“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

A CURA DOS DEZ LEPROSOS


TERCEIRO ANO DA VIDA PÚBLICA DE JESUS

A CURA DOS DEZ LEPROSOS

“Jesus! Rabi Jesus! Filho de Davi e Senhor nosso, tem piedade de nós.”
“São leprosos! Vamos Mestre, senão o povoado virá correndo e nos deterá em suas casas”, dizem os Apóstolos.
Mas os leprosos levam a vantagem, de já estarem mais na frente do que eles, a certa altura acima da estrada, a pouco menos de uns cento e cinqüenta metros do povoado, e descem, andando com dificuldade, e procurando correr até Jesus, repetindo sempre aquele grito.
“Vamos entrar no povoado, Mestre. Eles lá não podem entrar”, dizem alguns dos Apóstolos, mas outros discordam: “Já as mulheres estão aparecendo nas janelas para olhar. Se nós entrarmos, nos livraremos dos leprosos, mas não de sermos conhecidos e detidos.”
E, enquanto estão na incerteza do que fazer, os leprosos vão ficando sempre mais perto de Jesus que, sem dar atenção aos “mas”, e aos seus Apóstolos, foi continuando por sua estrada. E os Apóstolos se resignam a acompanhá-lo, enquanto as mulheres, com os meninos agarrados às suas saias, e um ou outro homem de idade, que ficou no povoado, aproximam-se para ver, ficando a uma prudente distância dos leprosos, que vão parar a alguns metros de Jesus, e continuam suplicando-lhe: “Jesus, tem piedade de nós.”
Jesus os observa por um instante, depois, sem aproximar-se deste grupo de sofredores, pergunta: “Sois deste povoado.”
“Não, Mestre. Somos de diferentes lugares. Mas aquele monte onde estamos, do outro lado, está virado para a estrada, que vai para Jericó, e aquele lugar é bom para nós.”
“Ide, então, ao lugarejo que fica perto do vosso monte, e mostrai-vos aos sacerdotes.”
E Jesus continua a caminhar, começando a andar pela beira da estrada, a fim de não tocar nos leprosos, que o vêem indo aproximando-se deles, sem terem mais do que um olhar cheio de esperança em seus pobres olhos doentes. E Jesus, tendo chegado à altura deles, levanta a mão para abençoá-los. As pessoas do povoado, decepcionadas, voltam para suas casas. Os leprosos sobem de novo pelo monte, a fim de se dirigirem para a gruta ou para a estrada que vai para Jericó.
“Fizeste bem em não curá-los. Não teriam mais deixado que fôssemos para a frente os habitantes do povoado.”
“Sim, e seria preciso chegarmos a Efraim antes da noite.”
Jesus vai caminhando e guardando silêncio. O povoado já vai desaparecendo de sua vista, por causa das curvas da estrada, que é muito sinuosa, devido aos caprichos do monte, no qual ela foi traçada.
Mas uma voz chega até eles: “Louvor ao Deus Altíssimo e ao verdadeiro Messias. Nele está todo o poder, sabedoria e piedade! Louvor ao Deus Altíssimo que nele nos concedeu a paz. Louvai-o, homens todos dos povoados da Judéia e da Samaria, da Galiléia e do Além-Jordão. Até as neves do altíssimo Hermon, até às ardentes pedreiras da Iduméia, até às areias molhadas pelas ondas do Mar Grande, ressoem os louvores ao Altíssimo e ao seu Cristo. Eis que está cumprida a profecia de Balaão. A Estrela de Jacó brilha sobre o céu reintegrado da Pátria, de novo unida pelo verdadeiro Pastor. Eis também cumpridas as promessas feitas aos patriarcas. Eis a palavra de Elias, que nos amou. Ouvi-a, ó povos da Palestina, e compreendei-a. Não se deve mais ficar claudicando, dos dois lados, mas deve-se escolher, por meio da luz espiritual e, se a intenção for reta, então se escolherá bem. Isto é o que o Senhor ensina. Segui-o! Ah! Como temos sido castigados até agora, porque não nos esforçamos para compreender! O homem de Deus amaldiçoou o falso altar, profetizando: “Eis que nascerá da Casa de Davi um filho chamado Josué, o qual imolará o altar e queimará os ossos de Adão. E, então, o altar se abrirá até as vísceras da Terra, e as cinzas da imolação se espalharão para o norte e o sul, para o oriente e para o lado do ocaso do sol.” Não queirais fazer como o estulto Ocosias, que mandava consultar o deus de Acaron, enquanto o Altíssimo estava em Israel. Não queiras ser menos do que a mula de Balaão, a qual, pela atenção prestada por ele ao espírito de luz, teria merecido a vida, enquanto teria caído ferido o profeta, que não via. Eis a Luz que passa pelo meio de nós. Abri os olhos, ó cegos de espírito, e vede”.
E um dos leprosos os acompanha sempre mais de perto pela estrada mestra à qual já chegaram, e está mostrando Jesus aos peregrinos.
