“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

sábado, 15 de julho de 2017

VIVER SEM MANCHA


TERCEIRO ANO DA VIDA PÚBLICA DE JESUS

VIVER SEM MANCHA


E Jesus sorrindo: “Ainda há muita água para a sede do Filho do homem. Há água colocada pelo Pai nos poços profundos. E o Filho do homem ainda tem as mãos livres para fazer com elas uma concha. Dia virá em que não terei mais nem estas nem aquela, e não terei mais nem a água do amor para matar a sede do Sedento. Agora encontro tanto amor ao redor de Mim.”, e vai para a frente, levando com as duas mãos o cesto grande redondo e fundo, para colocá-lo sobre a grama, a alguns metros de João, e dizendo-lhe: “Pega e come. É o banquete de Deus.”
Depois Ele volta para o seu lugar. Oferece e abençoa o alimento, e o faz distribuir aos presentes, que ajuntaram com Ele tudo o que tinham. Todos comem com gosto e com uma pacífica alegria, enquanto Maria se ocupa, cheia de maternal doçura, com Alfeu. Depois, terminada a refeição, Jesus se coloca entre o povo e o ex-leproso, começando a falar, enquanto as mães apanham no colo os seus filhos saciados de alimento e de brinquedos, e os ninam para fazê-los dormir, a fim de que não fiquem perturbando.
“Ouvi, todos vós. Em um Salmo de Davi, o Salmista faz esta pergunta: “Quem habitará no Tabernáculo de Deus? Quem repousará no monte de Deus?” E passa a enumerar quem serão os afortunados, e por quais motivos o serão. Diz Ele: “Aquele que vive sem mancha e pratica a justiça. Aquele que fala de coração, com verdade, e não usa de enganos com sua língua, que não causa dano ao próximo, que não aceita palavras infamantes contra o seu semelhante.” E, em poucas linhas, depois de ter dito quem entrará nos domínios de Deus, diz o que é que esses bem aventurados fazem de bem, depois de já não terem feito o mal. Diz assim: “Aos olhos deles, o malvado é um nada. Eles honram aos que temem a Deus. Aos que jurando ao seu próximo, não o enganam. Não emprega o seu dinheiro em usura. Não recebe presentes para prejudicar um inocente. “ E termina: “Quem faz estas coisas nunca vacilará. Em verdade, em verdade Eu vos digo que o Salmista disse a verdade, e confirmo com a minha sabedoria que quem faz estas coisas não vacilará nunca.
A primeira das condições para entrar no Reino dos Céus é “Viver sem mancha.”
Mas pode o homem, uma criatura fraca, viver sem mancha? A carne, o mundo e Satanás, em um contínuo fervedouro de paixões, de tendência e de ódio, esguicham seus borrifos para manchar os espíritos, e, se o Céu fosse aberto somente para aqueles que vivem sem mancha desde o uso da razão em diante, pouquíssimos seriam os homens que chegariam à morte sem terem conhecido doenças mais ou menos graves durante sua existência. E então? Desse modo, o Céu fica fechado aos filhos de Deus? E estes terão que dizer: “Eu o perdi”, quando um assalto de Satanás, ou uma tempestade da carne os fizeram cair, e se vêem manchados em suas almas? Não haveria mais perdão para quem tiver pecado?Não haverá nada para cancelar a mancha que deturpa o espírito? Não temais o vosso Deus com um temor injusto. Ele é Pai, e um pai estende sempre uma mão aos filhos vacilantes, oferece ajuda aos que querem levantar-se, conforta-os com meios suaves, para que o aviltamento deles não degenere em desespero, mas floresça em um humildade cheia da vontade de se tornarem diletos do Pai.
Eis. O arrependimento do pecador, boa vontade em querer prestar reparação, são duas coisas nascidas de um verdadeiro amor para com o Senhor, que limpam a mancha da culpa, e o tornam digno do perdão divino. E, quando Este que vos está falando tiver cumprido a sua missão sobre a terra, ás absolvições do amor, do arrependimento e da boa vontade unir-se-á, poderosíssima, a absolvição que o Cristo vos terá obtido, a preço do seu Sacrifício. Mais cândidos em suas almas do que meninos há pouco nascidos, porque para quem crer em Mim, brotarão de seu seio rios de água viva, que limpam até a culpa original, que é a causa primeira de toda fraqueza do homem, podereis aspirar ao Céu, ao Reino de Deus e aos seus Tabernáculos. Porque a graça que estou para dar-vos, vos ajudará a praticar a justiça, a qual vai aumentando tanto mais, quanto mais for praticada, e esse direito vos dará um espírito sem mancha para entrar no Reino dos Céus.
