“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

quarta-feira, 26 de julho de 2017

JESUS, REI DOS ESPÍRITOS


TERCEIRO ANO DA VIDA PÚBLICA DE JESUS

JESUS, REI DOS ESPÍRITOS

“Eu sabia que era para isso que me queríeis aqui. E sabia da inutilidade dos passos que estáveis dando. Cusa pode dizer o que falei a ele em Tiberiquéia. Eu vim para mostrar-vos que não tenho medo de nenhuma cilada, porque ainda não chegou a hora. E não a temerei, quando a hora da cilada já estiver sobre Mim, porque foi para isso que Eu vim. E vim para persuadir-vos. Vós, não todos, mas muitos dentre vós, estão de boa fé. E Eu devo corrigir o erro, no qual de boa fé caístes. Estais vendo? Eu não vos censuro. Não censuro a ninguém, nem mesmo àqueles que, por serem meus discípulos fiéis, deveriam saber com justiça e regular suas próprias paixões com justiça. Não te estou censurando a ti, ó justo Timoneu. Mas Eu te digo que, no fundo, em vez do teu amor que Me quer honrar, é ainda o teu “eu” que se agita e sonha com tempos melhores, nos quais possas ver feridos aqueles que te feriram. Eu não censuro a ti, Manaém, ainda que mostres ter te esquecido da Sabedoria e do exemplo, todos espirituais, que recebestes de Mim e do Batista, antes de Mim. Mas Eu te digo que também em ti existe uma raiz de humanidade, que se levanta depois do incêndio do amor por Mim. Eu não te censuro, Eleazar, homem tão justo com a velha que te foi deixada, sempre justo, mas que agora não és justo. E não te censuro a ti, ó Cusa, ainda que o devesse fazer, porque em ti, mais do que em todos aqueles que me quereis por rei, e, sua boa fé, está vivo o teu “eu”. Rei, sim, tu me queres. Não há cilada em tuas palavras. Tu não vens para pegar-me em falta, nem para denunciar-me ao Sinédrio, ao Rei, a Roma. Mas, mais do que o amor, tu achas que tudo é amor, mas não é; mais do que pelo amor, tu trabalhas para vingar-te das ofensas que o Paço Real te houver feito. Eu sou teu convidado. Deveria silenciar sobre a verdade dos teus sentimentos. Mas Eu sou a Verdade em tudo, em todas as coisas. E falo. Para o teu bem. A mesma coisa digo a ti, Joaquim de Bozram e de ti, escriba João. E de ti também, e de ti, e de ti.”
E vai mostrando este, aquele, aquele outro, sem rancor, mas com tristeza... e depois continua. “Eu não vos censuro. Porque não sois vós que quereis isso, espontaneamente. É a insídia, é o Adversário que trabalha, e vós... Vós sois, sem o saberdes, uns súculos em suas mãos. Até o amor, o vosso amor, ó Timoneu, ó Manaém, ó Joaquim, ó vós que realmente me amais, até da vossa veneração ó vós que em Mim julgais ter encontrado o Rabi perfeito, até disso, ele, o Maldito, se serve para fazer o mal. Mas Eu vos digo, como aos que não pensam como vós, mas têm suas vistas voltadas para o que desce sempre mais para baixo, até chegarem às traições e delitos, e gostariam que Eu aceitasse ser rei, Eu lhes digo: Não. O meu Reino não é deste mundo. Vinde a Mim para que Eu instaure o meu Reino em vós, e não para outra coisa. E agora deixai-me ir.”
Ao se retirar da sala, Jesus encontra João Apóstolo.
...”Que foi que te fizeram, meu Senhor? Eles te insultaram? E te bateram?”
“Não. Eles me queriam fazer rei. Um pobre rei, João. E muitos queriam fazer isso de boa fé, por um verdadeiro amor, com uma intenção boa... Mas os outros... para poderem denunciar-me e prender-me.”
“Quem são estes tais?”
“Não o perguntes.”
“E os outros.”
“Não perguntes nem o nome destes. Não deves odiar, nem criticar... eu os perdôo.”
“Mestre, havia também discípulos?”
“Não, João. E nenhum Apóstolo.”
“É verdade Senhor?”
“É verdade, João.”
“Ah! Graças a Deus por isso. Mas, por quê ainda estás chorando, Senhor? Eu estou contigo. Eu te amo por todos. Também Pedro. André, e os outros... Quando viram que eu me joguei no lago, disseram que eu estava doido, e o meu irmão dizia que eu queria morrer nos redemoinhos.
Depois é que me compreenderam, e me gritaram: “Deus esteja contigo. Vi, vai...” Nós te amamos. Mas nenhum como eu, um pobre rapaz.”
“Sim. Nenhum como tu. Estás com frio, João? Vem cá sob o meu manto...”
“Não, aos teus pés, assim... Mestre meu! Por que será que todos não te amam, como este jovem, que eu sou?”
Jesus o puxa sobre seu coração, sentando-se ao lado dele. “É porque eles não têm o teu coração de jovem.”
“Eles te queriam fazer rei? Mas não compreenderam ainda que o teu Reino não é desta terra.”
“Não compreenderam.”
“Sem falar os nomes, conta como foi, Senhor.”
“Mas tu não irás dizer que fui eu quem te disse?”
“Se assim o queres, eu não o direi.”
“Tu não dirás, a não ser quando os homens quiserem mostrar-me como um daqueles caudilhos populares. Um dia isto vai acontecer. E tu estarás lá. E dirás: “Ele não foi rei da terra, porque não quis. Porque o seu Reino não era deste mundo. Ele era o Filho de Deus, o Verbo encarnado, e não podia aceitar o que era terreno. Ele quis vir ao mundo e revestir-se com uma carne, para redimir as carnes, as almas e o mundo, mas não se submeteu às pompas do mundo e aos estímulos para o pecado, e nada de carnal ou mundano houve nele. A Luz não se deixou enfaixar pelas Trevas, o Infinito não se apegou as coisas finitas, mas sim às criaturas limitadas pela carne e pelo pecado e fez delas criaturas que lhe fossem iguais, levando os que tivessem fé nele à realeza verdadeira, e instaurando o seu Reino nos corações, antes de instaurá-lo nos Céus, onde ele será completo e eterno, estando com todos os que foram salvos”. Isto é o que dirás, João, aos que quiserem dizer que Eu sou todo homem, ou que Eu sou todo espírito, e a quem negar que Eu tenha sofrido tentação... e dor... e que eles, os homens, foram redimidos também pelo meu pranto...”
“Sim, Senhor. Como sofres, Jesus!”
“Como Eu redimo! Mas tu me consolas no sofrimento. Ao raiar da aurora partiremos daqui... E encontraremos uma barca. Tu acreditas, se Eu te disser que poderemos navegar sem remos?”
“Eu acreditaria, mesmo se Tu dissesses que poderíamos navegar sem barca.”
Os dois ficam abraçados, envolvidos no úmido manto de Jesus, e João, sentindo-se aquecido, acaba adormecendo, cansado como estava, como um menino nos braços de sua mãe.


(de Jesus à Valtorta – O Evangelho como me foi revelado, Vol. 7, pg. 249,250,255 e 256)

Sem comentários:

Enviar um comentário