“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

domingo, 27 de dezembro de 2015

O NASCIMENTO DE JESUS

                                        Numa gruta estábulo, em Belém nasceu o Rei dos Reis



Jesus diz:

 - Trouxestes o acendedor? Acendei. Simão acende um pequeno candeeiro que tirou do seu alforje, e o entrega a Jesus.
 - Entrai, diz o Mestre levantando a pequena luz. Entrai. Este é o quarto onde nasceu o Rei de Israel.
- Estás brincando, Mestre! Isto aqui é uma fétida caverna. Ah! Eu aqui não fico mesmo! Tenho nojo de tudo isso. Este lugar é úmido, frio, fétido, cheio de escorpiões, e talvez até de serpentes...
- Contudo... Amigos, aqui, na noite do dia 25, das Encênias, da Virgem nasceu Jesus Cristo, o Emanuel, o Verbo de Deus feito Carne por amor do homem: Eu, que vos falo. Também naquele tempo, como hoje, o mundo se fez surdo às vozes do Céu, que falavam aos corações... e rejeitou a mãe... e aqui... Não, Judas, não desvies com desgosto o teu olhar daquelas corujas esvoaçantes, daquelas lagartixas, daquelas teias de aranha, e não soergas com repugnância a tua bonita veste bordada para que não se arraste no chão, que está coberto de excrementos dos animais. Aquelas corujas são as filhas das filhas daquelas que foram os primeiros brinquedos sacudidos diante dos olhos do Menino, para o qual os anjos cantavam o “Glória” ouvido pelos pastores, não embriagados, senão por uma alegria extática, uma verdadeira alegria. Aquelas lagartixas, com sua cor de esmeralda, foram as primeiras cores que passaram pelas pupilas de meus olhos, as primeiras, depois do candor do rosto e das vestes de minha mãe. Aquelas teias de aranha foram dossel de meu berço real. Este chão... oh! tu o podes pisar sem desprezo... Ele está coberto de excrementos, mas está santificado pelos pés dela, a santa, a grande santa, a pura, a inviolada, a puérpera deípara, aquela que deu à luz porque devia dar à luz, deu à luz, porque Deus, não o homem, lhe mandou, e a fez ficar grávida de si. Ela, a sem mácula, pisou neste chão. Tu o podes pisar. E, pela planta dos teus pés, queira Deus que te suba ao coração a pureza por ela aqui derramada...
 Simão está ajoelhado. João vai diretamente à manjedoura, e chora com a cabeça nela apoiada. Judas está estarrecido... Depois é vencido pela emoção e, sem mais pensar em sua bonita veste, prostra-se no chão, segura a ponta da veste de Jesus, a beija e bate no peito, dizendo:

- Oh! Misericórdia, bom Mestre, da cegueira do teu servo! Minha soberba cai por terra... eu Te vejo como és. Não o rei que eu pensava. Mas o Príncipe eterno, o Pai do século futuro, o Rei da paz. Piedade, meu Senhor e meu Deus! Piedade!
- Sim. Toda a minha piedade! Agora vamos dormir onde dormiu o Infante e a virgem, onde João tomou agora o lugar da mãe em adoração, onde Simão está parecendo o meu pai adotivo. Ou, se assim preferis, Eu vos falarei daquela noite...
- Oh! Sim, Mestre. Faze-nos conhecer o teu florescer!
- Para que seja uma pérola de luz em nossos corações. E para que o possamos narrar ao mundo.
- E venerar tua mãe, não somente por ser mãe, mas por ser... Oh! Por ser a virgem! Primeiro falou Judas, depois Simão e, por fim João, com um rosto que está chorando e rindo, lá junto à manjedoura!...
 - Vinde sobre o feno. Ouvi... e Jesus narra como foi a noite do seu nascimento. “... estando a mãe já perto do tempo de dar à luz, foi, por ordem de César Augusto, feito um edito pelo delegado imperial Públio Sulpício Quirino, quando era governador da Palestina Sêncio Saturnino. O edito era: que se fizesse o recenseamento de todos os habitantes do Império. Aqueles que não fossem escravos deviam ir para os seus lugares de origem, para se inscreverem nos registros do Império. José, esposo da mãe, era da estirpe de Davi, e de Davi era a mãe. Obedecendo, por isso, ao edito, deixaram Nazaré para virem até Belém, berço da estirpe real. O tempo estava frio...”.

 Jesus continua a narração e tudo cessa neste ponto.

(de Jesus à Valtorta, Vol. 9, pgs. 442)

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