A PARÁBOLA DOS DOIS FILHOS
“A
paz esteja convosco.
A
vós todos, que estais ao redor de Mim, Eu quero apresentar uma parábola. E cada
um tire dela o ensinamento e a lição que mais lhe convier. Ouvi:
Um
homem tinha dois filhos. Aproximando-se do primeiro, lhe disse: “Meu filho, vai
hoje trabalhar na vinha do teu pai.” Fazer aquilo era, como pensava o pai,
sinal de uma honra! Ele achava que o filho já era capaz de trabalhar no lugar
onde até então o pai é que havia trabalhado. Era sinal de que ele via no filho
boa vontade, constância, capacidade, experiência e amor para com seu pai. Mas o
filho, um pouco influenciado pelas coisas do mundo, e com vergonha de aparecer
vestido como um dos servos – pois Satanás lança mão de tais miragens, para
afastar o homem do bem – com medo de zombarias e até de represália, feitas
pelos inimigos de seu pai, que para ele não tinham a coragem de levantar a mão,
mas que menos temores haveriam de ter do filho, respondeu: “Para lá eu não vou.
Não tenho vontade.” O pai dirigiu-se então ao outro filho, dizendo-lhe o que
havia dito ao primeiro. E o segundo respondeu-lhe logo: “Sim, meu pai. Eu já
vou.”
Mas,
o que aconteceu?
O
primeiro filho, tendo um ânimo reto, depois de um primeiro momento de fraqueza,
de revolta, arrependido de ter desagradado ao pai, sem dizer nada foi a vinha e
lá trabalhou o dia inteiro, até o fim da tarde, voltando depois satisfeito para
sua casa, com a paz no coração pelo dever cumprido.
O
segundo ao contrário, mentiroso e fraco, saiu de casa na verdade, mas foi para
ir perder-se na vagabundagem, indo pela cidade em inúteis visitas a amigos
influentes, dos quais ele esperava conseguir algum proveito. Ele dizia em seu
coração: “Meu pai está velho e não sai de casa. Eu direi a ele que fui à vinha,
e ele acreditará.” Mas, quando chegou a tarde também para ele, tendo voltado
para casa, o seu aspecto, de alguém descansado por não ter feito nada, suas
vestes não amarrotadas e a saudação feita de um modo desconfiado ao pai, que
estava olhando para ele, e o comparava com o primeiro, que de fato estava
cansado, sujo, com os cabelos despenteados, mas jovial e sincero, com um olhar
humilde, bom, e sem querer gabar-se pelo dever cumprido, mas que no entanto,
queria dizer ao pai: “Eu te amo, e com verdade. E, tanto assim é, que para te
ver contente, eu venci a tentação”, e estas palavras falaram claramente à
inteligência do pai. E, tendo ele abençoado ao seu filho, disse: “Bendito sejas
tu, porque compreendeste o que é o amor.”
E,
então, que é que vos parece disso? Qual dos dois é que lhe tinha amor?
Certamente
vós direis: “O que fez a vontade do pai.”
E,
qual foi que a fez: o primeiro, ou o segundo?”
“O
primeiro”, respondeu unânime a multidão.
“O
primeiro, sim.
Também
em Israel, e vós vos lamentais disso, batendo no peito, sem terdes no coração o
verdadeiro arrependimento de vossos pecados. É bem verdade que os vossos
corações se irão tornando cada vez mais duros, não os que exibem ritos devotos
para serem chamados santos, os que, em particular, são sem caridade e justiça,
e se revoltam, na verdade contra a vontade de Deus que ordena, e a atacam como
se fosse a vontade de Satanás, e isso não lhes será perdoado.
Não
são esses que são os santos aos olhos de Deus. Mas o são aqueles que, reconhecendo
que Deus faz tudo bem o que faz, acolhem o Enviado de Deus, e escutam sua
Palavra, para saberem agir melhor, fazer melhor o que é que o Pai quer, são
esses os que são santos e amados pelo Altíssimo.
Em
verdade, Eu vos digo: os ignorantes, os pobres, os publicanos, as meretrizes
passarão à frente de muitos que são chamados “mestres”, “poderosos”, “santos”,
e entrarão no Reino de Deus.
E
isso será justiça. Porque veio o João a Israel, para conduzi-los pelo caminho
da justiça, e a maior parte de Israel não creu nele, esse Israel que, falando
de si mesmo, se diz “douto” e “santo”, enquanto os publicanos e as meretrizes
acreditaram nele. Eu vim, e os doutos e santos não crêem em Mim, mas em Mim
crêem os pobres, os ignorantes, os pecadores. E Eu fiz milagres, mas nem neles
eles creram, nem se arrependeram por não crerem em Mim. Pelo contrário, é o
ódio deles que vem sobre Mim, e sobre os que me amam.
Pois
bem. Eu digo. “Felizes aqueles que sabem crer em Mim, e fazem esta vontade do
Senhor, na qual há salvação eterna.” Aumentai a vossa fé, e sede constantes,
possuireis o Céu, porque tereis sabido amar a verdade.
Ide.
Deus esteja convosco.”
(de
Jesus à Valtorta, Vol 6, pgs. 317 e 318)
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