A TARDE NO
GETSÊMANI OS APÓSTOLOS CHAMADOS À REALIDADE DEPOIS DA EBRIEDADE DO TRIUNFO
(O Evangelho como me foi Revelado – Maria
Valtorta –Vol. 9- pg. 330 a 334)
Jesus Fala:
“Depois do triunfo desta manhã, bem diferente
está o vosso espírito. Que é que Eu devo dizer? Quem é que ficou tranqüilizado?
Segundo a humanidade, ficou tranqüilizado. Pois vós, quando estáveis entrando
na cidade, estáveis tremendo por causa de minhas palavras. Parecia que cada um
estava com medo, por si próprio, dos valentões que estão do outro lado dos
muros, sempre prontos a assaltá-lo, ou fazê-lo prisioneiro.
Em cada
homem há um outro homem, que se revela nas horas de perigo. Nele há também o
herói que se revela nas horas de maior perigo, sai para fora daquele homem
manso, que todos sempre olhavam e julgavam não valer nada, o herói que, na hora
da luta, diz: “Eis-me aqui!”, e que diz ao inimigo, ao prepotente: “Vem cá! Vem
medir-te comigo”. E aí está o santo que, enquanto todos fogem aterrorizados,
diante da ferocidade dos que querem fazer vítimas, lhes diz: “Levai-me como
refém e como vítima. Eu pagarei por todos.” E aí está o cínico que das
infelicidades dos outros quer tirar um proveito para si próprio, e ainda se ri
sobre os corpos mortos das vítimas. Aí está o traidor que tem uma coragem, que
é própria dele: a de fazer o mal, o traidor, que é como um amálgama do cínico
com o velhaco, pois este é também uma das categorias que gostam de se
manifestar nas horas dolorosas. Porque cinicamente ele tira proveito de uma
desventura e, velhacamente, passa para o partido mais forte, e ousa, contanto
que daí leve vantagem, enfrentar o desprezo dos inimigos e as maldições dos
abandonados. E, enfim, aí está e é o tipo mais comum, o do velhaco, que na hora
séria, só é capaz de ficar se queixando por ter-se dado a conhecer, como sendo
de um partido, ou seguidor de um homem, e que agora estão atingidos pela
maldição, e tem que fugir... Esse velhaco não é tão delinqüente como o cínico, nem
tão repugnante como o traidor. Mas ele mostra a imperfeição de sua natureza
espiritual. Vós... sois esses tais. Não digais que não. Eu leio em vossas
consciências.
Esta manhã, vós assim pensáveis, falando um
com o outro: Que é que nos acontecerá? Teremos que ser levados para a morte nós
também. E a parte mais baixa gemia: “E em muito alto grau.” Sim. Ter-vos-ei
enganado alguma vez? Desde as minhas primeiras palavras, Eu vos falei de
perseguição e morte. E, quando um de vós, por um excesso de admiração quis me
ver, e quis apresentar-me como um rei desta terra, sempre pobre, mesmo sendo
rei e restaurador do Reino de Israel, Eu logo corrigi aquele erro, e disse: “Eu
sou rei do espírito.” Eu ofereço privações, sacrifício e dores. Não tenho outra
coisa. Mas depois da minha e da vossa morte, na minha fé, Eu vos darei um Reino
eterno: o Reino dos Céus. Será que o que Eu vos disse foi coisa diferente? Não.
Vós dizeis que não.
E vós, então, me dizíeis também: “É só isso
que queremos. Contigo, como Tu, por Ti queremos viver e ser tratados, e
padecer. Pois, sim. Vós faláveis assim. E éreis bem sinceros. Mas era porque
somente raciocináveis como crianças, como umas crianças distraídas. Pensáveis
que para vós o seguir-me era fácil, e estáveis tão impregnados pela sensualidade,
que nem podíeis admitir que fosse verdade aquilo que Eu dizia. Vós pensáveis
assim: “Ele é o Filho de Deus. E diz isso para provar o nosso amor. Mas Ele não
poderá ser atacado pelo homem. Ele, que opera milagres, fará mais um em seu
favor!” E cada um acrescentava: “Eu não posso crer que Ele vai ser traído,
preso e morto.” Tão forte era aquela vossa fé humana no meu poder, que
chegáveis a não ter fé nas minhas palavras, a Fé verdadeira, espiritual, santa
e santificante.
“Ele que faz milagres, irá fazer também um em
favor de si próprio!” Era isso que dizíeis. Não um só, mas muitos desses
milagres Eu ainda farei. Contudo, dois deles serão tais, como a mente humana
nem pode pensar. Serão tais como somente os que acreditam no Senhor poderão
admitir. Todos os outros, nos séculos dos séculos, dirão: “É impossível!” E,
até depois da morte, Eu serei objeto de contradição para muitos.
Em uma amena manhã de primavera, Eu anunciei
do alto de um monte as diversas bem-aventuranças. Há ainda mais uma: “Bem-aventurados aqueles que saberá crer,
sem ver.” Eu já disse andando pela Palestina: “Felizes aqueles que ouvem a palavra de Deus, e a observam.” E
ainda: “Felizes daqueles que fazem a
vontade de Deus.”, e outra e mais outra Eu disse, porque na Casa de meu Pai
numerosas são as alegrias que estão esperando os Santos. Mas também esta outra
existe. Oh! Felizes daqueles que crerem
sem terem visto com os olhos corporais. Muitos santos haverá que, estando
na terra, já estarão vendo a Deus, o Deus escondido no Mistério de amor.
