SOMENTE QUEM FAZ A VONTADE DE DEUS CONQUISTARÁ O REINO DE
DEUS
As crianças, alegres
como passarinhos, já estão tagarelando, correndo e saltando por entre os
campos, tomando um bom banho de orvalho, o que provoca um ou outro pescoção,
acompanhado do conseqüente choro. Depois as crianças correm até Jesus, que as
acaricia, e com isso Ele reencontra o seu sorriso, como se reproduzisse em si
aquelas alegrias inocentes. Uma menina quer colocar na cintura dele um
ramalhete de flores, que ela apanhou nos prados, “ porque sua veste fica mais
bonita assim”, diz ela, e Jesus a deixa fazer isso, apesar dos Apóstolos
estarem resmungando e por isso Jesus diz: “ Mas ficai contentes porque elas me
amam! E o amor das crianças tira as tristezas do meu coração.”
Ao mesmo tempo,
chegam, e vêm vindo no meio dos peregrinos Jesus, que havia descido da
montanha, e o escriba João que vem de sua casa com muitos empregados trazendo
cestas de pão, outros trazendo azeitonas, pequenos queijos e um cordeirinho, ou
cabritinho, assado especialmente para o Mestre. Tudo é colocado aos pés dele,
que cuida de distribuí-los, dando a cada um um pão, um pedaço de queijo e um
punhado de azeitonas. Mas, uma mãe, que traz ainda ao peito um menino gorducho,
que está rindo com os seus dentinhos novos, Ele dá com o pão um pedaço de
cordeiro assado, e o mesmo faz com outros dois ou três, que parecem estar
necessitados de um alimento especial.
“Mas isso é para Ti”,
diz o escriba.
“Eu irei saboreá-lo,
não duvides. Mas vê... se Eu sei que a tua bondade é para muitos, em Mim
aumenta o sabor”.
A distribuição
termina, e o povo já está partindo o pão e reservando uma parte dele para as
outras horas. Também Jesus bebe um pouco do leite que o escriba quis encher
para Ele uma taça preciosa, ao tirar o leite de um frasquinho que é trazido por
um dos servos (parece um bilha).
“Mas, Tu me deves
contentar, dando-me a alegria de ouvir-te”, diz João, o escriba, que foi
saudado por Hermes com grande respeito, e com respeito ainda maior por Estevão.
“Não irei negar-te
isso. Vem cá para a frente”, e Jesus, tendo-se encostado no monte, começa a
falar.
“A vontade de Deus nos
deteve neste lugar, porque ir para adiante, depois da caminhada que já fizemos,
teria sido uma violação dos preceitos e motivo de escândalo. E que isto não
aconteça nunca, enquanto a Nova Aliança não for escrita. É justo santificar as
festas e louvar o Senhor nos lugares de oração. Mas todo o criado pode ser
lugar de oração, desde que as criaturas saibam fazê-lo com sua elevação para o
Pai. A Arca de Noé, à deriva sobre as águas, foi lugar de oração, o lugar de
oração para Jonas foi o ventre da baleia. Foi lugar de oração a casa do Faraó,
enquanto José nela morou, e a tenda de Holofermes para a casta Judite. E não
era tão consagrado ao Senhor o lugar corrompido onde vivia como escravo o
Profeta Daniel, consagrado por causa as santidade do servo que santificava
aquele lugar, a ponto de merecer as altas profecias sobre o Cristo e o
Anticristo, chaves dos tempos de agora e dos últimos tempos? Com maior razão,
santo é este lugar que, por suas cores, pelos seus perfumes, pela pureza do seu
ar, pela riqueza de seus trigais e pelas pérolas de suas orvalhadas, fala de
Deus Pai e Criador, e diz: “Eu creio. E vós também credes, porque nós damos
testemunho de Deus.” Seja ele para nós a sinagoga, neste sábado e nele leiamos
as páginas sobre as corolas e as espigas, tendo como lâmpada sagrada o sol.
Eu vos falei de
Daniel. Disse-vos: “Seja este lugar a nossa sinagoga”. Isto nos faz lembrar do
jubiloso “bendizei” dos três santos jovens entre as chamas da fornalha: “Céus e
águas, orvalhos e geadas, gelos e neves, fogos e cores, luzes e trevas,
relâmpagos e nuvens, montes e colinas, todas as coisas germinadas, passarinhos,
peixes e feras, louvai e bendizei o Senhor, juntos com os homens de coração
humilde e santo”. Este é um resumo do cântico santo que tanto ensina aos humildes
e santos. Podemos rezar e podemos merecer o Céu em qualquer lugar. Nós o
merecemos, quando fazemos a vontade do Pai.
Quando este dia
começou, fizeram-me observar que, se tudo vem da vontade de Deus, também os
erros dos homens são queridos por Ele. Isto é um erro e um erro muito
difundido. Haverá um pai que possa querer que seu filho se torne condenável?
