MAIS UMA DAS
MUITAS TENTATIVAS DE JESUS PARA REDIMIR JUDAS
O Evangelho como me foi revelado – Maria
Valtorta – Vol. 9 – Pg. 183 a 187
...”Estás vendo Judas, como é fácil morrer.
Estejamos sempre de atalaia, pois a morte está ao redor de nós. Estás vendo
como o que parece de pouca importância, quando estamos cheios de vida, torna-se
muito importante, gravemente importante, quando a morte se aproxima de nós.
Mas, porque queres ter esses medos, e ficar criando-os para ficar com eles no
momento de morrer, quando, com uma vida santa, se pode ignorar o que seria o
espanto do próximo julgamento feito por Deus? Não te parece que é melhor para
ti viver como os justos, para teres uma morte tranqüila? Judas, meu amigo. A
divina e paterna misericórdia permitiu esse acontecimento, a fim de que ele
fosse um alerta para o teu coração. Ainda estás em tempo, Judas... Por que não
queres dar ao teu Mestre, que está para morrer, a grande alegria de saber que
te voltaste para o bem?”
“Mas, me podes perdoar ainda, Jesus?”
“E Eu te falaria assim, se Eu não pudesse?
Conheces-me ainda bem pouco! Mas Eu te conheço. Eu sei que tu estás como quem
foi agarrado por um polvo gigante. Mas, se tu quisesses ainda poderias
livrar-te dele! Oh! Sofrerias certamente. Tirar as correntes que te mordem e
envenenam seria uma dor... Mas depois, quanta alegria, Judas! Tens medo de não
teres força para reagir contra os que te sugestionam? Eu posso absorver-te
antecipadamente do pecado de transgressão do rito pascal... Tu és um doente.
Para os doentes a Páscoa não é obrigatória. Ora, ninguém há mais doente do que
tu, acredita Judas, que o comparecimento diante do Senhor, com o espírito
imundo, como o tens agora, não é honrar ao Senhor, mas ofendê-lo. É preciso
primeiro...”
“Porque, então, não me purificas e curas?”...
“Eu não te curo! Quando alguém está doente,
procura por si mesmo a cura. A não ser que ele seja um menininho, ou um doido,
que não sabem querer...”
“Trata-me como um desses. Trata-me como um
doido, e toma Tu as providências, ainda que eu não o esteja sabendo.”
“Isso não seria justo, porque tu podes
querer. Tu sabes o que é bom e o que é mau para ti. E não valeria o meu ato de
curar-te, sem a tua vontade de permanecer curado.”
“Então dá-me esta também.”
“Dá-la a ti? Impor a ti uma vontade boa? E a
tua liberdade? Que é que ela se tornaria, então? Que é que ficaria valendo o
teu eu de homem, como criatura livre? Seria um brinquedo?”
“Assim como sou brinquedo nas mãos de
Satanás, poderia sê-lo nas mãos de Deus!”
“Como tu me feres, Judas! Como me transpassas
o coração! Mas disso que me fazes Eu te perdôo... Brinquedo de Satanás, tu
disseste. Eu não diria uma coisa tão horrível...”
“Mas pensavas nela, porque é verdadeira, e
porque Tu a conheces, se é verdade que Tu lês nos corações dos homens. Se assim
é, Tu sabes que eu não sou mais livre por mim mesmo... Ele me prende e ...”
“Não. Ele
não se aproximou de ti tentando-te, experimentando-te, e tu o acolheste. Não
existe possessão, se não houver no irmão alguma adesão a qualquer tentação de
Satanás. A Serpente intromete a cabeça por entre as barreiras fincadas e
colocadas em defesa dos corações, mas ela não entraria, se o homem não lhe
alargasse uma passagem para ela ir admirar seu aspecto sedutor, e para ouvi-la
e seguir seus passos. Se isto é que o homem é: um súcubo, um possesso, mas
porque ele quer. Também Deus emite dos Céus suas dulcíssimas luzes, as do seu
amor paterno, e suas luzes penetram em nós. Ou melhor, para quem tudo é
possível, desce aos corações dos homens. É um seu direito. Por que é, então,
que o homem, que sabe tornar-se escravo, súcubo do Horrendo, não sabe fazer-se
servo de Deus, ou melhor, filho de Deus, e expulsa seu Pai Santíssimo? Não me
respondes? Não me dizes porque foi que preferiste Satanás a Deus? Contudo ainda
estarias sem tempo para te salvares! Tu sabes que Eu vou morrer. Ninguém, como
tu, sabe disso... Eu não me recuso a morrer. Eu vou. Vou para a morte, porque a
minha morte será a vida para muitos. Por que não queres tu ser um deles? Será
que para ti, meu amigo, meu pobre e doente amigo, é que será inútil a minha
norte?”
