NO GETSÊMANI
COM OS APÓSTOLOS
O Evangelho como me foi revelado – Maria
Valtorta – Vol. 9 – pg. 352 a 355
Já chegou a tarde, e Jesus ainda está no
olival. E lá está com os seus apóstolos. E continua a falar.
“Mais um dia já passou. Agora vem a noite, e
depois vem amanhã. Em seguida vem um outro amanhã, e depois a Ceia Pascal.”
“Onde a faremos, Senhor mau? Neste ano
estarão também as mulheres?”, pergunta Filipe.
“Mas nós não tomamos nenhuma providência, e a
cidade está cheia, além da medida. Parece que neste ano todos os de Israel, até
o prosélito mais distante, acorrerão, a fim de participarem do rito”, diz
Bartolomeu.
Jesus olha para ele e, como se estivesse
recitado um salmo, diz: “Reuni-vos, apressai-vos, acorrei de todos os lugares
para a minha vítima, que Eu imolo por vós, para a grande Vítima imolada sobre
os montes de Israel, a fim de comerdes sua Carne e beberdes o seu Sangue.”
“Mas, qual é a vítima? Qual é? Tu ficas
parecendo alguém que ficou tomado por uma ideia fixa. Tu só falas de morte... e
nos fazes sofrer”, diz, com veemência Bartolomeu.
Jesus ainda fica olhando para ele, deixando
de olhar para Simão, que está inclinado sobre Tiago de Alfeu e sobre Pedro,
conversando com eles, e dizendo: “Como? Tu ainda me perguntas? Tu não és mais
um daqueles pequeninos que, para serem ensinados, precisam receber a septiforme
luz. Tu já está douto na Escritura, antes que Eu te chamasse, por meio de
Filipe, naquela manhã de primavera. Da minha primavera. E tu ainda me perguntas
qual é a vítima imolada sobre os montes, à qual virão todos para se
alimentarem? E me chamas de louco, com uma ideia fixa, porque só falo de morte?
Oh! Bartolomeu! Como o grito que dão as escoltas, aqui estou Eu na vossa escuridão,
que nunca se abriu a luz, e lancei uma vez, duas vezes, três vezes o grito
anunciador, mas vós nunca o quisestes entender. Vós o sofrestes por um momento,
e depois... Como umas crianças, esquecestes logo as palavras sobre morte,
voltastes festivos ao vosso trabalho, certos de vós mesmos, e cheios da
esperança de que as minhas e as vossas palavras persuadissem sempre mais o
mundo a seguir e amar seu Redentor.
Não! Só depois que esta terra tiver pecado
contra Mim, e lembrai-vos que são palavras do Senhor ao seu Profeta, só depois
é que o povo, e não somente este, sozinho, mas o grande povo de Adão, começará
a gemer: “Vamos ao Senhor. Ele, que nos feriu, nos curará.” E dirá ao mundo dos
redimidos: “Daqui a dois dias, isto é, daqui a dois tempos de eternidade,
durante os quais nos terá deixado à mercê do inimigo que, com todas as armas
nos terá espancado e matado, como nós espancamos o Santo e o matamos, - e o
espancamos e matamos, porque sempre haverá Cains, que matarão, com a blasfêmia
e as más obras, ao Filho de Deus, o Redentor, disparando flechas mortais, não
sobre sua eterna e gloriosa Pessoa, mas sobre as almas deles por Ele
resgatadas, matando-as, e matando-O por isso a Ele, através de suas almas – só
depois desses tempos é que virá o terceiro dia, e ressuscitaremos em sua
presença, já no Reino de Cristo sobre a Terra, e viveremos diante dele no
triunfo do espírito. Nós o conheceremos, aprenderemos a conhecer o Senhor, para
estarmos prontos a sustentar-me diante esse conhecimento verdadeiro de Deus, a
última batalha em que Lúcifer desafiará o homem, antes que seja dado pelo Anjo
o toque da sétima trompa, pela qual se entoará o coro bem-aventurado dos Santos
de Deus, tendo eles atingido o número perfeito para sempre, nem o menor dos
pequeninos, nem o mais velho dos anciãos poderá jamais aumentar o seu número: “Terminou pobre reino da Terra. O mundo
passou, com todos os seus habitantes para a resenha do Juiz vitorioso. E os
eleitos estão agora nas mãos do Senhor nosso e do seu Cristo, e Ele é o nosso
Rei para sempre. Louvor ao Senhor Deus Onipotente, que era, que é e que será,
porque Ele assumiu o seu grande poder, e entrou na posse do seu Reino.”
