“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

O PENSAMENTO DO BEM UNIVERSAL


O PENSAMENTO DO BEM UNIVERSAL

18 de julho de 1944.

Diz Jesus:
“Há fermento e fermento. Há o fermento do Bem e o fermento do Mal, veneno que fermenta com mais facilidade do que o fermento do Bem, porque encontra a matéria mais adequada para a sua fermentação no coração do homem, seduzidos todos os três por uma vontade egoísta, e, por isso? Contrária à Vontade universal, que é a de Deus. A vontade de Deus é universal, porque não se limita nunca a um pensamento pessoal, mas tem presente o bem de todo o universo. Em Deus nada pode aumentar a perfeição por causa disso, porque Ele sempre possui todas as coisas de uma maneira perfeita. Por isso não pode haver nele nenhum pensamento de sua própria vantagem, por motivo de nenhuma ação sua.
Quando se diz: “Isto se faz para a maior glória de Deus, dentro dos interesses de Deus”, não é porque a glória de Deus possa em si mesma receber aumento, mas desejando que todas as coisas da Natureza Criada ofereçam um gesto de bem, e cada pessoa faça o bem, e por isso mereça possuí-lo, e se orna com um sinal da Glória divina dando assim glória à própria Glória, que gloriosamente criou todas as coisas. E, em suma, um testemunho que pessoas e coisas dão a Deus, testemunhando com suas obras, sobre a Origem perfeita da qual elas vêm.
Por isso, Deus quando vos manda ou vos aconselha, ou vos inspira uma ação, não faz por um interesse egoísta, mas por pensar nos outros, com um pensamento de caridade, pensando sobre o vosso bem-estar. Eis aí, pois, porque é que a vontade de Deus nunca é egoísta, mas, pelo contrário, é uma vontade inclinada para o bem dos outros, para o bem universal. A única e verdadeira força do mundo todo, que pode ter consigo o pensamento do bem universal.
O fermento do Bem, esse germe espiritual que vem de Deus, cresce, aliás, com muitas circunstâncias adversas e dificuldades, com muito esforço, tendo contra si as reações naturais dos outros, da carne, do coração e do pensamento do homem, penetrados por um egoísmo que é justamente o contrário, o oposto ao Bem que, por sua origem, não pode ser outra coisa senão o Amor. Falta na maior parte dos homens, a Vontade do Bem, e, por isso, o Bem se esteriliza, e morre, ou vive com tão grande dificuldade que não fermenta, e fica naquilo. Não há aí culpa grave. Mas também não há nenhum esforço para fazer o maior bem possível. E assim é que o espírito permanece inerte. Não morto, mas infrutífero.
Tomai cuidado, porque deixar de fazer o mal não basta, senão para evitar o inferno. Para se gozar logo do belo Paraíso é preciso fazer o bem. Sem ficar duvidando. Tanto quanto cada um puder fazer. Lutando contra nós mesmos e contra os outros. Porque eu disse que tinha vindo para trazer a guerra, e não a paz entre os pais e os filhos, entre os irmãos e as irmãs, quando essa guerra se originasse do fato de defender a Vontade de Deus e a sua Lei contra os abusos das vontades humanas inclinadas para rumos contrários àquele que Deus quer.
Em Zaqueu, o pequeno punhado de fermento do bem chegou a fermentar e a tornar-se uma grande massa. Em seu coração não havia caído mais do que uma migalhazinha para começo: haviam-lhe contado o meu Sermão da Montanha. Contado talvez mal, certamente todo mutilado em muitos pontos, como acontece com os discursos feitos, e dos quais depois se fala.
Zaqueu, um publicano e um pecador. Ele era como alguém que, tendo uma nevoa de catarata diante de suas pupilas, visse mal as coisas. Mas ele sabe que os olhos, quando ficam livres daquela névoa, voltam a poder enxergar bem. E um que está doente com ela deseja que lhe seja tirada a névoa. Assim também o Zaqueu. Ele não estava persuadido, nem se sentia feliz. Não persuadido, quanto às práticas farisaicas, que já haviam tomado o lugar da verdadeira Lei. E não feliz por seu modo de viver.
