“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

terça-feira, 19 de maio de 2020

AS VISÕES PROFÉTICAS DE ELIZABETH CANORI MORI






As visões proféticas de Elizabeth Canori Mori


Deus desvenda a gravidade do pecado

Em Fátima, Nossa Senhora foi preparando aos poucos os três pastorinhos para se abrirem à revelação da imensidade do pecado cometido pela humanidade e à amplidão da penitência que vinha pedir. De modo análogo, agiu Deus em relação à Bem-aventurada Elizabeth. No Natal de 1813, ela foi arrebatada a um local inundado de luz, onde inúmeros santos rodeavam um humilde presépio. Nele, o Menino Jesus chamava-a docemente. A própria Elizabeth descreve sem preocupações literárias a surpresa que teve:
Só de pensar, me causa horror. Vi o meu amado Jesus recém-nascido banhado no seu próprio sangue , nesse momento compreendi por via intelectual qual era a razão de tanto derramamento de sangue do Divino Infante apenas nascido. A má conduta de muitos sacerdotes seculares e regulares, de muitas religiosas que não se comportam segundo o seu estado, a má educação que é dada aos filhos por parte dos pais e mães, como também por aqueles a quem incumbe uma obrigação similar. Estas são as pessoas por cujo bom exemplo deve aumentar o espírito do Senhor no coração dos outros. Mas eles, pelo contrário, apenas nasce [o espírito de Nosso Senhor] no coração das crianças, fazem-lhe uma perseguição mortal com sua má conduta e maus ensinamentos.”
Deus foi-lhe revelando o lamentável agir de certos setores eclesiásticos que atraíam a cólera divina, acumpliciados com a Revolução que derrubava tronos e seculares costumes cristãos na ordem temporal.
Tais visões patenteiam, três décadas antes de La Salette e um século antes das revelações na Cova da Iria, que o mal já se infiltrara na Igreja e na sociedade civil. Vê-se bem que em Fátima Nossa Senhora fez uma advertência final para esse mal, que progredia apesar de todos os avisos em sentido contrário.
Os anjos conduziram espiritualmente a Beata Elizabeth a antros secretos onde se tramava essa conjuração. De cada vez, novas aberrações lhe eram desvendadas.
Em 24-2-1814 foram-lhe exibidas cenas que lembram a crise dos dias em que vivemos:“Via — narra ela — muitos ministros do Senhor que se despojavam uns aos outros; raivosamente arrancavam-se os paramentos sagrados; via serem derrubados os altares sagrados pelos próprios ministros de Deus”.
Em 22-5-1814, enquanto rezava pelo Santo Padre, “vi-o viajando rodeado de lobos que faziam complôs para atraiçoá-lo.” A visão repetiu-se nos dias 2 e 5 de junho.
 Nesta última, narra a vidente: “Vi o sinédrio de lobos que circundavam [o Papa Pio VII, então reinante] e dois anjos que choravam. Uma santa ousadia me inspirava a lhes perguntar a razão da sua tristeza e do pranto. Eles, contemplando a cidade de Roma com olhos cheios de compaixão, disseram o seguinte: Cidade miserável, povo ingrato, a Justiça de Deus castigar-te-á”.
“O mundo todo estava em caos”
Em 16-1-1815, os anjos mostraram-lhe muitos eclesiásticos que “sob manto de bem, perseguem a Jesus Crucificado e Seu Santo Evangelho”, e que “como lobos raivosos tramavam derribar o chefe da Igreja do seu trono”.
Então ela foi levada a ver o cruel estrago que a Justiça de Deus está para fazer entre aqueles miseráveis: com sumo terror, via que em torno de mim fulguravam os raios da Justiça irritada. Via os prédios caírem em ruínas. As cidades, províncias inteiras, o mundo todo estava em caos. Não se ouvia outra coisa senão débeis vozes implorando misericórdia. O número dos mortos era incalculável”.

