“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

quinta-feira, 28 de maio de 2020

DESPEDIDA DE JESUS EM JUTA






DESPEDIDA DE JESUS EM JUTA

Diz Jesus:

“Porque assim é. A inabitação de Deus nos homens, e dos homens em Deus, se faz com a obediência à sua Lei, que começa com um mandamento de amor, e que é toda amor, desde o primeiro até o último mandamento do Decálogo. Esta é a verdadeira casa que Deus quer, e na qual Deus abita, e o prêmio do céu, recebido pela obediência à Lei, e a verdadeira casa em que habitareis para sempre. Porque, lembrai-vos de Isaias em seu capítulo 56. Deus não tem morada sobre a Terra, que é um escabelo, somente em escabelo para a sua imensidade, mas tem como seu trono o Céu, que é sempre pequeno, um nada para conter o Infinito, mas o tem no coração dos homens.
Somente a perfeitíssima bondade do Pai de todo amor é que pode conceder aos seus filhos que o acolham, e é um infinito mistério, que cada vez mais se aperfeiçoa, isto de poder estar o Deus Uno e Trino, o puríssimo Triniforme Espírito, no coração dos homens. Oh! Quando, quando, ó Pai Santo, Tu me darás o poder de fazer destes que ET amam não mais, não mais somente um Templo para o Espírito Santo, mas, pela Tua perfeição de amor e de perdão, um tabernáculo, fazendo de cada coração fiel a arca na qual esteja o verdadeiro Pão do Céu, como ele esteve no seio da Bendita entre todas as mulheres?
Oh! Meus muito amados discípulos de Juta, que me foi preparada por um justo, tende na mente o Profeta e o que ele diz, pois é o Senhor quem fala, dirigindo-se aqueles que edificam uns vazios templos de pedra, nos quais não há justiça nem amor, e não sabem edificar em si o trono do Senhor, por meio da obediência aos seus mandamentos. Diz o Profeta:  “Que é essa casa que vós me edificareis, e que lugar é esse do meu repouso?” E Ele quer dizer: “Credes que me tendes convosco, porque erigis para Mim umas pobres paredes? Credes que me dais alegria com as vossas mentirosas práticas das quais não dais uma prova de sinceridade por meio da vossa santidade de vida?” Não. Deus não se interessa pelas exterioridades, que escondem chagas e um vazio, como o manto de ouro jogado sobre um leproso, ou sobre uma estátua de argila, oca, sem a vida da alma. E diz o Senhor, confessando Ele mesmo, Ele, o dono do mundo, a sua pobreza como Rei com muito poucos súditos, de Pai com muitos filhos fugitivos de sua morada: “A quem dirigirei meu olhar, senão ao pobrezinho, ao contrito de coração, que treme diante da minha palavra?” Por que ele treme? Só por medo de Deus? Por um profundo respeito, por um verdadeiro amor. Por humildade de súdito, de filho, que diz, que reconhece que o Senhor é tudo, e ele nada, e treme de emoção, sentindo-se amado, perdoado, socorrido pelo Tudo.
Oh! Não procureis Deus entre os soberbos! Lá Ele não está.
Não o procureis entre os duros de coração. Lá Ele não está.
Não o procureis entre os impenitentes. Lá Ele não está.
Mas Ele está nos simples, nos puros, nos misericordiosos, nos pobres de espírito, nos mansos, naqueles que choram sem fazerem imprecações, nos que procuram a justiça, nos perseguidos, nos pacatos. Nestes está Deus. E está naqueles que se arrependem e querem perdão, procuram fazer expiação. E não fazem, todos esses, o sacrifício de um boi, ou de uma ovelha, a oblação disto ou daquilo para serem aplaudidos, ou pelo supersticioso terror de um castigo, pela soberba de parecerem perfeitos. Mas fazem o sacrifício de seu coração contra o humilhado, se são pecadores, ou do seu coração obediente, até o heroísmo, se são justos. Eis aí o que agrada o Senhor. Eis quais são as ofertas pelas quais Ele se doa, com seus inefáveis tesouros de amor e de delícias sobrenaturais. Aos outros Ele não se doa. Estes já têm as suas pobres delícias nas abominações, e é inútil que Deus os chame pelos seus caminhos, visto que eles já escolheram o seu caminho. A esses tais, só lhes enviará o abandono, o terror, a punição, porque não corresponderam ao Senhor, não obedeceram, mas fizeram mal diante dos olhos de Deus, com escárnio e com especial malvadez.
