APARIÇÃO AOS CAMPONESES DE JOCANÃ
Os
campos do Jocanã estão recebendo o beijo da lua. O silêncio é completo. As
pobres moradas dos camponeses, durante uma noite de grande calor, que os obriga
a conservar aberta ao menos uma porta, para não morrerem na alta temperatura
dos quartos, que são baixos e onde estão amontoados muitos corpos, que são,
demais, tendo-se em vista a capacidade do lugar.
Jesus
entra em uma sala maior. Parece que tenha sido a própria lua que encompridou o
seu raio de luz, para fazer dele um que está dormindo de bruços, num sono
pesado, após o cansaço. Ele o chama. Depois passa para um outro, e mais outro.
A todos Ele chama, dizendo que são seus fiéis e pobres amigos. Ele vai passando
sem fazer barulho e, rápido como um anjo voando. Depois entra em novos covis...
Depois vai atendê-los lá fora, perto de umas moitas de plantas. Os campesinos,
meio sonolentos, estão saindo dos seus casebres. São dois, são três, é um só,
são até cinco ao mesmo tempo e algumas mulheres. Estão admirados, por terem
sido todos chamados por uma voz desconhecida, que dizia a todos as mesmas
palavras: “Vinde ao pomar!”
Eles
vão até lá, quando vão acabando de pôr suas vestes os homens, ou de ajeitas as
tranças as mulheres, e vão falando baixo.
“A
mim a voz me parece ser a de Jesus de Nazaré.”
“Talvez
seja o seu espírito. Eles o mataram. Já ouvistes falar?”
“Eu
não posso crer nisso. Ele era Deus.”
“No
entanto, Joel o viu também passar sob a cruz...”
“A
mim me disseram ontem, enquanto eu estava esperando que o feitor cuidasse de
suas feiras, que viram em Jezrael os discípulos que diziam ter Ele ressuscitado
mesmo.”
“Cala-te.
Tu sabes o que diz o Patrão. E a flagelação para quem disser isso.”
“Talvez
a morte. Não seria melhor do que sofrer assim?”
“E
agora Ele não existe mais!”
“E
eles também são piores, agora que conseguiram matá-lo.”
“São
maus porque Ele ressuscitou.”
Eles
falam em voz baixa, enquanto vão indo para o ponto que lhes foi dito.
“O
Senhor!”, grita uma mulher, sendo a primeira a cair de joelhos.
“O
fantasma Dele!”, gritam outros, e alguns estão com medo.
“Sou
Eu. Não temais. Não griteis. Vinde para a frente. Sou Eu mesmo. Eu vim para
confirmar a vossa fé, pois Eu sei que outros estão armando ciladas. Estais
vendo? O meu corpo faz sombra, porque é um verdadeiro corpo. Não fiqueis
sonhando, não. Minha voz é verdadeira. Eu sou o mesmo Jesus que repartia
convosco o pão, e vos amava. Também agora Eu vos amo. Eu vos mandarei os meus
discípulos. E serei ainda Eu, porque eles darão o que Eu vos dava, o que Eu dei
a eles, a fim de poder comunicar-me com aqueles que crêem em Mim. Suportai a
vossa cruz, como Eu suportei a minha. Sede pacientes. Perdoai. Eles vos dirão
como foi que Eu morri. Imitai-me. O caminho da dor é o caminho do Céu. Ide por
ele em paz, e tereis o meu Reino. Não há outro caminho, a não ser o da resignação
à vontade de Deus, o da generosidade, da caridade para com todos. Se houvesse
outro caminho, Eu vo-lo teria dito. E Eu passei por este caminho, porque é o
caminho certo. Sede fiéis à Lei do Sinai, que é imutável em seus dez
mandamentos e à minha doutrina. Virão aqueles que vos haverão de instruir, para
que não sejais abandonados aos embustes dos maus. Lembrai-vos sempre de que Eu
vos amei e de que Eu vim para o meio de vós, antes e depois da minha
Glorificação. Em verdade Eu vos digo, que muitos desejariam ver-me agora, e não
me verão, muitos dentre os grandes. Mas Eu me mostro àqueles que Eu amo, e que
me amam.”
Um
homem ousa dizer:”Então, o Reino dos Céus existe mesmo? És Tu verdadeiramente o
Messias? Eles nos sugestionam...”
“Não
fiqueis escutando as palavras deles. Lembrai-vos das minhas, e acolhei as dos
meus discípulos, que são vossos conhecidos. São palavras de verdade. E quem as
acolhe, ainda que, seja servo ou escravo, será um cidadão e co-herdeiro do meu
Reino.”
E
Jesus abrindo os braços, os abençoa e desaparece.
“Oh!
Agora eu não tenho medo de mais nada!”
“E
eu também não. Tu ouviste? Também para nós há lugar!”
“Precisamos
ser bons.”
“E
precisamos perdoar!”
“E
ter paciência.”
“E
saber resistir.”
“E
procurar os discípulos.”
“A
nós, uns pobres servos, é que Ele veio.”
“E
diremos isso aos seus apóstolos.”
“Se
Jocanã soubesse disso!”
“E
Doras!”
“Eles
nos matariam para que nisso não se falasse.”
“Mas
nós ficaríamos calados. Somente ais servos do Senhor o diríamos.”
“Miquéias,
tu não deves ir com aquela carga a Séforis. Por que não vais a Nazaré para
dizer.”
“Dizer
a quem?”
“A
Mãe. Aos apóstolos. Talvez eles estejam com Ela.”
E
eles se afastam, cochichando os seus projetos.
(O
Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol. 10, pg. 348 a 350)
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