“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

segunda-feira, 1 de março de 2021

SEJAMOS CO-REDENTORES

 





SEJAMOS CO-REDENTORES

 

“... e aqui vejo que vós de Cafarnaum também me amais, pois que me seguistes, deixando de lado os vossos negócios e comodidades, contanto que pudésseis ouvir a palavra que vos ensina. Sei também que, mais que deixar de lado os vossos negócios, tendo por esta razão um prejuízo aos vossos bolsos, isso vos torna também objeto de zombarias, podendo até vos acarretar prejuízos sociais. Sei que Simão, Eli, Urias e Joaquim estão contra Mim. Hoje estão contra, amanhã serão inimigos. E vos digo – porque não engano a ninguém, nem quero enganar a vós, meus amigos fiéis – que, para prejudicar-me, para fazer-me sofrer, para tentarem vencer-me isolando-me, eles, os poderosos de Cafarnaum, usarão de todos os meios, tanto de insinuações como de ameaças, de zombarias como de calúnias. O inimigo comum usará de tudo para arrancar do Cristo as almas, e fazê-las presas suas. Eu vos digo: quem perseverar será salvo, mas também vos digo: quem tiver mais amor à vida e al bem-estar do que a salvação eterna, está livre para ir-se embora e deixar-me, para ir ocupar-se desta pequena vida e de um bem-estar transitório. Eu não seguro ninguém.

O homem é um ser livre. Eu vim para livrar cada vez mais o homem. Para livrá-lo do pecado, e isso pelo espírito. E das cadeias de uma religião deturpada, opressiva, que sufoca debaixo de rios de cláusulas, de palavras e de preceitos, a verdadeira palavra de Deus, que é pura, breve, luminosa, fácil, santa, perfeita. A minha vinda é um crivo das consciências. Eu recolho o meu grão da eira, e o bato com a doutrina do sacrifício, e o crivo com a peneira da sua mesma vontade. O folhelho, a ervilhaca, o joio, voarão para fora leves e inúteis, cairão pesados e nocivos e vão servir de alimento para os voláteis, pois no meu celeiro só entrará o trigo escolhido, puro, sólido e bom. O trigo: os santos.

Um desafio existe há séculos entre o Eterno e Satanás. Satanás, envaidecido pela primeira vitória sobre o homem, disse a Deus: “As tuas criaturas serão minhas para sempre. Nada, nem mesmo o castigo, nem a Lei que lhes queres dar, os fará capazes de ganhar o Céu. E esta tua Morada da qual me expulsaste, expulsaste o único inteligente entre as tuas criaturas, ficará vazia, inútil, triste como todas as coisas inúteis.”

E o Eterno respondeu ao Maldito: “Isso ainda poderás fazer, enquanto o teu veneno for só para dominar o homem. Mas Eu mandarei o meu Verbo, e a sua palavra neutralizará o teu veneno, sarando os corações, e os curará da demência com que os manchaste ou endemoninhaste, e eles voltarão a Mim. Como ovelhas que, desviadas reencontram o Pastor, eles voltarão ao meu Aprisco, e o Céu se povoará. Para eles o criei. E tu rangerás teus horrorosos dentes, em tua raiva impotente, lá em teu horroroso reino, em tua prisão e maldição, e sobre ti será tombada pelos anjos a pedra de Deus e selada, e as trevas e o ódio ficarão contigo e com os teus, enquanto que a Luz e o Amor, o canto e a bem-aventurança, a liberdade infinita, eterna e sublime serão para os meus.”

E Mamon, com uma risada de escárnio, assim jurou: “E sobre a minha Geena juro que eu virei quando for a hora. Serei onipresente junto aos evangelizados, e veremos se o vencedor serei eu ou se serás Tu.”

