“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

COMO DEVEMOS REZAR?







COMO DEVEMOS REZAR?


“Ouvi como deveis orar, com os lábios e com o trabalho, com todo o vosso ser, pelo impulso do coração que ama, sim, a Deus, e o sente como pai, mas que sempre lembra quem é o Criador, e quem é a criatura, e se põe com um amor reverencial sempre na presença de Deus, tanto quando ora, como quando está fazendo seus negócios, tanto quando está andando, como quando está descansando, tanto quando ganha, como quando está distribuindo os seus bens. Por impulso do coração, Eu disse. É esta a qualidade primeira e essencial. Porque tudo vem do coração, e como for o coração assim será a mente, assim será a palavra, o olhar e a ação.
O homem justo tira do seu coração de justo o bem e, quanto mais tira, mais acha para tirar, porque o bem que foi feito cria um novo bem, assim como o sangue que se renova na circulação pelas veias, e volta ao coração enriquecido com sempre novos elementos apanhados com o oxigênio que absorveu e com o suco dos alimentos que assimilou. Enquanto isso, o homem perverso, do seu coração tenebroso, cheio de fraudes e venenos, não pode tirar senão fraudes e venenos, que sempre mais vão aumentando, fortalecidos pelas culpas que se vão acumulando, assim como no homem bom vão-se acumulando as bênçãos de Deus. Podeis, pois, acreditar que a exuberância do coração é que transborda dos lábios e se manifesta nas ações.
Fazei que vosso coração seja humilde e puro, amoroso, confiante, sincero. Amai a Deus com amor pudico que uma virgem tem para com o seu esposo. Em verdade, eu vos digo que todas as almas são como umas virgens desposadas ao Eterno Amor, a Deus nosso Senhor; esta terra é o tempo do noivado, tempo no qual o anjo, dado para a guarda de todo homem, é o paraninfo espiritual e todas as horas e todas as contingências da vida são outras tantas servas, que preparam o enxoval das núpcias. A hora da morte é a hora em que se completam as núpcias, e ai vem o conhecimento, o abraço, a fusão e, com s veste de uma verdadeira esposa, a alma pode levantar o seu véu e lançar-se nos braços do seu Deus, sem que, por amar assim ao seu esposo, possa induzir outros a escândalo. Mas, por enquanto, ó almas ainda sacrificadas no laço do noivado com Deus, quando quiserdes falar com o esposo, ponde-vos na paz da vossa morada, e acima de tudo na paz da vossa morada interior, e falai, - anjo de carne ladeado pelo Anjo da Guarda, - falai ao Rei dos Anjos.
Falai ao vosso Pai no segredo do vosso coração e do vosso quarto interior. Deixai fora tudo o que é do mundo, o desejo de quererdes ser vistos e o de edificar, e os escrúpulos das longas orações cheias de palavras monótonas, cheias de tibieza e pálidas em amor.
Por caridade! Livrai-vos das medidas no orar. Na verdade, há alguns que perdem horas em um monólogo, que eles vão repetindo, apenas com os lábios, e que não passa de um solilóquio, pois nem o Anjo da Guarda o ouve, de tão grande que é o rumor vazio para o qual ele procura achar remédio, aprofundando-se, por sua vez, em uma ardente oração em favor do seu ignorante protegido. Em verdade, há alguns que não fariam uso diferente daquelas horas, nem que Deus lhes aparecesse, e lhes dissesse: “A salvação do mundo depende de que tu abandones esta linguagem sem vida, e vás, simplesmente, buscar água em um poço e derramar essa água no solo, por amor de Mim e dos teus semelhantes.” Em verdade, há alguns que acham que é mais importante o seu monólogo do que o ato delicado de quem acolhe um visitante ou socorre um necessitado. São almas que caíram na idolatria da oração.
A oração é um ato de amor. E amar é coisa que se pratica, tanto quando se ora, como quando se faz pão; tanto meditando, como prestando assistência a um enfermo; tanto fazendo uma peregrinação ao Templo, como cuidando das necessidades da família; tanto sacrificando um cordeiro, como sacrificando até os nossos desejos de recolhimento junto ao Senhor. Basta que nos impregnemos completamente a nós mesmos e as nossas ações com o amor. Não tenhais medo! O Pai está vendo. O Pai compreende. Ele está ouvindo. Ele concede. Quantas graças são concedidas por apenas um só e perfeito suspiro de amor! Quanta abundância por um sacrifício íntimo, mas feito com amor. Não sejais como os pagãos. Deus não precisa que lhe digais o que Ele deve fazer, porque daquilo vós estais necessitando. Isto os pagãos podem dizer aos seus ídolos, que não os podem atender. Não vós a Deus, ao Deus, o verdadeiro Deus espiritual, que não é somente Deus e Rei, mas é vosso Pai, e sabe, antes mesmo que lho peçais, de que é que estais precisando.
