MARIA A OBRA PERFEITA DO CRIADOR
Diz
Maria:
“Minha
humildade não podia deixar-me pensar que tanta glória me estivesse reservada no
Céu. O meu pensamento era a quase certeza de que minha carne humana, tornada
santa por ter trazido Deus, não teria conhecido a corrupção, porque Deus é vida
e, quando satura e enche de si mesmo uma criatura, esta sua ação é como um
aroma preservador da corrupção, que segue à morte.
Eu,
não somente havia ficado imaculada, não só tinha ficado unida a Deus, com um
casto e fecundo abraço, mas fiquei saturada, desde as profundezas do meu ser
com as emanações da Divindade escondida no meu seio, e aguardando a hora de
revestir-se de carnes mortais. Mas que a bondade do Eterno tivesse reservado
para a sua serva a alegria de sentir em seus membros o tocar as mão do meu
Filho, o seu abraço. O seu beijo, e ouvir de novo com os meus ouvidos, a sua
voz, de ver com os meus olhos o seu rosto, isso eu não podia pensar que me ia
ser concedido, nem eu o desejava. Ter-me-ia bastado que essas felicidades
fossem concedidas ao meu espírito e com isso estaria já cheio de grande
felicidade o meu ser.
Mas
como testemunho do seu primeiro pensamento criativo a respeito do homem por
Ele, o Criador, destinado a viver, passando sem morte do Paraíso terrestre para
o Celeste, Deus me quis no Reino Eterno, com a alma e corpo, logo que cessasse
a minha vida terrena. Eu sou a testemunha certa do que Deus havia pensado e
querido para o homem: uma vida inocente, que não soubesse o que são as culpas,
uma passagem tranqüila desta vida para a Vida Eterna, para a qual, para alguém
que passa a soleira de uma casa, para entrar em um palácio real, o homem, com o
seu ser completo, feito de um corpo material e de uma alma espiritual, teria
passado da Terra ao Paraíso, aumentando a perfeição do seu eu, a ele dada por
Deus, com uma perfeição completa, da carne e do espírito que na mente Divina
estava destinada a todas as criaturas que tivessem ficado fiéis a Deus e à
Graça. Era uma perfeição, que teria sido aumentada, diante da luz plena que há
nos Céus, e que os enche, provinda de Deus, que é o Sol Eterno, e que os
ilumina.
Diante
dos Patriarcas, dos Profetas e dos Santos, diante dos Anjos e dos Mártires,
Deus me colocou elevada em corpo e alma na Glória do Céu, e disse:
“Eis aqui a obra perfeita do Criador.
Eis o que Eu criei à minha mais verdadeira imagem e semelhança entre todos os
filhos do homem, fruto de uma obra-prima Divina e criativa, maravilha do
Universo, que vê, incluso em um só ser, o divino no espírito eterno, como Deus,
e espiritual como Ele, inteligente, livre, santo, e a criatura material na mais
inocente e pura das carnes, e para a qual todos os outros viventes, dos três
reinos da criação, são obrigados a inclinar-se.
Eis o testemunho do meu amor para com o
homem, ao qual Eu quis dar um organismo perfeito e uma sorte feliz de vida
eterna no meu Reino.
Eis o testemunho do meu perdão ao homem,
ao qual, pela vontade do Amor Trino, concede a reabilitação e uma nova criação
diante de meus olhos. Esta é a mística pedra de toque, e o anel de união entre
o homem e Deus, esta é aquela que nos faz lembrar dos tempos nos primeiros
dias, e dá aos meus olhos divinos a alegria de contemplar uma Eva como Eu
criei, e que agora se tornou mais bela e santa, porque é Mãe do meu Verbo e
porque é Mártir do maior dos perdões.
Pelo seu Coração Imaculado, que nunca
conheceu mancha alguma, nem mesmo a mais leve, Eu abro os tesouros dos Céus e,
por sua cabeça, que nunca conheceu soberba e, por isso, do meu fulgor Eu faço
uma grinalda, e a corôo, pois para Mim Ela é Santíssima, a fim de que possa ser
vossa Rainha.
No Céu não há lágrimas. Mas, em lugar do
alegre pranto, que teriam tido os espíritos, se a eles fosse permitido o choro,
pois para Mim ele não é mais do que um humor que pinga, espremido por alguma
emoção, o que houve, depois destas divinas palavras, foi um cintilar de luzes,
uma mudança de cores, dos resplendores em outros esplendores mais vívidos, um
arder de incendiados de caridade em um fogo ainda mais ardente, um insuperável
e indescritível som de celestes harmonias, às quais se uniu a voz do meu Filho,
em louvor a Deus Pai e à sua Serva, bem-aventurada para sempre.”
(O
Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol. 10, pg. 495, 496, 497)
OBS: Existem vários textos na obra de Valtorta, que nenhum
filósofo ou escritor por mais inteligente que seja, seria capaz de escrever,
algo tão profundo e extremamente inteligente. Nota-se que não é uma mensagem
provinda de um simples homem, mas de uma inteligência que nos supera. Este
texto acima, onde Deus se expressa para falar de Nossa Senhora é um destes
textos, assim como vários na Bíblia, totalmente inspirados, ou eu diria
sobrenaturalmente intenso.
Desde que comecei a ler a Bíblia, na minha juventude, sempre tive
esta percepção de estar lendo palavras inspiradas, que me tocavam o coração, e
me sentia bem com isso. Me dava paz interior. Com os escritos de Maria Valtorta
acontece o mesmo -- em muitas passagens dos livros eu me emocionei, porque não
é fácil ficar indiferente, ou conter-se, diante das Palavras do Verbo de Deus.
A verdade toca na alma daqueles que tem boa vontade. Espero que
vocês leitores, tenham o mesmo sentimento de paz quando lerem as palavras
inspiradas, provindas de nosso Pai quando se depararem com elas.
A Paz de Jesus.
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