TER A CORAGEM DE SALTAR PARA A VERDADE
Tenho ainda uma coisa a perguntar. É esta:
qual o significado que tem para vós a farinha que tira o amargor da sopa dos
filhos dos profetas?
“Talvez porque a farinha absorve o
amargor...”, diz duvidoso Mateus.
“Tudo teria ficado amargo, a farinha
também.”
“Por um milagre do profeta, que não queria
envergonhar o seu servo”, sugere Filipe.
“Também. Mas não só por isso.”
“O Senhor quis fazer brilhar o poder do
profeta, até nas coisas materiais comuns”, diz Zelotes.
“Sim. Mas não é ainda o sentido justo. As
vidas dos profetas antecipam o que depois haverá, quando chegar a plenitude do
tempo, o Meu. Elas reproduzem o meu dia nesta Terra, sob a forma de símbolos e
figuras. Portanto...”
Silêncio. Olham-se uns aos outros. Depois
João inclina a cabeça, fica com um rosto brilhante, e sorri.
“Por que é que não dizes o teu
pensamento, João?”, interroga-o Jesus. “Não é falta de amor falar, porque não o
fazes para humilhar a ninguém.”
“Penso que queria dizer o seguinte. Que,
no tempo da fome da verdade e da carestia da Sabedoria, que é este no qual Tu
vieste, todas as árvores se tornaram selvagens,e deram frutos amargos,
intragáveis e tóxicos para os filhos dos homens, e que, assim sendo, deixam de
ser usadas por eles, pois precisam ser preparadas, para poderem ser usadas. Mas
a Bondade te mandou como a farinha de trigo escolhido, e Tu, com a tua
perfeição, tiras o veneno de todos os alimentos, tornando-os novamente bons, e
as árvores das Escrituras, que os séculos desnaturaram e também, os gostos dos
homens que a concupiscência corrompeu. Nesse caso, aquele que manda levar-lhe a
farinha e a louça no caldeirão é o teu Pai, e Tu és a farinha, que se santifica
para fazer-se alimento dos homens. E, depois de tua consumação nada mais de
amargo haverá no mundo, porque Tu terás restabelecido a amizade com Deus. Posso
ter errado.”
“Não erraste. Este é o símbolo.”
“Oh! E como fizeste para pensar nisso?”,
pergunta pasmado Pedro.
E Jesus lhe responde: “Eu to digo, com as
mesmas palavras que disseste, há pouco. Um belo salto sobre a ilha pacífica e
florida da espiritualidade, mas é necessário ter a coragem de dar o salto,
abandonando a margem, o mundo. Saltar sem ficar pensando se há alguém que pode
rir-se de nosso salto meio indeciso, ou zombando de nós pela nossa simplicidade
em gostar mais de uma ilhazinha solitária do que do mundo. É preciso saltar,
sem o medo de ferir-se ou de molhar-se, ou de ficar desiludidos. Deixai tudo,
para refugiar-vos em Deus. Ir colocar-se sobre a ilha separada do mundo, e de
lá sair-se unicamente para distribuir aos que ficaram nas margens as flores e
águas puras apanhadas na ilha do espírito, onde só existe uma árvore: a árvore
da Sabedoria. Estando perto dela e longe dos fragores do mundo, compreende-se
todas as palavras, e nos tornamos mestres, se soubermos ser discípulos. Isto
também é um símbolo.
(de Jesus à Valtorta, Vol 8, pgs, 471.
472)
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