“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

quinta-feira, 13 de julho de 2017

EX-LEPROSO SE TORNA DISCÍPULO


TERCEIRO ANO DA VIDA PÚBLICA DE JESUS

O EX-LEPROSO JOÃO TORNA-SE DISCÍPULO


29 DE JUNHO DE 1946

 “O meu Senhor!, grita o ex-leproso, jogando-se de joelhos, logo que vê Jesus aparecer na charneca, que fica perto do rochedo onde viveu durante tantos anos. E depois levantando-se, grita de novo: “Como? Estás voltando a mim?”
“Para dar-te uma provisão de palavras, depois de ter-te dado a de saúde.”
“A provisão se dá a quem vai viajar, e, de fato, vou viajar esta tarde para as purificações... Mas parto, para voltar e unir-me aos discípulos, se Tu me quiseres acolher. Não tenho mais casa nem parentes, Senhor. Já estou velho para exercer qualquer atividade,e assim poder viver. Far-me-ão a reintegração dos bens, mas, como estará a casa, se há quinze anos nela não morou ninguém? O que encontrarei nela? Talvez as paredes derrubadas... Eu sou um passarinho sem ninho. Deixa que eu me ajunte à fileira dos que te seguem. Afinal, eu não pertenço mais a mim mesmo, porque, por aquilo que me deste, eu sou teu, não pertenço mais ao mundo que me separou do seu convívio, justamente por ser eu um impuro, e por tanto tempo. Agora sou eu que acho que o mundo é impuro, depois de ter-te eu conhecido, e fujo do mundo para vir a Ti.”
“E Eu não te rejeito. Mas Eu re digo que quereria que fizesses uma parada nesta região. Aera e Arbela têm o seu filho discípulo, que está evangelizando. Que tu faças o mesmo em Hipo, Gamala, Afeca e lugares vizinhos. Eu, daqui a pouco desço para a Judéia, e não voltarei mais a estes lugares. Mas quero ter neles meus evangelizadores.”
“A Tua vontade me torna querida qualquer renúncia. Farei o que Tu queres. E o farei logo que completar as purificações. Eu tinha pensado que não teria que cuidar mais de minha casa. Agora, ao contrário, eu digo que a reaverei, de tal modo que possa morar nela e acolher nela, durante o inverno, as almas desejosas de ter notícia de Ti, e pedirei a alguns dos discípulos que te seguem que venham ficar comigo, porque se Tu queres que eu seja um pequeno mestre, eu preciso ser instruído por alguém que saiba mais do que eu. E na primavera irei com os outros pregar o teu Nome.”
“Teu pensamento é bom. E Deus te ajudará a realizá-lo.”
“Eu já comecei a destruir pelo fogo tudo o que me pertencia, Isto é, a pobre enxerga e os pobres móveis que eu usava, a veste com que eu estava até ontem, tudo aquilo em que eu havia tocado com meu corpo doente. A gruta em que eu vivia está preta, por causa do fogo que eu nela acendia para incinerar coisas e purificar o ambiente. Ninguém ficará contaminado, se entrar lá para refugiar-se em alguma noite de tempestade. E depois eu tinha um velho cofre, já bem velho, todo encarunchado... parecia que a lepra o tivesse corroído também... Mas para mim... ele era mais precioso do que as riquezas do mundo... Dentro dele estavam minhas coisas queridas... lembranças de minha mãe... o véu de núpcias da minha Ana... Ah! Quando eu o tirei, todo feliz, naquela tarde de núpcias, e contemplei aquele rosto tão belo, e puro como um lírio, quem me poderia ter dito que, poucos anos depois, eu o haveria de ver como uma chaga só! E... as roupas dos meus meninos, os seus brinquedos... seguros entre suas pequenas mãos, enquanto elas puderam segurar alguma coisa... e... É uma grande dor... perdoa o meu pranto... A chaga dói fortemente, agora que eu tive que queimá-las com razão... sem podê-las beijar... porque eram de leprosos. Mas Tu compadeces de mim. Eu destruí as últimas lembranças deles... e agora estou com alguém que se perdeu no deserto...”
O homem se agacha chorando junto ao montão de cinzas que é a lembrança do seu passado...
“Não estais perdido, João, nem estás sozinho. Eu estou contigo. Aqueles restos que te faziam lembrar-te dos que tinham ficado desfigurados pela doença, ou bonitos e cheios de saúde, antes daquela ventura. Tudo são lembranças de dores. Deixa-os entre as cinzas do fogo. Destrói-os com a certeza que Eu te dou: de que os reencontrarás belos e felizes na alegria do Céu. O passado morreu, João. Não chores mais por ele. A luz não para a fim de ficar olhando as trevas da noite, mas fica alegre por separar-se dela e poder brilhar, à medida que vão subindo para o céu com o sol de cada manhã. E o sol não fica parado no oriente, mas se ergue, voa para a frente, até chegar ao alto do firmamento. A tua noite terminou. Não fiques mais pensando nela. Sobe para lá com o seu espírito, para onde Eu, que sou a Luz, te levo. Pela doce esperança e pela fé. Lá sim, encontrarás alegria, porque a tua caridade poderá encontrar-se com Deus e com os teus queridos, que te estão esperando. Não é mais do que uma rápida subida, e logo estarás lá no alto com eles, Esta vida é um sopro. A eternidade é um eterno presente.”
“Tens razão, Senhor. Tu me confortas e me ensinas como superar esta hora com justiça. Mas Tu és o sol para estares perto de mim, enquanto te for concedido. Retira-te Mestre. Já me deste o suficiente. Poderia fazer-te mal este sol, que já está bem forte.”
“Eu vim para estar contigo. Todos nós viemos para isso. Sai de onde estás, vem para o lado das árvores, e estaremos juntos sem perigo.”
O homem obedece, deixando o penhasco, a cujos pés está o montão de cinzas, o passado, e ele vai na direção do lugar para onde Jesus se dirige, e onde estão comovidos os apóstolos, as mulheres, os moradores do povoado e aqueles que vieram da cidade para ouvirem o Mestre.
“Acendei o fogo, para cozinhar o peixe. Repartiremos o alimento em um banquete de amor”, ordena Jesus.

(de Jesus à Valtorta – O Evangelho como me foi Revelado – Vol. 7, pgs. 133 a 135)

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