Porém, o que mais a impressionou foi ver Deus indignado.
Num local altíssimo e solitário, viu Deus representado por “um gigante forte e irado até o extremo contra aqueles que O perseguiam. Suas mãos onipotentes estavam cheias de raios, o seu rosto estava repleto de indignação: só o seu olhar bastava para incinerar o mundo inteiro. Não tinha nem anjos nem santos que o circundassem, mas somente a Sua indignação circundava-o por todas partes”.
Tal visão durou apenas um instante. Segundo a Bem-aventurada Elizabeth, “se tivesse durado mais um momento, certamente eu teria morrido”.
A descrição acima lembra o panorama revelado a Mélanie e Maximin na Salette e a visão do inferno apresentada a Lúcia, Francisco e Jacinta. Entre essas visões há uma correlação profunda. Enquanto à Bem-aventurada Deus manifestou sua justa indignação pelas ofensas que sofre, Nossa Senhora em La Salette mostrou a extensão do pecado e em Fátima apontou o destino das almas que ofendem a Deus e morrem impenitentes.
A gravidade do pecado de apostasia do mundo
Em 13-6-1917, Nossa Senhora em Fátima mostrou aos pastorinhos o seu Imaculado Coração rodeado de espinhos, em sinal dos “ultrajes que recebe pelos pecados dos homens”. No Natal de 1816, foi mostrado à Bem-aventurada Elizabeth também o quanto esses ultrajes ofendem a Santíssima Virgem.
Pode-se entrever um limite de pecado, que a misericórdia da Rainha do Céu não permitirá que seja ultrapassado.
A Bem-aventurada Elizabeth viu Maria Santíssima “triste e dolorosa”.
Perguntou-lhe então a razão da sua dor.
“A Mãe de Deus voltou-se para mim, e disse: ‘Contempla, ó filha, contempla a grande impiedade. Ouvindo estas palavras, vi que ousadamente apóstatas tentavam arrancar temerariamente o seu Santíssimo Filho de seu puríssimo seio e dos seus santíssimos braços. Diante deste grande atentado, a Mãe de Deus não pedia mais misericórdia para o mundo, mas justiça ao Divino Pai Eterno; o Qual, revestido da sua inexorável justiça e cheio de indignação, voltou-se para o mundo. Naquele momento toda a natureza entrou em convulsão, e o mundo perdeu a sua boa ordem, e se formou sobre a Terra a maior infelicidade que se possa contar ou imaginar. Uma coisa tão deplorável e aflitiva que deixará o mundo reduzido à última desolação”.

O véu que envolve os castigos anunciados em 1846 e em 1917, de alguma maneira foi levantado para a Bem-aventurada Elizabeth. O que ela viu fornece-nos subsídios para entender melhor o que Nossa Senhora previu depois na montanha de La Salette e na Cova da Iria. Com efeito, em 7-6-1815 Deus mostrou-lhe, mais uma vez, a punição que atraíam sobre a humanidade esses “lobos rapaces sob pele de ovelha, [...] acérrimos perseguidores de Jesus Crucificado e de Sua esposa a Santa Igreja”.

“Parecia-me — escreveu — ver todo o mundo em convulsão, especialmente a cidade de Roma. [...] O que dizer do Sacro Colégio? Por causa da variedade de opiniões, uns tinham sido dispersados, outros abatidos, outros desapiedadamente assassinados. De modo similar eram tratados o clero secular e a nobreza. O clero regular não sofria a dispersão total, mas era dizimado. Inumeráveis eram os homens de toda condição que pereciam nesse massacre, mas nem todos se condenavam. Muitos eram homens de bons costumes, e muitos outros de santa vida”.
Na festa de São Pedro e São Paulo, 29-6-1820, a Bem-aventurada contemplou profeticamente o Príncipe dos Apóstolos descendo dos Céus revestido dos paramentos pontificais e rodeado por uma legião de anjos. Com o seu báculo, traçou sobre a Terra uma vastíssima cruz, e aos quatro lados dela fez aparecer quatro árvores verdejantes, também com forma de cruz, envoltas numa luz brilhantíssima.
Sob essas árvores-cruzes ficavam “refugiados e livres do tremendo castigo” todos os bons fiéis, religiosos e religiosas.
“Mas, ai daqueles religiosos e religiosas inobservantes que desprezaram as santas Regras, ai!, ai! porque todos perecerão sob o terrível flagelo. E digo isto de todos [...] que se entregam à libertinagem e vão atrás das falsas máximas da reprovável filosofia de hoje”.
Tão graves ameaças talvez pudessem parecer exageradas nos tempos da Bem-aventurada Elizabeth, em que, malgrado o avanço da Revolução anticristã, encontravam-se na Igreja numerosos santos e almas de virtude insigne.
Assim, tais palavras parecem ditadas mais para este nosso triste início do século XXI. Quem, a rigor, sem auxílio de luzes proféticas, poderia imaginar que a crise na Igreja chegaria ao ponto que atingiu em nossos dias?
À vista disto, compreende-se que Deus tenha querido manifestar especialmente Sua cólera e indignação à Bem-aventurada Elizabeth. Mas, infelizmente, tudo indica que, como em Fátima, a mensagem divina transmitida pela Bem-aventurada não foi levada devidamente em consideração.

