rosário, em favor dos defuntos. É por meio do Terço que
numerosas almas são libertas todos os anos do Purgatório, e é a própria Mãe de
Deus que aí vem para as libertar. Aliás, estas almas do Purgatório chamam à
Virgem Maria a Mãe de Misericórdia. As almas dizem também a Maria que as
indulgências têm um valor inestimável para a sua libertação. Seria realmente
crueldade da nossa parte não aproveitar estes tesouros que a Igreja nos oferece
para alívio das almas. Como seria extenso demais explicar tudo aqui, aconselhamos
a leitura do maravilhoso texto escrito por Paulo VI em 1968 sobre este assunto.
As orações de Santa Brígida são igualmente muito recomendadas para as almas do Purgatório.
Podem ser encontradas, pedindo ao pároco ou nas livrarias religiosas. A oração
em geral, todas as formas de oração, são de grande eficácia para as almas do
Purgatório. Gostaria de dar aqui o testemunho de Herman Cohen, um artista judeu
convertido ao catolicismo e que muito venerou a Eucaristia. Isto passou-se e ele
abandonou a vida mundana, entrou numa ordem religiosa muito austera e, muito
frequentemente, adorava o Santíssimo Sacramento, pelo qual tinha uma grande veneração.
Durante as suas adorações, suplicava ao Senhor que convertesse sua mãe, a quem
muito amava. Mas ela morreu sem se ter convertido. Herman ficou louco de dor.
Prostrou-se diante do Santíssimo Sacramento e, dando livre expansão às suas
queixas, orou assim: Senhor, é verdade que Vos devo tudo, mas o que vos
recusei? A minha juventude, as minhas esperanças no mundo, o bem-estar, as alegrias
da família, talvez um repouso legítimo? Tudo sacrifiquei desde que me
chamastes. O meu sangue? Eu o teria dado também, e Vós, Senhor, que sois a
Bondade Eterna, que prometestes dar-nos o cêntuplo, recusastes-me a alma de
minha mãe... Meu Deus, eu sucumbo neste martírio, o murmúrio vai deixar os meus
lábios. Os soluços sufocavam este pobre coração. De repente, uma voz misteriosa
soa-lhe aos ouvidos e diz: Homem de pouca fé, a tua mãe está salva, sabe que a
oração é omnipotente junto de Mim. Recolhi todas as que Me dirigiste por tua
mãe e a Minha Providência levou-lhas em conta na sua última hora. Eu
apresentei-me a ela no momento em que expirava, ela viu-me e gritou: Meu Senhor
e meu Deus! Anima-te, tua mãe foi poupada da condenação eterna e as tuas
súplicas fervorosas brevemente libertarão a sua alma do Purgatório. Ora,
sabe-se que o Padre Herman Cohen, pouco tempo depois soube, por uma segunda
aparição, que a sua mãe subira ao Céu. É importante saber: as almas do Purgatório
nada podem por elas mesmas, são totalmente impotentes. Se os vivos não oram por
elas, ficam abandonadas; por isso é tão importante compreender o poder incrível
que cada um de nós tem nas mãos, para libertar e aliviar estas almas
sofredoras.
Ir.Em. - Maria, porque não se podem ganhar méritos
no Purgatório, enquanto se pode fazê-lo na Terra?
M.S. - Porque no momento da morte os méritos
terminam. Enquanto vivos na Terra, pode-se reparar o mal que se fez. As almas
do Purgatório invejam-nos -por causa desta possibilidade. Até mesmo os Anjos têm
ciúmes de nós, pois temos a possibilidade de crescer enquanto ainda estamos na
Terra.
Ir.Em. - Qual é o papel da contrição ou do
arrependimento no momento da morte?
