JOÃO PERGUNTA A JESUS QUEM É QUE O TRAIRÁ, E JESUS RESPONDE...
“Tudo Eu vos disse, e tudo eu vos dei.
E o repito. O novo rito está estabelecido. Fazei isto em memória de Mim. Eu
lavei os vossos pés para ensinar-vos a serdes humildes e puros como o vosso
Mestre. Porque em verdade eu vos digo que, assim como é o Mestre, assim devem
ser os discípulos. Lembrai-vos disso. Mesmo quando estiverdes altamente
colocados, lembrai-vos disso. Não há discípulo que seja mais do que o Mestre.
Como Eu vos lavei os pés, fazei-o entre vós. Isto quer dizer: amai-vos como
irmãos, ajudando-vos um ao outro, respeitando-vos mutuamente, servindo cada um
de exemplo para o outro. E sede puros. Para serdes dignos de comer o Pão vivo
descido do Céu, e terdes em vós, e por Ele, a força de serdes meus discípulos
neste mundo inimigo, que vos odiará, por causa do meu Nome. Mas um de vós não é
puro. Um de vós me trairá. Por isto estou fortemente conturbado em meu
espírito... A mão daquele que me trai está comigo sobre esta mesa e nem o meu
amor, nem o meu Corpo e o meu Sangue, nem a minha palavra o corrigem nem o
fazem arrepender-se. Eu o perdoaria, e iria até à morte por ele também.”
Os discípulos olham um para o outro,
aterrorizados. Fazem perguntas uns aos outros. Suspeitam um do outro. Pedro
olha para Iscariotes, e aí despertam todas as suas dúvidas. Judas Tadeu de
repente fica de pé para, por sua vez, olhar, por cima do corpo de Mateus. Mas
Iscariotes está tão tranquilo, que, por sua vez, olha para Mateus, como se
suspeitasse dele. Depois ele olha para Jesus, e sorri, perguntando: “Por acaso
serei eu, Senhor?” Ele parece ser o mais firme em sua honestidade e que ele
fale assim somente para não deixar cair o assunto da conversação. Jesus repete
o seu gesto, dizendo: “Foste tu mesmo que o disseste, Judas do Simão. E não Eu.
Tu o dizes. Eu não falei o teu nome. Por que é que te acusas? Pergunta ao teu
conselheiro interior, à tua consciência de homem, a consciência que Deus Pai te
deu, para te conduzires como homem, e escuta se ela te está acusando. E tu o
ficaras sabendo, antes de todos os outros. Mas se ela te garante que sim,
porque é que ficas dizendo uma palavra, e pensando num fato, que só ser dito
por brincadeira, ou só pensar nele já é uma maldição? Jesus fala com calma.
Parece que Ele sustenta a tese proposta, como o pode fazer um douto aos seus
discípulos. O alvoroço é grande. Mas a calma de Jesus o aplaca. Contudo, Pedro,
que e o que mais suspeita de Judas - talvez Tadeu também o seja, ainda que
menos o pareça, desarmado como ele está, diante daquela desenvoltura de
Iscariotes - e ele puxa João pela manga, e, quando João, que está todo abraçado
com Jesus, se vira, por ter ouvido falar de traição, ele lhe diz em voz baixa:
“Pergunta a Ele quem é...”
João toma sua posição anterior, e
apenas levanta levemente a cabeça, como se fosse beijar a Jesus, e, nessa
posição, murmura ao ouvido dele: “Mestre, quem é?” E Jesus, em voz muito baixa,
dando-lhe um beijo por entre os cabelos, lhe diz: “É aquele a quem Eu vou dar
um pedaço de pão passado no molho.” E, tendo apanhado um pão ainda inteiro, e
não o resto daquele que foi usado para a Eucaristia, tira dele um bom pedaço,
toca com ele no molho deixado no tabuleiro, estende o braço por cima da mesa, e
diz: “Toma, Judas, Tu gostas disso.”
“Obrigado, Mestre. Eu gosto, sim!”, e
sem saber a razão pela qual lhe está sendo oferecido aquele bocado, ele o come,
enquanto João, horrorizado, até fecha os olhos para não ver o feio riso de
Iscariotes, enquanto, com seus fortes dentes, morde o pão que o acusa.
“Bem. Agora que Eu te fiz feliz,
vai”, diz Jesus a Judas. “Tudo aqui está feito.” (E Jesus destaca bem esta
palavra). E o que falta ainda fazer, vai fazê-lo logo em outro lugar, Judas de
Simão.”
“Eu te obedeço logo, Mestre. Depois
eu te alcançarei no Getsemani. Vais para lá, não é verdade? Como sempre?”
“Vou para lá... como sempre... sim.”
(de Jesus à Valtorta)
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