“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

sexta-feira, 26 de abril de 2019

LIÇÕES SOBRE A FIGUEIRA SECA





LIÇÕES SOBRE A FIGUEIRA SECA

O Evangelho como me foi revelado – Maria Valtorta – Vol. 9 –pg. 357 a 360

1 de Abril de 1947
Estão para entrar de novo na cidade, sempre pela mesma estrada afastada que eles tomaram na manhã anterior, como se Jesus não quisesse ser rodeado pelo povo, quando estivesse esperando, antes de estar no Templo do qual Ele logo vai-se aproximando, ao entrar na cidade pela porta do Rebanho, que é perto da Probática. Mas hoje muitos dos setenta e dois já o estão esperando do lado de lá do Cedron, antes da ponte e que, não somente o estão vendo aparecer por entre as oliveiras verde-cinzentas, com suas vestes purpúreas, mas vão indo ao seu encontro.
Eles se reúnem, e vão andando para a cidade. Pedro, que vai olhando para a frente e para baixo, por causa do declive, sempre desconfiado de estar vendo algum mal intencionado, vê, no meio do frescor das últimas ladeiras, um montão de folhas murchas penduradas sobre as águas do Cedron. As folhas, enroladas e quase secas, estão aqui e ali, parecendo estarem manchadas de ferrugem, como as de uma planta que as chamas tivessem secado. De vez em quando a brisa faz que alguma delas caia e mergulhe nas águas da torrente.
“Mas esta é a figueira de ontem! A figueira que Tu amaldiçoaste”, grita Pedro, mostrando com a mão a planta seca, e fala virado para trás, dirigindo-se ao Mestre.
Todos correm para lá, menos Jesus, que vai para a frente com seu passo de costume. Os apóstolos estão narrando aos discípulos o que aconteceu antes com a arvore que eles estão vendo, e todos juntos comentam o caso, e ficam olhando assombrados para Jesus.
Jesus, então, vai para perto deles, sorri, ao observar aqueles rostos espantados e amedrontados e diz: “E, por que não? Estais assim tão maravilhados, porque pela minha palavra, tenha ficado seca uma figueira? Será que não me vistes ressuscitar os mortos, curar os leprosos, dar a vista aos cegos, multiplicar os pães, acalmar as tempestades, apagar o fogo? E ficais admirados de que uma figueira fique seca?”
“Não é pela figueira. É que ontem ela estava vegetando, quando amaldiçoaste, e agora esta seca. Olha, está quebradiça como a  argila seca. Seus ramos não têm mais medula. Olha, lá se vão como a poeira”, e Bartolomeu esfarinha por entre os dedos uns ramos que com facilidade ele quebrou.
“Não tem mais medula. Assim tu disseste. E sobrevém a morte, quando não há mais medula, e, isso seja para uma planta, como para uma nação, como sucede em uma religião, que tem, uma dura cortiça e uma folhagem inútil, uma exterioridade feroz e hipócrita. A medula branca, interna, cheia de linfa, corresponde à santidade, a espiritualidade. A cortiça dura e a folhagem inútil é a humanidade privada de vida espiritual e justa. Ai daquelas religiões que se tornam humanas, porque os seus sacerdotes e fiéis não têm mais o espírito vital. Ai daquelas nações, cujos chefes são apenas ferocidades e um ressoante clamor, privado de idéias frutíferas! Ai dos homens nos quais falta a vida do espírito!”
“Mas, se Tu tivesses que dizer isso aos grandes de Israel, ainda que o teu falar seja justo, mas não seria sábio. Não te deixes iludir, por terem eles até agora te deixado falar. Tu mesmo o dizes, que não o fazes para a conversão do coração, mas como uma medida que tomas. Fica sabendo, então, também Tu, estimar o valor e as consequências das tuas palavras. Porque existe também a sabedoria do mundo, além da sabedoria do espírito. E é preciso saber usar dela para nossa vantagem. Porque, enfim por enquanto, estamos no mundo, e não ainda no Reino de Deus”, diz Iscariotes sem azedume, mas em um tom doutrinal.
“O verdadeiro sábio é aquele que sabe ver as coisas, sem que as sombras de sua própria sensualidade e as reflexões do cálculo as alterem. Eu direi sempre a verdade do que vejo.”
“Mas, afinal, esta figueira está morta porque estiveste a amaldiçoá-la, ou um... caso... um sinal... como direi?”, pergunta Filipe.
“È tudo isso que disseste. Mas o que Eu fiz, vós também poderíeis fazer, se chegásseis a ter a fé perfeita. Tende-a, no Senhor Altíssimo. E, quando a tiverdes, em verdade, Eu vos digo que, se alguém chegar a ter a confiança perfeita na força da oração e na bondade do Senhor, poderá dizer a este monte: “Sai daqui, e joga-te ao mar”, e, se ao dizer isso, não ficardes hesitando em vosso coração, mas crendo que tudo o que ele ordena possa acontecer, tudo o que ele disse se verificará.”
“E ficaremos parecendo uns magos, e seremos apedrejados, como está dito para os que praticam a magia. Seria um milagre bem estulto, e para nosso prejuízo”, diz Iscariotes, balançando a cabeça.
“Estulto és tu, que não entendes a parábola!”, responde o outro Judas.
Jesus não fala a Judas. Ele a todos: “Eu vos digo, e é uma velha lição a que Eu repito nesta hora: seja qual for a coisa que pedirdes na oração, tende fé em obtê-la, e a obtereis. Mas, se antes de orar, tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai antes, e fazei as pazes, para terdes como amigo o vosso Pai, que está no Céu, e que tanto, tanto vos perdoa e ajuda, da manhã até à tarde, e do pôr-do-sol até a aurora.”

O EVANGELHO COMO ME FOI REVELADO – MARIA VALTORTA

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