“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

E O HOMEM DEIXARÁ PAI E MÃE E SE UNIRÁ À SUA MULHER


E O HOMEM DEIXARÁ PAI E MÃE E SE UNIRÁ À SUA MULHER


“Oh! Isto sim. Não é como aquela miserável da Jesabel.”
“E, então? Por que te lamentas, e vives te queixando dela? Não achas que estás usando duas medidas ao julgares a tua nora de modo diferente de como julgarias a tua filha?”
“É que. É que... ela me tomou o amor de meu filho. Antes ele era todo para mim, e agora ele a ama mais do que a mim...” A eterna e verdadeira razão do preconceito das sogras, que finalmente transborda do coração da velhinha, ao mesmo tempo que lhe descem lágrimas dos olhos.
“O teu filho te deixa faltar alguma coisa? Ele deixou de tratar-te bem, depois que se casou?
“Não. Isso eu não posso dizer. Mas, afinal ele agora é da mulher...”, e o pranto se torna mais forte.
Jesus tem um sorriso indulgente de compaixão para com a velhinha ciumenta. Mas, doce como sempre, não a reprova. Tem compaixão do sofrimento da mãe, e procura curá-la. Apóia sua mão sobre o ombro da velhinha, como se quisesse guiá-la, pois as lágrimas a estão cegando, talvez para fazê-la perceber, pelo contato com Ele, um tão grande amor, que se sinta consolada e curada, e lhe diz:
“Mãe, e não é bom que seja assim? O teu marido fez assim contigo, e a mãe dele não o perdeu, como tu dizes e pensas, mas só o teve menos para ela, pois o teu esposo Levi dividia o seu amor entre ti e a mãe dele. E o pai do teu marido, por sua vez, deixou de ser todo de sua mãe, para amar a mãe de seus filhos. E assim por diante, de geração em geração, retrocedendo nos séculos até Eva, a primeira mãe viu os seus filhos dividirem o amor que tinham, a princípio exclusivamente com os genitores e depois também com as suas esposas.
Mas, não diz o Gênesis: “Eis afinal, o osso dos meus ossos e a carne da minha carne... O homem deixará por ela o seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher, e os dois serão uma só carne?” Tu dirás: “Foi uma palavra de homem.” É verdade. Mas, de que homem? Ele estava em estado de inocência e graça. Repetia, portanto, sem sombras, a Sabedoria que o havia criado, e conhecia a verdade do que dizia. Pela graça e pela inocência, possuía também os outros dons de Deus, em medida plena. Com uma sensualidade submissa à razão, ele tinha uma mente não ofuscada pelos vapores da concupiscência. Pela ciência proporcionada ao seu estado, ele dizia palavras de verdade. Portanto ele era profeta. Porque tu sabes que profeta quer dizer aquele que fala em nome de outro. E visto que os profetas verdadeiros falam sempre de coisas referentes ao espírito e ao futuro, ainda que aparentemente se refiram ao tempo presente e à carne – porque nos pecados da carne e nos fatos do tempo presente estão as sementes das punições futuras, ou, os fatos do futuro têm raízes em algum acontecimento antigo, por exemplo, a vinda do Salvador aconteceu por causa da culpa de Adão, e as punições de Israel preditas pelos profetas, têm como causa o mau procedimento de Israel – assim Aquele que move os lábios deles para dizerem coisas do espírito, não pode ser senão o Espírito Eterno, que tudo vê como um eterno tempo presente. E o Espírito Eterno fala nos Santos, porque não pode morar nos pecadores.
Adão era santo, isto é, a justiça era plena nele, e nele havia a presença de todas as virtudes, porque Deus em sua criatura havia infundido a plenitude dos seus dons. Agora, para chegar à justiça e à posse das virtudes, o homem precisa trabalhar muito, porque os estímulos para o mal estão nele, enquanto que em Adão não havia tais estímulos, pelo contrário, havia a graça, que o tornava pouco inferior a Deus, seu Criador. Por isso, seus lábios diziam palavras de graça. Palavras de verdade, como estas: “O homem pela mulher deixará pai e mãe, e se unirá à sua esposa, e serão uma só carne.”
E tão incondicional e verdadeiro é isso, que o Boníssimo, para dar um apoio às mães e aos pais, colocou na Lei o quarto mandamento: “Honrar pai e mãe.” Esse mandamento não termina, quando o homem se casa, mas perdura depois do casamento. Primeiro porque instintivamente os bons já honravam seus pais, mesmo depois que eles os deixaram para formarem uma nova família. De Moisés para cá, é uma obrigação imposta pela Lei. E isso é para abrandar os sofrimentos dos pais, que muitas vezes ficavam esquecidos pelos filhos, depois do casamento destes. Mas a Lei não anulou o dito profético de Adão: “Pela mulher, o homem deixará pai e mãe”. Era uma palavra justa e por isso persiste. Ela era o reflexo do pensamento de Deus. E o pensamento de Deus é imutável, porque é perfeito.
Tu, mãe, deves pois, aceitar sem egoísmos, o amor do teu filho pela mulher dele. E tu, serás também santa. Afinal de contas, cada sacrifício já tem uma compensação, desde esta terra. Não te é doce beijar os netos, filhos do teu filho? E não te será plácida a tarde, em teu último sono, tendo perto de ti o delicado amor de uma filha, que está ocupando o lugar das outras que não estão mais em tua casa?”
“Como sabes que as minhas filhas, todas mais velhas do que o filho homem, estão todas casadas e longe de casa?... Serás Tu também um profeta? Rabi, eu sei que és. Isto é o que estão dizendo os flocos de tua veste e, mesmo que não os tivestes, a tua palavra o está dizendo. Tu falas como grande doutor. Por acaso serás amigo do Gamaliel? Anteontem ele esteve aqui sozinho. Mas, eu não sei, não... E muitos rabinos estavam com ele. E muitos dos seus discípulos prediletos. Mas Tu talvez venhas à tarde.”
“Eu conheço o Gamaliel. Mas não vou à casa dele. Nem mesmo vou entrar em Gíscala...”
“Mas, quem és? Certamente um Rabi. Pois falas melhor do que o Gamaliel...”
“Então, faze o que Eu te disse. E a paz estará contigo. Adeus, mãe. Eu vou para a frente. Tu certamente vais entrar na cidade.”
“Sim... Mãe! Os outros rabis não são assim humildes, ao tratarem com uma pobre mulher... Certamente Aquela que te trouxe é mais santa do que Judite, se te deu este coração tão doce para com todas as criaturas.”
“Santa ela é, na verdade.”
“Dize-me o nome dela.”
“Maria.”
“E o teu?”
“Jesus.”


(de Jesus à Valtorta, Vol 7, pgs. 298 a 300)

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