Vingança divina contra os inimigos da Igreja

Prosseguindo a narrativa da visão, ela relata que São Pedro voltou para o Céu. Então, na Terra “o firmamento ficou coberto de uma cor azul tenebrosa, que só de ver causava terror. Um vento caliginoso fazia sentir seu sopro impetuoso por toda parte. Com um veemente e tétrico silvo uivando no ar, como feroz leão com seu assustador rugido, fazia ressoar sobre toda a Terra o seu horripilante eco.”
“O terror e o espanto porão todos os homens e todos os animais em um estado de supremo pavor, todo o mundo estará em convulsão e matar-se-ão uns aos outros, trucidar-se-ão mutuamente sem piedade. No tempo da sanguinária pugna, a mão vingadora de Deus pesará sobre esses infelizes, e com a sua onipotência castigará o orgulho, a temeridade e a desavergonhada ousadia deles; Deus servir-se-á das potências das trevas para exterminar esses homens sectários, iníquos e criminosos que pretendem derribar, erradicar a Igreja Católica, nossa Santa Mãe, pelas suas raízes mais fundas e jogá-la por terra"
“Deus rir-se-á deles e da sua maldade, e com um só aceno da sua mão direita onipotente punirá esses iníquos, permitindo às potestades das trevas saírem do inferno; e estas grandes legiões de demônios percorrerão o mundo todo, e por meio de grandes ruínas executarão as ordens da Divina Justiça, à qual estes malignos espíritos estão submetidos, de maneira que não poderão fazer nem mais nem menos dano do que permitirá Deus aos homens, aos seus bens, às suas famílias, às suas infelizes aldeias, cidades, casas e palácios, e qualquer outra coisa que subsistirá sobre a Terra" [...].
“Deus permitirá que esses homens iníquos sejam castigados através da crueldade de demônios ferozes, porque se submeteram voluntariamente à potestade do demônio e confederaram-se com ele para causar dano à Santa Igreja Católica. [...] Foi-me mostrado o horrendo cárcere infernal. Eu via abrir-se na maior profundidade da terra uma caverna tenebrosa e espantosa, cheia de fogo, de onde via sair muitos demônios, os quais, tomando uns uma figura e outros outra, uns de animal, outros de homem, vinham todos infestar o mundo e fazer por todas partes malefícios e ruínas [...]. Devastarão todos os locais onde Deus tem sido e é ultrajado, profanado, sacrilegamente tratado, onde se tem praticado a idolatria. Todos esses locais serão demolidos, arruinados, e perder-se-á todo vestígio deles”.

As semelhanças com os trágicos anúncios de Nossa Senhora em La Salette e Fátima estendem-se além dos castigos.

Ante o olhar da Bem-aventurada, Deus expôs em muitas ocasiões uma maravilhosa restauração futura da Igreja. Essas revelações ilustram magnificamente aspectos do que há de ser o triunfo do Imaculado Coração de Maria.
Na mesma visão de 29-6-1820, após as purificadoras punições descritas, a Beata Elizabeth viu São Pedro retornar do Céu num majestoso trono pontifical. Logo a seguir, desceu com grande pompa o Apóstolo São Paulo. Ele “percorria todo o mundo e algemava aqueles malignos espíritos infernais, e os conduzia diante do Santo Apóstolo São Pedro, o qual, com uma ordem cheia de autoridade, voltava a confiná-los nas tenebrosas cavernas das quais tinham saído. Nesse momento viu-se aparecer sobre a terra um belo resplendor, que anunciava a reconciliação de Deus com os homens”. A pequena grei dos católicos fiéis, refugiada sob as árvores com forma de Cruz, foi então conduzida aos pés do trono de São Pedro.
“O santo escolheu o novo Pontífice — acrescenta a vidente —, toda a Igreja foi reordenada segundo os verdadeiros ditames do Santo Evangelho; foram restabelecidas as ordens religiosas, e todas as casas dos cristãos tornaram-se outras tantas casas penetradas de religião; tão grande era o fervor e o zelo pela glória de Deus, que tudo era ordenado em função do amor de Deus e do próximo. Desta maneira tomou corpo num momento o triunfo, a glória e a honra da Igreja Católica: Ela era aclamada por todos, estimada por todos, venerada por todos, todos decidiram segui-la, reconhecendo o Vigário de Cristo, o Sumo Pontífice”.

