JERUSALÉM, JERUSALÉM...
“Mestre, a paz a Ti!”
“A paz esteja convosco. Que quereis?”
“Vais a Jerusalém?”
“Como todos os fiéis israelitas.”
“Não vás lá. Lá um perigo te espera. Nós o sabemos porque
estamos vindo de lá ao encontro com nossas famílias. E viemos prevenir-te
porque ficamos sabendo que estavas em Ramá.”
“Por quem foi que ficaste sabendo, se é lícito perguntá-lo?”,
pergunta Pedro, meio desconfiado para começar uma discussão.
“Tu não tens nada com isto, homem. Fica sabendo, tu que nos
chamas de serpentes, que junto ao Mestre as serpentes são muitas e faríeis bem
em desconfiar dos muitos, dos muitos discípulos poderosos demais.”
“Não o digas! Estarás querendo insinuar que Manaém, ou...”
“Silêncio, Pedro. E tu, fariseu, fica sabendo que nenhum
perigo pode afastar um fiel do seu dever. Se perder a vida, isso nada é. O que
é grave é perder sua própria alma, indo contra a Lei. Mas tu sabes disso. E
sabes também que Eu o sei. Por que, então me vens tentar? Não sabes talvez que
Eu sei porque o fazes?”
“Eu não te estou tentando. É verdade. Muitos do meio de nós
podem ser teus inimigos. Mas não todos. Nós não te odiamos. Sabemos que Herodes
está a tua procura e te dizemos. Vai-te daqui. Vai-te embora daqui, porque se
Herodes te captura, com certeza vai matar-te. É isso que ele deseja.”
“Isso é o que ele deseja mas não o fará. Isto Eu sei. Afinal,
ide dizer àquela velha raposa que Aquele que ele está procurando está em
Jerusalém. De fato, Eu venho expulsando demônios, fazendo curas, sem me
esconder. E o faço e o farei hoje, amanhã e depois, enquanto o meu tempo não
findar. Mas é necessário que Eu caminhe até chegar ao fim. E é necessário que hoje
e depois, e outra, e outra, e mais outra vez, Eu entre em Jerusalém, porque não
é possível que o meu caminho termine antes. Porque deve cumprir-se a justiça e
isso há de ser em Jerusalém.”
“Mas o Batista morreu em outro lugar.”
“Ele morreu em santidade e santidade quer dizer: “Jerusalém”.
“Porque se agora Jerusalém quer dizer “pecado”, isto é
somente por causa daquilo que é apenas terrestre e que em breve não existirá
mais. Mas, Eu falo do que é eterno e espiritual, isto é, da Jerusalém dos Céus.
Nela, em sua santidade, morrem todos os justos e profetas. Nela Eu morrerei e
vós inutilmente quereis induzir-me ao pecado. Eu morrerei também por entre as
colinas de Jerusalém, mas não pelas mãos de Herodes, ainda que pela vontade de
quem me odeia mais do que ele, porque vedes em Mim o usurpador do ambicionado
Sacerdócio e o Purificador de Israel de todas as doenças que o corrompem. Não
ponhais pois, nas costas de Herodes todo este desejo louco de matar, mas tomai
cada um de vós a sua parte, porque na verdade o Cordeiro está sobre um monte ao
qual sobem de todos os lados os lobos e os chacais para estrangulá-lo e...”
Os fariseus fogem por baixo da saraivada dessas escaldantes
verdades...”
Jesus olha como vão fugindo. Vira-se depois para o sul, para
o rumo de uma claridade que talvez já seja a região de Jerusalém e, com
tristeza, diz: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os teus profetas e apedrejas os
que te são mandados, quantas vezes Eu quis reunir os teus filhos, como a ave em
seu ninho reúne os seus filhotes sob suas asas, e tu não quiseste! Eis que te
vai ser deixada deserta a Casa do teu verdadeiro Dono. Ele virá, fará como o
quer o rito, como deve fazer o primeiro e o último de Israel, e depois ir-se-á
embora. Não parará mais sobre os teus muros para purificar-te com a sua
presença. Eu te asseguro que tu e os teus habitantes não me vereis mais em
minha verdadeira figura enquanto não chegar o dia em que digais: “Bendito o que
vem em nome do Senhor.””
E vós de Ramá, lembrai-vos destas palavras e de todas as
outras para não terdes parte no castigo de Deus. Sede fiéis... Ide. A paz
esteja convosco.”
E Jesus se retira para a casa de Tomé com todos os familiares
dele e os seus apóstolos.
(de Jesus à Valtorta, Vol. 5, pg. 476, 477)
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