O
PENSAMENTO DO BEM UNIVERSAL
18
de julho de 1944.
Diz
Jesus:
“Há
fermento e fermento. Há o fermento do Bem e o fermento do Mal, veneno que
fermenta com mais facilidade do que o fermento do Bem, porque encontra a
matéria mais adequada para a sua fermentação no coração do homem, seduzidos
todos os três por uma vontade egoísta, e, por isso? Contrária à Vontade
universal, que é a de Deus. A vontade de Deus é universal, porque não se limita
nunca a um pensamento pessoal, mas tem presente o bem de todo o universo. Em
Deus nada pode aumentar a perfeição por causa disso, porque Ele sempre possui
todas as coisas de uma maneira perfeita. Por isso não pode haver nele nenhum
pensamento de sua própria vantagem, por motivo de nenhuma ação sua.
Quando
se diz: “Isto se faz para a maior glória de Deus, dentro dos interesses de
Deus”, não é porque a glória de Deus possa em si mesma receber aumento, mas
desejando que todas as coisas da Natureza Criada ofereçam um gesto de bem, e
cada pessoa faça o bem, e por isso mereça possuí-lo, e se orna com um sinal da
Glória divina dando assim glória à própria Glória, que gloriosamente criou
todas as coisas. E, em suma, um testemunho que pessoas e coisas dão a Deus,
testemunhando com suas obras, sobre a Origem perfeita da qual elas vêm.
Por
isso, Deus quando vos manda ou vos aconselha, ou vos inspira uma ação, não faz
por um interesse egoísta, mas por pensar nos outros, com um pensamento de
caridade, pensando sobre o vosso bem-estar. Eis aí, pois, porque é que a
vontade de Deus nunca é egoísta, mas, pelo contrário, é uma vontade inclinada
para o bem dos outros, para o bem universal. A única e verdadeira força do mundo todo, que pode ter consigo o
pensamento do bem universal.
O
fermento do Bem, esse germe espiritual que vem de Deus, cresce, aliás, com
muitas circunstâncias adversas e dificuldades, com muito esforço, tendo contra
si as reações naturais dos outros, da carne, do coração e do pensamento do
homem, penetrados por um egoísmo que é justamente o contrário, o oposto ao Bem
que, por sua origem, não pode ser outra coisa senão o Amor. Falta na maior
parte dos homens, a Vontade do Bem, e, por isso, o Bem se esteriliza, e morre,
ou vive com tão grande dificuldade que não fermenta, e fica naquilo. Não há aí
culpa grave. Mas também não há nenhum esforço para fazer o maior bem possível.
E assim é que o espírito permanece inerte. Não morto, mas infrutífero.
Tomai cuidado, porque deixar de fazer o
mal não basta, senão para evitar o inferno. Para se gozar logo do belo Paraíso
é preciso fazer o bem. Sem ficar duvidando. Tanto quanto cada um puder fazer.
Lutando contra nós mesmos e contra os outros. Porque eu disse que tinha vindo
para trazer a guerra, e não a paz entre os pais e os filhos, entre os irmãos e
as irmãs, quando essa guerra se originasse do fato de defender a Vontade de
Deus e a sua Lei contra os abusos das vontades humanas inclinadas para rumos
contrários àquele que Deus quer.
Em
Zaqueu, o pequeno punhado de fermento do bem chegou a fermentar e a tornar-se
uma grande massa. Em seu coração não havia caído mais do que uma migalhazinha
para começo: haviam-lhe contado o meu Sermão da Montanha. Contado talvez mal,
certamente todo mutilado em muitos pontos, como acontece com os discursos
feitos, e dos quais depois se fala.
Zaqueu,
um publicano e um pecador. Ele era como alguém que, tendo uma nevoa de catarata
diante de suas pupilas, visse mal as coisas. Mas ele sabe que os olhos, quando
ficam livres daquela névoa, voltam a poder enxergar bem. E um que está doente
com ela deseja que lhe seja tirada a névoa. Assim também o Zaqueu. Ele não
estava persuadido, nem se sentia feliz. Não persuadido, quanto às práticas
farisaicas, que já haviam tomado o lugar da verdadeira Lei. E não feliz por seu
modo de viver.
