“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

A CURA DE UM MENINO CEGO


A CURA DE UM MENINO CEGO

Na praça central de Sidon, próximo a sinagoga...

A mulher segura pela mão o menino, ou menina de que eu falei. É um belo menino de uns sete anos. Ele também é robusto, mas sem nenhuma vivacidade. Está muito quieto, de cabeça inclinada, seguro pela mão da mãe, sem preocupar-se com nada do que acontece.
A mulher fica olhando, mas não tem coragem de aproximar-se do grupo que formou ao redor de Jesus. Ela parece estar indecisa, numa dúvida entre o desejo de ir e o medo de ir para a frente. Mas depois ela decide a fazer uma coisa para consegui-lo: chamar a atenção de Jesus. Ela vê que Ele pegou em seus braços im meninão todo rosado e sorridente, que uma mãe lhe apresentou, e que Ele, falando a um velhinho, o aperta ao coração, fazendo um movimento como o que faz com um berço. Ela se inclina sobre o menino , e lhe diz qualquer coisa.
O menino levanta a cabeça. É então, que eu vejo um rostinho triste, com os olhos fechados. Ele é cego. “Tem piedade de mim, Jesus “, diz ele. A vozinha infantil atravessa o ar parado da praça e, com seu lamento, chega até ao grupo.
Jesus se volta e vê. Move-se sem demora. Com uma solicitude amorosa. Nem entrega o pequenino, que está em seus braços, à mãe. Vai, com a beleza de sua estatura, para o rumo do pobre ceguinho que, depois de ter dado aquele grito, baixou a cabeça, e não atende à mãe que lhe está dizendo que repita o grito. Jesus já está a frente da mulher. E olha para ela. Eça também para Ele. Depois, timidamente, ela abaixa o olhar. Jesus a ajuda. Ele entrega o menino que estava em seus braços à mulher que lho havia apresentado.
“Mulher, este é teu filho?”
“Sim, Mestre, é o meu primogênito.”
Jesus faz carícias à cabecinha inclinada. Jesus parece não ter visto a cegueira do pequeno. Mas eu penso que Ele age assim de propósito, a fim de fazer que a mãe fale qual o seu pedido.
“Então, o Altíssimo abençoou a tua casa com uma prole numerosa, dando-te em primeiro lugar o filho do sexo masculino, consagrado ao Senhor.”
“Eu tenho um só filho do sexo masculino. As outras três são meninas. E não terei outros filhos...” E soluça.
“Por que choras mulher?”
“Porque o meu menino é cego, Mestre.”
“E tu quererias que ele visse? Podes crer?
“Eu creio, Mestre. Já me disseram que Tu já abriste olhos que estavam fechados. Mas o meu filho nasceu com os olhos secos. Olha os olhos dele, Jesus. Debaixo das pálpebras, não há nada...”
Jesus levanta para o seu lado aquele rostinho tão precocemente sério, e olha para ele, levantando as pálpebras com o polegar. Há um vazio por baixo. Jesus torna a falar, conservando levantado com uma mão o rostinho virado para Si.
“Então para que vieste, mulher?”
“Para que... eu sei que é mais difícil para o meu menino... mas, se é verdade que Tu és o Esperado, Tu o podes fazer. O teu Pai foi quem fez os mundos... E, não poderias Tu dar duas pupilas ao meu filho?”
“Crês tu que Eu venho do Pai, do Senhor Altíssimo?”
“Eu creio isso, e que tudo podes.”
Jesus olha para ela, como para avaliar quanta fé há nela e que grau de pureza tem sua fé. Depois mostra um sorriso. E, em seguida diz: “Menino vem a Mim”, e o leva pela mão para cima de uma mureta com meio metro de altura, que foi levantada entre a estrada e uma casa, uma espécie de parapeito, para separar a casa da estrada que neste ponto faz uma curva.
Quando o menino está bem firme sobre aquela elevação, Jesus fica sério, impressionante. O grupo de pessoas se comprime ao redor dele, do menino e da mãe, que está tremendo. Eu estou vendo Jesus de lado, de perfil. Todo empertigado em seu manto azul muito escuro sobre a veste que é somente um pouco mais clara, está com um semblante inspirado. Ele parece mais alto e até mais robusto, como sempre, quando Ele libera um poder miraculoso. E esta é uma das vezes em que Ele me parece mais majestoso. Põe as mãos sobre a cabeça do menino, as mãos abertas, mas com os dois polegares apoiados sobre as órbitas vazias. Levanta a cabeça e reza intensamente, mas sem mover os lábios. Certamente está em colóquio com seu Pai. Depois diz: “Vê! Eu quero! E louva o Senhor!”, e a mulher diz: “Seja premiada a sua fé. Eis aqui para ti o filho que será a tua honra e a tua paz. Mostra-o ao teu marido. Ele voltará ao teu amor, e a tua casa conhecerá novos dias felizes.”
A mulher, que já deu um grito muito alto de alegria, ao ver, depois de estarem levantados os polegares divinos que, das órbitas vazias dois esplêndidos olhos de um azul escuro, como os do Mestre, a estão fitando, espantados mas felizes por baixo da franja dos cabelos cor de amora, dá um outro grito e, mesmo segurando o filho apertado contra o coração, se ajoelha aos pés do Senhor, dizendo: “Até isto Tu sabes? Tu és verdadeiramente o Filho de Deus”, e beija a veste e as sandálias dele, depois se levanta, transfigurada de alegria, e diz: “Ouvi todos. Eu venho das longínquas terras de Sidon, Vim porque uma outra mãe me falou do Rabi de Nazaré. Meu marido, judeu e mercador, tem naquela cidade os seus empórios, para o comércio com Roma. Rico e fiel à Lei, não me amou mais, desde quando eu, depois de ter-lhe dado um filho-homem infeliz, dei-lhe depois três fêmeas, tornando-me depois estéril. Ele se afastou de casa, e eu, sem chegar a ser repudiada, fiquei nas mesmas condições de uma repudiada, e já sabia que ele queria desfazer-se de mim, para ter de outra mulher um herdeiro capaz de continuar o comércio e gozar das riquezas paternas. Antes de partir, eu fui ao meu esposo, e lhe disse: “Espera, senhor. Se eu voltar com o filho ainda cego, repudia-me. Mas, se não for assim, não firas de morte o meu coração, negando um pai aos teus filhos.” E ele me jurou: “Pela glória do Senhor, mulher eu te juro que, se me trouxeres o filho são, não sei como poderás fazer isso, pois o teu ventre não soube nem dar-lhe olhos, eu voltarei a ti, como nos dias do primeiro amor.”
O Mestre não podia saber nada de minha dor de esposa, e, contudo me consolou também neste ponto. Glória a Ti, Mestre e Rei.”
A mulher cai novamente de joelhos, e chora de alegria.
“Vai. Dize ao Daniel, teu marido, que Aquele que criou os mundos deu duas pupilas claras ao pequeno consagrado ao Senhor. Porque Deus é fiel ás suas promessas e jurou que quem crê nele verá toda espécie de prodígios. Que Ele também seja fiel ao juramento que fez, e não cometa pecado de adultério. Dize isto ao Daniel. Vai. Sê feliz. Eu te abençôo e a este menino e contigo aos que te são caros.”
A multidão forma um coro de louvores e de felicitações, e Jesus entra em uma casa vizinha para repousar.
A visão cessa aqui. E eu lhes garanto que ela me deixou profundamente chocada.
(de Jesus à Valtorta, Vol. 7, pgs. 319, a322)

OBS : No próximo post o comentário de Jesus sobre este episódio. 

Sem comentários:

Enviar um comentário