“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

sexta-feira, 25 de março de 2016

NA ÚLTIMA CEIA, O TRAIDOR É REVELADO


JOÃO PERGUNTA A JESUS QUEM É QUE O TRAIRÁ, E JESUS RESPONDE...


“Tudo Eu vos disse, e tudo eu vos dei. E o repito. O novo rito está estabelecido. Fazei isto em memória de Mim. Eu lavei os vossos pés para ensinar-vos a serdes humildes e puros como o vosso Mestre. Porque em verdade eu vos digo que, assim como é o Mestre, assim devem ser os discípulos. Lembrai-vos disso. Mesmo quando estiverdes altamente colocados, lembrai-vos disso. Não há discípulo que seja mais do que o Mestre. Como Eu vos lavei os pés, fazei-o entre vós. Isto quer dizer: amai-vos como irmãos, ajudando-vos um ao outro, respeitando-vos mutuamente, servindo cada um de exemplo para o outro. E sede puros. Para serdes dignos de comer o Pão vivo descido do Céu, e terdes em vós, e por Ele, a força de serdes meus discípulos neste mundo inimigo, que vos odiará, por causa do meu Nome. Mas um de vós não é puro. Um de vós me trairá. Por isto estou fortemente conturbado em meu espírito... A mão daquele que me trai está comigo sobre esta mesa e nem o meu amor, nem o meu Corpo e o meu Sangue, nem a minha palavra o corrigem nem o fazem arrepender-se. Eu o perdoaria, e iria até à morte por ele também.”
Os discípulos olham um para o outro, aterrorizados. Fazem perguntas uns aos outros. Suspeitam um do outro. Pedro olha para Iscariotes, e aí despertam todas as suas dúvidas. Judas Tadeu de repente fica de pé para, por sua vez, olhar, por cima do corpo de Mateus. Mas Iscariotes está tão tranquilo, que, por sua vez, olha para Mateus, como se suspeitasse dele. Depois ele olha para Jesus, e sorri, perguntando: “Por acaso serei eu, Senhor?” Ele parece ser o mais firme em sua honestidade e que ele fale assim somente para não deixar cair o assunto da conversação. Jesus repete o seu gesto, dizendo: “Foste tu mesmo que o disseste, Judas do Simão. E não Eu. Tu o dizes. Eu não falei o teu nome. Por que é que te acusas? Pergunta ao teu conselheiro interior, à tua consciência de homem, a consciência que Deus Pai te deu, para te conduzires como homem, e escuta se ela te está acusando. E tu o ficaras sabendo, antes de todos os outros. Mas se ela te garante que sim, porque é que ficas dizendo uma palavra, e pensando num fato, que só ser dito por brincadeira, ou só pensar nele já é uma maldição? Jesus fala com calma. Parece que Ele sustenta a tese proposta, como o pode fazer um douto aos seus discípulos. O alvoroço é grande. Mas a calma de Jesus o aplaca. Contudo, Pedro, que e o que mais suspeita de Judas - talvez Tadeu também o seja, ainda que menos o pareça, desarmado como ele está, diante daquela desenvoltura de Iscariotes - e ele puxa João pela manga, e, quando João, que está todo abraçado com Jesus, se vira, por ter ouvido falar de traição, ele lhe diz em voz baixa: “Pergunta a Ele quem é...”
João toma sua posição anterior, e apenas levanta levemente a cabeça, como se fosse beijar a Jesus, e, nessa posição, murmura ao ouvido dele: “Mestre, quem é?” E Jesus, em voz muito baixa, dando-lhe um beijo por entre os cabelos, lhe diz: “É aquele a quem Eu vou dar um pedaço de pão passado no molho.” E, tendo apanhado um pão ainda inteiro, e não o resto daquele que foi usado para a Eucaristia, tira dele um bom pedaço, toca com ele no molho deixado no tabuleiro, estende o braço por cima da mesa, e diz: “Toma, Judas, Tu gostas disso.”
“Obrigado, Mestre. Eu gosto, sim!”, e sem saber a razão pela qual lhe está sendo oferecido aquele bocado, ele o come, enquanto João, horrorizado, até fecha os olhos para não ver o feio riso de Iscariotes, enquanto, com seus fortes dentes, morde o pão que o acusa.
“Bem. Agora que Eu te fiz feliz, vai”, diz Jesus a Judas. “Tudo aqui está feito.” (E Jesus destaca bem esta palavra). E o que falta ainda fazer, vai fazê-lo logo em outro lugar, Judas de Simão.”
“Eu te obedeço logo, Mestre. Depois eu te alcançarei no Getsemani. Vais para lá, não é verdade? Como sempre?”

“Vou para lá... como sempre... sim.”

(de Jesus à Valtorta) 

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