PARÁBOLA DO
TECIDO RASGADO
(O Evangelho como me foi revelado – Maria
Valtorta – Vol. 9-pgs.112,113 e 114)
“Eu comparo a alma a um tecido. Quando ela é
infundida no homem nova e sem rasgões, só tem a mancha original, mas não tem
feridas em sua estrutura, nem outras manchas, nada de puído. Depois, com o
tempo, e com a acolhida dada aos vícios, ela vai-se consumindo, até chegar ao
ponto em que se rompe pelas imprudências, e se mancha, e pelas desordens fica
ferida. E então, quando fica lacerada, não é preciso fazer-se para ela um
remendo mal feito, que dá origem a mais numerosos rasgões, mas, sim, um remendo
suficientemente longo, capaz de anular, quanto possível, a ruína que foi feita.
E, se o tecido estiver rasgado demais, se estiver rasgado até o ponto de ter
perdido um pedaço, não se deve com soberba pretender anular por si mesmo a ruína, mas é preciso ir a Quem
pode tornar novamente inteira a alma, porque tudo lhe foi concedido fazer, tudo
Ele pode fazer. Eu falo de Deus, meu Pai, e do Salvador, que sou Eu. Mas o
orgulho do homem é tal, que maior é a ruína de sua alma e ele procura
remendá-la com remédios incompletos, que vão criando um mal-estar sempre maior.
Poder-me-íeis objetar que um rasgão sempre se
verá. Até a Salomé já o disse. Sim,
ver-se-ão sempre as feridas que uma alma recebeu. Mas a alma luta em sua
batalha, e, por isso, é muito possível que seja ferida. Pois muitos são os
inimigos que ela tem ao redor de si. Mas ninguém, ao ver um homem coberto de
cicatrizes, sinais de outras tantas gloriosas feridas recebidas na batalha para
conseguir a vitória, pode dizer: “Este homem é imundo”, mas dirá: “Este homem é
um herói. Aí estão os sinais purpúreos do seu valor.” Nunca se verá um soldado
que evite os curativos de uma gloriosa ferida. Pelo contrário, ele vai ao
médico, e lhe diz com um santo orgulho: “Eis-me aqui. Eu combati e venci. Não
me poupei, como estás vendo. Agora, cura-me, á fim de que eu esteja pronto para
outras batalhas e vitórias.” Mas, ao contrário, aquele que está todo chagado
com doenças imundas, que lhe foram causadas pelos vícios infames, se envergonha
de suas chagas, diante dos familiares e amigos, e até diante dos médicos, e ás
vezes se torna tão desvairado, que as conserva escondidas, até que o seu fedor
as revele. Mas nesse ponto já é muito tarde para buscar cura. Os humildes são
sempre sinceros, e também são valorosos, pois não precisam envergonhar-se das
feridas provenientes da luta. Os soberbos são sempre mentirosos e vis por seu
orgulho, até morrerem, sem terem querido ir a quem pode curá-los e dizer-lhe: “Pai,
eu pequei. Mas, se quiseres podes curar-me”. Muitas são as almas que pelo
orgulho não querem confessar uma culpa inicial e chegam assim à morte. E,
então, também para elas sua chegada já é tarde demais. Não refletem como a
misericórdia divina é mais poderosa e ampla do que qualquer gangrena, por mais
forte e ampla que ela seja e que tudo pode ser recuperado. Mas elas, as almas
dos orgulhosos, quando caem em desespero, pois elas estão sem Deus, e dizem: “Já
é tarde demais, e dão a si mesmos a última morte, a condenação."
(O Evangelho como me foi revelado – Maria Valtorta)
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