“Será inútil para muitos, não te iludas.
Farias melhor, se fugisses e fosses viver longe daqui, gozar a vida, ensinar a
tua doutrina, porque é boa, mas não te sacrificares.”
“Ensinar a minha doutrina! Mas que é que Eu
ensinaria de mais verdadeiro, se Eu fizesse o contrário do que Eu ensino? Que
Mestre Eu seria, se pregasse a obediência à vontade de Deus, e não a cumprisse,
o amor aos homens, e depois não os amasse, a renúncia à carne e ao mundo e não dar
escândalo, e depois escandalizasse, não somente os homens, mas até os anjos, e
assim por diante? Por meio de ti foi o
Satanás que falou neste momento. Como ele falou em Efraim, e como muitas vezes
falou e agiu, por meio de ti, para me perturbar. Eu reconheço todas essas ações
de Satanás, levadas a efeito por meio de ti, e Eu não te odiei, não fiquei
cansado contigo, mas somente senti uma pena infinita. Como uma mãe que
vigia os progressos de uma doença, que vai levando para a morte o seu filho,
assim Eu vim observando o progresso que o mal vinha fazendo em ti. Como um pai
que não toma como incômodo coisa alguma, contanto que encontre os remédios para
o seu filho doente, assim Eu não me poupei a nada, a fim de procurar salvar-te;
superei a repugnância, os desprezos, as amarguras, os desconfortos... Como um
pai e uma mãe desolados, desiludidos com todos os recursos humanos, e que se
voltam para o Céu para obterem a vida de seu filho, assim Eu tenho gemido, e
gemo, implorando um milagre que te salve, estando tu já á beira do abismo, que
já está tirando a terra debaixo dos teus pés, Judas, olha para Mim. Daqui a
pouco o meu sangue será derramado pelos pecados dos homens. Dele não restará
nem uma gota. Beberão dele as covas, as pedras, as ervas, as cordas, os espinhos
de nabacá... e o beberão os espíritos que esperam a salvação... Será que só tu
é que não queres beber? Eu, para ti somente daria todo o meu sangue. Tu és o
meu amigo. E de boa vontade se morre pelo amigo! Para salvá-lo como dizem. Eu
morro, mas Eu continuarei a viver no amigo, para salvá-lo. Dizem: “Eu morro.
Mas Eu continuarei a viver no amigo, ao qual Eu dei a minha vida. Como uma mãe,
como um pai, que continuam a viver em sua prole, mesmo depois de já terem
morrido. Judas, Eu te suplico isto. Não peço outra coisa, nas vésperas de minha
morte. Ao condenado também os juízes, e até os seus inimigos costumam conceder
uma última graça, atendem ao último desejo dele. Eu te peço que não te
condenes. Não o peço somente ao Céu, mas a ti, á tua vontade. Pensa em tua mãe,
Judas. Que será de tua mãe, depois? Como ficará o nome de tua família? Eu pelo
ao teu orgulho, pois ele é que está mais feroz do que nunca, e não quer
defender-te para livrar-te da desonra. Não
te desonres, Judas. Pensa. Passarão os anos e os séculos, cairão os reinos e os
impérios, diminuirá o brilho das estrelas, mudará a configuração da terra, e tu
serás sempre Judas, como Caim é sempre o Caim, se tu persistires no teu pecado.