Mas vós, meus diletos de Juta, vós que tremeis de amor, ao conhecerdes a Deus, vós que, por causa de Mim sois tratados com escárnio pelos poderosos, como se fôsseis uns estultos, e que continuais a amar-me, apesar dos escárnios, vós que sois rejeitados, e ainda mais, sempre mais o sereis por causa de Mim e do meu nome, repudiados como bastardos por Israel, como bastardos de Deus, enquanto que justamente em vós, e em quem é como vós, é que está enxertado o sarmento de Vida Eterna, daquele que tem sua raiz no Pai, e que por isso sois parte de Deus, e viveis da sua seiva, vós a quem quereriam persuadir de que estais em erro, vós, a cujos olhos simples, mas iluminados pela graça, quereriam justificar, para não parecerem sacrílegos ou malfeitores, vós a quem foi dito: “Que o Senhor mostre a sua glória, e o seu reconhecimento pela vossa própria alegria, só vós tereis a alegria.” Eles ficarão confusos.
Oh! Eu já estou percebendo, depois da confusão que os esmagará, mas não os tornará melhores, Eu já percebo as víboras, que não cessam de fazer mal, a não ser quando lhes é esmagada a cabeça execranda, e que mordem e matam, mesmo se forem partidas em duas, mesmo quando conseguem levantar apenas a cabeça, estando sob a esmagadora manifestação de Deus, já os ouço gritar: “Como pode o Senhor ter dado a luz, assim tão de repente, o seu novo povo, se nós, que fomos trazidos durante tanto tempo em seu seio, ainda não nascemos para a Luz? Pode uma mulher dar a luz, sem que o barulho das dores encha a casa? Antes do tempo, já alguma vez deu à luz o Senhor? Pode a Terra em um só dia dar a luz, podem ser dadas à luz todas juntas as pessoas de um povo?”
Eu respondo, e lembrai-vos desta resposta, para a poderdes dar àqueles, que vos perseguirem, escarnecendo-se de vós: “Nunca teriam podido nascer para a Luz aqueles que são frutos mortos no seio de Deus, fruto que secou, porque se afastou do útero e ficou inerte, como um mal escondido no seio, até parecendo um embrião ainda incompleto. E, para expelir a semente morta do seu seio, e ter filhos, para que não morra o seu Nome sobre a Terra. Deus se tornou fecundo em novos filhos, assinalados com o seu Tau, e, em segredo, no silêncio, a fim de que Satanás e os satanases que servem a Lúcifer não pudessem causar-lhe dano, começando antes da hora, por causa do ardor do amor, Ele deu à luz o seu Homem, e dá a luz ao mesmo tempo o seu povo, porque o Senhor tudo pode.” Oh! Ele bem que o diz pela boca do Profeta Isaías: “E por acaso, Eu não poderei dar a luz, Eu que faço a outros darem a luz? Eu, que concedo aos outros a fecundidade, serei Eu estéril?” Alegrai-vos com a Jerusalém dos Céus, exultai com ela, vós todos que amais o Senhor! Alegrai-vos com ela em verdadeira alegria, vós que aguardais, vós que sofreis!
Oh! Voltai, voltai para Mim, ó palavras! Palavras vindas do Verbo de Deus. Palavras ditas pelo porta-voz de Deus, Isaías, seu Profeta. Vinde, votai à Fonte, ó palavras eternas, para serdes espalhadas sobre este canteiro de Deus, sobre este rebanho, sobre esta prole! Oh! Vinde! Esta é uma das horas e das assembléias para as quais fostes proferidas, ó palavras proféticas, ó som de amor, ó vozes da verdade!
Eis que elas vêm vindo! Eis que Eu, em nome do Pai, do meu Ser e do Espírito, as digo a estes amados por Deus, os escolhidos por entre o rebanho de Deus, que devia ser todo de cordeirinhos, mas se corrompeu com carneiros e animais ainda mais imundos. Vós sugareis, e ficareis saciados, nos úberes da Consolação divina, e extraireis abundantes delícias da copiosíssima glória de Deus.