A restauração da Igreja e as “cinco heresias que infeccionam o mundo”

Disse-lhe Nosso Senhor em inícios de 1821:
“Eu reformarei meu povo e a minha Igreja. Mandarei sacerdotes zelosos para pregar minha Fé, formarei um novo apostolado, enviarei o Divino Espírito Santo a renovar a Terra. Reformarei as ordens religiosas por meio de novos reformadores santos e doutos. Todos possuirão o espírito de meu dileto filho Inácio de Loyola. Darei um novo Pastor à minha Igreja, douto, santo, repleto do meu Espírito. Com santo zelo reformará a grei de Jesus Cristo”.
E acrescenta: “Ele me fez conhecer muitas outras coisas concernentes a esta reforma. Vários soberanos sustentarão a Igreja Católica e serão verdadeiros católicos, depositando seus cetros e coroas aos pés do Santo Padre, Vigário de Jesus Cristo. Vários reinos abandonarão os seus erros e voltarão ao seio da Fé católica. Povos inteiros converter-se-ão e reconhecerão como religião verdadeira a Fé de Jesus Cristo”.
Deus lhe fez ver várias vezes uma esplendorosa nave nova, símbolo da Igreja restaurada, que estava sendo armada pelos anjos.
Também, em 10-1-1824, mostrou-lhe o principal obstáculo para a conclusão dessa nave. Ela viu cinco árvores de desmesurado tamanho:
“Observei que essas cinco árvores com suas raízes alimentavam e produziam um emaranhadíssimo bosque de milhões de plantas estéreis e selváticas”.
Deus lhe fez entender que essas cinco enigmáticas árvores simbolizavam “as cinco heresias que infeccionam o mundo nos nossos tempos”.
Falsas máximas e os erros espalhados pela Rússia e pelo modernismo
Em 22-1-1824, a Bem-aventurada Elizabeth conheceu que aquele bosque amaldiçoado representava um número incontável de almas, as quais, “porque têm consciência depravada, podem ser chamadas de sem-fé, sem-religião, porque pensam em tudo, menos naquilo que todo bom católico é obrigado a pensar, porque fazem tudo, menos aquilo que devem fazer. Estas míseras plantas são tidas pelo divino Senhor não somente em conta de estéreis, mas de nocivas e péssimas, que merecem ser jogadas no fogo eterno”.
A vidente ouviu que as cinco aludidas heresias se identificavam com as “falsas máximas da filosofia de nosso tempo”. Máximas essas que, segundo ela, estavam no cerne dos movimentos revolucionários da sua época, inspirados no espírito e nas doutrinas da Revolução Francesa. Tais máximas orientavam a conjuração que subvertia a Igreja e a ordem sócio-política.
Apresenta-se ainda aqui mais uma relação com a mensagem de Fátima. Pois nesta, Nossa Senhora apontou a difusão dos erros da Rússia — isto é, o comunismo — como um dos castigos que viriam se o mundo não se emendasse.
Ora, os erros comunistas — inclusive nas formulações mais atualizadas da chamada Internacional Rebelde22, analisada em vários artigos desta revista — são conseqüência necessária e direta das “falsas máximas” que a Bem-aventurada. Elizabeth apontou insistentemente como cerne do processo de subversão do orbe católico.
Podemos, pois, ver nessas imagens e expressões uma alusão à Revolução anticristã, tão sábia e penetrantemente denunciada pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em suas obras.
A Bem-aventurada Elizabeth fechou os olhos para esta Terra em 5-2-1825, quase um século antes da gloriosa manifestação de Nossa Senhora em Fátima.
Entretanto, suas visões e revelações — das quais demos aqui apenas algumas amostras — parecem destinadas especialmente para o conhecimento de nossos contemporâneos. Elas patenteiam o grandioso desígnio divino que sobre-paira a História. Pois mostram que o plano do Reino de Maria — como profetizado em Fátima — é como um imenso palácio que a Divina Providência vem preparando há séculos. E cujo acabamento ultrapassará toda especulação humana.

Por tudo isso, as visões e revelações da Bem-aventurada Elizabeth Canori Mora reforçam ainda mais a idéia da centralidade da mensagem de Fátima e a certeza do cumprimento o anúncio de Nossa Senhora em La Salette de um triunfo vindouro da Igreja, confirmado posteriormente aos três pastorinhos em 1917: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”
(fonte do site Espacojames.com.br)

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