A ORAÇÃO DO PAI NOSSO
Jesus
abre os braços, em sua costumeira posição de oração, e a começa:
“Pai nosso que estais nos Céus.”
Ele
se interrompe, e comenta: “De que Ele seja um pai, Ele já vos deu a prova, ao
ter-vos perdoado. Vós, mais do que todos, consagrados à perfeição, vós, tão
agraciados por Ele, e assim, como Vós dizeis, tão ineptos para a vossa missão.
Qual é o Senhor, se não fosse vosso Pai, não vos teria punido? Eu não vos puni.
O Pai não vos puniu. Porque o que faz o Pai, o Filho o faz, constituindo nós
uma só Divindade, unida no Amor. Eu estou no Pai. E o Pai está comigo. O Verbo
está sempre junto de Deus, o qual é seu princípio. E o Verbo existe desde antes
de todas as coisas, desde sempre, desde uma eternidade que se chama “sempre”
desde uma presença eterna junto de Deus, e que é Deus como Deus, pois é o Verbo
do Pensamento Divino.
Por
isso, quando Eu me tiver ido embora, rezando assim ao nosso Pai, o meu e vosso,
e, por isso, sendo nós irmãos. Eu o Primogênito, e vós meus irmãos menores,
procurai ver sempre também a Mim no Pai, que é meu e vosso. Procurai ver o
Verbo, que foi o vosso Mestre, e que vos amou até à morte e, depois da morte,
deixando-vos a Si mesmo como alimento e bebida, porque vós estivestes em Mim, e
Eu em vós, enquanto durou este exílio, e depois Eu e vós no Reino, pelo qual Eu
vos ensinei a rezar, dizendo:
“Venha o teu Reino.”
Depois
que tiverdes invocado para que vossas obras santifiquem o Nome do Senhor, dando-lhe
glória na Terra e no Céu. Sim. Nem haveria para vós o Reino, o Reino para
aqueles que crerem, como vós, se antes não tivésseis querido o Reino de Deus em
vós, com a prática da Lei de Deus e da minha palavra, que é o aperfeiçoamento
da Lei, tendo dado, no Tempo da Graça, a Lei dos eleitos, isto é, a daqueles
que estão além das constituições civis, morais e religiosas do Tempo de Moisés,
e já seguem a espiritual do Tempo de Cristo.
Vós
estais vendo o que é estar perto de Deus, mas não tendes Deus em vós; o que
significa ter ouvido a palavra de Deus, mas não a prática real daquela palavra.
Todo delito se comete por isso: por ter Deus perto de si, mas não no coração,
por ter conhecimento da palavra, mas não a obediência a ela. Tudo! E tudo por
isso. A obtusidade e a delinquência, o deicídio, a traição, as torturas, a
morte do Inocente, e do seu Caim, tudo veio por causa disso.
E,
no entanto, quem, como o Judas, foi amado por Mim? Mas ele não me teve a Mim,
Deus em seu coração. E o deicida foi condenado como infinitamente culpado, por
ser israelita e discípulo, como suicida e como deicida, além de o ser pelos
seus sete vícios capitais e cada uma das suas outras culpas.
O
Reino de Deus agora em vós se pode conseguir com mais facilidade, porque Eu vos
obtive isso com a minha morte. Eu vo-lo recuperei com a minha dor. Recordai-vos
disso. E que ninguém pise na Graça, porque ela custou a vida e o Sangue de um
Deus. Esteja, pois o Reino de Deus em vós, ó homens, por meio da Graça. Esteja
sobre a terra por meio da Igreja. Esteja no Céu, por meio do povo que forma os
bem-aventurados, os quais, tendo vivido com Deus nos corações unidos ao corpo,
cuja cabeça é o Cristo, unidos em vida da qual todo cristão é um ramo, merecem
ir repousar no Reino daquele pelo qual todas as coisas foram feitas: Eu que vos
estou falando e que me entreguei a Mim mesmo à Vontade do Pai para que tudo
pudesse ser cumprido.
Eu
posso ensinar-vos sem hipocrisia, o que está dito:
“Seja feita a tua vontade na terra, como
no Céu.”
Que
Eu tenha feito a vontade do meu Pai, até nas glebas de terra, no meio das
ervas, das flores, das pedras da Palestina, as minhas carnes, e o povo de
Israel pode dizê-lo.
Fazei
como Eu fiz. Até o fim. Até à morte na Cruz, se assim Deus o quiser. Porque,
lembrai-vos disso: Eu o fiz, e não há discípulo que mereça misericórdia mais do
que Eu. Contudo, tive que passar pelo meio das dores. Mas Eu obedeci com
perpétuas renúncias. Vós o sabeis. Mas ainda havereis de compreender no futuro,
quando vós assemelhardes a Mim, bebendo um sorvo do meu cálice... Entregai-vos
a este constante pensamento: “Pela sua obediência ao Pai, Ele nos salvou.” E,
se quereis ser salvadores, fazei o que Eu fiz. Entre vós haverá quem haja de
passar até pela cruz, outros pela tortura dos tiranos, outros pela tortura do
amor, do exílio longe dos Céus, e para esses ele se estenderá até à idade mais
avançada, antes de subirem para lá. Pois bem, em tudo se faça o que Deus
quiser. Pensai que o suplício da morte, ou suplício de vida, quando vós
quereríeis morrer logo, a fim de virdes para onde Eu estou, se forem aceitos
com alegre obediência, aos olhos de Deus. Elas são a sua Vontade. E por isso
são santos.
