JESUS FALA
AOS APÓSTOLOS SOBRE SUA PAIXÃO IMINENTE
(O Evangelho
como me foi Revelado – Maria Valtorta – Vol. 9- pgs. 310 à 315)
“Eu mandei para a frente as mulheres, pois Eu
quero falar a vós sozinhos. Nos primeiros tempos em que Eu estava convosco, Eu
vos disse: “Não perturbeis à Mãe, contando más ações feitas contra seu Filho.”
Pareciam ações muito graves aquelas... Agora, vós três sois testemunhas das
ações que foram o começo de uma série, com a qual será levado à morte o Filho
do Homem, - tu, João, tu Simão e tu, Judas de Keriot – bem podeis estar vendo
como as primeiras eram como uns grãos de areia que estavam caindo do alto, em
comparação com a grande pedra, com as grandes pedras que agora já estão sendo
usadas. Mas, naquele tempo, o que havia em vós, e, Mim e em minha Mãe era uma
falta de preparação para conhecer a maldade humana. Tanto no bem, como no mal.
É isto. O homem não chega a ser bom ou mau de repente. Mas sobe ou desce, pouco
a pouco. O mesmo acontece com a dor. Agora vós que sois bons, crescestes no
Bem, e podeis verificar, sem vos escandalizardes, como teria acontecido naquele
tempo, e que ponto de perversidade pode descer o homem que se insataniza, e
como Eu e minha Mãe o vemos e podemos suportar, sem com isso morrermos, apesar de
toda dor que nos causa o homem. Temos agora a nossa alma robustecida. Todos
nós. No Bem, no Mal ou na Dor. Contudo, ainda não chegamos ao cume... Ainda não
chegamos ao cume... Oh! Se soubésseis qual é e como é alto o cume do Bem, o do
Mal e o da Dor! Mas Eu vos repito as palavras daquele tempo. Não repitais para
a Mãe o que o Filho do Homem está para dizer-vos. Ela sofrerá demais. Aquele
que deve ser morto bebe a piedosa mistura que atordoa, a fim de poder esperar,
sem ficar tremendo a cada instante, a hora do suplício. O vosso silêncio será
como a bebida piedosa para Ela, a Mãe do Redentor! Agora Eu quero, a fim de que
nada fique escuro para vós, explicar-vos o que significam as profecias. E vos
peço que fiqueis comigo, pois Eu quero ficar convosco. Eu sinto necessidade de
não ficar sozinho.”
...”Eu quero nesta hora, que ainda me é dada,
aperfeiçoar o conhecimento de Cristo em vós. No começo, com o João, o Simão e o
Judas, Eu fiz que se conhecesse a Verdade das profecias a respeito do meu
nascimento. As profecias me anunciaram como melhor não o poderia pintar nem o
mais exímio dos pintores, desde o meu alvorecer, até o fim dos meus dias. Pois
o alvorecer, e o fim de cada dia são as duas fases às quais deram mais destaque
os profetas. Agora o Cristo que desceu do Céu, o Justo que as nuvens deixaram
chover sobre a terra, o Rebento sublime, está para ser morto. Está como um
cedro a ser espedaçado pelo raio. Falemos agora de sua morte. Não fiqueis
suspirando, nem balançando a cabeça. Não fiqueis murmurando em vosso coração,
não maldigais os homens. Isso nada adianta.
Nós estamos subindo para Jerusalém. A Páscoa
já está próxima. Este será para vós o primeiro dos meses do ano. Este será para
o mundo o princípio de um novo tempo. Que não cessará nunca mais. Inutilmente,
de vez em quando, o homem procurara inventar um tempo novo, tendo o nome de um
ídolo deles. Serão fulminados e castigados. Não existe mais do que um Deus no
Céu e um Messias sobre a terra: o Filho de Deus, Jesus de Nazaré. Ele, visto
que de si Ele tudo dá, tudo pode querer, e põe o seu selo real, não sobre
aquilo que é carne, mas sobre o que é tempo e espírito.
No décimo dia deste mês, cada um tome um
cordeiro por família e por casa. E, se não bastar o número das pessoas da casa
para consumar o cordeiro, que ele chame o vizinho com os seus, até o número que
seja capaz de consumir todo o cordeiro. Porque o sacrifício e a vítima devem
ser completas e consumados. Nem uma migalha deve sobrar deles. E não sobrará.
São muitos demais aqueles que desejam alimentar-se com o cordeiro. É um número
sem limites, para um banquete também ilimitado no tempo, e não é preciso
fazer-se fogo para consumir os restos, porque restos não há. Aquelas partes que
tiverem sido oferecidas, e forem rejeitadas pelo ódio, serão consumidas pelo
próprio fogo da vítima, isto é, por seu amor.
