DAR O PERDÃO PARA TER
PERDÃO
`Uma é a pergunta de
um pai a respeito da filha que fugiu por amor e que agora lhe pede perdão.
"Dá-lhe logo o teu perdão".
"Mas eu sofri com isto, Mestre! E ainda sofro. Em menos
de um ano, envelheci dez anos".
"O perdão te dará alívio".
"Não pode ser. A ferida está aberta".
"É verdade. Mas na ferida há duas pontas que fazem
sofrer. Uma é a inegável afronta que te fez tua filha. A outra é o esforço que
fazes para deixar de amá-la. Tira ao menos esta. O perdão, que é a forma mais
alta do amor, a tirará. Pensa, pobre pai, que aquela criatura nasceu de ti e
que tem sempre o direito ao teu amor. Se tu a visses doente com uma doença da
carne, e soubesse que, se não cuidas dela tu mesmo, morre, a deixarias morrer?
Certamente não. E então, pensa que tu, tu mesmo, com o teu perdão, podes fazer
parar o seu mal e até levá-lo a ficar sã em seu instinto. Porque, vê, nela
predominou o lado mais vil da matéria".
"Então dirias que eu devo perdoar?".
"Tu o deves".
"Mas como farei para ficar vendo-a lá em casa, depois do
que ela fez, e não amaldiçoá-la?".
"Mas então não a terias perdoado.
O perdão não consiste em reabrir-lhe a porta de tua casa, mas em reabrir-lhe o
coração. Sê bom, homem. Por que não? A paciência que temos com o novilho
teimoso, não a teríamos para com a nossa filha?".
(de Jesus à Valtorta, O Evangelho como me foi Revelado, Vol.
2)
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