M.S. - A contrição é muito importante! Os pecados
são - remidos em todos os casos, mas restam as consequências do pecado. Se
quisermos obter uma indulgência plenária no momento da morte, o que quer dizer
ir diretamente para o Céu, é preciso que a alma esteja livre de todo apego ao
pecado. Darei, seguidamente, um testemunho muito significativo contado por
Maria. Tinham-lhe pedido para se informar sobre uma mulher, cujos parentes a
julgavam condenada, porque ela tinha tido uma vida muito irregular. Foi vítima
de um acidente: caiu do comboio que a matou. Uma alma veio ter com Maria e disse-lhe
que esta mulher foi salva do Inferno porque no momento da morte, disse a Deus:
Tendes razão de me tirar a vida, pois assim não mos Vos poderei ofender. E isto
apagou todos os seus pecados. Este facto mostra que um só ato de humildade e de
arrependimento no momento da morte pode salvar-nos. Isto não significa que não
tenha ido para o Purgatório, mas impediu que caísse no Inferno, o que teria
merecido pela sua impiedade, mesmo para todos. A intensidade da revelação do
Senhor depende da vida de cada um.
Ir.Em. - Maria, o demônio tem permissão para nos
atacar no momento da morte?
M.S. - Sim, mas o homem tem também a graça de lhe
resistir e de rechaçá-lo; pois, se o homem não o quiser, o demônio não pode
fazer nada.
Ir.Em. - No momento da morte, antes de entrar na
eternidade, há ainda um espaço de tempo, entre a morte aparente e a morte real,
em que a alma tem a possibilidade de se voltar para Deus, mesmo
depois de uma vida de pecado?
M.S. - Sim, o Senhor dá a cada um alguns minutos
para se arrepender de seus pecados e para se decidir: Se aceito ou não aceito
ir para Deus. Aí tem-se a visão total da própria vida. Conheço um homem que acreditava
nos preceitos da Igreja, mas não na vida eterna. Um dia, caiu gravemente
doente, entrou em coma e então viu-se num quarto, com um quadro no qual todas
as suas obras estavam escritas, as boas e as más. Depois, o quadro desapareceu,
assim como as paredes do quarto e era infinitamente lindo. Acordou do coma e
decidiu mudar de vida!
Ir.Em. - Maria, no momento da morte, Deus revela-se
a todas as almas com a mesma intensidade?
M.S. - A cada um é dado o conhecimento da sua vida,
assim como o seu próximo sofrimento.
Ir.Em. - Quando alguém sabe que vai morrer em breve,
a seu ver, qual seria para ele a melhor preparação?
M.S. - Abandonar-se totalmente ao Senhor,
oferecer-lhe todo o seu sofrimento, encontrar a sua felicidade em Deus.
Ir.Em. - Que atitude devemos ter diante de alguém
que vai morrer? Qual é a melhor coisa que se pode fazer por ele?
M.S. - Em todos os casos, orar muito e prepará-lo
para morrer. Deve dizer-se-lhe a verdade.
Ir.Em. Que conselho daria a quem quiser ser santo
desde já, na terra?
M.S. - Ser muito humilde. É preciso não se preocupar
consigo mesmo. O orgulho é a mais forte armadilha do maligno.
Ir.Em. - Pode pedir-se ao Senhor para passar o
Purgatório na Terra, para evitá-lo depois da morte?
M.S. - Sim. Conheci um padre e uma jovem que estavam
ambos doentes num hospital, tuberculosos. A jovem dizia ao padre que pedia ao
Senhor para sofrer na Terra o que fosse necessário para poder ir diretamente
para o Céu. O padre respondeu-lhe que não ousava pedir tal coisa. Perto deles
havia uma religiosa que havia escutado toda a conversa. A jovem morreu primeiro,
e o padre mais tarde. Este padre apareceu à religiosa dizendo-lhe: Se eu
tivesse tido a mesma confiança daquela jovem, eu também teria ido diretamente
para o Céu.
Ir.Em. Maria, há diferentes níveis no Purgatório?
M.S. Sim, há uma grande diferença de níveis no
sofrimento moral. Cada alma tem um sofrimento único.
Ir.Em. As almas do Purgatório sabem o que vai
acontecer no mundo?
M.S. Elas não sabem tudo, mas sabem muitas coisas.