Nele entrarão os pequenos e gozarão, pela felicidade dada gratuitamente, gozarão porque o Céu é alegria. Mas nele entrarão os adultos, os velhos, aqueles que viveram, que lutaram e venceram, e que, à cândida coroa da Graça unirão a coroa multicor de suas obras santas, de suas vitórias sobre Satanás, sobre o mundo e a carne, e grande, muito grande será a sua felicidade de vencedores, grande a um tal ponto, que o homem nem pode imaginar.
Como se pratica a justiça? Como se conquista a vitória? Com a honestidade de palavras e de ações, com a caridade para com o próximo. Reconhecendo que Deus é Deus, e não colocando os ídolos das criaturas, do dinheiro, no lugar de Deus Santíssimo.Dando a cada um o lugar que o espera, sem procurar dar mais ou dar menos do que é devido. Aquele que, porque alguém é seu amigo ou parente poderoso, o ama e o serve até nas coisas não boas, não é justo. Aquele, pelo contrário, dá prejuízo ao próximo, porque sobre ele não pode esperar levar vantagem daquela espécie, e jura contra ele, ou se deixa comprar com presentes, para depor contra o inocente, ou para julgar com parcialidade, não segundo a justiça, mas segundo os cálculos do que aquele injusto juízo lhe pode obter de quem é o mais poderoso entre os contendores, não é justo, e vãs são as suas orações, as suas ofertas, porque estão manchadas pela injustiça aos olhos de Deus.
Vós estais vendo que isto que Eu digo é ainda do Decálogo. Porque o bem, a justiça, a glória está no cumprimento do que o Decálogo ensina e ordena que se faça. Não existe outra doutrina. Outrora ela foi dada por entre os esplendores do Sinai. Agora é dada por entre os fulgores da Misericórdia, mas a Doutrina é aquela. E não muda. Nem pode mudar. Muitos, para se desculparem, dirão em Israel, para justificarem o porque não são santos, mesmo depois de sua passagem pela terra do Salvador: “Eu não tive nem modo para acompanhá-lo e escutá-lo”. Mas esta desculpa deles não tem valor algum. Porque o Salvador não veio para estabelecer uma Lei nova, mas veio reafirmar a primeira, a única Lei. E até mesmo veio para reafirmá-la em sua santa nudez, na sua simplicidade perfeita. Veio reafirmar com amor e com promessas de amor certo de Deus, o que antes havia sido mandado com rigor, por um lado, e ouvido com temor pelo outro.
...Os dez mandamentos são os dez mandamentos. O vosso Deus os esculpiu e colocou sobre o caminho que leva ao Tesouro eterno, e sofreu para conduzir-vos àquele caminho. Vós sofreis? Deus também. Vós tendes que forçar-vos a vós mesmos? Deus também. Sabeis até que ponto? Sofrendo por separar-se de Si mesmo e por forçar-se a conhecer o ser homem com todas as misérias que a humanidade leva consigo: a de nascer, de passar frio, fome, cansaço, ser tratado com sarcasmos, afrontas, ódio, insídias, e enfim, dando todo o seu Sangue, para dar-vos o Tesouro. Isto sofre Deus, que desceu para salvar-vos. Isto sofre Deus no alto do Céu, permitindo a Si mesmo o sofrer.
Em verdade Eu vos digo que nenhum homem por mais cansativo que seja o seu caminho, para chegar ao céu, não irá nunca por um caminho tão cansativo e doloroso como o que o Filho do homem percorre para vir do Céu à terra, e da terra ao sacrifício feito para abrir-vos as portas do Tesouro.
Nas Tábuas da Lei já está o meu Sangue. No caminho que Eu vos traço está o meu Sangue. A porta do Tesouro se abre por baixo da onda do meu Sangue. A vossa alma se torna cândida e forte, ao banhar-se e ao alimentar-se com o meu Sangue. Mas, vós, para que ele não seja derramado em vão, deveis andar pelo caminho imutável dos dez mandamentos.
Agora vamos repousar. Ao Pôr do sol, Eu irei para Hipo. João irá para a purificação e vós para vossas casas. A paz do Senhor esteja convosco.”


(de Jesus à Valtorta – O Evangelho como me foi Revelado, Vol. 7, pg. 135 a 138) 

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