Sim, é certo que Satanás vos está armando ciladas, para peneirar-vos. E Eu também vos estou rodeando para peneirar-vos. Os contendedores são dois: Eu e ele. Vós estais no meio. O duelo do Amor com o Ódio, da Sabedoria com a Ignorância, da Bondade com o Mal, está acima de vós e ao vosso redor. Para desviar os golpes malvados sobre vós, Eu basto. Eu me ponho entre a arma satânica e o vosso ser, e aceito ser ferido em vosso lugar, porque vos amo. Mas os golpes que são dados em vosso interior, vós deveis afastá-los com a vossa vontade, correndo para Mim, pondo-vos no meu Caminho, que é Verdade e Vida. Quem não estiver desejoso do Céu, não terá o Céu. Quem não estiver apto para ser discípulo do Cristo, será como um folhelho leve que o vento do mundo transporta consigo. Quem é inimigo do Cristo é uma semente nociva que renascerá no reino satânico.

Eu sei porque vós de Cafarnaum viestes. E, tanto tenho a consciência pura do pecado de que estou sendo acusado, e em nome do qual inexistente pecado vindes murmurando atrás de Mim, insinuando-vos que ouvir-me e seguir-me é cumplicidade com o pecador, que Eu não tenho medo de tornar conhecida por estes de Betsaida a causa de tudo isso.

Entre vós, cidadãos de Betsaida, há alguns anciãos que, por diversas razões, não se esqueceram da Beldade de Corozaim. Há homens que pecaram com ela, há mulheres que por causa dela choraram. Choraram e oh! Eu ainda não tinha chegado a dizer: “Amai a quem vos prejudica!” – choraram, mas depois se alegraram, quando souberam que ela havia sido mordida pela podridão, transpirada de suas entranhas impuras para o exterior de seu corpo esplêndido, figura daquela lepra mais grave que lhe havia corroído a alma de adúltera, homicida e meretriz. Adúltera setenta vezes sete, e com qualquer um que tivesse nome de “homem”, e tivesse dinheiro. Homicida sete vezes sete pelas suas concepções bastardas. Meretriz por vício, e não por necessidade.

Oh! Eu vos compreendo mulheres traídas! Compreendo a vossa alegria, quando vos disseram: “As carnes da Beldade estão mais fétidas e desfeitas do que as de uma carniça que está num buraco a beira de uma movimentada estrada e está sendo devorada pelos urubus e pelos vermes. “ Mas Eu vos digo: sabeis perdoar. Deus executou as vossas vinganças, mas depois perdoou. Perdoai vós também. Eu a perdoei também em vosso nome, porque sei que sois bondosas, ó mulheres de Betsaida que me estais saudando com a vossa aclamação: “Bendito o Cordeiro de Deus! Bendito aquele que vem em nome do Senhor!” Se Eu sou o Cordeiro, e como tal me conheceis, se venho entre vós, Eu Cordeiro, vós deveis tornar-vos todas umas ovelhas mansas, até mesmo aquelas que por causa de uma antiga, já bem antiga dor de esposa traída, está ainda com aqueles instintos de uma fera que defende o seu ninho. Eu não poderia permanecer entre vós, se fosseis umas hienas ou tigres, Eu que sou Cordeiro.

Aquele que vem no Nome do santíssimo de Deus, para recolher justos e pecadores, e leva-los ao Céu, foi também à arrependida, e lhe disse: “Sê limpa, vai e faz expiação”. Fiz isso em dia de sábado. E é disto que me estão acusando. Acusação oficial. A segunda é de haver-me aproximado de uma meretriz. Uma que foi meretriz. Agora não era senão uma alma chorando por seu pecado.