Ir.Em. Estas almas dizem-lhe às vezes o que se vai
passar?
M.S. Dizem simplesmente que há alguma coisa diante
da porta, mas não dizem o quê; dizem somente o que é necessário para a
conversão dos homens.
Ir.Em. Os sofrimentos do Purgatório são mais penosos
que os maiores sofrimentos na terra?
M.S. Sim, mas de uma maneira simbólica. Fazem doer
mais a alma.
Ir.Em. Jesus vem ao Purgatório?
M.S. Jamais uma alma mo disse. É a Mãe de Deus que
aí vem. Uma vez, perguntei a uma alma do Purgatório se seria ela mesma a
procurar a alma pela qual eu pedia uma informação. Respondeu-me:
Não, é a Mãe da Misericórdia que no-lo revela. Os
santos também não vêm ao Purgatório, mas pelo
contrário, os Anjos estão lá. Lá está São Miguel, e
cada alma é acompanhada pelo seu Anjo da Guarda.
Ir.Em. Que fazem os Anjos no Purgatório?
M.S. Aliviam e consolam. As almas até podem vê-los.
Ir.Em. - Na nossa época, muitos creem na
reencarnação. O que lhe dizem as almas a este respeito?
M.S. - Dizem que Deus só nos dá uma vida.
Ir.Em. - Alguns dizem que só uma vida não é
suficiente para conhecer Deus e ter o tempo necessário
para se converter, o que julgam não ser justo. O que
é que -você lhes responderia?
M.S. - Todos os homens têm uma voz interior. Mesmo quando não são praticantes, reconhecem Deus implicitamente. Não há ninguém que não creia. Cada homem tem a consciência para reconhecer o bem e o mal, uma consciência dada por Deus e um conhecimento interior, em diferentes graus, é lógico; mas sabe discernir suficientemente o bem do mal. Com esta consciência, cada um pode tornar-se bem-aventurado.
Ir.Em. - Que acontece com as pessoas que se
suicidaram? Já foi visitada por tais pessoas?
M.S. - Até hoje, nunca encontrei o caso de um
suicida que se tenha perdido. O que não quer dizer que não exista, é evidente;
mas muitas vezes as almas dizem-me que os maiores culpados são os que os cercavam,
quando os negligenciaram ou caluniaram.
Ir.Em. - Estas pessoas arrependem-se de se terem
suicidado?
M.S. - Sim, mas o suicídio às vezes é devido a uma
enfermidade. Porém, elas lastimam-no, pois, olhando as coisas à luz de Deus, as
almas compreendem, de uma só vez, todas as graças que lhes estavam reservadas
para o tempo que ainda lhes restava viver. Elas veem esse tempo. Veem também
todas as almas a quem poderiam ter ajudado, se tivessem oferecido esse resto de
vida a Deus. O que as faz sofrer mais é ver o bem que poderiam ter feito e não
fizeram, ao abreviar a sua vida. Mas o Senhor leva em conta o suicídio consequente
de uma enfermidade.
Ir.Em. - Já foi visitada por pessoas que se
destruíram pouco a pouco, por overdoses de drogas, por exemplo?
M.S. - Sim, elas não se perderam. Depende das causas
da droga, mas devem sofrer no Purgatório.
Ir.Em. - Se lhe disser, por exemplo: sofro muito no meu corpo, no meu coração; isso é penoso demais para mim e eu queria morrer. Que deveria fazer?
M.S. - Essa atitude é muito frequente. Eu diria: Meu
Deus, posso oferecer-vos este sofrimento para a salvação das almas? O Senhor dar-me-á
a fé e a coragem. Mas hoje ninguém age assim. Pode dizer-se também que, se o
fizer, a alma recebe uma grande bem-aventurança, uma grande felicidade no Céu, onde
há milhares de felicidades diferentes, mas cada alma tem uma felicidade plena,
todo o desejo é satisfeito. Cada um sabe que não mereceu mais nada.