Oh! Quem de vós será capaz de lembrar-se das
palavras desta profecia, que já ressoava nas palavras de Daniel, ainda com um
som velado, mas que agora e como um toque, vibra intensamente como a trompa da
voz do Sábio, diante de um mundo atônito e diante de vós, mais atônitos ainda
do que o mundo? A vinda do Rei – o mundo continuará gemendo com suas feridas, e
fechado no sepulcro, meio vivo e meio morto, fechado pelo seu vício septiforme
e por suas infinitas heresias, o agonizante espírito de um mundo fechado,
fazendo seus últimos esforços dentro do organismo, que morreu de lepra por
causa de todos os seus erros – a vinda do Rei está preparada, como a da aurora,
e virá a nós como as chuvas da primavera e do outono. A aurora é precedida e
preparada pela noite. Esta é a noite. Esta de agora. E, que é que devo fazer-te
Efraim? Que devo fazer-te, ó Judá?...
Simão, Bartolomeu, Judas e primos, vós, mais
doutos quanto ao Livro, reconhecereis estas palavras? Não são de nenhum
espírito louco, mas de alguém que possui a Sabedoria é que eles vêm. Como um
rei que abre com segurança os seus cofres, porque ele sabe onde é que está a pedra
preciosa que ele está procurando, pois ele a pôs lá dentro, assim é que Eu cito
os profetas. Eu sou a palavra. Há
séculos que Eu a falei através de lábios humanos. Mas Eu a falarei através de
lábios humanos, durante séculos. Mas tudo o que foi dito de sobrenatural é
palavra minha. Não poderia o homem, ainda que fosse o mais douto e santo,
subir, como uma águia com alma, além dos limites deste mundo cego, para colher
e dizer os mistérios eternos.
O futuro não
está presente, a não ser na Mente Divina. A estultice está naqueles que, não
soerguidos pela Nossa Vontade, pretendem fazer profecias e revelações. Deus
logo os desmente e golpeia, porque só Um é que pode dizer: “Eu sou”, e
dizer:”Eu vejo”, ou dizer: “Eu sei”. Mas, quando uma vontade que não se pode medir,
que não se pode julgar, e que a aceita de cabeça inclinada de quem diz: “Eis-me
aqui, sem discussão”, e diz também: “Vem, sobe, odeia, vê, repete”, então ela,
mergulhada no eterno presente do seu Deus, a alma chamada pelo Senhor para ser
“voz”, ela vê e treme, vê e chora, vê e jubila. Então, a alma chamada pelo
Senhor para ser “palavra”, ouve, e chegando ao êxtase ou ao suor agônico, diz
as tremendas palavras do Deus eterno. Porque cada palavra de Deus é tremenda,
tendo provindo daquele, cujo veredicto é imutável, cuja justiça é inexorável,
e, sendo voltado para os homens, entre os quais muitos são amor e bênção, e não
serem fulminados e condenados. Pois bem. Estas palavras ditas e não
consideradas bem, são a causa de tremendas culpas e de punição para aqueles
que, tendo-as ouvido, as rejeitam. E assim é.