Os Apóstolos, depois de se terem enxugado, tornam a ir duas ou três vezes ao leproso, que já está perfeitamente curado, intimando-o a calar-se. E quase que até o ameaçam, na última vez. Mas, ele, deixando por um momento de ficar levantando a voz, para falar a todos, responde: “E que quereis? Que eu não dê glória a Deus pelas grandes coisas que Ele me fez? Quereis que eu não o bendiga?”
“Bendize-o em teu coração, e cala a boca!”, respondem-lhe eles com impaciência.
“Não, eu não posso calar-me. Deus vai pondo as palavras em minha boca”, e recomeça a dizer em voz alta: “Pessoas dos dois lugares da divisa, pessoas que estais passando por acaso, parai aí para adorardes Aquele que reinará em nome do Senhor. Eu me ria por estar dizendo tantas palavras. Mas agora eu as repito, porque vejo que elas se cumpriram. Vede como estão em movimento todos ao povos para virem jubilosos até o Senhor, pelos caminhos do mar e dos desertos, pelas colinas e pelos montes. E também nós, um povo que tem vindo a caminhar pelo meio das trevas, iremos para a grande Luz que surgiu para a vida, saindo da região da morte. Lobos, leões e leopardos era o que nós éramos, mas nós renascemos no Espírito do Senhor, e nos amaremos nele à sombra do Rebento de Jessé, que se tornou um cedro, sob o qual acampam as nações reunidas por Ele nos quatro pontos da terra. Eis que aí vem o dia no qual o ciúme de Efraim terminará, porque não existe mais Israel e Judá, mas um Reino só: o do Cristo do Senhor. Eis que eu canto os louvores do Senhor que me salvou e consolou. Eis que eu digo: louvai-o, e vinde beber a salvação na fonte do Salvador. Hosana! Hosana às grandes coisas que Ele faz! Hosana ao Altíssimo, que colocou no meio dos homens o seu Espírito, revestido de carne, para que se tornasse o Redentor!”
É inexaurível. O número de pessoas aumenta, se alegra, e entulha a estrada. Quem estava atrás corre para a frente, quem estava adiante volta para trás. Aqueles que vieram de algum pequeno povoado, perto do qual já estão, unem-se aos que vão passando.
“Mas, Senhor, faze que ele se cale. Ele é samaritano. Assim está dizendo o povo. Ele não deve falar quem és, se Tu nem a nós permites que vamos à tua frente falando quem és”, dizem, inquietos, os Apóstolos.
“Meus amigos, Eu vos repito as palavras de Moisés a Josué, filho de Num, que se estava lamentando, porque Eldad e Medad estavam profetizando nos acampamentos: “Estás ciumento por mim, em meu lugar? Oh! Se assim profetizasse todo o povo, e o Senhor desse a todos o seu espírito!” Contudo eu pararei, e o despedirei, para contentar-vos.”
E Jesus para, e chama a si o leproso curado, que se aproxima, e se prostra aos pés de Jesus, beijando o pó.
“Levanta-te. E os outros, onde estão? Não éreis dez? Os outros nove não sentiram a necessidade de agradecer ao Senhor. Entre os dez leprosos, dos quais só um era samaritano, não se achou outro, sendo este estrangeiro, que julgasse ser seu dever voltar atrás para dar glória a Deus, antes de ir reintegrar-se na vida e na família. Ele é chamado de samaritano”. Não são mais uns bêbados os samaritanos, porque agora eles vêem, sem se enganarem, e correm pela estrada da Salvação sem vacilações. Portanto, a Palavra fala uma linguagem estrangeira e a entendem os estrangeiros, mas não a entendem os que são do seu povo?”
Ele corre seu belo olhar por sobre a multidão, que veio de todos os lugares da Palestina, e que ali se encontram presentes. E são insuportáveis aqueles olhos em seus lampejos... Muitos inclinam as cabeças, outros esperam as cavalgaduras, ou põem-se a caminhar, afastando-se dali.
Jesus inclina seu olhar sobre o samaritano, que está ajoelhado a seus pés. E seu olhar se torna muito suave. Ele levanta a mão, que estava descida ao longo do lado, em um gesto de bênção, e diz: “Levanta-te, e vai. A tua fé te salvou, mais ainda do que a tua carne. Anda na Luz de Deus. Vai.”
O homem beija outra vez o pó e, antes de levantar-se, faz-lhe um pedido: “Um nome, Senhor. Um nome novo, porque tudo é novo em mim, e para sempre.”
“Em que terra nos encontramos?”
“Na terra de Efraim.”
“E Efrém de chamarás, de agora em diante, porque duas vezes a Vida te deu vida. Vai.”
O homem se levanta, e se vai.
As pessoas do lugar, e um ou outro peregrino quereriam deter a Jesus. Mas Ele os domina com seu olhar, que não é de severidade, mas é até muito suave ao olhar para eles, mas que deve estar exalando uma força tal, que ninguém pode fazer nem um gesto para detê-lo.


(de Jesus à Valtorta – O Evangelho como me foi Revelado, Vol. 7, pg. 390 a 394)

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