AS VOZES DO FUTURO
Diz Jesus:
“O homem se cansa. Quer com rapidez as coisas. E sonha com
coisas tolas. E, quando percebe que uma coisa é o sonho e que outra é a
realidade, então ele se perturba e, se não tiver uma vontade firme, deixa-se
dobrar. Ele não se lembra de que o Onipotente, que podia num instante
transformar o Caos no Universo, quis fazê-lo por fases ordenadas e separadas
por espaços de tempo, aos quais Ele deu o nome de dias.
Eu devo, do Caos espiritual desse mundo todo, tirar o Reino
de Deus. E o farei. Eu construirei suas bases e as estou já construindo,
devendo quebrar a rocha duríssima para formar dentro dela os fundamentos que
não se abalarão. Vós levantareis lentamente os muros. Os vossos sucessores
continuarão a obra em altura e largura. Como Eu vou morrer na obra assim vós
também morrereis e haverá outros mais e mais outros que morrerão de morte
cruenta ou incruenta, mas consumados por este trabalho, que requer um espírito
de imolação, de generosidade, e lágrimas e sangue, e uma paciência sem
medida...”
Pedro intromete sua cabeça cinzenta entre Jesus e João: “Pode-se
saber o que estais dizendo?”
“Oh! Simão! Vem cá. Estávamos falando da futura Igreja. Eu
estava explicando que, contra as vossas pessoas, os vossos cansaços,
desconfortos e assim por diante, ela requer calma, constância, esforço,
confiança. Eu estava explicando que ela requer o sacrifício de todos os seus
membros. De Mim, que dela sou o Fundador e que dela sou a Cabeça mística para
vós, para todos os discípulos, para todos aqueles que terão o nome de cristãos
e que fazem parte da Igreja universal. E, na verdade, na grande escala das
hierarquias estarão às vezes os mais humildes, aqueles que parecerão
simplesmente “números”, os que tornarão verdadeiramente vital a Igreja. Em
verdade, Eu deverei muitas vezes refugiar-me nestes para continuar a manter
viva a fé e a força dos sempre renovados colégios apostólicos, e destes
apóstolos deverei fazer uns atormentados por Satanás e por alguns homens
invejosos, soberbos e incrédulos. E o martírio moral deles não será menos
penoso do que o material, obrigados, como eles estarão, entre a vontade ativa
de Deus e a vontade malvada dos homens, instrumentos de Satanás, que procurarão
com todo estudo e violência fazê-los parecerem mentirosos, loucos, obsessos, a
fim de paralisar neles a minha obra e os frutos da mesma e que são outros
tantos golpes vitoriosos contra a Besta.”
“E eles resistirão?”
“E resistirão, ainda que não Me tenham materialmente consigo.
Deverão crer não somente que há o dever de crer, mas também em sua secreta
missão, crer que ela é santa, que é útil, crer que ela veio de Mim, enquanto,
ao redor deles, Satanás estará assobiando para atemorizá-los e o mundo gritará
para escarnecer deles e dos nem sempre luminosos ministros de Deus, a fim de
condená-los. Este é o destino das minhas vozes no futuro. Contudo, Eu não terei
outro modo senão este para despertar, para fazer voltar ao Evangelho e ao
Cristo os homens! Mas, por tudo aquilo que Eu houver exigido deles e lhes tiver
imposto e recebido deles, Oh! Eu lhes darei a alegria eterna, uma glória
especial!
No Céu existe um livro fechado. Só Deus pode ler nele. Nele
estão todas as verdades. Mas Deus às vezes tira os selos e revela as verdades
já ditas aos homens, obrigando um homem, escolhido para esta tarefa, a conhecer
o passado, o presente e o futuro como estão contidos no misterioso livro. Já vistes
um filho, o melhor filho da família, ou um estudante, o melhor da escola, ser
chamado pelo pai ou pelo mestre para ler um livro de adultos e para dar a
explicação do que foi lido? Ele fica ao lado do pai ou do mestre, abraçado por
um dos braços deles, enquanto a mão do pai ou do mestre vai mostrando, com o
dedo indicador, as linhas que quer que sejam lidas e conhecidas pelo seu
predileto. Assim faz Deus com os seus consagrados para tal tarefa. Ele os atrai
e os sustenta com o seu braço e os força a ler o que Ele quer e a saber o
significado do que leu e a dizê-lo depois e a receber por isso escárnio e
sofrimento.
Eu, o Homem, sou o Chefe da raça daqueles que dizem as verdades do
livro celeste e, por isso recebo o escárnio, o sofrimento e a morte. Mas o Pai
já tem preparada a minha Glória. E Eu, depois de subir para ela, prepararei a
glória daqueles que Eu tiver obrigado a ler no livro fechado os pontos que Eu
quis e, na presença de toda a Humanidade ressuscitada e dos coros dos anjos, Eu
os mostrarei como os escolhidos, chamando-os para perto de Mim, enquanto irei
abrindo os selos do Livro, pois já será inútil conservá-lo fechado e eles
sorrirão ao tornarem a ler as palavras que lhes haviam sido explicadas quando
eles sofriam na terra.”
(de Jesus à Valtorta, Vol. 5, pgs. 464 a 466)
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