Mas vós, depois dos três anos que estais
comigo, ainda não chegastes a ter essa fé. E só credes naquilo que vedes. Por
isso, a partir desta manhã, depois do triunfo, dizei: “É aquilo que nós
dizíamos: Ele triunfa. E nós com Ele.” E, como passarinhos que mudam as penas
que foram arrancadas por algum malvado, vós vos pondes a voar, cheios de
alegria, seguros, livres daquele aperto que minhas palavras vos haviam posto no
coração. Ficareis mais aliviados, então, até no espírito? Não. E neste estais
ainda menos aliviados. Porque estais ainda mais despreparados para a hora que
está chegando. Vós bebestes os hosanas, como um vinho forte e agradável. E
ficais ébrio com ele. Será que um ébrio pode ser um forte? Basta a mãozinha de
um menino para fazê-lo cambalear e cair. Assim sois vós. E bastará a aparição
dos valentões para fazer-vos fugir como umas tímidas gazelas, ao verem aparecer
sobre uma das rochas do monte o focinho aguçado do chacal e, velozes como o
vento, elas se dispersam pelas solidões do deserto.
Oh! Tomai cuidado para que não morrais de uma
sede horrível sobre aquela areia ardente, que é o mundo sem Deus! Não digais,
não digais, ó meus amigos, o que diz Isaías, aludindo a esse vosso estado de
espírito falso e perigoso. Não digais: “Este homem só sabe falar de conjuras,
mas não é preciso ter-se medo, não é preciso ficar-se espantado. Não devemos
temer aquilo que Ele nos profetiza. Israel o ama. E isso nós o vimos. Quantas
vezes o tenro pé nu de um pequenino pisa nas ervas floridas do prado, colhendo
flores para levá-las à mamãe, e crê encontrar somente caules e flores e, a fim
de as levar para a mamãe, quando está quase pondo o calcanhar sobre a cabeça de
uma serpente, e leva uma mordida, e morre! As flores escondiam as serpentes.
Também esta manhã... Até nesta manhã! Eu sou o Condenado coroado de rosas!
Quanto duram as rosas? Que é que sobra depois que sua corola se despetalou?
Somente os espinhos.
Isaías o disse – serei para vós, e a vós Eu
digo que serei para o mundo santificação, mas também uma pedra de tropeço,
pedra de escândalo, um laço e uma ruína para Israel e para a Terra. Santificarei aqueles que tiverem boa
vontade e farei cair e ser reduzidos a pedaços aqueles que tiverem má vontade.
Os Anjos não dizem palavras de mentira, nem palavras de pouca duração. Eles vêm
de Deus, que é Verdade e é Eterno, e o que dizem é verdade e palavra imutável.
Eles disseram: “Paz aos homens de boa vontade”, foi quando nascia, ó Terra, o
teu Redentor. Mas, para se obter a paz que vem de Deus, isto é, a santificação
e a glória, é preciso ter “Boa Vontade”. É inútil o meu nascimento, inútil a
minha morte para aqueles que não têm essa boa-vontade. O meu vagido e o meu
estertor, o meu primeiro passo e o último, a ferida da circuncisão e a da
consumação terão sido em vão, se em vós, se nos homens não houver a boa vontade
de se redimir e se santificarem. Eu vo-lo digo: muitíssimos tropeçarão em Mim,
que estou posto como uma coluna de sustentação, e não como armadilha para o
homem, e cairão porque estão ébrios de soberba, de luxúria, de avareza, e serão
pegos na rede de seus pecados, e presos, e entregues a Satanás. Ponde estas
palavras em vossos corações e selai-as para os futuros discípulos.
Vamos. A Pedra se levanta. Demos mais um
passo para a frente. Para subirmos ao monte. Ele deve estar esplendente, lá no
cume, porque ele é Sol, é Luz e é o Oriente. E o Sol já esplende sobre os
cumes. Deve ser sobre o Monte, por que o Templo verdadeiro deve ser visto por
todo o mundo. E por Mim mesmo. Eu o edifico com a Pedra viva da minha Carne
imolada. Eu colo as partes dela com a cal feita de suor e sangue. E ficarei
sobre o meu trono, coberto com uma púrpura viva, coroado com uma coroa nova, e
aqueles que estão longe virão a Mim, trabalharão no meu Templo, ao redor dele.
Eu sou a base e o cume. Mas ao redor se tornará sempre maior, e o tamanho da
casa aumentará. Eu mesmo é que trabalharei as minhas pedras, e formarei os meus
operários. Como Eu fui tratado pelo Pai e pelo homem e pelo ódio trabalhado a
cinzel, assim Eu também os trabalharei. E, então, em um só dia terá sido tirada
a iniqüidade da Terra e sobre a pedra do Sacerdote para sempre se voltarão os
olhos, a fim de verem a Deus, e desembocarão as sete fontes, para vencerem o
fogo de Satanás.
Satanás... Judas, vamos. E lembra-te de que o
tempo urge, e que na noite de quinta feira deve ser entregue o Cordeiro.”
O EVANGELHO COMO ME FOI REVELADO – MARIA VALTORTA
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