TERCEIRO
ANO DA VIDA PÚBLICA DE JESUS
O DIÁLOGO DE JESUS COM FILIPE
O
primeiro que o alcança é o Filipe, que, olhando para o mesmo lado para onde
Jesus está olhando, lhe diz: “Que bonita é esta vista! E Tu a estás
admirando...”
“Sim.
Mas Eu não estava olhando somente para a beleza dela.”
“E para
que mais, então? Talvez estivesses pensando em quando Israel foi grande, como
aqueles lugares para lá do Líbano e do Oriente, que, durante séculos, nos têm
afligido, e ainda nos afligem, porque lá é que está o coração do poder que nos
oprime com o seu Legado? Tremenda é de fato a profecia sobre um deles feita por
um e mais profetas: “Esmagarei p assírio na minha terra, e pisarei nele sobre
minhas montanhas. Está é a mão estendida sobre as nações... E quem poderá
detê-la?... Eis. Damasco deixará de existir e dela só sobrará um montão de
pedras como uma ruína... Isto é o que tocará aqueles que nos saquearam.” Assim
fala Isaias! E Jeremias diz: “Porei fogo sobre os muros de Damasco, e esse fogo
devorará os muros de Benadab.” E isso acontecerá quando o Rei de Israel, o
Prometido, receber o seu cetro, e Deus tiver perdoado o seu povo, ao dar-lhe o
Rei Messias... E isto é o que diz Ezequiel “ Vós, montanhas de Israel, estendei
os vossos ramos, levai os vossos frutos para o meu povo de Israel, porque ele
está para voltar... A vós Eu conduzirei de novo o meu povo e ele te possuirá
como uma posse hereditária... Não deixarei mais que se ouçam contra ti os
ultrajes das nações...” E os salmos cantarão com Etan Esraíta: “Encontrei o meu
servo Davi e o ungi com o meu óleo santo... A minha mão o assistirá. O inimigo
nada poderá contra ele... Em meu nome ele crescerá em poder... Estenderá sua
mão sobre o mar, e sobre os rios a sua destra... E Eu o farei meu primogênito e
o soberano entre os reis da terra”. E Salomão assim canta: “Durará tanto,
quanto o sol e a lua... Dominando de um ao outro mar, e do rio até às
extremidades da Terra. Adorá-lo-ão todos os reis da terra, todos os povos lhe
estarão sujeitos.”
Tu és o
Messias, porque em Ti estão todos os sinais do espírito e da carne, todos, os
sinais dados pelos profetas. Aleluia a Ti, Filho de Davi, Rei Messias, Rei
Santo!”
Aleluia!,
gritam em coro, os outros, que já se reuniram com Jesus e Filipe, e ouviram as
palavras deste último. E o aleluia repercute, fazendo ecos de uma garganta até
outra...
Jesus,
muito triste, os fica olhando. E, em resposta lhes diz:
“Mas, não vos lembrais daquilo que diz Davi
sobre o Cristo, e o que de Cristo diz Isaias... Tomais o doce mel, o inebriante
vinho dos profetas, mas não pensais que para ser Rei dos reis, o Filho do Homem
deverá beber o fel e o vinagre e vestir-se com a púrpura do seu Sangue. E o
vosso erro em não compreenderdes é por causa do amor. Eu gostaria que em vós
houvesse um outro amor. Mas, por enquanto, não podereis tê-lo. Séculos de
pecado estão contra os homens, a impedir sobre eles a Luz. Mas a Luz derrubará
as muralhas, e entrará em vós. Vamos.”
Voltam a
vereda, que haviam deixado, para subirem para ao afastado altiplano, e vão descendo,
apressados, para o vale. Os Apóstolos falam uns com os outros em voz baixa.
Depois,
Filipe corre para a frente, chega até perto do Mestre, e lhe pergunta: “Eu te
desagradei, Senhor? Eu não queria... Estás com raiva de mim?”
“Não,
Filipe. Mas Eu gostaria que, pelo menos vós, compreendêsseis.”
“Estavas
olhando para lá com tanto interesse.”
“Porque
Eu estava pensando em quantos lugares ainda não me tiveram presente. E não me
terão... porque o meu tempo vai-se acabando. Como é breve o tempo do homem! E
como é lento o homem para agir! Como o espírito sente suas limitações da Terra!
Pai, seja feita a sua vontade!”
“Mas
todas as regiões das velhas tribos Tu as percorreste. Mestre meu. Pelo menos
uma vez Tu as santificaste, e por isso se pode dizer que tiveste em tua mão as
doze tribos.”
“Isto é
verdade. Portanto, vós fareis o que o tempo não me permitiu fazer.”
“Tu, que
fazes parar os raios, e que fiquem calmos os mares, não poderias fazer que o
tempo andasse mais devagar?”
“Eu poderia, mas o Pai no Céu, o Filho na Terra
e o Amor no Céu e na Terra ardem pelo desejo de realizar o Perdão”, e Jesus mergulha numa meditação profunda, que
Filipe respeita, deixando-o sozinho, e indo reunir-se com os companheiros, aos
quais conta o seu diálogo.
(de
Jesus à Valtorta – O Evangelho como me foi Revelado, V0l. 7. Pg. 302 e 303)
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