Pois em, Eu vos digo: Eu o fiz e farei. Trazei-me o Livro, escrutai-o, estudai-o, aprofundai-o. Encontrai, se fordes capazes, um ponto que proíba ao médico de tratar de um doente, e um levita de ocupar-se do altar, a um sacerdote de ouvir a um fiel, só porque é sábado. E Eu, se encontrardes esse ponto e mostrardes a Mim, direi batendo no peito: “Senhor, Eu pequei na tua presença e na dos homens. Não sou digno de perdão. Mas, se Tu quiseres ser piedoso com o teu servo, Eu te bendirei enquanto tiver em mim um sopro de vida.” Porque aquela alma estava doente. E os que precisam dos médicos são os doentes. Era um altar profanado e tinha necessidade de que um levita o purificasse. Era um fiel que ia chorar no Templo verdadeiro do Deus verdadeiro, e tinha necessidade do sacerdote que lá o introduzisse. Em verdade Eu vos digo que Eu sou o Médico, o Levita, o Sacerdote. Em verdade vos digo que, se Eu não cumprir o meu dever, perdendo uma só das almas, que sentem um veemente desejo de salvação, e não salvá-la, Deus Pai me pedirá conta, e me punirá por essa alma perdida.

Eis o meu pecado segundo os poderosos de Cafarnaum. Eu poderia ter esperado o dia depois do sábado para fazer o que fiz. Sim. Mas, por que tardar outras vinte e quatro horas para readmitir na paz de Deus um coração contrito? Naquele coração havia a humildade verdadeira, a sinceridade crua, a dor perfeita. Eu li naquele coração. A lepra ainda estava em seu corpo. Mas seu coração já estava curado, pelo bálsamo dos anos de arrependimento, de lágrimas, de expiação. Aquele coração não tinha necessidade, para aproximar-se de Deus, de outra coisa, além da minha reconsagração, sem que aquela aproximação tornasse impura a aura santa que circunda Deus. Eu fiz. Ela saiu do lago limpa também em suas carnes. Mas ainda mais limpa no coração.

Quantos, oh! Quantos daqueles que entraram nas águas do Jordão, para obedecerem às ordens do Precursor, não saíram de lá limpos como ela! Porque o batismo deles não era ato voluntário, desejado, sincero, de um espírito que queria preparar-se para a minha vinda. Mas só uma forma para aparecerem perfeitos em santidade aos olhos do mundo. Por isso, era hipocrisia e soberba. Duas culpas que aumentavam o cúmulo de culpas pré-existentes em seus corações. O batismo de João é apenas um símbolo. Quer dizer: “Limpai-vos da soberba humilhando-vos ao dizer-vos pecadores, das luxúrias, lavando-vos das escórias delas.” Mas é a alma que vai ser batizada com a vossa vontade, a fim de ficar limpa para o banquete de Deus. Não existe culpa tão grande que não possa ser lavada, primeiro pelo arrependimento, depois pela Graça, e finalmente pelo Salvador. Não há pecador tão grande, que não possa levantar o rosto abatido e sorrir, diante de uma esperança de redenção. Basta que ele renuncie completamente a culpa, seja heroico em resistir à tentação, e sincero na vontade de renascer.

Eu agora vos digo uma verdade que aos meus inimigos pareceria uma blasfêmia. Mas vós sois meus amigos. Falo especialmente a vós, meus discípulos já escolhidos, e depois a todos vós que estais escutando. Vos digo: os anjos, espíritos puros e perfeitos, viventes na Luz da Santíssima Trindade e nela jubilantes, em sua perfeição eles têm, e reconhecem tê-la, uma inferioridade em relação a vós, homens distantes do Céu. Eles tem a inferioridade de não poderem sacrificar-se, de não poderem sofrer para cooperar na redenção do homem. E que vos parece? Deus não escolhe um de seus anjos para dizer-lhe: “Sê o redentor da humanidade.” Mas escolhe o seu Filho. E sabendo que, por incalculável que seja o Sacrifício e infinito o seu poder, ainda falta – e é uma bondade paterna que não queria fazer diferença entre o Filho do seu amor e os filhos do seu poder – para aquela soma de merecimentos que deve contrapor-se à soma dos pecados, que de hora em hora a Humanidade acumula, eis que não toma outros anjos para completar a medida, a vós homens. Vos diz: “Sofrei, sacrificar-vos, sede semelhantes ao meu Cordeiro. Sede co-redentores...” Oh! Eis: Eu vejo que cortes de anjos que, deixando por um instante, em seu estase de adoração, de rodear em torno do Fulcro Trino, ajoelham-se, virados para a Terra, e dizem: “Benditos sois vós, que podeis sofrer com o Cristo e pelo Deus eterno, nosso e vosso!”