Ele procurava como por instinto a Luz. A verdadeira Luz. E a vislumbrou naquele fragmento do discurso e a guardou em seu coração, como um tesouro. E, visto que amava, o brilho da luz foi-se tornando sempre mais vivo, mais abrangente e impetuoso e o levou a ver distintamente o Bem e o Mal, e a escolher de modo justo, e decididamente todos os tentáculos de antes: das coisas contra o coração e do coração contra as coisas, pois eles o tinham enredado na rede de uma maligna escravidão.
“Visto que o amava”, eis o segredo do bom êxito para mais ou para menos. Tem-se bom êxito, quando se ama. Não se tem bom êxito quando se ama com dificuldade. E não se tem nenhum bom êxito quando não se ama. Assim é em todas as coisas. Com maior razão nas coisas de Deus, porque sendo Deus invisível para os sentidos corporais, é necessário que se tenha um amor, eu ouso dizer um amor perfeito, tanto quanto uma criatura possa atingir de perfeição, para sair-se bem em uma empresa. Na santidade, neste caso.
Zaqueu, desgostoso com o mundo e com a carne, assim como também desgostoso com as práticas dos fariseus, tão cheias de cavilações, intransigentes com os outros e condescendentes demais consigo próprios, sentiu amor por aquele pequeno tesouro de uma palavra minha, que chegou até ele por puro acaso, humanamente falando, e a amou como a coisa mais bela que em sua vida de quarenta anos já tivesse possuído, e, desde aquele momento polarizou seu coração e seu pensamento neste ponto.
Não somente no mal. Onde está o seu tesouro, aí está o coração do homem. Mas também no bem. Os santos não terão tido talvez em suas vidas o seu coação lá onde estava o seu tesouro: em Deus? Sim. E por isso, olhando somente para Deus, souberam passar sobre a terra sem corromper suas almas na lama da terra.
Naquela manhã, se Eu não tivesse aparecido, teria do mesmo modo feito um prosélito. Porque o discurso do leproso tinha completado a metamorfose de Zaqueu. No banco da fiscalização já não estava mais o publicano fraudador e viciado. Mas o homem arrependido do seu passado e decidido a mudar de vida. Se Eu não tivesse aparecido em Jericó, ele teria fechado o seu posto, apanhado o seu dinheiro, e teria vindo procurar-me, porque não podia mais ficar sem o pão do amor, sem o beijo do Perdão.
Isto, os senhores costumeiros que me estavam observando, não o viam, nem tampouco o compreendiam. E por isso se admiravam de que Eu comesse com um pecador. Pedi para que não julgásseis nunca, deixando para Deus esta tarefa, porque os homens são como um pobre cego, incapazes de julgar até a vós mesmos!
Eu nunca andei com os pecadores para aprovar os seus pecados. Eu fazia o possível para afastá-los do pecado, muitas vezes eles não tinham mais do que só a aparência de pecado, a sua alma arrependida já se havia cuidado em uma nova alma vivente para fazer expiação. E então, estava Eu com um pecador? Não. Mas com um redimido, que tinha somente necessidade de um guia para controlar-se naquela fraqueza de quem ressurgiu da morte.
Quantas coisas vos pode ensinar o episódio de Zaqueu! O poder da reta intenção, que suscita o desejo. O desejo reto que leva a procurar um conhecimento sempre maior do bem, e a procurar a Deus continuamente, até tê-lo encontrado, um reto arrependimento, que dá a coragem para a renúncia. Zaqueu tinha a reta intenção de ouvir palavras da verdadeira doutrina. Tendo ouvido alguma delas, o seu reto desejo o leva a um maior desejo e, por isso, a uma contínua busca de Deus, oculto na verdadeira doutrina, o separa dos mesquinhos deuses do dinheiro e da sensualidade, e o faz um herói na renúncia.
“Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, e vem acompanhar-me” disse Eu ao jovem rico, e ele não soube fazer. Mas o Zaqueu, ainda que mais endurecido na avareza e na sensualidade, sabe fazê-lo. Porque pelas poucas palavras que lhe foram dirigidas, ele tinha visto Deus, como aquele mendigo cego e o leproso curado por Mim.
Pode por acaso, um espírito que viu a Deus encontrar mais alguma atração nas pequenas coisas desta Terra? Será que o pode, minha pequena esposa?”


(de Jesus à Valtorta, Vol. 6, pgs. 384 a 387)

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