“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

SE O HOMEM SOUBESSE 'DOMINAR'...


 SE O HOMEM SOUBESSE “DOMINAR”...

 5 de março de 1944.

 Jesus diz:

 “ Não se lê no Gênesis que Deus fez o homem para dominar tudo o que havia sobre a terra, ou seja, tudo, com exceção de Deus e dos seus ministros angélicos? Não se lê que fez a mulher para ser companheira do homem na alegria e na dominação de todos os seres vivos? Não se lê que eles podiam comer de tudo, menos da árvore da ciência do Bem e do Mal? Por quê? O que está subentendido nas palavras “para que domines”? O que está sub-entendido na árvore da ciência do Bem e do Mal? Nunca vos fizestes tais perguntas, vós que viveis perguntando tantas coisas inúteis, mas não indagam vossa alma a respeito das verdades celestes? A vossa alma, se estivesse viva, vos responderia. Quando ela está na graça de Deus, está bem segura, como uma flor entre as mãos do vosso anjo. Quando está na graça de Deus, é como uma flor beijada pelos raios do sol, borrifada por um orvalho do Espírito Santo, que a aquece e ilumina, que a irriga e adorna com suas luzes celestes. Quantas verdades vos diria a vossa alma, se soubésseis conversar com ela, se a amásseis, como se ama alguém que voz faz semelhantes a Deus, que também é Espírito. Que grande amiga teríeis, se amásseis a vossa alma, em vez de odiá-la, ao ponto de matá-la? Que grande e sublime amiga com a qual poderíeis falar das coisas do céu, vós que gostais tanto de falar, e vos arruinais reciprocamente, com amizades que, se não são indignas, pelo menos são quase sempre inúteis, transformando-se num vazio vão e nocivo de palavras, totalmente terrenas. Não disse Eu:  “Quem me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e viremos a ele e faremos nele morada?” A alma no estado de graça possui o amor, possuindo então Deus, ou seja, o Pai que mantém esta alma, o Filho que a ensina, o Espírito que a ilumina. Possui, portanto, o Conhecimento, a Ciência, a Sabedoria. Possui a Luz. Pensai, então, nas conversações sublimes que vossa alma poderia entabular convosco. São os diálogos que encheram os silêncios dos calabouços, das celas, dos ermos, dos aposentos dos enfermos santos. Souberam confortar os que estavam encarcerados, à espera do martírio, os enclausurados por amor à busca da Verdade, os ermitãos ansiosos pelo conhecimento antecipado de Deus, os enfermos pela suportação. Em suma, souberam ensinar o amor à cruz. E se soubésseis fazer perguntas à vossa alma, ela vos diria que o significado  verdadeiro, exato, vasto como a criação, da palavra “domina” é este:
“O homem deve dominar tudo, em todos os estados: o estado inferior, que é o animal; o estado mediano, que é o moral e o estado superior, que é o espiritual. O homem usa os três estados para atingir um único fim, que é possuir a Deus”. Merecer isto através deste férreo domínio, que subjuga as forças do eu, tornando-as escravas deste único objetivo: merecer a possessão de Deus. Vossa alma vos diria que Deus proibira o conhecimento do Bem e do Mal, porque o Bem tinha sido dado por Ele ás suas criaturas gratuitamente, mas Ele desejava que o Mal vós não conhecêsseis, porque é um fruto doce ao paladar, mas que, descendo para o sangue, desperta uma febre que mata, produzindo uma tal ardência, que quanto mais se bebe daquele suco mentiroso, mais se tem sede dele. Vós me objetareis: “Então, por que o Mal foi colocado diante de nós?”.  Porque é uma força que nasceu por si mesma, como nascem certos males monstruosos até nos corpos mais sadios.
Lúcifer era um anjo, o mais belo dos anjos. Espírito perfeito, inferior somente a Deus. No entanto em seu ser luminoso nasceu uma sombra de soberba, que ele não tratou de dispersar, mas, ao contrário, procurou condensar, incubando-a. Dessa incubação, nasceu o Mal. Este existia, antes que o homem fosse criado. Deus havia precipitado o maldito incubador do Mal para fora do Paraíso, que tinha se maculado com este Mal. Não podendo mais sujar o Paraíso, o eterno incubador do Mal sujou a Terra. A planta metafórica quer demonstrar esta verdade. Deus tinha dito ao homem e à mulher: “Vós conheceis todas as leis e os mistérios da criação. Mas não queirais usurpar-me o direito de ser o Criador do homem. Para propagar a raça humana, bastará o meu amor, que circulará entre vós, sem libido de sensualidade, mas pelo impulso da caridade, que suscitará novos Adãos. Tudo eu vos dou. Só me reservo este mistério da formação do homem”. Satanás quis tirar esta virgindade intelectual do homem e, com sua língua serpentina, aplacou, acariciando membros e olhos da Eva, fazendo surgir neles reflexos e sagacidades, que antes não tinham, quando a malícia não os tinha intoxicado ainda. Ela “viu”. E quis experimentar. A carne foi despertada. Oh! se tivesse chamado por Deus! Se tivesse corrido para ir dizer-lhe: “Pai, eu estou doente. A Serpente me acariciou, e estou perturbada”. O Pai a teria purificado, e curado com o seu hálito, que podia infundir-lhe novamente a inocência, como lhe havia infundido a vida, fazendo-a esquecer-se do tóxico da Serpente, colocando nela a repugnância por ela, como acontece com aqueles que foram assaltados por algum mal, guardando uma instintiva repugnância dele. Mas Eva não foi ao Pai. Ela voltou à Serpente. Aquela sensação foi doce para ela: “Vendo que o fruto da árvore era bom para se comer, bonito de se ver e agradável ao aspecto, foi apanhá-lo, e comeu”. E “compreendeu”. A malícia já tinha começado a morder-lhe as entranhas. Ela passou a ver com outros olhos, e a ouvir com outros ouvidos, os usos e as vozes dos irracionais. Passou a desejá-los com uma louca cobiça. Ela iniciou sozinha o pecado. E o terminou com o seu companheiro. Por isso é que sobre a mulher pesa uma pena maior. Foi por meio dela que o homem se tornou rebelde a Deus e que ele conheceu a luxúria e a morte. Foi por ela que ele não soube mais dominar os três reinos: do espírito, porque permitiu que o espírito desobedecesse a Deus; da moral, porque permitiu que as paixões o dominassem; e da carne, porque o aviltou, submetendo-o às leis instintivas que regem os brutos. “A Serpente me seduziu”, diz Eva. “A mulher me ofereceu o fruto, e eu o comi”, diz Adão. A tríplice concupiscência rouba os seus três reinos do homem. Somente a Graça pode desacorrentar o homem preso àquele monstro impiedoso. Mas, se a Graça é viva, mantida sempre assim pela vontade do filho fiel, ela chega a destroçar o monstro, e não é preciso temer mais nada: nem os tiranos internos, isto é, a carne e as paixões; nem os tiranos externos, ou seja, o mundo e os poderosos dele. Nem as perseguições. Nem a morte. É como diz o Apóstolo Paulo:* “Nenhuma destas coisas eu temo, nem amo a minha vida mais do que a mim mesmo, contanto que eu leve a bom termo a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, que é o de dar testemunho do Evangelho da Graça de Deus”.


(O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol. 1)

Sem comentários:

Enviar um comentário