Muitos não compreenderão ainda esta grandeza. É superior demais ao homem. Mas quando a hóstia for imolada, quando o Grão eterno ressurgir para nunca mais morrer, depois de ter sido colhido, batido, despojado e sepultado nas entranhas do solo, então virá o Iluminador superespiritual e iluminará os espíritos, até os mais tardos, mas que permanecem fiéis ao Cristo Redentor, e então compreendereis que não blasfemei, mas vos anunciei a mais alta dignidade do homem, aquela de ser co-redentor, mesmo se antes não era mais que um pecador. Por enquanto, preparai-vos para essa dignidade com pureza de coração e de intenções. Quanto mais puros fordes, mais compreendereis, Porque a impureza, seja qual for, é sempre uma fumaça que turva a vista e entorpece o entendimento.

Sede puros. Começai a sê-lo pelo corpo, para passardes ao espírito. Começai pelos cinco sentidos para passardes às sete paixões. Começai pelos olhos, sentido este que é rei, e que abre o caminho à mais mordente e complexa das fomes. Os olhos vêem a carne da mulher e cobiçam a carne. Os olhos vêem a riqueza dos ricos e cobiçam o ouro. Os olhos vêem a potência dos governadores e cobiçam o poder. Conservai os olhos calmos, honestos, morigerados, puros e tereis desejos calmos, honestos, morigerados e puros. Quanto mais puros forem os vossos olhos, mais puro será o vosso coração. Sede vigilantes sobre os vossos olhos, ávido descobridor dos pomos tentadores. Sede castos nos olhares se quereis ser castos no corpo. Se tiverdes castidade na carne, tereis castidade na riqueza e no poder. Tereis todas as castidades, e sereis amigos de Deus. Não tenhais medo de ser escarnecidos por serdes castos. Tende medo somente de ser inimigos de Deus.

Um dia ouvi dizer: “Serás escarnecido pelo mundo como mentiroso ou como eunuco, se deres sinal de não desejar mulher.” Em verdade vos digo que Deus estabeleceu o casamento para elevar-vos a seus imitadores na procriação e a seus ajudantes na obra de povoar os Céus. Mas existe um estado mais alto, diante do qual se inclinam os anjos, ao verem a sublimidade, mas sem poderem imitá-la. Um estado que, perfeito quando durou do nascimento até a morte, não está porem fechado para aqueles que não são mais virgens, mas extinguem sua fecundidade, seja masculina ou feminina, anulam sua virilidade animal, para tornarem-se fecundos e viris só no espírito. É um estado de eunuco sem imperfeição natural nem mutilação violenta ou voluntária. É um estado que não os proíbe de se aproximarem do altar, mas ao contrário, nos séculos futuros, por esses é que será rodeado e servido o altar. É um estado de eunuco mais alto, aquele o qual faz de instrumento amputador a vontade de pertencer somente a Deus e de conservar para Ele um corpo e um coração castos, a fim de que possam ter eternamente o fulgor daquela candidez cara ao Cordeiro.

Falei para o povo, e para os eleitos entre o povo. Agora, antes de começar a partir o pão e dividir o sal na casa de Filipe, eis que Eu vos abençôo a todos, aos bons, como dando-lhes um prêmio, aos pecadores para infundir-lhes a coragem de vir, àquele que veio para perdoar.

A paz esteja com todos vós.”

 

(O Evangelho como me foi Revelado-Maria Valtorta-Vol.2-pg. 106 a 111)


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