A ASCENSÃO DE JESUS AO CÉU
“Vinde
aqui. Vós perto do Senhor, que tinha vindo do Céu, inclinados sobre o
aniquilamento dele, vós aqui perto do Senhor, que vai voltar ao Céu, com vossos
espíritos jubilosos pela sua glorificação. Vós merecestes este lugar, porque
soubestes crer, contra todas as circunstâncias desfavoráveis, e soubestes sofrer
pela vossa fé. Eu vos agradeço pelo vosso amor fiel.
A
todos vós Eu agradeço. A ti, meu amigo Lázaro. A ti, Jose, e ti, Nicodemos,
piedosos para com o Cristo, mesmo quando ser assim podia ser ainda um grande
perigo. A ti, Manaém, que soubeste desprezar os sujos favores de um imundo,
para vires caminhar pelo meu caminho. A ti, Estêvão, coroa florida de justiça,
que deixaste o que é imperfeito pelo perfeito, e serás coroado com uma coroa
que ainda não conheces, mas que os anjos te anunciarão. A ti, João, que por
pouco tempo foste irmão, quando Eu estava no seio puríssimo, e quando vim à
luz, mais do que à vista. Tu, Nicolau, que como prosélito, soubeste consolar-me
da dor que me infligiram os filhos desta Nação.
E
vós, discípulas boas e fortes, pela vossa doçura, superior à de Judite.
E
tu, Marziam, meu menino, e que de agora em diante, tomas o nome de Marcial,
como lembrança do menino romano, morto na estrada e posto na cancela de Lázaro,
com um cartaz de provocação, onde estava escrito: “E agora vai dizer ao Galileu
que te ressuscite, pois Ele é o Cristo, e se ressuscitou.” Ele foi o último dos
inocentes, que na Palestina perderam a vida, para servirem a Mim, ainda que
inconscientemente, e como prêmio para todos os inocentes de todas as nações
que, por terem ido para o Cristo, serão por isso odiadas e extintas antes do
tempo, como uns botões de flores, arrancados dos pedúnculos antes de se abrirem
em flores. E, que este nome, ó Marcial, te mostre o teu destino futuro, que
sejas apóstolo nas terras bárbaras, e as conquistes para o Senhor, como o meu
amor conquistou o menino romano para o Céu.
Todos,
todos vós, abençoados por Mim neste adeus, invocando para vós do Pai, a
recompensa para aqueles que consolaram o Filho do Homem em seu doloroso
caminho.
Bendita
seja a Humanidade, em sua parte mais escolhida, que está tanto nos judeus, como
nos gentios, e que se manifestou no amor, que ela teve para comigo.
Bendita
seja a Terra, com as suas águas e seus climas, por seus passarinhos e os
animais que muitas vezes superaram o homem ao prestarem conforto ao Filho do
Homem.
Bendito
és tu, ó sol, e tu, ó mar, e vós, montes, colinas, planícies.
Benditas
vós, ó estrelas, que fostes minhas companheiras na oração noturna e na dor. E
tu, Lua, que me iluminaste quando eu andava em minha peregrinação de
evangelizador.
Todas,
todas benditas, ó vós, criaturas obras do meu Pai e minhas companheiras nas
horas mortais, amigas daquele que tinha deixado o Céu, para vir tirar da
atribulada Humanidade as dores pela culpa que a separou de Deus. E benditos
sejam também os vossos instrumentos inocentes, usados em minha tortura: os
espinhos, os metais, a madeira, os cânhamos retorcidos, porque me ajudastes a
cumprir a vontade do meu Pai”.
Que
voz trovejante tem Jesus! Ela de espalha pelo ar, tépida e tranqüila, como a
voz de um bronze, que ressoa ao ser batido, e se propaga em ondas sobre o mar
de rostos que olham para Ele, de todas as direções.
Eu
digo que são umas centenas de pessoas as que estão ao redor de Jesus, que vai
subindo com os seus mais diletos, indo para o cume do Monte das Oliveiras. Mas
Jesus, tendo chegado perto do campo dos Galileus, que está sem tendas, neste
período entre uma e outra festa, ordena aos seus discípulos: “Fazei que o povo
pare onde está, e vós, segui-me!”
