A HERANÇA SAGRADA DE NOSSOS PAIS É A BÍBLIA
Os preceitos de Deus repassados de
geração à geração é a santa herança sagrada, que nos conduz, que liberta, que
salva, que nos eleva para perto de Deus.
“Houve
um tempo em que o jezraelita Nabot tinha uma vinha perto do palácio real de
Acab, rei da Samaria. Era uma vinha recebida de seus pais, por isso muito
querida por seu coração, quase sagrada para ele, porque era herdado do pai
dele, e este também do seu, e assim por diante. Gerações de parentes haviam
suado naquela vinha para a fazerem ficar cada vez mais florida e bonita. Nabot
a amava muito. E Acab lhe disse:” Cede-me a tua vinha, que está perto da minha
casa e, por isso, me servirá para fazer dela uma horta para mim e para os que
estão comigo. Em troca eu te darei uma vinha melhor, ou dinheiro, se o
preferires.” Mas Nabot respondeu-lhe: “Desagrada-me não fazer os teus gostos, ó
rei. Mas não posso contentar-te. Aquela vinha eu recebi como herança de meus
pais, e para mim é sagrada. Deus me livre
de dar-te a herança dos meus pais.”
Meditemos
nessa resposta. Ela é muito pouco meditada, e por muito poucas pessoas em
Israel. Os outros, a maior parte, aqueles de quem Eu falei antes, inclinados a
expulsar o Cristo, para darem acolhida a Satanás, não levam em muita
consideração a herança de seus pais, e, sim, o terem muito dinheiro, ou então
honras, e a segurança de não serem suplantadas com facilidade, e aceitam a
proposta, cedendo a herança de seus pais. Assim, a ideia do Messias, sendo o
que ela é em verdade, como foi revelada aos santos de Israel, e que sagrada
haveria de ser considerada em seus menores detalhes, não esbanjada, não a
alterada, não aviltada por limitações humanas.
Quantos, quão numerosos são os que
trocam a luminosa ideia messiânica, toda santa e espiritual, por um fantoche da
realeza humana, agitado como um espantalho, como um prejuízo e uma blasfêmia,
contra as autoridades e contra a verdade!
Eu,
a Misericórdia, não chego a maldizer esses tais com as tremendas maldições de
Moisés contra os transgressores da Lei. Mas atrás da Misericórdia vem a
Justiça. Que cada um se lembre disso!
Eu,
por minha conta, lembro a esses – e, se entre os presentes houver algum que ele
receba de bom coração esta advertência – Eu lhes recordo outras palavras de
Moisés, ditas àqueles que queriam ser mais do que Deus estabelecera para eles.
Disse
Moisés a Coré, Datã e Abiron, que se diziam santos como Moisés e Aarão, e se
rebelavam por serem somente filhos de Levi no meio do povo de Israel: “Amanhã o
Senhor fará conhecer quem é que lhe pertence e fará que se aproximem dele os
santos, e aqueles que Ele tiver escolhido se aproximem dele. Ponde fogo em
vosso turíbulo, e sobre o fogo ponde incenso, diante do Senhor, e vinde, vós e
os vossos com Aarão. E veremos quem é que o Senhor irá escolher. Vós vos
exaltais um pouco demais, ó filhos de Levi!”
Vós,
bons israelitas, conheceis qual foi a resposta de Deus àqueles que queriam
exaltar-se um pouco demais, esquecendo-se de que só Deus é quem determina os
postos para seus filhos e escolhe, escolhe com justiça, escolhe até o ponto
justo. Também Eu devo dizer: “Há alguns
que se querem exaltar um pouco demais, e serão punidos de tal modo, que os bons
compreenderão que eles blasfemaram contra o Senhor.”
Aqueles
que trocam a ideia messiânica, como a revelou o Altíssimo, pela pobre ideia
deles, pesada, limitada, vingativa, por acaso não são eles semelhantes àqueles
que queriam julgar o santo que estava em Moisés e Aarão? Aqueles que, além de atingirem
o seu escopo, à realização de sua pobre ideia, ainda querem tomar suas
iniciativas por si próprios, com soberba dizendo que elas são mais justas do
que as de Deus, não vos parece que estejam querendo exaltar-se demais e, da
estirpe de Levi passar para a de Aarão ilegalmente? Aqueles que sonham com um
pobre rei de Israel e o preferem ao Rei dos reis espiritual, aqueles cujas
pupilas eles tornaram doentes pela soberba e pela ambição, e que, através
delas, vêem deformadas as verdades eternas escritas nos livros santos, e aos
quais a febre de uma humanidade cheia de concupiscências faz que fiquem
incompreensíveis as palavras claríssimas da Verdade revelada, não são talvez
eles que trocam por um nada sem valor a herança de toda a estirpe? A mais
sagrada das heranças?
Mas, se eles assim fazem, Eu não
trocarei a herança do Pai e dos pais, e morrerei fiel a esta promessa, que vive
desde quando houve necessidade de redimir, a esta obediência, que vem de sempre
porque Eu nunca decepcionei o meu Pai, e nunca o decepcionarei por temor de uma
morte, por mais horrível que ela seja.
Procurem os inimigos, os falsos testemunhos, finjam ter zelo e práticas
perfeitas. Isso não mudará o seu delito nem a minha santidade. Mas aquele e
aqueles que, sendo seus cúmplices depois de terem sido seus corruptores, crerem
que poderão estender a mão sobre o que é Meu, encontrarão os cães e os abutres
pastando o sangue deles, o corpo deles sobre a terra, e os demônios pastando
sobre o sacrílego espírito deles, sacrílego e deicida no Inferno.
Isto
Eu vos disse para que o fiqueis sabendo. Para que cada um saiba. E para que
quem é mau possa arrepender-se, enquanto ainda o pode fazer, imitando Acab, e
para que quem é bom não fique perturbado na hora das trevas,
Oh!
Filhos de Beter, adeus. O Deus de Israel esteja sempre convosco e a Redenção
faça descer as suas orvalhadas sobre um campo limpo, a fim de que se abram nele
todas as sementes espalhadas em vossos corações pelo Mestre que vos amou até a
morte!”
Jesus
os abençoa, e fica olhando como eles vão indo lentamente.
Somente
uma cor vermelha no céu, que vai-se amortecendo pouco a pouco, passando para
uma cor arroxeada, é o que resta como lembrança do Sol. O repouso do sábado
terminou.
Jesus
já pode partir. Ele beija os pequeninos, saúda as discípulas, saúda Cusa. E, na
soleira da cancela, Ele se vira ainda, e diz com voz forte, para que todos
ouçam: “Eu falarei, quando puder fazê-lo, àquelas criaturas.
Mas tu, ó Joana, procura fazê-los entender
que em Mim, não há nada mais do que o inimigo da Culpa e o Rei do Espírito. E
lembra-te também disso, ó Cusa. E não tremas. Ninguém deve ter medo de Mim. Nem mesmo os pecadores, pois Eu sou a
salvação. Os que ficarem impenitentes até a morte é que deverão ter medo do
Cristo-Juiz, depois de ter sido Todo Amor.
A
paz esteja convosco.”
(de
Jesus à Valtorta, Vol. 6, pgs. 276 a 279)
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