Ir.Em. - Pessoas de outras religiões também vieram
visitá-la? Judeus, por exemplo?
M.S. - Sim, e são felizes. Aquele que vive bem a sua
fé é feliz. Mas é através da fé católica que mais se ganha para o Céu.
Ir.Em. - Há religiões que são nocivas para as almas?
M.S. - Não, mas há tantas religiões na Terra... Os
mais próximos são os ortodoxos e os protestantes. Há muitos protestantes que
rezam o terço. As seitas são muito ruins. É preciso fazer tudo para sair delas.
Ir.Em. - Há padres no Purgatório?
M.S. - Sim, há muitos... Os que não suscitaram o respeito à Eucaristia, e, em consequência, toda a fé sofre. Muitas vezes estão no Purgatório por terem negligenciado a oração, o que lhes diminuiu a fé. Mas há também muitos que vão diretamente para o Céu!
Ir.Em. - Que diria a um sacerdote que realmente
quisesse ser segundo o Coração de Deus?
M.S. - Eu o aconselharia a orar muito ao Espírito
Santo e a rezar o Terço todos os dias.
Ir.Em. - Há crianças no Purgatório?
M.S. - Sim, mas para elas o purgatório não é tão
longo nem tão penoso, pois falta-lhes o discernimento.
Ir.Em. - A mais jovem que você viu, que idade tinha?
M.S. - Quatro anos. Ela tinha uma irmã gêmea. Cada
uma delas tinha recebido de seus pais uma boneca, como presente de Natal. Essa
criancinha de quatro anos estava no Purgatório porque quebrou a sua boneca e
então, sorrateiramente, sabendo que ninguém a via, colocou a quebrada no lugar
da boneca de sua irmã, fazendo assim uma troca. E sabia muito bem em seu
coraçãozinho que iria causar muita pena à irmã e sabia muito bem também que
isto era uma mentira e uma injustiça. Por esta razão, a pobre menina foi para o
Purgatório. Muitas vezes, as crianças têm uma consciência mais viva que a dos adultos.
Mas com elas é preciso sobretudo lutar contra a mentira, pois a ela são muito
inclinadas.
Ir.Em. - Como podem os pais ajudar na formação da
consciência de seus filhos?
M.S. - Em primeiro lugar, pelo exemplo. É o mais
importante. Depois, pela oração. Os pais devem abençoar os seus filhos e
instruí-los bem nas coisas de Deus.
Ir.Em. - Já foi visitada por almas que, na Terra,
praticavam, por exemplo, perversões sexuais?
M.S. - Sim, elas não estão perdidas, mas têm muito
que sofrer para se purificarem. A homossexualidade, por exemplo, vem realmente
do Maligno.
Ir.Em. - Que conselhos daria a estas pessoas que
caíram na homossexualidade?
M.S. - Orar muito para terem a força de se afastar.
É preciso pedir sobretudo ao Arcanjo São Miguel,
pois é ele, por excelência, quem combate o Maligno.
Ir.Em. - Quais são as atitudes do coração que podem
conduzir à perda definitiva da alma, isto é, ao Inferno?
M.S. - Quando não se quer ir para Deus. Na sua
encíclica sobre a Misericórdia, João Paulo II explica isto muito bem. Também
neste ponto, podemos, pela oração, ajudar muito as almas que estão em perigo de
se perderem. Eis mais um testemunho de Maria: Um dia, eu viajava de comboio e
no meu
compartimento encontrava-se um homem que não parava
de falar contra a Igreja, contra os padres, até contra Deus. Eu disse-lhe: o
senhor não tem o direito de dizer isso. Não está certo. Ao chegar, descendo os
dois degraus do comboio, eu disse a Deus, simplesmente: Senhor, que esta alma
não se perca. Anos mais tarde, a alma deste homem veio-me visitar. Contou-me
que ele passou muito perto do Inferno e que foi salvo simplesmente pela oração
que eu havia feito naquele momento. É impressionante ver como um simples
impulso do coração pode impedir alguém de cair no Inferno. Vai-se ao Inferno
por orgulho, quando se obstina voluntariamente no não a Deus. A nossa oração
pode suscitar um ato de humildade naquele que morre, e um só impulso de
humildade, por menor que seja, pode livrá-lo do Inferno.