E que é que Eu ainda devia fazer-vos, ó
Efraim, ó Judá, ó mundo, que Eu não a tenha feito? Eu vim por te amar. A minha
terra, e a minha palavra foi para ti uma espada que te mata, porque tu te
aborrece com ela? Oh! Mundo que matas o teu Salvador, pensando que está fazendo
uma coisa justa, pois a tal ponto estás satanizado, que nem compreendes mais
qual é o sacrifício que Deus exige, sacrifício do próprio pecado e não o de um
animal imolado, e consumido com a alma suja! Ora, afinal, que foi que Eu te
disse nestes três anos? Que foi que Eu preguei? Eu disse: “Procurai conhecer a
Deus em suas leis e em sua natureza.” E Eu me esgotei, como um vaso de argila
porosa, quando é colocado ao sol, ao espargir sobre vós o conhecimento vital da
Lei e de Deus. E tu continuaste a oferecer holocaustos, mas sem primeiro fazer
a única coisa necessária a imolação oferecida a Deus da tua má vontade!
Agora Deus eterno te diz, ó cidade do pecado,
ó povo infiel! E, na hora do juízo, contra ti será usado o chicote, que não
será usado em Roma e Atenas, que são uns obtusos, e não conhecem a palavra e a
Sabedoria, mas que, como umas crianças mal cuidadas pela sua nutriz, e tendo
ficado deixadas como uns animais em suas capacidades, passarem para os braços
santos da minha Igreja, a minha única e sublime esposa, da qual me serão dados
à luz inumeráveis filhos dignos de Cristo, tornar-se-ão adultas e capazes, e me
darão palácios reais e milícias, templos e santos que povoarão o Céu como umas
estrelas, e então, Deus eterno te diz: “ Não me agradas mais, e não aceitarei
nenhuma oferta de suas mãos. Vossas ofertas serão semelhantes ao esterco, e Eu
as recusarei, jogando-as para trás sobre vossas faces, e nelas elas ficarão grudadas.
As vossas solenidades todas, todas são umas exterioridades, e me causam
repugnância. Eu cancelo o pacto com a
estirpe de Aarão, e o faço com os filhos de Levi. Aí está, este é o meu Levi, e
com ele para sempre Eu fiz um pacto de vida e de paz, e ele me foi fiel nos
séculos dos séculos, até ao sacrifício. Ele teve o santo temor do Pai, e tremeu
pela sua irritação de ofendido, ao som do meu Nome ofendido. A Lei da verdade
esteve sobre a sua boca, e sobre seus lábios não houve iniqüidade, ele caminhou
comigo na paz e na equidade, e a muitos afastou do pecado. O tempo chegou no
qual em todos os lugares, e não somente sobre o único altar de Sião, sendo vós indignos
de oferecê-lo, será sacrificado e oferecida ao meu Nome a vítima pura,
imaculada, aceitável ao Senhor.”
“Estais reconhecendo estas eternas palavras?”
“Nós as estamos reconhecendo, ó Senhor nosso.
E, podes crer, ficamos abatidos, como quem tomou um solavanco. Mas, não é
possível desviar o destino?”
“Chamas a isso destino, Bartolomeu?”
“Eu não saberia dar outro nome.”
“Reparação. Este é o nome. Não se ofende ao
Senhor, sem que a ofensa seja reparada. E Deus Criador foi ofendido pelo
primeiro que foi criado. E, desde então, a ofensa foi sempre aumentando. E não
valeu a grande água do Dilúvio, nem o fogo que choveu sobre Sodoma e Gomorra,
para tornar santo o homem. Nem a água nem o fogo. A Terra é uma Sodoma sem
limites, onde passeia livre como um rei o Lúcifer. Que venha agora uma trindade
para lavá-la: o fogo do Amor, a água da dor e o Sangue da Vítima. Aí está ó
Terra, o meu dom. Eu vim para to dar. E agora, iria Eu fugir ao cumprimento? Já
é a Páscoa. Não se pode fugir.”
O EVANGELHO
COMO ME FOI REVELADO
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