Não pode. O que vemos, até nas famílias, são alguns filhos que se tornaram
condenáveis, mesmo tendo eles um pai justo, que lhes mostra o bem que se deve
fazer e o mal do qual se deve fugir. E ninguém que seja reto, acusa aquele pai
de ter incitado o filho para o mal.
Deus é Pai, os homens
são os filhos. Deus mostra o bem e diz: “Eis que eu te ponho nesta contingência
para o teu bem”, ou também quando o Maligno e os homens seus servos procuram
infelicidade para o homem, Deus diz: “Eis que nesta hora penosa tu ages assim,
e, assim fazendo, este mal vai servir para um eterno bem.” Vos aconselha. Mas
não vos força. E então se alguém, mesmo sabendo qual é a vontade de Deus,
prefere fazer tudo ao contrário, pode-se dizer que esse oposto é que é a
vontade de Deus? Não se pode.
Amai a vontade de
Deus. Amai-a mais do que a vossa e segui-a contra as seduções e potências das
forças do mundo, da carne e do demônio. Também essas coisas têm aas suas
vontades. Mas em verdade Eu vos digo que é bem infeliz quem a elas se apega.
Vós me chamais de Messias e Senhor. Vós dizeis que me amais e me cantais
hosanas. Vós me seguis, e isso parece amor. Mas, em verdade, Eu vos digo que nem
todos entre vós entrarão comigo no Reino dos Céus. Mesmo entre os meus mais
antigos e próximos discípulos, haverá aqueles que ali não entrarão, porque
muitos farão a sua vontade, e a vontade da carne, do mundo e do demônio, mas
não a do meu Pai. Não quem me diz: “Senhor! Senhor!” entrará no Reino dos Céus,
mas os que fazem a vontade de meu Pai. Somente esses entrarão no Reino de Deus.
Dia virá no qual Eu,
que vos estou falando, depois de ter sido Pastor, serei Juiz. Que não vos iluda
o aspecto atual. Agora meu cajado reúne as almas dispersas e é doce para vos
convidar a vir ás pastagens da Verdade. Então o cajado será substituído pelo
cetro do Juiz Rei, e bem outro vai ser o meu poder. Não com doçura, mas com uma
justiça inexorável, é que Eu irei separar as ovelhas apascentadas pela Verdade
das que misturaram a Verdade com o erro, ou nutriram-se somente com o erro. Uma
primeira vez e depois ainda uma outra Eu farei isso. E ai daqueles, entre a
primeira e a segunda aparição diante do
Luiz, não se tiverem purificado, pois não poderão mais purificar-se dos seus
venenos. A terceira categoria não se purificará. Pena alguma conseguiria
purificá-la. Ela quis somente o erro e que no erro fique.
E mesmo entre estes,
ainda haverá quem gema dizendo: “Mas como Senhor? Nós não profetizamos em teu
nome, em teu nome não expulsamos os demônios, em teu nome não fizemos muitos
prodígios?” E Eu, naquele momento, com toda a clareza, lhes direi: “Sim, vós
ousastes revestir-vos com o meu Nome a fim de parecerdes ser quem não éreis.
Quisestes fazer passar o vosso satanismo, como se estivésseis vivendo vossa
vida em Jesus. Mas os frutos de vossas obras vos acusa. Onde estão os que vós
salvastes? As vossas profecias, onde foi que se cumpriram? Os vossos
exorcismos, a que conclusão chegaram? Os vossos prodígios, que cúmplices
tiveram? Oh! bem que tem poder o meu inimigo! Mas não é maior do que o meu. Ele
vos ajudou, mas foi para fazerdes maior presa e, por vosso trabalho, o círculo
dos pervertidos pela heresia cresceu muito. Sim, vós fizestes prodígios. E até
aparentemente, maiores do que os dos verdadeiros servos de Deus, os quais não
são estriões para fazerem as multidões ficarem embasbacadas, mas têm uma
humildade e uma obediência que fizeram ficar maravilhados os anjos. Estes, os
meus verdadeiros servos, com suas imolações, não criam fantasmas, mas os
destroem nos corações, estes, os meus verdadeiros servos, não se impõem aos
homens, mas mostram Deus às almas dos homens. Eles não fazem mais que a vontade
do Pai, e levam os outros a cumpri-la, assim como a onda impele e atrai a onda
que a precede e a que a segue, sem precisar colocar-se em um trono, para dizer
a elas: “Prestai atenção!” Eles, os meus verdadeiros servos, fazem o que Eu
digo, sem pensar senão em fazê-lo e as suas obras têm um sinal meu, uma paz
inconfundível, de humildade e ordem. Por isso, Eu posso dizer-vos: estes são os
meus servos, a vós, Eu não vos conheço. Ide-vos embora, para longe de Mim, vós
todos praticantes de iniqüidades.
Isso será o que direi,
então. E será esta uma palavra terrível! Tomai cuidado para que não a mereçais,
e vinde pelo caminho seguro, ainda que difícil, da obediência, para alcançardes
a glória do Reino dos Céus.
Agora, gozai do vosso
repouso do sábado, louvando a Deus com todo o vosso ser. A paz esteja com todos
vós.”
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