Eu vos amo ó homens. E vós, meus doze amigos,
que Eu mesmo escolhi, vós nos quais estão as doze tribos de Israel, e vós, as
treze veias da Humanidade. Tudo Eu reuni em vós, e tudo em vós Eu vejo reunido...
Tudo.”
“Mas nas veias do corpo de Adão está também a
de Caim. Nenhum de nós levantou a mão contra seu companheiro. Abel, onde está
então?, pergunta Iscariotes.
“Tu o disseste. Nas veias do corpo de Adão
está também a de Caim. E o Abel sou Eu, o doce Abel, pastor de rebanhos,
agradável ao Senhor, porque oferecia as suas primícias ao Senhor, o que era sem
imperfeição, pois entre todas as ofertas, oferecia-se antes a si mesmo. Eu vos
amo, ó homens. Ainda que não me ameis, Eu vos amo. O Amor é que aumenta e
completa a obra dos sacrificadores.
Que o cordeiro seja sem mancha, macho e de um
ano. Não há tempo para o Cordeiro de Deus. Ele existe. Igualmente no último
dia. E existe igualmente no último dia, como existia no primeiro desta Terra.
Aquele que é como o Pai, não conhece em sua natureza divina o que é o
envelhecimento. E sua pessoa conhece apenas uma velhice, apenas um cansaço, e é
para muitos a desilusão por terem vindo em vão.
Quando souberdes como Eu fui morto, e os
outros que virem seu Senhor transformado em um leproso, coberto de chagas,
agora estão brilhando com seu pranto ao meu lado, e já não vêem mais esta bela
colina, porque o pranto os cega com sua líquida viseira, então dizeis: “Não é
disso que Ele morreu, mas por ter sido desconhecido pelos seus mais queridos, e
rejeitado por grande parte da humanidade.” Mas, se o Filho de Deus não tem
tempo, e por isso Ele é diferente do cordeiro ritual, contudo nisso é igual a
Ele, porque é sem mancha, é do sexo masculino e consagrado ao Senhor. Sim.
Inutilmente é que os verdugos, isto é, aqueles que me matarão com suas armas,
ou por sua vontade ou por traição, quererão se desculpar, dizendo: “Ele era
culpado.” Ninguém se for sincero, poderá acusar-me de pecado. Será que vós o
podeis?
Estamos na frente da morte. Eu já o estou. E
há outros que também o estão. Quem são eles? Não queres saber quem são, Pedro?
Todos. A morte vem chegando, pouco a pouco, e arrebata a quem menos a espera.
Mas também aqueles que tem ainda muita vida pela frente, de uma hora para outra,
estão diante da morte, pois o tempo é como um relâmpago, em comparação com a
eternidade, e porque na hora da morte, até a mais longa das vidas se reduz a
nada, e as ações dezenas e dezenas de anos que já ficaram para trás, desde
aqueles da primeira idade, voltam agora, em grande número para dizerem: “Eis,
ontem mesmo estava fazendo isso.” Ontem! Sempre se fala de ontem, quando a
gente morre! E sempre é pó tanto a honra como o ouro, pelos quais tanto sofreu
a criatura! E perde todo o sabor o fruto, atrás do qual corremos, como uns
loucos. Ontem! É sempre ontem, quando se morre. A mulher? A bolsa? A ciência?
Que foi que sobrou? Nada! Somente a consciência e o Juízo de Deus, para diante
do qual vai a pobre consciência, desamparada pelas proteções humanas e pelas
riquezas e carregada somente com as obras que houver praticado.
“Apanhem o seu sangue, e ponham parte dele
sobre os umbrais e a arquitrave. E o Anjo, em sua passagem não ferirá as casas
nas quais estiver o sinal do sangue. Apanhai o meu sangue. Ponde-o não sobre as
pedras mortas, mas sobre o coração morto. É uma nova circuncisão. Eu não
ofereço sacrifício com as partes inúteis, mas corto a minha magnífica, sadia e
pura virilidade, e faço dela um completo sacrifício, e também dos membros
mutilados, das veias abertas, e tomo o meu sangue, para traçar com ele sobre a
humanidade anéis de salvação, anéis de eternos esponsais com Deus, que está nos
Céus, com o Pai que me espera, e lhe digo: “Eis ai! Agora não podes mais
rejeitá-los, porque rejeitarias o teu sangue.”
E Moisés disse: “...E depois mergulhai um
pequeno maço de hissopo no sangue e aspergi com ele os umbrais.” Então, será
que não basta o sangue? Não basta. Ao meu sangue deve se ajuntar o vosso
arrependimento. Sem arrependimento, um arrependimento amargo, mas salutar,
inutilmente Eu terei morrido por vós.
Esta é a primeira palavra que no livro fala
do Cordeiro Redentor. Mas o Livro está espargido por ela. Assim como a cada
novo surgir do Sol, mais perfeita se vai tornando a florescência destes ramos,
assim, pouco a pouco, à medida que cada ano sucede aos que já passaram e se
aproxima do tempo da Redenção, pode-se já ver como espessa já se vai tornando a
florescência.
