O QUE É PRECISO PARA ESTARMOS UNIDOS COM DEUS?
E
Jesus começa a falar:
“Eis,
confirmada por uma mãe agradecida, a minha Natureza, e confirmado o poder da fé
no coração de Deus, que não decepciona nunca aos que crêem e aos justos pedidos
de seus filhos.
Eu
vos convido a lembrar-se de Judas Macabeu, quando ele se viu colocado sobre
esta planície, estudando o formidável acampamento de Górgias com um exército
contando com mil soldados de infantaria, mil cavaleiros adestrados para a
batalha, bem protegidos por couraças e por armas de guerra. Judas olhava, com
seus três mil soldados de infantaria, que não tinham escudos nem espadas e
percebia que o temor ia penetrando nos corações de seus soldados. Então, ele
falou, na força do seu direito, o que Deus aprovava, porque não era para
praticar abusos, mas para a defesa da Pátria invadida e profanada. E disse: “Que
não vos espante o número deles, nem tenhais medo do ataque deles. Lembrai-vos
de como os vossos pais foram salvos no Mar Vermelho, quando o Faraó os perseguia
com um grande exército.” E tendo-se reanimado a fé no poder de Deus, que está
sempre com os justos, ensinou aos seus meios para obterem auxílio. E disse:
”Agora, pois, levantemos nossa voz até o Céu, e o Senhor terá piedade de nós,
e, recordando-se da aliança feita com nossos pais, destruirá hoje, diante de
nós esse exército, e todos os povos conhecerão que há um Salvador, que liberta
Israel.”
Eis,
Eu vos mostro dois pontos capitais para termos Deus conosco a ajudar-nos em
nossas justas empresas.
A primeira coisa necessária para tê-lo
como nosso aliado, é termos as justas
disposições de nossos pais. Lembrai-vos da santidade, da presteza dos
patriarcas em obedecer ao Senhor, fosse, ou não de pouco ou de muito valor
aquilo que Ele pedia. Lembrai-vos de com que fidelidade eles se mantiveram
fiéis ao Senhor. Muito nos lamentamos em Israel, por não termos mais o Senhor
conosco, tão favorável a nós como foi em outros tempos. Mas Israel tem ainda as
disposições de seus pais? Quem foi que rompeu, e continua a romper
continuamente a aliança com o Pai?
A segunda coisa capital para termos Deus
conosco: a humildade.
Judas
Macabeu era um grande israelita, e era um grande soldado. Mas ele não diz: “Eu
hoje vou destruir este exército, e os povos haverão de conhecer que eu sou o
libertador de Israel.” Não. Ele diz: “E o Senhor destruirá este exército diante
de nós, que somos incapazes de fazê-lo pois somos muito fracos.”Porque Deus é
Pai, e tem cuidado dos seus pequenos, e, para não fazê-los perecer, manda ás
suas poderosas fileiras para combaterem com armas sobre-humanas os inimigos de
seus filhos.
E,
quando Deus está conosco, quem poderá vencer-nos?
Isto
é o que deveis dizer sempre agora, e mais ainda no futuro, quando quererão
vencer-vos, e não só em uma coisa passageira, como é uma batalha nacional, mas
em uma coisa muito mais ampla, tanto no tempo, como nas conseqüência para as
vossas almas. Não vos deixeis levar pelo susto, nem pela soberba. Estas duas
coisas são prejudiciais. Deus estará convosco, se fordes perseguidos por causa
do meu Nome, e vos dará força nas perseguições. Deus estará convosco, se fordes
humildes, se reconhecerdes que vós, por vós mesmos, não sois capazes de nada,
mas que podeis tudo, se estiverdes unidos ao Pai.
Judas
não se vangloria, nem usa título de Salvador de Israel. Mas dá esse título ao
Deus Eterno. De fato, é inutilmente que os homens se agitam, se Deus não
estiver ajudando os esforços deles. Ao passo que, sem se agitar, quem vence é
aquele que confia no Senhor, pois o Senhor sabe quando é justo premiar com a
vitória, e quando é justo punir com a derrota. Estulto é o homem que quer
julgar a Deus, dar conselhos a Deus, ou criticá-lo. Pensai em uma formiga que,
observando a obra de um cortador de mármore, lhe dissesse: “Tu não sabes fazer
isso. Eu farei melhor e mais depressa do que tu.” A mesma coisa faz o homem que
quer ensinar a Deus. E a esse papel ridículo ele ainda acrescenta o papel de um
ingrato e prepotente, esquecido do que ele é: uma criatura, e de que Deus é o
Criador.
Pois bem, se Deus criou um ser tão bem
criado, que ele pode achar-se capaz de dar conselhos ao próprio Deus, qual
será, então, a perfeição do Autor de todas as criaturas? Só este pensamento já
deveria bastar para fazer a soberba baixar a cabeça, e destruir esta má e
satânica planta, esta parasita que, tendo-se insinuado em uma inteligência, a
invade e suplanta, a sufoca e mata toda árvore boa, toda virtude que faz o
homem grande sobre a terra, verdadeiramente grande, não por seus rendimentos,
nem pelas coroas conquistadas, mas por uma justiça e uma sabedoria
sobrenatural, e feliz no Céu por toda eternidade.
E
prestemos atenção em um outro conselho, que é dado pelo grande Judas Macabeu e
pelos acontecimentos daquele dia nesta planície. Tendo-se travado a batalha, as
fileiras de Judas, com as quais Deus estava, venceram e destruíram os inimigos,
uma parte pondo-os em fuga até Jezeron, Azoto, Iduméia e Jâmnia, diz a
História. E a outra parte, transpassando-os à espada e deixando-os mortos no
campo em número de mais de três mil. Mas aos seus homens armados, desejosos da
vitória, Judas disse: “Não fiqueis parados, a fazer presa, porque a guerra
ainda não acabou, e Górgias, com o seu exército, está na montanha, perto de
nós. Por enquanto, temos que combater ainda contra os nossos inimigos, e
vencê-los completamente, pata depois tranquilamente fazer a presa. E assim
fizeram. E tiveram uma vitória segura e uma grande presa, e a libertação, e, ao
voltarem cantavam as bênçãos de Deus, porque “Ele é bom, e porque sua misericórdia
é eterna.”
Também
o homem, qualquer homem, é como os campos que estão ao redor da cidade santa
dos judeus. Rodeado pelos inimigos externos, e tendo contra si os internos,
todos cruéis, todos na esperança de combater contra a cidade santa, que é cada
homem, isto é, contra a sua alma, para atacá-la de repente, para tomá-la de
surpresa, com mil astúcias, e destruí-la. As paixões, que Satanás cultiva e
excita, e que o homem não vigia com todo cuidado para por nelas um freio, e que
são perigosas se ele não souber domá-las, mas são inócuas se forem vigiadas
como um ladrão acorrentado, e, por outro lado, que do lado de fora conjura com
elas por meio de suas seduções, pela carne, os bens materiais, o orgulho, são
todos estas coisas bem parecidas com os poderosos exércitos de Górgias,
encouraçados, munidos de torres de guerra, de arqueiros que acertam bem nos
alvos, de cavaleiros velozes, sempre prontos a iniciar o ataque, às primeiras
ordens do Mal.
Mas, que pode o Mal, se Deus estiver com
o homem que quer ser justo?
O homem sofrerá, poderá ser ferido, mas
salvará a liberdade e a vida, e conhecerá a vitória, depois de uma boa batalha.”
(de
Jesus à Valtorta, Vol. 6, pgs. 295 a 297)
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