Pedi, e vos será dado, procurai e achareis, batei, e se vos abrirá. Porque quem pede, recebe; quem procura, acha e será aberta a porta a quem nela toca. Quando um vosso filhinho vos estende a mãozinha e diz: “Meu pai, estou com fome”, será que lhe dareis uma pedra? Será que lhe dareis uma cobra, quando ele vos pede um peixe? Não, mas vós lhe dais pão e peixe, e além disso, o acariciais e abençoais, porque para o pai é um prazer alimentar o seu filho, e vê-lo feliz em seu sorriso. Se, pois, vós que tendes o coração imperfeito, sabeis dar presentes bons aos vossos filhos, por um amor natural, que até os animais têm para com as suas crias, quanto mais o vosso Pai que está nos Céus concederá àqueles que lhas pedirem as coisas boas e necessárias para a sua vida. Não tenhais medo de pedir, e não tenhais medo de ficar sem receber!
Mas, Eu vos quero pôr em guarda contra um erro muito comum, - mas não façais como os fracos na fé e no amor, os pagãos da verdadeira religião, - porque mesmo entre os que têm fé há pagãos, cuja pobre religião é um emaranhado de superstições e de fé, um edifício arruinado pela metade, no qual se infiltraram as ervas parasitas de todas as espécies, a ponto dele se encher de gretas, e ir-se destruindo, e eles enfraquecidos e pagãos, percebem que sua fé está morrendo, se não forem atendidos.
Vós pedis. E achais que é justo pedir. De fato, para aquele momento não deixaria de ser justa aquela graça. Mas é que a vida não termina naquele momento. E o que é bom hoje, pode não ser amanhã. Disso vós não sabeis, porque vós só conheceis o presente, e isso é também uma graça de Deus. Mas Deus, conhece também o futuro. E muitas vezes, para poupar-vos um sofrimento maior, deixa de atender uma vossa oração. No meu ano de vida pública, mais de uma vez ouvi que os corações gemiam: “Quanto eu sofri, quando Deus não me ouviu.” Mas agora Eu digo: “Foi bom assim, porque aquela graça me teria impedido de chegar a esta hora de Deus.” A outros Eu ouvi dizer, ou dizerem de Mim: “Por que Senhor, não me ouves? A todos ouves, e a mim não?” E Eu, mesmo sentindo a dor de ver que sofriam, precisei dizer: “Eu não posso.” Pois se os atendesse, isso seria pôr um estorvo à frente deles, no vôo em que estavam para a vida perfeita.
Também o Pai as vezes diz: “Não posso”. Não porque não possa fazê-lo imediatamente. Mas porque não o quer fazer, em vista das consequências futuras. Ouvi: Um menino está doente das vísceras. A mãe chama o médico, e o médico lhe diz: “Para que ele fique bom, é preciso que faça um jejum absoluto.” O menino chora, grita, suplica, parece extremamente debilitado. A mãe, sempre compadecida, une os seus lamentos ao do filho. Acha que o médico é muito rigoroso, ao falar daquela proibição total de alimento. Mas o médico continua intransigente. E, afinal, ele diz: “Mulher, eu sei e tu não sabes. Queres que o teu filho morra, ou que eu o salve?” A mãe diz em alta voz: “Eu quero que ele viva!” Então, diz-lhe o médico: “Eu não posso permitir que ele tome alimento. Pois ele morreria.”
Também o Pai, as vezes, diz assim. Vós, ó mães compadecidas do vosso eu, não quereis vê-lo sofrer por lhe ter sido negada uma graça. Mas Deus diz: “Eu não posso. Seria isso o teu mal.” Mas chegará o dia ou virá a eternidade, na qual chega-se a dizer: “Obrigado, meu Deus por não terdes dado ouvidos à minha tolice.”
Tudo Eu disse sobre a oração, digo-o também sobre o jejum. Quando jejuardes, não fiqueis com aquele ar triste, como costumam ficar os hipócritas, que sabem desfigurar o próprio rosto, a fim de que o mundo fique sabendo e acreditando, ainda que não seja verdade, que eles estão jejuando. Também esses já receberam, com o louvor do mundo, a sua recompensa, e outra não terão. Mas, vós, quando jejuardes, tomai um ar alegre, lavai bem o vosso rosto, para que ele apareça vistoso e liso, ungi bossa barba e perfumai vossos cabelos, tende entre os lábios o sorriso dos que estão bem nutridos. Oh! Pois na verdade, não há alimento que nutra tanto como o amor! E, quem jejua com espírito de amor, de amor se nutre! Em verdade vos digo que, ainda que o mundo vos chame de “vaidosos” ou “publicanos”, o vosso Pai está vendo o vosso heróico segredo, e dele vos dará uma dupla recompensa: uma pelo jejum, e a outra, pelo sacrifício de não procurar ser louvados por causa dele.


() Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta- Vol. 3-pgs. 96 a 103)

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