E Eu agora com Zacarias, vos digo a vós e
para Jerusalém: “Eis que o Rei vem, cheio de mansidão, cavalgando uma jumenta
acompanhada pelo jumentinho. Ele é pobre.” Mas Ele arruinará os poderosos que
oprimem o homem. Ele é manso, e, no entanto, o seu braço levantado para
abençoar, vencerá o demônio e a morte. Ele anunciará a paz, pois Ele é o Rei da
Paz. “Ele quando estiver pregado, estenderá o seu domínio de um até o outro
mar.” Ele não grita nem despedaça, não apaga a chama de quem tem mais fumaça do
que luz, daquele que é mais fraqueza do que força, daquele que merece a
verdade. “O teu Messias, ó cidade de Sião, o teu Messias, ó povo do Senhor, o
teu Messias, ó povo da Terra.”
“Sem ficar triste, nem turbulento”, e vós
estais vendo como em Mim não há aquela tristeza, cheia de desgostos, do
vencido, nem aquela odiosa do perverso, mas somente a seriedade de quem está
vendo até que ponto pode chegar o possuído por Satanás, que está no homem, e
vedes como podendo Eu o fazer virar cinza, e isso, só com um ato de minha
vontade, Eu, durante estes três anos vim estendendo as mãos, em um gesto de
amor, a todos, sem parar, e agora estas minhas mãos terão que se estender para
serem feridas! “Sem ser triste ou turbulento, Eu chegarei a estabelecer o meu
Reino. É o Reino de Cristo, ao qual está a salvação do mundo.
Diz-me o Pai, o Senhor Eterno: “Eu te chamei,
te tomei pela mão, fiz de Ti a Aliança entre os povos de Deus, e te fiz Luz das
nações!” E Luz Eu tenho sido. Luz para abrir os olhos dos cegos, palavra para
dar fala aos surdos, chave para abrir os cárceres subterrâneos daqueles que
estavam nas trevas do erro.
E agora Eu que sou tudo isso, vou morrer.
Entro na escuridão da morte. Da morte, entendeis?... As primeiras coisas
anunciadas, eis que estão se cumprindo, digo Eu também com o Profeta. As
outras, Eu vô-las darei, antes que o demônio nos separe.
Eis Sião, lá no fundo. Ide pegar a jumenta e
o jumentinho. Dizei ao homem: “O Rabi Jesus precisa deles.” E dizei a minha Mãe
que Eu estou chegando. Ela está sobre aquele outeiro, com as Marias. Está me
esperando. É o meu triunfo humano... Que seja também o triunfo dela. Sempre
unidos. Oh! Unidos!
E quem é que
tem um coração de hiena, a qual, com um golpe de sua pata cheia de garras,
arranca o coração do coração materno, isto é, a Mim, que sou seu Filho? Será um
homem? Não. Todo homem nasce de uma mulher. E, por uma reflexão instintiva e
moral, ele não pode tornar-se feroz para com uma mãe, porque pensa na sua.
Portanto o homem não o é. Quem então será? Um demônio? Mas será que um demônio
ofende a Vencedora? Para ofendê-la precisa tocar nela. Mas Satanás não suporta
a Luz virginal da Rosa de Deus. E então? Quem vós direis que será? Não dizeis
nada? Eu, na hora, o direi, o demônio mais astuto se encarnou no homem mais
corrompido e, como o veneno contido nos dentes da áspide, fica fechado nele,
que pode aproximar-se da Mulher, e assim, traiçoeiramente mordê-la.
Maldito seja
o monstro híbrido que é Satanás, e que é o homem! Eu o amaldiçôo? Não. Esta
palavra não fica para o Redentor. E, então, Eu digo à alma desse monstro
hibrido, o que Eu disse em Jerusalém à monstruosa cidade de Deus e de Satanás:
“Oh! Se nesta hora, que ainda te é dada, tu soubesses ver o teu Salvador!” Não
há Amor maior do que o meu! E não há maior poder! Até o Pai consente que Eu lhe
diga: “Eu quero”, nem Eu sei dizer palavras que não sejam de piedade para com
aqueles que caíram e que me estendem seus braços, lá do seu abismo.
Ó alma do
maior dos pecadores, o teu Salvador, perto já das soleiras da morte, se inclina
sobre o teu abismo, e te convida a que lhe dês a mão. É verdade que não
impedirás a minha morte... Mas tu... te salvarias, tu a quem Eu ainda amo, e a
alma do teu amigo não tremeria de horror, ao pensar em morrer e com uma morte
destas...”
Jesus se
cala... Está oprimido...
O EVANGELHO
COMO ME FOI REVELADO – MARIA VALTORTA
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