Ele
sobe ainda, até o ponto mais alto do monte, o que está já mais perto de
Betânia, que Ele já está vendo lá do alto, mas não de Jerusalém. Perto de Jesus
estão: sua mãe, os apóstolos, Lázaro, os pastores e Marziam. Mais adiante em
semicírculo, entretendo a multidão dos fiéis, estão outros discípulos.
Jesus
está em pé, sobre uma grande pedra um tanto saliente e esbranquiçada, no meio
da erva verde de uma clareira. O sol a cobre de luz, fazendo que fique branca
como a neve sua veste, e reluzindo como ouro os seus cabelos. Seus olhos
cintilam, com uma luz divina.
Ele
abre os braços, em gesto de abraço. Parece querer apertar contra o seu peito
todas as multidões da terra, que o seu espírito vê representadas por aquela
turba.
Sua
inesquecível e inimitável voz dá a última ordem: “Ide! Ide em meu Nome
evangelizar os povos até os extremos confins da terra. Deus esteja convosco. O
seu amor vos conforte, a sua luz vos guie, e sua paz esteja em vós, até a vida
eterna.”
Ele
se transfigura em beleza. Está mais belo do que esteve sobre o Monte Tabor.
Caem todos de joelhos, adorando. E Ele, enquanto já começa a se elevar da pedra
onde estava, procura mais uma vez o rosto de sua Mãe, e o seu sorriso chega até
um ponto, ao qual ninguém poderá chegar. É o seu último adeus à sua Mãe. E Ele
sobe... vai subindo... O sol que ainda está livre para poder beijá-lo, agora
que nenhuma ramagem, mesmo rala, pode interceptar os seus raios, atinge com os
seus fulgores ao Deus-Homem, que sobe com seu Corpo Santíssimo para o Céu. E as
suas chagas gloriosas resplendem como uns rubis vivos. E tudo mais torna o ar
cheio de um sorriso como uma luz com um brilhar de pérolas... É verdadeiramente
a luz que se manifesta por aquilo que é, neste último instante, como aquela da
noite de Natal.
Toda
a natureza cintila, diante da luz do Cristo, ao encontro da luz que sobe... E
Jesus Cristo, o Verbo de Deus, desaparece da vista dos homens, no meio deste
oceano de resplendores.
Na
terra só dois rumores se ouvem, dentro do silêncio profundo da multidão
extática: o grito de Maria, quando Ele desaparece: “Jesus!”, e o pranto de
Isaque. Os outros estão emudecidos, com um religioso espanto, e lá ficam, como
quem espera, até que duas luzes angélicas e candidíssimas, em nossa forma
mortal, aparecem dizendo as palavras que estão escritas no capítulo primeiro
dos Atos dos Apóstolos.
(O
Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol. 10, pgs. 419,420,421)
Capítulo primeiro dos Atos dos
Apóstolos:
E,
quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu,
ocultando-o a seus olhos. E, estando com os olhos no céu, enquanto ele subia,
eis que junto deles de puseram dois homens vestidos de branco. Os quais lhes
disseram: Homens Galileus, por que
estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no
Céu, há de vir assim como para o Céu o vistes ir.
OBS: Prestem muita atenção nestas
palavras ditas pelos dois Anjos do Senhor. Assim como Jesus subiu aos Céus com
Espírito Glorificado, assim também voltará a terra no final dos tempos, na sua
segunda vinda. Jesus não virá em carne novamente, ou seja, como um ser humano.
Não se enganem. Se alguém aparecer seja ele quem for, e dizer ser o Cristo, não
tenham dúvidas de que será um mentiroso. E o Anticristo dirá exatamente isto.
Que todos fiquem de sobre aviso.
Jesus quando ascendeu ao Céu, se despediu dos homens e de todas as suas criações.
Sem comentários:
Enviar um comentário