Eis! Diz-vos o Senhor: “Eu derramarei sobre vós como que um rio de paz, e como uma torrente que limpa, derramarei sobre vós muito mais do que a glória das nações.” A glória do Céu vos inundará. Vós a sugareis, sereis levados sobre o seu seio, e sobre os seus joelhos sereis acariciados. Assim como a mãe acaricia o menino, assim como Eu estou acariciando este pequenino, ao qual Eu pus o meu nome, assim Eu consolarei a vós, que me amais e me continuareis a amar, e logo virá o dia em que sereis consolados para sempre no meu Reino. Vós o vereis, e o vosso coração estará cheio de alegria, e os vossos ossos, como a erva, reverdecerão, ó vós, livres de todo medo, porque sois fiéis a Mim, quando o Senhor vier no fogo, sobre uma carruagem semelhante a um turbilhão, para guiar no fogo do amor e da justiça, e para punir ou exaltar, separando os cordeirinhos dos lobos, isto é, daqueles que achavam estar se santificando, mas, pelo contrário, se tornaram idólatras.
O Senhor que agora vai partir, virá, e felizes daqueles que Ele encontrar perseverantes até o fim. Este é o meu adeus, e com ele vos dou a minha bênção. Ajoelhai-vos, para que Eu vos fortaleça com ela. O Senhor vos abençoe e vos guarde. O Senhor vos mostre a sua face, e tenha misericórdia de vós. O Senhor vos dê a sua paz. Ide! Deixai que Eu me despeça dos bons entre os bons de Juta.”
E as pessoas vão saindo com pesar. Mas quando um menino, por primeiro diz: “Senhor, deixa que eu te beije a mão”, e Jesus consente, todos querem dar um beijo sobre as carnes santas do Cordeiro. São beijos de crianças em seu rosto, beijos de velhos sobe as mãos, beijos de mulheres em seus pés desnudos por entre a grama, e que se prosternam com palavras de adeus e de bênção. Jesus, com paciência, os acolhe, e tem para todos uma saudação particular.
Finalmente, todos foram contentados... Só falta a família que o hospedou. Todos dela abraçam a Jesus. E a Sara diz: “Não voltarás mais mesmo?”
“Não mulher. Nunca mais. Mas não estaremos separados. Meu amor estará sempre contigo, convosco, e o vosso comigo. Não vos esqueceis de Mim, Eu o sei. Mas Eu vos digo: mesmo nas horas mais terríveis, que estão para vir, não deis acolhida à mentira, nem mesmo como a uma hóspede de passagem, ou como a uma invasora imprevista... Dá-me cá o pequenino, Sara.”
A mulher lhe entrega Jesai, e Jesus se assenta sobre a grama, com o pequenino no colo, e fica falando com o rosto inclinado sobre os cabelinhos do pequeno: “Lembrai-vos sempre de que Eu sou o Cordeiro que Isaque vos ensinou a amar, até mesmo antes que me conhecêsseis. E que um cordeiro é sempre inocente, como este menino, mesmo quando ele é apresentado vestido com a pele de lobo, para fazê-lo passar por um malfeitor. Lembrai-vos de que Eu sou ainda mais inocente do que este pequenino que, feliz dele, por sua inocência e meninice, não poderá compreender a calúnia dos homens, a respeito do seu Senhor, e por isso não ficará perturbado por ela... mas continuará a honrar-me como agora... Tende um coração como ele, tende-o por cordeiro, considerai-o amigo, inocente como o Salvador, que vos ama e abençoa de uma maneira toda especial. Adeus Maria! Vem dar-me um beijo... Adeus, Emanuel! Vem tu também... Adeus, Jesai, cordeirinho do Cordeiro... Sede bons... Amai-me...”
“Tu estás chorando, Senhor?!”, pergunta, espantada a menina, vendo brilhar uma lágrima por entre os cílios de Jesus.
“Ele está chorando?”, pergunta o marido de Sara.
“Tu estás chorando, ó Mestre! Por quê?”, pergunta a mulher.
“Não vos entristeçais com o meu pranto, É amor e bênção...Adeus Sara. Adeus, homem. Vinde, como os outros, beijar o vosso amigo, que vai-se embora...”, e tendo recebido em suas mãos o beijo dos dois esposos, coloca de novo o menino nos braços da mãe, abençoa de novo, e depois, determinado, começa a descida pela mesma estradinha por onde veio.
As palavras de adeus dos que ficam e acompanham, profundas são as do homem, comovidas as da mulher, gritadas as dos meninos, e vão até o pé da colina. Depois vem a torrente, seguindo a qual, eles tornam a subir, rumo ao norte, e só ela é que continua a saudar o Mestre, que vai deixando para sempre as terras de Juta.


(O Evangelho como me foi Revelado – Vol. 6. Pg. 246 a 251- Maria Valtorta)

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