Ele
procurava como por instinto a Luz. A verdadeira Luz. E a vislumbrou naquele fragmento
do discurso e a guardou em seu coração, como um tesouro. E, visto que amava, o
brilho da luz foi-se tornando sempre mais vivo, mais abrangente e impetuoso e o
levou a ver distintamente o Bem e o Mal, e a escolher de modo justo, e
decididamente todos os tentáculos de antes: das coisas contra o coração e do
coração contra as coisas, pois eles o tinham enredado na rede de uma maligna
escravidão.
“Visto que o amava”, eis o segredo do
bom êxito para mais ou para menos. Tem-se
bom êxito, quando se ama. Não se tem bom êxito quando se ama com dificuldade. E
não se tem nenhum bom êxito quando não se ama. Assim é em todas as coisas. Com
maior razão nas coisas de Deus, porque sendo Deus invisível para os sentidos
corporais, é necessário que se tenha um amor, eu ouso dizer um amor perfeito,
tanto quanto uma criatura possa atingir de perfeição, para sair-se bem em uma
empresa. Na santidade, neste caso.
Zaqueu,
desgostoso com o mundo e com a carne, assim como também desgostoso com as
práticas dos fariseus, tão cheias de cavilações, intransigentes com os outros e
condescendentes demais consigo próprios, sentiu amor por aquele pequeno tesouro
de uma palavra minha, que chegou até ele por puro acaso, humanamente falando, e
a amou como a coisa mais bela que em sua vida de quarenta anos já tivesse
possuído, e, desde aquele momento polarizou seu coração e seu pensamento neste
ponto.
Não
somente no mal. Onde está o seu tesouro,
aí está o coração do homem. Mas também no bem. Os santos não terão tido
talvez em suas vidas o seu coação lá onde estava o seu tesouro: em Deus? Sim. E
por isso, olhando somente para Deus, souberam passar sobre a terra sem
corromper suas almas na lama da terra.
Naquela
manhã, se Eu não tivesse aparecido, teria do mesmo modo feito um prosélito.
Porque o discurso do leproso tinha completado a metamorfose de Zaqueu. No banco
da fiscalização já não estava mais o publicano fraudador e viciado. Mas o homem
arrependido do seu passado e decidido a mudar de vida. Se Eu não tivesse
aparecido em Jericó, ele teria fechado o seu posto, apanhado o seu dinheiro, e
teria vindo procurar-me, porque não podia mais ficar sem o pão do amor, sem o
beijo do Perdão.
Isto,
os senhores costumeiros que me estavam observando, não o viam, nem tampouco o
compreendiam. E por isso se admiravam de que Eu comesse com um pecador. Pedi
para que não julgásseis nunca, deixando para Deus esta tarefa, porque os homens
são como um pobre cego, incapazes de julgar até a vós mesmos!
Eu
nunca andei com os pecadores para aprovar os seus pecados. Eu fazia o possível
para afastá-los do pecado, muitas vezes eles não tinham mais do que só a
aparência de pecado, a sua alma arrependida já se havia cuidado em uma nova
alma vivente para fazer expiação. E então, estava Eu com um pecador? Não. Mas
com um redimido, que tinha somente necessidade de um guia para controlar-se
naquela fraqueza de quem ressurgiu da morte.
Quantas
coisas vos pode ensinar o episódio de Zaqueu! O poder da reta intenção, que
suscita o desejo. O desejo reto que leva a procurar um conhecimento sempre
maior do bem, e a procurar a Deus continuamente, até tê-lo encontrado, um reto
arrependimento, que dá a coragem para a renúncia. Zaqueu tinha a reta intenção
de ouvir palavras da verdadeira doutrina. Tendo ouvido alguma delas, o seu reto
desejo o leva a um maior desejo e, por isso, a uma contínua busca de Deus,
oculto na verdadeira doutrina, o separa dos mesquinhos deuses do dinheiro e da
sensualidade, e o faz um herói na renúncia.
“Se
queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, e vem acompanhar-me” disse Eu
ao jovem rico, e ele não soube fazer. Mas o Zaqueu, ainda que mais endurecido
na avareza e na sensualidade, sabe fazê-lo. Porque pelas poucas palavras que
lhe foram dirigidas, ele tinha visto Deus, como aquele mendigo cego e o leproso
curado por Mim.
Pode por acaso, um espírito que viu a
Deus encontrar mais alguma atração nas pequenas coisas desta Terra? Será que o
pode, minha pequena esposa?”
(de
Jesus à Valtorta, Vol. 6, pgs. 384 a 387)
Sem comentários:
Enviar um comentário