Os séculos chegarão ao fim, e só ficarão o Paraíso e o Inferno, e no Paraíso e
no Inferno, para os homens que ressuscitaram julgados merecedores de ficar de
alma e corpo para sempre, lá onde for justo que fiquem, tu estarás para sempre
como Judas, o maldito, o maior dos culpados, se não te arrependeres. Eu
descerei para livrar os espíritos do Limbo, e os tirarei em grande número do
Purgatório, e tu... A ti, do lugar para onde tiveres ido não poderei tirar-te,
Judas. Eu vou morrer, mas vou feliz, porque chegou a hora que Eu esperava,
há muitos milênios, é a hora de reunir os homens com o Pai deles. Muitos serão
os que Eu não reunirei. Mas o número dos salvos, que Eu contemplarei ao morrer,
me consolará na mágoa de ter morrido inutilmente por tantos. Mas, Eu te digo,
será horrível verte entre eles, a ti, meu apóstolo, meu amigo. Não me causes
essa dor inumana... Eu te quero salvar, Judas. Salvar. Olha: nós estamos
descendo para o rio. Amanhã ao alvorecer, quando todos estiverem dormindo, nós
o atravessaremos, nós dois, e tu irás para Bozra, ou para Arbela, ou Aera, como
quiseres. Tu conheces as casas dos discípulos. Em Bozra procura Joaquim e Maria,
a leprosa que por Mim foi curada. Eu te darei um escrito para eles. Nele Eu
direi que para tua saúde precisas de um repouso tranqüilo e de um ar puro. É
verdade, infelizmente, porque tu estás doente no espírito, e o ar de Jerusalém
te faria mal. Mas eles entenderão que tu estás doente de corpo. Ficarás lá,
enquanto Eu não for buscar. Quanto aos teus pensamentos, Eu pensarei neles. Mas
não vás a Jerusalém. Estás vendo? Eu não quis as mulheres, com exceção das mais
fortes entre elas e as que, pelo seu direito de mães, devem estar perto de seus
filhos.”
“A minha também?”
“Não. Ela não estará em Jerusalém.”
“Ela também é mãe de um apóstolo, e sempre te
prestou honras.”
“Sim. Ela tem o direito, como as outras, de
estar perto de Mim, que ela ama com uma perfeita justiça. Mas, justamente por
isso, ela não estará lá. Porque Eu lhe disse que não estivesse, e ela sabe
obedecer.”
“Por que é que ela não deve estar lá? Haverá
alguma coisa nela que a torne diferente da mãe dos teus irmãos e da dos filhos
de Zebedeu?”
“Tu sabes porque é que digo isso. Mas, se tu
me dás ouvidos, se vais a Bozra, Eu mandarei avisar à tua mãe, e falarei a ela
que vá contigo, para que ela, que é tão boa, te ajude a ficar são. Podes crer. Só nós é que amamos assim, sem
medida. Três são os que te amam no Céu: O Pai, o Filho e o Espírito Santo, que
olharam para ti e estão esperando o tua vontade para fazerem de ti a jóia
preciosa da Redenção, a presa maior, arrebatada do abismo. E outros três na
Terra: Eu, tua mãe e minha mãe. Faze-nos felizes, ó Judas. Nós do Céu, nós da
Terra somos os que te amamos com verdadeiro amor.”
“Tu me dizes: só três são os que me amam. Os
outros não.”
“Não como nós. Mas te amam muito. Eliza te
defendeu. Os outros estavam preocupados contigo. Quando tu estás longe, todos
te têm em seus corações e o teu nome nos lábios. Tu não conheces todo o amor
que te rodeia. O teu opressor te esconde. Mas, crê em minha palavra.”
“Eu creio em Ti. E procurarei que fiques
contente. Mas eu quero agir por mim mesmo. Eu errei. E agora devo saber
curar-me do mal.”
“Unicamente Deus é que pode agir por si
mesmo. Este teu pensamento é de soberba. Na soberba ainda está Satanás. Sê
humilde, Judas. Aperta esta mão amiga, que se te oferece. Refugia-te neste
coração que, para proteger-te, se abre. Aqui comigo, o Satanás não te poderá
fazer mal.”
“Eu já experimentei estar contigo... Mas fui
sempre descendo... É inútil!”
“Não digas isso! Não o digas! Repele esse
desânimo. Deus tudo pode. Abraça-te com Deus. Judas! Judas!...”
O EVANGELHO COMO ME FOI REVELADO – MARIA VALTORTA
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