Ir.Em. - Maria, como se pode chegar -ao ponto de dizer um completo não a Deus, no momento da morte, mesmo quando O vemos?
M.S. - Um homem disse-me, por exemplo, que ele não
queria ir para o Céu, porque Deus aceita as injustiças. Eu disse-lhe que assim
eram os homens e não Deus. Ele dizia: Espero não encontrar Deus depois da minha
morte, de contrário, matá-lo-ei com um machado. Ele tinha um profundo ódio a
Deus. Deus permite ao homem que escolha livremente. Deus concede-lhes, durante
a vida na Terra e na hora da morte, graças suficientes para se converterem,
mesmo depois de uma vida passada nas trevas. Se Lhe pedem perdão, com lealdade,
certamente se podem salvar. Sobre este assunto, interroguei Vicka, uma vidente
de Medjugorje, que viu o Inferno. Ela disse-me que vão para o Inferno somente
aqueles que, com toda a liberdade, decidem ir para lá. Não é Deus quem os manda
para o Inferno; ao contrário, Deus suplica à alma que acolha a Sua
Misericórdia. O pecado contra o Espírito Santo, do qual fala Jesus e que não é
perdoado, é a recusa radical da Misericórdia e isto em plena luz, em plena
consciência.
Ir.Em. - Jesus disse que é difícil para um rico
entrar no Reino dos céus. Viu casos semelhantes?
M.S. - Se fizerem obras de caridade, se amarem, os ricos podem, tanto quanto os pobres, chegar ao Céu.
Ir.Em. - Atualmente, você ainda recebe visitas das
almas do Purgatório?
M.S. - Sim, duas ou três vezes por semana.
Ir.Em.- Que pensa das práticas de espiritismo? Por
exemplo, quando se invocam os espíritos dos mortos, se fazer rodar mesas, etc.?
M.S. - Isso não é bom. É sempre o Maligno, é o Diabo
que faz mexer as mesas.
Ir.Em. - Que diferença há entre o seu convívio com
as almas dos defuntos e as práticas do espiritismo?
M.S. Não se deve chamar as almas, eu não procuro a
sua vinda. No espiritismo, provocam-nas, invocam-nas. Esta diferença é muita
clara e devemos considerá-la com muita seriedade. Se tivessem que crer somente
numa das coisas das que digo, gostaria que fosse isto: as pessoas que praticam
o espiritismo pensam que chamam as almas dos defuntos. Na realidade, se alguma
reação recebem do seu apelo, é sempre, e sem nenhuma exceção, Satanás e os seus
anjos que respondem. Aqueles que praticam espiritismo, fazem coisas muitíssimo
perigosas (adivinhações, feitiçarias,. etc.) tanto para eles próprios, como
para as pessoas que a eles se dirigem para pedir conselho. Eles estão
completamente afundados na mentira. É formalmente proibido invocar os mortos.
Ir.Em. - Já foi enganada pessoalmente por falsas
aparições? Por exemplo, o Diabo que se tenha disfarçado em alma do Purgatório
para lhe falar?
M.S. - Sim, uma vez uma alma veio ver-me e disse:
Não aceites a alma que virá depois de mim, pois ela vai-te pedir enormes
sofrimentos e não poderás fazer o que ela te pedir. Fiquei perturbada, pois
lembrava-me do que o pároco havia dito: que eu
deveria aceitar cada alma, com generosidade. Então, realmente, estava a ser
provada quanto à obediência. Naquele momento eu interroguei-me se não se
tratava de um demônio e não de uma alma do Purgatório. Por isso, disse à alma:
Se és o demônio, vai-te daqui. No mesmo instante, ele deu um grande grito e
desapareceu. Na verdade, a alma que veio depois dela era uma alma que realmente
tinha necessidade da minha ajuda.