“Dá-nos
o pão nosso de cada dia.”
Dia
após dia, hora por hora. Isso é fé. É amor. É obediência. É humildade. É
esperança, isso de pedir o pão de cada dia, e aceitá-lo como ele é. Hoje ele é
doce, amanhã é amargo, hoje é muito, amanhã é pouco, hoje com uma especiaria,
amanhã com cinzas. Sempre como for feito. Deus, que é pai, é quem no-lo dá.
Portanto Ele é bom.
Outra
vez Eu vos falarei do outro Pão saudável, que seria bom querer comer todos os
dias, especialmente, naqueles lugares onde ele começasse a faltar pela vontade
dos homens. Agora, vós homens, estais vendo quanto são poderosos em suas obras,
os que são das trevas. Pedi ao Pai que Ele defenda o seu Pão, e vo-lo dê.
Quanto mais o dia cresce, tanto mais as trevas quererão sufocar a Luz e a Vida,
como fizeram na Parasceve. A segunda Parasceve seria sem ressurreição.
Lembrai-vos disso. Todos vós. Se o Verbo não puder mais ser morto, ainda morta
poderia ser a sua Doutrina, e morta a liberdade e a vontade de amá-lo em muita
gente. Mas agora até a Vida e a Luz já teriam acabado para os homens. E aí
daquele dia. Que vos sirva de exemplo o Templo. Lembrai-vos disso, Eu disse: “é
o grande cadáver.”
“Perdoa-nos as nossas dívidas, como nós
as perdoamos aos nossos devedores.”
Pecadores
todos, sede bondosos com os pecadores. Lembrai-vos das minhas palavras: “Para
que é que ficas olhando a palhinha no olho do irmão, se antes não tiras a trave
do teu olho?” Aquele Espírito que Eu infundi em vós, aquela ordem que Eu vos
dei, vos darão faculdades de perdoar, em Nome de Deus os pecados do próximo.
Mas, como podereis fazer isso, se a vós Deus não perdoar os vossos? Na outra vez
Eu falarei disso. Por enquanto, Eu vos digo: “Perdoai a quem vos ofende, para
serdes perdoados e para terdes o direito de absolver ou condenar. Quem estiver
sem pecado pode fazê-lo com plena justiça. Quem não perdoar e estiver em culpa,
e fingir estar escandalizado, é um hipócrita, e o Inferno o está esperando.
Porque, se ainda houver misericórdia para com os pequenos, severo será o
veredicto para os tutores dos pequenos, pois são culpados de culpas iguais, ou
maiores, mesmo se tiverem a plenitude do Espírito a seu favor.
“Não nos deixes cair em tentação, mas
livra-nos do mal.”
Eis
aí a humildade, a pedra que serve de base para a perfeição. Em verdade, Eu vos
digo que desejeis o bem aos que vos humilham, pois ele vos está dando o
necessário para alcançardes vosso trono nos Céus.
Não.
A tentação não é uma ruína, se o homem humildemente estiver junto do Pai e lhe
pedir que não permita que Satanás, o mundo e a carne triunfem sobre ele. As
coroas dos bem-aventurados são ornadas com as gemas das tentações vencidas. Não
as procureis. Mas não sejais tão vis, quando elas chegam. Humildes, e por isso
fortes, gritai ao meu Pai e vosso Pai: “Livra-nos do mal”, e vencereis o mal. E
santificareis verdadeiramente o Nome de Deus com as vossas ações, como Eu disse
no princípio, porque todo homem que vos ouvir dirá: “Deus existe, porque esses
como deuses vivem, pois muito perfeita é a conduta deles”, e a Deus eles irão,
multiplicando os cidadãos do Reino de Deus.
Ajoelhai-vos,
a fim de que Eu vos abençoe, e a minha bênção abra vossas mentes para
meditardes.”
Eles
se prostram no chão, e Ele os abençoa, e desaparece, como se tivesse sido
absorvido pelos raios lunares.
Dali
a pouco os apóstolos levantam as cabeças, espantados por não ouvirem mais
outras palavras, e vêem que Jesus desapareceu... Eles se prostram com os rostos
no chão, com aquele tremor, tão antigo como os séculos, que sentem todos os
Israelitas, quando percebem que estiveram em contacto com Deus, como Ele está
no Céu.
(O
Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol. 10, pgs. 303 a 306)
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