Ir.Em. - Quando o demônio aparece, a água benta
fá-lo fugir?
M.S. - Sim!
Ir.Em. - Você é muito conhecida agora, sobretudo na
Alemanha e em toda a Europa. No início, ficou
escondida. Como é que, de um dia para outro, as
pessoas reconheceram que as suas experiências sobrenaturais eram autênticas?
M.S. - Quando as almas me pediram que prevenisse as
suas famílias de que deveriam devolver bens mal adquiridos. Viram então que o
que eu dizia era verdade. Com efeito, em muitas ocasiões, as almas vieram ao
encontro de Maria para lhe dizer: Vá a tal lugar, e diga a meu pai, a meu irmão
que deve devolver tal propriedade, tal soma de dinheiro, que adquiri de tal modo,
pois não serei libertada do Purgatório enquanto este bem mal adquirido não for
devolvido. Maria recebia indicações exatas e as famílias ficavam admiradas
pois, muitas vezes, elas mesmas, ignoravam esses detalhes. Foi a partir de então
que ela ficou a ser muito conhecida.
Ir.Em. - Há um reconhecimento oficial da Igreja
diante do carisma particular que você possui junto das almas do Purgatório e
junto dos que são tocados pelo seu apostolado?
M.S. - O meu bispo disse-me que, enquanto não houver
erro teológico, devo continuar. Ele está de
acordo. O pároco da minha paróquia, que é também meu
diretor espiritual, confirma estas coisas.
Ir.Em. - Você fez tanto pelas almas do Purgatório
que, certamente, por sua vez, quando morrer, milhares de almas lhe farão uma
escolta até ao Céu! Imagino que você não terá que passar pelo Purgatório!
M.S. - Não creio que eu vá para o Céu sem o
Purgatório, pois, como recebi mais luz, mais conhecimento que outros, as minhas
faltas são por isso mais graves. Mas, mesmo assim, espero que as almas me ajudem
a subir ao Céu!
Ir.Em. - Está contente por ter este carisma, ou
são-lhe pesados todos esses pedidos da parte das almas?
M.S. - Não me queixo das dificuldades, pois sei que
posso ajudá-las muito! Sinto-me feliz por poder ajudar muito as almas.
Ir.Em. - Muito obrigada por este belo testemunho que
nos deu. Poderia contar-nos, em duas palavras, a sua vida?
M.S. - Eu queria entrar para o convento ainda muito
pequena, mas a minha mãe pediu-me que esperasse até completar 20 anos. Não
queria casar. A minha mãe falava-me muito das almas do Purgatório e, já durante
a escola, estas almas ajudaram-me muito. Sentia-me na obrigação de fazer tudo
por elas. Eu pensava ir para o convento, ao terminar a escola. Entrei para as
irmãs do Coração de Jesus, mas elas disseram-me que a minha saúde era fraca
demais para ficar com elas. Com efeito, quando era criança, tinha tido
pneumonia e pleurisia. A superiora confirmou a minha vocação religiosa, mas
aconselhou-me a esperar alguns anos e entrar para uma ordem menos austera. Eu
queria principalmente uma ordem de clausura, sem demora. Depois de duas novas
tentativas, a conclusão era a mesma: a minha saúde era fraca demais. Concluí
que entrar para o convento não era a vontade do Senhor para mim. Pensando que o
Senhor não me mostrava o que queria de mim, sofri muito moralmente, até ao
momento em que Ele me confiou esta missão em favor das almas do Purgatório;
tinha então a idade de 25 anos. Ele fez-me esperar oito anos. Em casa, éramos
oito filhos, eu trabalhava na nossa quinta desde a idade de 15 anos; depois fui
para a Alemanha, como empregada doméstica na casa de um camponês; depois voltei
a trabalhar aqui no campo. A partir dos 25 anos, quando as almas começaram a
aparecer-me e tive que sofrer muito por elas, então a minha saúde melhorou
bastante.
O seu relato termina aqui.
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